segunda-feira, outubro 31

Sugestão de leitura


E como eram as ligas da Madame Bovary? De Francisco Umbral

Francisco Umbral foi galardoado, entre outros, com o Prémio Nacional das Letras (Espanha) e Prémio Cervantes

É com imenso gozo que Francisco Umbral se dedica nesta obra. A recriação humana e intelectual de uma vasta gama de literatos e artistas, numa série de retratos irónicos, satíricos e deliciosamente anedóticos que nos falam do cabelo verde de Baudelaire, do falhanço de Stendhal, dos pecados de Clara, da cozinheira de Proust, da orelha de Van Gogh, do namorado de Óscar Wilde, do surrealismo burguês de Magritte ou das ligas de Madame Bovary. Um percurso repleto de grandes figuras, figurantes e fetiches literários do autor, onde não faltam Kafka, Cocteau, Dali, Dora Maar, Kipling, Joyce, Virginia Woolf, Simenon, Sartre, Juan Ramón Jiménez, Graham Greene, Eugenio, Cela ou Saramago.

O autor não pretende, com estes perfis fazer cátedra nem converter a literatura num campeonato; opta apenas por conviver irónica e educadamente com os monstros que tanto amamos.
Um livro esplêndido, onde Umbral mostra as secretas paixões literárias e apresenta um heterodoxo mapa cultural da Europa.

FRANCISCO UMBRAL. Breve biografia:



Francisco Umbral nasceu em Madrid em 1935 e tem um vastíssimo percurso como escritor e jornalista.
Das suas obras destacam-se “Mortal y Rosa” (Campo das Letras, 2003), “Las Ninfas”, galardoada com o Prémio Nadal, “El Carnívoro Cuchillo”, “Trilogía de Madrid”, “La Leyenda del César Visionário”, “Madrid 1940” (Campo das Letras, 1994) e “El Hijo de Greta Garbo”. A sua produção literária e jornalística foi galardoada, entre outros, com o Prémio Mariano Cavia de Jornalismo, o Prémio González Ruano de Jornalismo, o Prémio da Critica, o Prémio Príncipe das Astúrias, o Prémio Nacional das Letras e o Prémio Cervantes em 2000.

Um Halloween Marciano


Ontem a Terra passou “perto” de Marte, o mais perto dos últimos 30 anos. Hoje à noite Marte continuará tão grande e brilhante como aparece aí na foto e, se o céu estiver sem nuvens, terão oportunidade de ver o planeta durante toda a noite.
Marte nascerá e pôr-se-á do lado oposto ao Sol e ao mesmo tempo que este.
Apenas a Lua, que nascerá perto da meia-noite, ofuscará o seu brilho.

Feliz All Hallows Eve!

Curvas perigosas

Falta de tempo não significa não dispor de tempo nenhum

Por isso continuaremos no nosso blog a publicar os belos textos do Zé. Nem outra coisa seria de esperar.
É provável, devido ao aumento de trabalho (e de responsabilidades) que tem actualmente com o jornal (jornais) que constam dos n/links, como é do v/conhecimento, que a sua colaboração passe a ser um pouco mais espaçada, mas contamos com ele, como ele conta connosco.

domingo, outubro 30

Falta de tempo

Por manifesta falta de tempo, sou obrigado a cessar a minha contribuição no “conversasdexaxa”.
É com grande pena minha que o faço, mas os afazeres profissionais, não me deixam outra alternativa.
Ao Fernando, que teve a gentileza de me convidar, o meu sentido bem-haja. Sei que ganhei um amigo.

À Ana, pelo companheirismo, pela boa disposição e pela sua postura, o meu obrigado. Também ela ganhou um amigo.

A todos e a todas os/as que por cá passaram e foram generosamente deixando o seu comentário, um grande obrigado.

Tentarei sempre que tal me for possível, visitar os vossos espaços.

O Conversas será para mim sempre um motivo de orgulho e de saudade.

Até sempre.

Extractos da imprensa de Sabado

"Seis advogados foram constituidos arguidos e alvo de buscas no processo "Operação Furacão", que investiga alegados crimes de fuga ao fisco e branqueamento de capitais envolvendo empresas em "off-shore".
(...)
"As buscas às sedes do BES, BCP, BPN e Finibanco, particularmente aos "private banking", provocaram uma onda de reacções entre os grandes clientes destes bancos."
(Ana Paula Azevedo, Dulce Salzedas e Graça Rosendo)

"Já é hoje claro que os formalismos processuais, que serviram para credibilizar a Justiça, se constituiram num colete de forças que lhe tolhe os movimentos e a impede de cumprir o seu papel."
(Editorial)

"Ao quererem sublinhar com uma greve a sua condição de assalariados (e não a de titulares de orgãos de soberania), os juízes tendem a perder algo bem mais difícil de recuperar do que as regalias ou as férias: prestígio."
(Henrique Monteiro)

"Há dias (José Sócrates) apercebeu-se que a sua promessa de limitar as regalias do estatuto dos políticos tinha sido habilidosamente contornada, permitindo que centenas de autarcas e deputados mantenham os privilégios até 2009"
(José António Lima)

(Fonte: o jornal "Expresso")

sábado, outubro 29

Ainda o Grupo de Macau

Pela primeira vez na história recente do País temos um grupo de políticos altamente bem preparados, que obedecem a um desígnio efectivo.
Cada um deles foi meticulosamente escolhido, cada um deles foi criteriosamente preparado. Não se trata de um grupo desorganizado, sem objectivo ou sem rumo. Ao invés, os objectivos estão tratados superiormente, a inteligência de cada um deles foi efectivamente posta à prova. Em última análise podemos classificá-los como uma série de iniciados, empenhado, num projecto gigantesco que olham para Portugal como algo de divino, o qual que tem obviamente uma missão, naturalmente...divina.

Ao ultrapassarem a barreira Atlântica e integrando-se num projecto Europeu, sem porém esquecerem que apesar destes rumos, não podem esquecer o objectivo principal: retomar o nosso desígnio planetário.

É importante sublinhar que não me revejo de todo nos objectivos desta casta inteligente e culta que nos governa. Mas isso não pode obstar a que com lucidez e clarividência entenda que não estamos a lidar com pessoas vulgares que buscam o Poder pelo Poder. Este é apenas um dos meios de atingirem o verdadeiro desígnio.

Além disso o projecto que está a ser meticulosamente cumprido não se esgota em modelos económicos. Na verdade, atrevo-me a dizer que estão para além do mero e vulgar economicismo.

Os neo-escolásticos – não disseram já que se trata de uma casta de iniciados? - controlam o acto de rebelião com a diversidade, com sensibilidade, quase de forma teológico-dogmática.

No seu pensamento está presente uma unilateralidade - disfarçada aqui e ali com diversidade - no pressuposto não apenas e não tanto Histórico, mas historicista.

Os argumentos -se todos tivéssemos conhecimento deles - são inatacáveis, se entendermos a tradição como um processo de sentido restrito que desemboca ou que desagua em conteúdos já fixados.

O conceito de «Revelação» pode ser comparável ao de um erudito da Igreja que mergulha a fundo em São Boaventura em busca de uma verdade. «Revelação» é um conceito que neste grupo implica acção concreta. Na linguagem Medieval uma tal identificação teria sido impensável. O termo «Revelação» define o acto através do qual o Objectivo se mostra, não o resultado objectivado do acto e, por consequência, o conceito integra sempre o sujeito que a recebe. Se a «Revelação» não for sentida, então é porque não ocorreu revelação alguma e nesse contexto, nada foi desvendado.

Na verdade este grupo de eleitos tem uma concepção global do seu papel, pesem embora conceptualismos Asiáticos que estão a aplicar a toda a verdadeira revolução que estão a operar no tecido de uma portucalidade assumida de contornos iniciáticos.

O chamado "grupo de Macau" está para além de uma visão apenas económico-financeira, versão que recusam por a considerarem redutora.

Sem serem revolucionários, pelo menos como entendemos o adjectivo, são certamente adeptos de "reformar as reformas". Num certo sentido são liturgistas acérrimos, ecumenistas inteligentes, pessoas que apesar da minha não-concordância, têm efectivamente um projecto, um objectivo que tentam alcançar de forma muitíssimo organizada e inteligente.

Sombras

Gato


Isto está a ficar muito sério, portanto nada como rir-mo-nos um pouco. O que pode acontecer é a anedota já ter barbas. Mas nem sempre se consegue ser original e, com este tempo, as "musas inspiradoras" têm mais que fazer.
Vamos lá então à anedota:

Um homem queria livrar-se de um gato.Levou-o até uma esquina distante e voltou para casa. Quando lá chegou, já lá estava o gato.Levou-o novamente, agora mais distante e, na volta encontrou o gato novamente em casa.Fez isso mais umas três vezes e o sacana do gato sempre voltava.

Furioso pensou:- Vou lixar o maldito gato!Pôs-lhe uma venda nos olhos, amarrou-o dentro de um saco e colocou-o no porta bagagens do carro. Subiu a serra mais distante, entrou e saiu de diversas estradinhas secundárias, deu mil voltas...Aí sim.... Soltou o gato no meio do mato.

Passados uns dois dias, o homem telefona para casa.- Tooô ? Maria, o gato já chegou? Sim?Ahhh...! Ainda bem, deixa-me falar com ele porque eu estou perdido...

sexta-feira, outubro 28

AURORA

As vidraças fustigadas pela fúria dos elementos dão o tom para um dia pintado de cinza.Mercê da luz artificial a chuva toma contornos brilhantes estilhaçando-se contra as janelas e desaparecendo no chão entre um caudal enorme de água anteriormente despejada pelos céus, juntando-se a tantas lágrimas de homens e de deuses descontentes com percursos enviesados de seres que se dizem humanos.
A aurora apanha-me ainda de pé depois de uma noite passada entre coisas minhas.
Pesa este silêncio sepulcral agora nem sequer interrompido pela chuva que parece ter parado por momentos. Retê-lo-ei para sempre como a ausência de som mais dolorosa de que tenho memória.
Dos murmúrios da noite segredados junto ao ouvido ainda que imperceptíveis – «Procol Harum» e um dos seus melhores trabalhos «Portfolio” – retenho uma espécie de “bichanar” já que nenhuma palavra consegui entender por ter sido articulada em segredo.«Grand Hotel» uma das faixas faz-me pensar na cidade que ambos olhámos da varanda do quarto de hotel pejada de luzes e copas de árvores intrinsecamente belas de folhas brilhantes e agitares motivados por ventos invisíveis. Hoje sei tratar-se de uma pequena cidade da Boémia Checa e do seu castelo medievo ladeado de águas milagrosas e quentes.
Esta repetição de desamores é ultrajante. Dir-se-ia que os deuses se comprazem em atormentar os seus filhos em rituais demoníacos. Entende-os de certa forma. Se conseguíssemos a felicidade não perderiam eles o estatuto de deuses?! – Passariam a inutilidades. – Aqui sim devemos exigir o desmontar da cabala.
Vem de alvo vestido. Diz-me que é Deus. Mas tem um ar tão pacóvio que tenho as minhas dúvidas pese embora uma ou duas habilidades que efectuou e a que chamou milagres: a chuva parou e ele disse ser obra sua. Voltou a chover copiosamente e volta a afirmar ter sido ele quem abriu as comportas. Desconfio. A mim parece-me mais um hippie perturbado com o consumo de ácidos.Vejo Maria que ele diz ser pura e casta chamá-lo preocupada. Olhou-me com ar de desculpa acrescentando em Aramaico [tens de cortar essa barba enorme e suja o cabelo está oleoso e não deves andar a perturbar as pessoas] o que me deixou algo confuso por ter sempre pensado que o Filho era mais importante do que a Mãe que o concebeu sem mácula nem penetração. Desapareceram no ar talvez levados por uma nave invisível aos meus olhos já cansados ou em alternativa na porta ao lado onde mora um barbeiro; nem quero saber. Afinal eram mais dois noctívagos que terão saído de uma qualquer discoteca perturbados pelo consumo de drogas e/ou álcool. Inclino-me mais para o consumo das duas coisas.
Não entendi porque teimava a Senhora em pairar no ar! Ainda lhe perguntei qual era o segredo já que seria bem mais cómodo deslocar-me sem tocar o chão, mas tudo o que obtive como resposta foi uma evasiva. Coloco a possibilidade forte de serem agentes do KGB.
As vidraças continuam a ser de novo fustigadas pela fúria das águas atiradas sob pressão por um São Pedro completamente descontrolado. Presumo que tenha pensado serem os estudantes de Coimbra em mais uma manifestação de repúdio pelo comportamento do governo e tivesse querido dar uma pequena ajuda à tenebrosa polícia de intervenção. Que a Igreja está conotada com repressão já o sabia, mas podiam ser menos óbvios. O próprio São Pedro é uma figura hedionda e repressiva? – Lá se vai a última reminiscência de poder acreditar algum dia na palavra das sagradas escrituras! –
Um diabinho – juro que não era vermelho – foi-me dizendo com voz calma para me ir deitar e tentar repousar. Coisa que farei por as pálpebras se recusarem a manter abertas.
«Something magic» está a acabar. Os Procol Harum parecem ter terminado o concerto com que me brindaram ainda que em vinil.Eis a hora certa para que a minha cabeça repouse um pouco dormindo, dormindo.

CARTAS AO DIRECTOR

GREVES

"Continuem a fazer greves e a desmoronar o País dia a dia. Dentro de pouco tempo, nada restará de um Estado de Direito."
ass) Ricardo Costa

JUÍZES

"Coitadinhos, e eles até ganham tão pouquinho! * Será que também podemos importar juízes espanhóis como importamos médicos?"
ass) Sousa da Ponte

* - Juízes de Círculo, 3.100€ líquidos mensais.

Factos preocupantes

Segundo a imprensa, o Presidente Iraniano Mahmoud Ahmadinejad ( que na sua juventude parece ter estado incluído no grupo, que há uns anos cercou a Embaixada dos EUA em Teerão durante largo tempo, numa crise que demorou a resolver ) afirmou em 26 do corrente numa conferência em Teerão, denominada "O mundo sem o sionismo" e por entre cânticos de "Morte a Israel" e "Morte à América", que.

"A nação muçulmana não permitirá que o inimigo histórico viva no seu próprio coração. ISRAEL DEVE SER ELIMINADO DO MAPA."

Factos:
- Israel possui um stock de bombas atómicas e os respectivos vectores de lançamento. Os seus Serviços Secretos (a Mossad) destruíram a central de urânio enriquecido no Iraque, no tempo de Sadan.
- O Irão se não tem a bomba atómica, estará em vias disso, ou talvez a consiga obter, uma ou mais, bem como os meios de lançamento, se não os possuir já. Condolesa não teria tido muito sucesso (ou nenhum), quando na sua última visita a Moscovo procurou convencer o Presidente Putine, dos perigos do Irão prosseguir com o seu programa nuclear (vendido e assistido pelos russos, que precisam de dinheiro e procuram obter influência política na região).

Estes acontecimentos estão a preocupar os dirigentes políticos mundiais, como foi noticiado na RTP1 às 13.00h.

A mim preocupa-me mais que a ACTUAL Gripe das aves. Ao fim e ao cabo, poucas pessoas morreram, até hoje, em vários locais dispersos pelo Mundo.

Cada um que tire as suas conclusões. Eu não as tiro por duas razões:
- Porque não faço futurologia.
- Porque “não morro de amores” por nenhum dos intervenientes.

Beco sem saída

(Rex Babin, “The Sacramento Bee”, February 20, 2003)

quinta-feira, outubro 27

CABALA.

Sou o epicentro de uma tempestade monocromática que se estilhaça no vidro fosco da intemporalidade, criando imagens dissonantes, assimétricas, deformadas por estranhos jogos de espelhos.
Livro:Gore Vidal escreveu “Império”. [É uma sugestão?] pergunta a que não obterás resposta porque quero aguçar-te a curiosidade e o prazer da descoberta.
Dentro, turbilhões de sentimentos que não são antagónicos mas complementos uns dos outros formando um sistema de baixas pressões que provocam nuvens ameaçadoras com formatos bizarros, arrastando-se Céu fora num sempre eterno retorno, sem chuva, sem trovão, apenas luz.
Tento decifrar o enigma que é a tua forma tão característica de te expressares concluindo sempre ser mais fácil descodificar hieróglifos com uma margem de erro bem menor.
Tentarei a numerologia!
Ou os símbolos cabalísticos. Tudo será de mais fácil entendimento.
Vou ouvindo a “balada para Inês de Castro” do velhinho e já desaparecido “Quarteto 1111”, coisas de trovadores medievos alimentando mitologias fantásticas em que o verdadeiro Rei é o amor.
A incomensurabilidade de todas estas constatações remete-me à minha condição de pequenez que me aflige por pretender encontrar respostas a perguntas que [te] formulo e [me] formulo sem êxito aparente. [Talvez não leias o óbvio] digo para mim mesmo sabendo antecipadamente que a Verdade é coisa simples e questão de uma atenção profunda; ela está na simplicidade do evidente, é Luz, luz tão forte que cega e não deixa assimilar o que está diante dos nossos narizes empinados, tal é a certeza da “sabedoria” que julgamos ter!
No reencontro do prazer da noite onde me sinto como “peixe na água” vou tecendo letra a letra uma teia rendilhada de sentires que me assaltam tão claros como se agora não fosse o breu que dominasse. Acode-me o Sol da meia-noite perdido entre mil lagos e vegetações luxuriantes.
[O Paraíso?] pergunto-me, perguntas-me e pergunto-te sabendo que cada um de nós não é capaz de responder a si próprio nem ao outro por ser do domínio do insondável.
Retenho neste instante toda uma panóplia de ensinamentos e encerro este capítulo.
Dou-me conta que sou o epicentro de todos os meus enganos.

Os portugueses estão a ficar obesos?


Para já não falar do "fast food", que os nossos miseráveis vencimentos nos levam a consumir.

Breves comentários para quem pretende praticar desporto

1) A minha tia aos 80 anos começou a andar 5 km por dia. Hoje tem 97 e ninguém sabe onde ela está.

2) Inscrevi-me num ginásio, no ano passado, e não perdi um quilo sequer...
... Parece que é preciso participar nas actividades...

3) Tenho de fazer exercícios de manhã, antes que meu cérebro perceba o que estou a fazer.

4) Não faço nenhum exercício.
Se Deus quisesse que tocássemos os dedos dos pés, Ele tê-los-ia feito mais próximos das mãos.

5) Gosto das longas caminhadas, principalmente quando feitas por pessoas que me aborrecem.

6) Tenho ancas largas, mas felizmente o meu estômago cobre-as.

7) A vantagem de fazer exercícios todos os dias é que morremos com boa saúde.

8) Eu não corro porque entorna o gelo do copo.

9) A tartaruga não faz nada, anda bem devagar e dura 200 anos....

10) Se nadar emagrece, então porque é que a baleia é gorda?

Enganaram-se no caminho?

quarta-feira, outubro 26

Estamos em greve



Ainda não tinhamos dado por isso, é tão vulgar. Proponho um dia de "greve às greves", ao menos era uma quebra na rotina do dia a dia.

ANNA

“Theme from the deerhunter” dos Shadows provocam o ritmo do digitar. Dedos ágeis percorrem teclas incapazes de acompanharem o ritmo da alma.O dedilhar está intrinsecamente ligado ao sonho. As cordas das guitarras ao ritmo do imaginário.
Nas brumas do tempo perdido – hoje sei-o perdido – a difusão da imagem. Associadas à imagem sentires que jamais se repetirão.
Anna.
Mais do que um nome. A vida de alguém que continua a vislumbrar o infinito em busca de. Da noite de má memória, o choro convulsivo e compulsivo, a vontade de poder voltar atrás, a falta de coragem para o fazer.Serás sempre o fantasma que povoará todos os sonhos e pesadelos. A presença diáfana in-presente, só visível na poeira dos tempos e da memória prodigiosa que teima em guardar todas as dores. Será o centro de todos os sofrimentos?!
Anna.
[O que recordo] perguntas-te? – A intangibilidade. Sobretudo a intangibilidade.
A voz quase sopro, inaudível, os lábios carnudos, a voracidade temporal que afasta e une sem o saber.
Restam as memórias.
Restarão aromas de ti, únicos que identificaria entre milhares de essências exóticas. Vendassem-me olhos e entre mil saberia identificar-te corpo, alma, lábios…
Eis a vida a esvair-se entre fantasmas, sombras, memórias que o tempo teima em regenerar, tornando-as tormentos.
Ler-me-ás?!
As flores desabrocham no constante renascer da vida que apenas para mim, terminou algures numa noite sem fim, chuvosa e fria.
Todas as peles foram apenas a busca incessante de te identificar. Foram apenas peles.
De ti espero a essência. Que morrerá comigo ou permanecerá para além do tempo no infinito de todas as finitudes.
Do pequeno açude, a imagem reflectida em espelho nas águas límpidas de uma manhã – a última manhã – e o vão sonho de que um dia ambos voltemos à máquina temporal feita de água límpida.

Dione, uma das luas de Saturno


Não me digam que as fotos do Espaço não são belas e espectaculares. Aí temos Dione, uma das "luas" de Saturno, bem como um dos aneis do planeta.

Viagens no Espaço-Tempo


"Espaço e Tempo são teorias dentro de teorias, como diria Hawking. São conceitos teóricos através dos quais pretendemos explicar teorias mais amplas com as quais tentamos compreender e explicar o Mundo! Existem, sim, mas sobretudo existem enquanto conceitos teóricos e nós precisamos deles para construir sistemas coerentes, mas terão fora disso toda a relevância que lhes damos? Há uma razão para o desejo que todos nós sentimos quanto às viagens no Espaço-Tempo e calamos essa razão nem sei porquê: algo nos diz que vendo mais, conhecendo mais, poderemos obter não mais respostas – porque isso obteremos de certeza – mas “a” Resposta é uma ilusão. Não é deslocando-nos no Espaço-Tempo que “a” Resposta para “o” Mistério” nos vai surgir, mas deslocando-nos em nós mesmos.

Não falo de viagens interiores, mas na evolução do cérebro humano, apenas. Está tão pouco desenvolvido, ainda, que aquilo que poderemos ver com o seu desenvolvimento é para nós inimaginável. Eu tenho consciência que posso estar prestes a dizer uma tremenda asneira, mas acredito que o cérebro tem inscritas nele metamorfoses necessárias."

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Existimos? (parte II)

Tradução livre do texto enviado pela bluegift:

Os maiores físicos contemporâneos teriam finalmente conseguido esclarecer o verdadeiro papel da matéria infinitamente pequena. Chegaram à conclusão que a Física Quântica não nos fala da realidade material, pois o mundo por ela descrito talvez não seja mais que uma gigantesca alucinação.
A conclusão nasceu da constatações de factos, por parte dos físicos, quando começaram a sondar o infinitamente pequeno do nosso mundo material. Com efeito, constataram que a luz, que consideravam comportar-se como uma onda, apresentava claramente, em certas condições, o comportamento de uma partícula, e contrariamente, o electrão, suposto como sendo uma partícula, sob certas condições actuava como uma onda. Com tais factos, os físicos foram obrigados a aceitar que os objectos (electrões, moléculas, átomos, ou qualquer matéria terrestre), fossem representados por um conceito algébrico bastante complexo, e que as novas leis que regem a evolução permitissem a estes objectos ligarem-se entre si para além do espaço e do tempo, assumirem vários estados ao mesmo tempo e reduzirem-se aleatoriamente a um só estado, quando os tentássemos observar e segundo leis de probabilidade muito precisas.
Esta nova “teoria quântica da informação” teria permitido predizer com sucesso as propriedades dos diferentes elementos químicos, o comportamento dos lasers, a estabilidade do ADN ou a explosão das reacções nucleares, todos estes mistérios sobre os quais fez luz nos cérebros e “soltou as línguas” de muitos físicos do mundo inteiro. Tudo se basearia na noção de “informação”.

Intuitivamente sabemos que a informação é um elemento de conhecimento sobre um acontecimento que pode ser codificado por sequências de números binários, compostos de 0 e 1. A priori nada teria a ver com a física quântica, a menos que as leis quânticas permitissem manipular esta informação de uma maneira radicalmente nova.
A possibilidade da correlação à distância entre dois objectos pode ser vista como um novo canal de comunicação que permite, por exemplo, transmitir informações de um lugar para outro, assegurar que as mensagens secretas não sejam violadas ou fazer cálculos maciçamente paralelos, todo um mundo de estudos em perspectiva que tenta a maior parte dos teóricos e experimentadores, e que os levou a elaborarem uma nova linguagem e um novo domínio da física, "a teoria da física quântica de informação", que está actualmente em pleno desenvolvimento e se baseia na ideia surgida a partir de 1980:

"E se, em vez de explorar a mecânica quântica para manipular a informação, se utilizasse antes a informação para compreender a mecânica quântica? E se se considerasse a informação quântica não como uma aplicação da teoria, mas antes como o seu fundamento? Que esta física quântica não fala do objecto, mas do que se sabe sobre ele. Todo um mundo de mudanças radicais em perspectiva.”

A informação, não se comporta como a matéria, não tem nem posição espacial, nem temporal, pode-se duplicá-la, compartilhá-la, resumi-la, suprimi-la, à vontade.

Retomando então um a um todos os fenómenos quânticos que, atribuídos à matéria, pareciam tão esquisitos, apercebemo-nos que se tornam claros quando atribuídos à informação.
"Por exemplo, como é que um sistema pode ao mesmo tempo estar em vários estados?"
Porque as informações disponíveis para o ser humano não permitem definir em qual estado ele se encontra.
“Porque é que uma medição faz o sistema desmoronar-se abruptamente num só estado?”
Porque faz evoluir o nosso conhecimento, abruptamente actualizado pela nova informação obtida.
“Como é que dois sistemas podem ser correlacionados através do espaço e do tempo?”
Porque estes dois sistemas tendo características comuns, o que se souber sobre um informa-nos imediatamente sobre o outro.

É por conseguinte a partir de teoremas que esta nova interpretação da mecânica quântica espera alterar o curso da física. O seu objectivo não é mais o de interpretar o corpo quântico, mas reinventá-lo, não tomar mais como adquiridas as leis empíricas do início do século XX, mas demonstrar que as mesmas são a consequência de obrigações ligadas à aquisição, à representação e à transmissão da informação. Uma postura espantosamente fecunda, supondo que, no nosso mundo, a informação sofre certos constrangimentos e tentando ver ao que se assemelha uma teoria que não descreve a própria realidade, mas o nosso acesso a essa informação.

Recentemente quatro físicos foram bem sucedidos na criação cada um de uma parte da teoria quântica, com quatro trabalhos tão díspares como racionais. Os seus pontos de partida diferem:
para alguns, a informação é subjectiva e depende de quem coloca a questão;
para outros, é objectiva, como uma espécie de nova substância que existe independentemente da observação. Mas todos estão de acordo num ponto: a facilidade com que a teoria se gera sobre esta noção de informação milita fortemente para não mais a ver como uma mecânica realista, que descreve o comportamento das ondas, das partículas ou dos campos, mas como uma teoria que descreve o comportamento das informações. O que se acreditava unido à realidade seria com efeito principalmente ligado ao nosso olhar. Como se fosse visto através do ecrã de um computador, sem que este mundo tivesse sido “pixelisado” para tanto.
Para Christopher Fuchs, físico americano do Bell Labs Lucent Tecnologias, é necessário expurgar dos dados todas as características do ecrã, para que permaneça apenas o que pertence ao próprio mundo. "O puro produto destilado que permanecerá, por tão minúsculo que seja em relação ao conjunto da teoria, será então o nosso primeiro resumo do que a mecânica quântica tenta dizer-nos sobre a própria Natureza."
"Michel Bitbol, do Centro de investigação em epistemologia avançada da Escola politécnica de Paris congratula-se por este fluxo de vaga realista que submergiu a física nos anos 70." Pensa que estes trabalhos confirmam e actualizam a força do raciocínio proposto por Emmanuel Kant: " Não se dá uma forma ao conhecimento senão a partir da formalização dos limites deste conhecimento."

A ideia ainda não está terminada, porque se a totalidade, ou parte do que se crê ser a realidade, não é mais que uma alucinação, vai ser necessário explicar porque tem esta aparência e não outra.
Rever as noções primárias de informação: o tempo, o espaço, a matéria, será a tarefa desta nova física.

terça-feira, outubro 25

Não-memórias

A percepção de que tudo se desenrola em Macondo a irrealidade de um calor sufocante e o girar em círculos sob um sol impiedoso que queima corpo e esventra emoções. Da dolência do cenário, a fúria dos sentimentos em justaposição.
Contrapontos:
Do calor emanado de corpos, a voragem da temperatura fundindo tudo numa amálgama de contradições.
O não saber quem se é. A busca incessante e o não saber de quê. Ou de quem.
O gerenciar a dúvida; analiticamente insubmissões de mentes perdidas no éter que se buscam. Um dia encontrar-se-á [ão?]
A sensação desagradável de que a vida passou ao lado. O desperdício de dias e esforços vãos. A antítese da morte num vegetar constante, ignoto e pueril.
Da vida:
A certeza de que foi em vão.
Da morte:
A verdade absoluta. A certeza. Libertação?
Partidas da memória:
Sem memórias.
A abjecção indigna das não-memórias. O vazio, o nada.
[Tantas foram as peles que se vestiram. Agora o saber-se quem se é não passa de uma miragem.]
Para trás, os beijos trocados e as juras de eterna entrega. Nada resta. Nem as memórias engolidas nelas próprias.
A tiracolo um pedaço de nada. Que se quer preservado.
Que Deus subtrai as memórias se são elas que alimentam no final dos tempos? – Eis a indignidade maior.
Sem memórias, o partir rumando outras dimensões sob sol escaldante e cenários Marquezianos.
No delírio os contornos de uma vida que esvai. O longe, muito ao longe, alguém trajando de alvo. Partidas da memória, ou reminiscências de um passado sem passado?
Um dia terei amado?!

E, mais uma vez, the last but not the least: "Le monde existe-t-il vraiment?"

"Les plus grands physiciens contemporains auraient enfin élucider le vrai rôle de cette matière infiniment petite, qui, auparavant, demeurait flou pour bien des esprits, aussi intelligents étaient ils. Ils en sont venus à une conclusion commune : la physique quantique n'est peut être pas là pour nous parler du fondement de la réalité matérielle, mais plutôt que le monde qu'elle décrit à l'être humain n'est peut être qu'une gigantesque hallucination. Cette conclusion est née de plusieurs constations de faits de part nos physiciens lorsqu'ils se mirent à sonder l'intimité de notre monde matériel. Ils ont en effet constater que la lumière qu'ils considéraient agir comme une onde, affiche clairement un comportement digne d'une particule dans certaines conditions, et inversement pour l'électron qui, étant censé être une particule, se met sous certaines conditions à agir comme une onde. Avec de tels faits, les physiciens en viennent à devoir accepter que les objets (électrons, molécules, atomes, et donc n'importe quelle matière terrestre), soient représentés par un concept algébrique fort complexe, accepter que les nouvelles tables de la loi qui en régisse l'évolution permettent à ces objets d'être reliés entre eux au delà de l'espace et du temps, de se mettre dans plusieurs états à la fois et de se réduire aléatoirement en un seul lorsque l¿on tente de les observer, suivant des lois de probabilités très précises. Cette nouvelle théorie aurait alors permis de prédire avec succès les propriétés des différents éléments chimiques, le comportement des lasers et des puces, la stabilité de l'ADN ou l'explosivité des réactions nucléaires, tout un tas de mystères qui deviendraient lumière avec cette nouvelle théorie quantique de l'information qui échauffe les cervelles et agitent les langues de bien des physiciens du monde entier. Tout se baserait sur la notion d'information, on sait tous intuitivement que l'information est un élément de connaissance sur un événement qui peut être codé par des suites de nombres binaires, composés de 0 et de 1. Rien à voir à priori avec la physique quantique, sauf que les lois quantiques permettent de manipuler cette information d'une façon radicalement nouvelle. Les corrélations à distance entre deux objets qu'elles autorisent peuvent être vues comme un nouveau canal de communication permettant, par exemple, de téléporter des informations d'un endroit à un autre, de s'assurer que les messages secrets ne sont pas violés ou de faire des calculs massivement parallèles, tout un tas d'études en perspective qui allèchent la plupart des théoriciens et expérimentateurs, si bien qu'ils ont élaborés un nouveau langage et un nouveau domaine de la physique, « la théorie de la physique quantique de l'information », qui est actuellement en plein essor et qui se fonde sur l'idée suivante germé dès 1980 : « Et si, au lieu d'exploiter la mécanique quantique pour manipuler l'information, on utilisait plutôt l'information pour comprendre la mécanique quantique ? Et s'il fallait considérer l'information quantique non comme une application de la théorie, mais plutôt comme son fondement ? Que cette physique quantique ne parle pas de l'objet en lui même mais de ce que l'on en sait, un changement radical de perspectives » L'information, elle, ne se comporte pas comme la matière, elle n'a ni position spatiale, ni temporelle, on peut la dupliquer, la partager, la résumer, la supprimer à volonté. En reprenant alors un à un tous les phénomènes quantiques qui, attribués à la matière, semblaient si bizarres, on s'aperçoit deviennent limpides une fois attribués à l'information. « Par exemple, comment un système peut-il être dans plusieurs états à la fois ? Parce que les informations disponibles pour l'être humain ne permettent pas de définir dans quel état il se trouve. Pourquoi une mesure fait-elle brusquement s'effondrer le système en un seul état ? Parce qu'elle fait évoluer notre connaissance, brusquement actualisée par la nouvelle information obtenue. Comment deux systèmes peuvent ils êtres corrélés à travers l'espace et le temps ? Car ces deux systèmes ayant des caractéristiques communes, ce que l'on apprend sur l'un nous renseigne aussitôt sur l'autre. » C'est donc à coup de théorèmes que cette nouvelle interprétation de la mécanique quantique espère changer le cours de la physique, le but n'étant plus d'interpréter le corpus quantique, mais de le réinventer, de ne plus prendre pour acquis ces lois empiriques bricolées au début du XXe siècle, mais démontrer qu'elles sont les conséquences de contraintes liées à l'acquisition, à la représentation et à la transmission de l'information. Une posture étonnamment féconde, en supposant que, dans notre monde, l'information subit certaines contraintes et en essayant de voir à quoi ressemble une théorie qui ne décrit pas la réalité elle-même, mais notre accès à cette information. Quatre physiciens on chacun récemment réussi à générer une partie de la théorie quantique, quatre travaux aussi déroutants que rationnels. Leurs principes de départ différent : pour certains, l'information est subjective et dépend de celui qui se pose la question ; pour d'autres, elle est objective, comme une sorte de nouvelle substance qui existe indépendamment de l'observation. Mais tous sont d'accord sur une chose : la facilité avec laquelle la théorie se génère sur cette notion d'information milite fortement pour ne plus la voir comme une mécanique réaliste, qui décrit le comportement des ondes, des particules ou des champs, mais comme une théorie qui décrit le comportement des informations. Ce que l'on croyait rattaché à la réalité serait en fait principalement lié à notre regard. Comme si l'on voyait à travers un écran d'ordinateur, sans que ce monde ne soit pixellisé pour autant. Pour Christopher Fuchs, physicien américain au Bell Labs Lucent Technologies, il faut expurger des données toutes les caractéristiques de l'écran afin qu'il ne reste que ce qui appartient au monde propre. « Le pur distillat qui restera, aussi minuscule soit'il par rapport à l'ensemble de la théorie, sera alors notre premier aperçu de ce que la mécanique quantique essaie de nous dire sur la nature elle-même. » Michel Bitbol, du Centre de recherche en épistémologie avancée de l'Ecole polytechnique de Paris se réjouit de ce flux de vague réaliste qui a submergé la physique dans les années 70. Il pense que ces travaux confirment et actualisent la force du raisonnement proposé en premier par Emmanuel Kant : « On ne donne une forme à la connaissance qu'à partir de la formalisation des limites de cette connaissance. » L'idée n'est pas encore aboutie, car si tout ou partie de ce que l'on croyait être la réalité n'est qu'hallucination, il va bien falloir expliquer pourquoi elle a cette apparence et pas une autre. Revoir les notions primaires d'information : le temps, l'espace, la matière, ainsi sera la tâche de cette nouvelle physique. "

Origem :
Science et Vie n°1054 "Le monde existe-t-il vraiment ?"
e
fórum Ciência do site:
http://www.etnoka.fr/forums/forum-x.tcl?topic_id=962&page=1

Encontros imediatos do 3º grau

Porco

Um homem vai a conduzir numa estrada. Uma mulher vai a conduzir na mesma estrada, mas no sentido oposto. Ao cruzarem-se a mulher baixa o vidro e grita:
- "POOOOORCO".

O homem, como mandam as regras da educação, imediatamente baixa o vidro e responde amável:
- "PUUUUUTA"...

Cada um continua o seu caminho, mas o homem, que vai sorridente, ao virar a primeira esquina, estampa-se contra um gigantesco porco no meio da estrada.


Moral da historia:
Os homens nunca percebem o que as mulheres lhes querem dizer!

Simplicidade

Numa pequena vila alentejana adorava conversar longas horas com um antigo pedreiro. Uma pessoa quase a fazer 90 anos, mas extremamente lúcida e que, com aquela idade, reconstruiu e adaptou a casa em que vivia, quase sem a ajuda de ninguém.
Falava-me da Natureza, dos legumes e árvores de fruto que cultivava, bem como dos animais que criava e que constituíam a base da sua alimentação.

Mas não só estava atento a tudo o que se passava no seu pequeno mundo, como discutia comigo os grandes problemas que afligiam a Humanidade. Sabia ler e escrever e ficou por aí, pois havia que ganhar a vida. Aos sábados, pela noite dentro, trabalhava como barbeiro, para arranjar mais um dinheirito.
Era no tempo em que os trabalhadores do campo apenas faziam a barba ao Sábado, no barbeiro, para no Domingo vestirem os seus fatos de “ver a Deus”. É certo que muitos não O chegavam a ver ...

Tinha 3 filhos. Todos tiraram cursos superiores e todos atingiram o topo das suas carreiras, sempre em número um.

A semente estava lá ...

Utilizei-o num trabalho que fiz para a Universidade e o Prof manifestou interesse em saber mais coisas sobre o entrevistado. Satisfiz-lhe a vontade.

É a minha homenagem sentida ao Manuel Ramalho, que aprendeu na escola da vida e não necessitou de frequentar a Universidade.

segunda-feira, outubro 24

Pré-destinos

"O pensamento mais fugaz obedece a um desenho do Mundo", afirma Jorge Luis Borges em "O Aleph".

Parece um fatalismo! Talvez seja e então teremos de acreditar em pré-destinos.

Não admira então que os predestinados sejam sempre os mesmos. Portugal vive de memórias, de mitos e de passados mais ou menos gloriosos, esquecendo olimpicamente o presente e hipotecando alegremente o futuro.

Da tenebrosa figura do défice emerge uma única verdade: a da submissão. Mas a submissão humilhante, escabrosa, onde a figura de um povo curvado aos desmandos de um governo cego, surdo e mudo, alheio à carga pesada de roubos a que teimam em chamar impostos.

A incompreensão dos políticos de que uma carga fiscal mais consentânea e mais leve seria a única forma de combater a fraude e evasão fiscais, demonstra uma de duas coisas: ou o fazem por manifesta má fé, ou então o desconhecimento do que é a vida de um qualquer pacato cidadão que trabalha, produz e não tem vida própria, da qual foi obrigado a prescindir por um estado ladrão, passa-lhes ao lado.

A ser verdadeira a primeira hipótese é tempo de usarmos o nosso direito à indignação. Recusarmo-nos a pagar os impostos numa clara atitude de desobediência civil pacífica é uma das muitas possibilidades que temos à nossa disposição.
Votar em branco é quase um imperativo Nacional. Ficarão a saber que não abdicamos do nosso direito, mas ao mesmo tempo não legitimamos autoridade alguma para que nos representem. Sem legitimidade todo o sistema político terá de ser revisto e adaptado a uma maior participação do cidadão na vida da comunidade em que está inserido.
É tempo de obrigarmos aqueles a quem elegemos a criarem mecanismos de controle dos seus sumptuosos gastos.

"O sentido do mundo emerge fora do Mundo. No Mundo, tudo é como é e acontece como acontece".
Ludwig Wittgnenstein, in "Tractatus Logico-Philosophicus."

De novo a inevitabilidade; de novo no campo da transcendência e do esotérico. Como se tudo escapasse às nossas vontades. Seremos então meras máquinas que não têm a capacidade de pensar e inverter este estigma que parece perseguir-nos?
Acredito na nossa capacidade de livre-arbitrio. Acredito na nossa capacidade de explosão, de inversão deste quotidiano marástico, penoso e vil.

Cesariny desencadeou uma ruptura em relação à ortodoxia figurativa estabelecida por Breton.
Os condicionalismos próprios de cada povo e do português em particular - sublinhado o caso português apenas porque somos portugueses - e o movimento próprio no seio do surrealismo internacional, fazem da nossa abstracção um caso único no mundo e no seio deste movimento aparentemente imparável de submissão e alheamento que nos conduz inexoravelmente ao caos.

Tal como na obra de Mário Cesariny, também na vida dos portugueses persistem a figura, a abjecção e o lirismo; se na obra do artista tudo isto pode ser bom e enriquecer o trabalho, na vida de cada um de nós, a (as) figura (s), a abjecção e o lirismo, mais não são do que o rosto da submissão.

Atravessando as sucessivas etapas do povo português, verificamos que por sobre o magma das matérias
e texturas, da estridência das cores e/ou da sua ausência, se instalaram o lirismo como estado de alma, afirmando dessa forma uma saída múltipla, objectivada pelos modelos de individualidade - que perdemos - ou fragmentações de imposições sem interrogações existenciais, sociais, ou outras.

Somos, em suma um povo acrítico, amorfo, incapaz de responder aos "espertos" que vamos elegendo alegremente sem nos questionarmos se nos servem, ou se se servem.

Aposto mais na última das hipóteses.

Ainda há bem poucos dias aquando de uma inauguração de um troço da A25 me foi dado ver os carros topo de gama, a ostentação de uma tenda com ar condicionado, o "farnel" para suas senhorias.
Quanto custa à carteira de cada um de nós, tais sinais evidentes de que por cá nem todos vão mal?!

O filme mais esperado do momento !


A estrear brevemente numa qualquer escola perto de si !

domingo, outubro 23

Sebastianismo

Portugal relembra as suas memórias. Definitivamente o Sebastianismo não nos abandona. É uma espécie de estigma que nos persegue qual fantasma de um passado longínquo.

Passadas as eleições autárquicas, surgem no horizonte as Presidenciais.
Se no caso das eleições para o poder local assistimos a “mais do mesmo”, o cenário repete-se inexorável, qual inevitabilidade de um povo que continua a acreditar numa manhã de nevoeiro e num qualquer salvador.

Se Sebastião é conotado com iniciatismos e demandas do Graal e sob esse ponto de vista até podia vir a ser o salvador, o que esperar das candidaturas de Cavaco e Soares? Uma repetição de discursos gastos quiçá mais refinados pela idade de um e de outro?

Onde pára a nossa memória colectiva? – Acaso não foi Soares o pai dos contratos a prazo, da lei dos despedimentos e outros ataques a quem trabalha?

Não foi Cavaco o pai da crise, hoje desculpa para tudo, sobretudo para a nossa submissão?

Já nos esquecemos todos do estado policial, dos seguranças que não deixavam aproximar ninguém do homem de Boliqueime?

Vou ouvindo Zeca Afonso, ao mesmo tempo que me vou dando conta da sua enorme generosidade, mas também da profunda utopia em que vivia mergulhado. Poderia adivinhar que passados tantos anos de “democracia”, esta foi apenas capaz de gerar dois velhos do Restelo para se candidatarem ao mais alto cargo da Nação?

Entre a arrogância de Soares, refinada, é certo, e a autocracia de Cavaco, o autismo, a falta de capacidade de comunicar com as gentes que o elegeram, onde fica a nossa capacidade de escolha?

As televisões tudo têm feito para condicionar o voto. Parecem haver apenas dois candidatos.
Porquê esta atitude de órgãos de comunicar, que têm a obrigação de não tomar partido?

As manhãs de nevoeiro sucedem-se e o salvador não aparece.
Certamente que nem Cavaco nem Soares podem ser o almejado salvador da Pátria.
Não serviram a dita. Serviram-se dela!

Haja memória.

A. Pinto Correia
apcorreia@vozdasbeiras.com

A montanha pariu um rato

Quando foi do Processo da Moderna, foi um alarido enorme.
O Zé Povinho esfregava as mãos de contente com este escândalo, que indiciava, ou pretendia indiciar em crimes terríveis e inenarráveis, pessoas colunáveis.
A Imprensa idem, porque as notícias faziam parangonas de jornais e eles vendiam, vendiam (nesse tempo ainda havia dinheiro nos bolsos dos cidadãos).
A TV, sorria de orelha a orelha, aliás não é difícil, e subia os seus "shares"de modo astronómico. O céu era o limite.
No fim o balão começou a esvaziar, a esvaziar e acabou com um cidadão a cumprir uma pena mais pesada, que lhe possibilitou tempo livre para escrever um livro sobre o Marquês de Pombal.
Ainda bem, foi uma contribuição para a cultura portuguesa.
A "montanha" do Processo lá permaneceu e permanecerá, depois de ter custado uma fortuna ao Erário Público e de ter dado o seu contributo para a extrema penúria em que nos encontramos. São os custos da Democracia, dirão.
Pois ...

Actualmente e sabe-se lá ainda por quanto tempo mais, corre o Processo Casa Pia que, no dizer de Moita Flores, é um:
"exemplo vivo de que a burocracia administrativa, o excesso apego às formas com clara indiferença pelos conteúdos, é um dos grandes cancros do actual sistema judicial".

E agora vou aproveitar este sol maravilhoso, fazendo votos para que a chuva volte depressa.

Onde vão eles ?

O mais pequeno conto de fadas

Era uma vez um rapaz que pediu a uma rapariga:

- "Casas comigo?"

A rapariga disse "NÃO" e o rapaz viveu feliz para sempre, e foi à pesca, à caça, jogou golf, saiu com mais amigas e bebeu cerveja sempre que quis.

Fim

(enviado pela “bluegift”, que tem andado muito ocupada)

sábado, outubro 22

Contrastes

[Cabelos tocam-te lábios] tudo em negro e alvo.

Esta ausência de ti e de mim conjuram o tremendo cenário da eternidade caminhando sempre em planos paralelos, sabendo-me e sabendo-te.

As árvores têm agora o colossal aspecto de grandes fantasmas, agitando-se com brisas e sopros.

O devolver da imagem distorcida por acção de um qualquer espelho que não é mágico aterra-me.


A mão na testa sustentando uma cabeça que não está aqui, um coração que bate e todavia está longe, longe…

Apenas a imagem imaculadamente alva de lábios bem desenhados e olhar perdido me conseguem manter agarrado a uma vida que não o é.

[Reconhecer-te-ia entre mil], entre todas as mulheres.

Fragmentos. Só fragmentos.
[Estilhaços de mim e de ti].

Lentamente as gotículas escorrem vidro abaixo, deixando pequenos desenhos assimétricos, caminhos sinuosos, mas sobretudo o sonho. O único sonho que tenho de facto.
[És tão intangível] que dir-se-ia viveres dentro de uma cúpula vítrea; apenas me é concedido o poder de te visionar.

[parecem-me bem os livros que estão atrás da tua imagem fantástica]

Fragmentos. Só fragmentos.
De ti e de mim.


Olho de novo o alvo das tuas roupagens contrastando com o negro de uma alma que já nem sabe se o é.

Ainda o sonho. Sempre o agridoce sonho do toque e da entrega.

[Restam fragmentos. Só fragmentos e insanas jangadas que num acesso de loucura e de imprevisibilidade podem fazer o milagre do encontro]


[Parece-me bem]

Os direitos das crianças

Com este título, A. Pinto Correia escreve no Jornal Torrejano, que consta dos n/links, um óptimo artigo, que deveria merecer a atenção de Pais, Professores e Instituições que têm interferência directa sobre as crianças, e cuja leitura aconselho vivamente.

Na impossibilidade de o transcrever na íntegra, pergunto:
- As crianças só têm direitos?
- Pais e Professores só têm deveres?
- Porquê a entrega das crianças, em caso de divórcio entre os cônjuges, “por regra” ao poder maternal?

“Assumir a dignidade e os direitos da criança, está certo. Mas devolver a autoridade a quem a deve exercer, impõe-se. Acredito que, se os filhos não contestarem os pais, algo vai mal. Mas é igualmente tempo de os pais poderem contestar comportamentos que em última análise conduzirão uma geração ao caos.”

Nada se perde, tudo se transforma!

Expliquem-me por favor ...

Expliquem-me por favor, mas não me mandem prender:

- O Governo é um dos Orgãos de Soberania.

- Pinheiro de Azevedo, Primeiro-Ministro do VI Governo Provisório, cargo para o qual foi nomeado em 29 de Agosto de 1975, declarou a Greve do Governo. Foi dito na altura que o Governo, por ser um dos orgãos de Soberania, não podia entrar em greve.

- Os outros Orgãos de Soberania, são: o Presidente da Republica, a Assembleia da Republica e os Tribunais.

- A Associação Sindical dos Juízes fez um aviso prévio de greve para os dias 26 e 27, e o Conselho Superior de Magistratura considera que não é aplicável aos juízes o instrumento da "requisição civil", por não ser aceitável que um "orgão de soberania" (o Governo) recorra a outro "orgão de soberania".

- Então o Governo, não pode fazer greve, mas os Tribunais podem, a pesar de serem ambos Orgãos de Soberania?

- E o Presidente da República, também pode entrar em greve?

Eu só queria ser esclarecido, pois sou um cidadão ignorante, o que não impede que tenha esse direito. Afinal querem, ou não, cidadãos esclarecidos, que possam votar em consciência?

sexta-feira, outubro 21

ARCO-ÍRIS

Uma excelente casa. Agrada-me a ideia da sua quase suspensão.Agrada-me a ideia da tranquilidade envolvente e a integração na natureza o distanciamento do mundo de todos, a possibilidade de controlar o seu acesso ao meu próprio mundo? Não sei. Mas sorrio a isso, benevolente comigo mesma. Por vezes serei uma iluminada e a outra insana, por vezes uma só.Seria uma casa assim o meu possível lugar? Se nunca o encontrei antes…
[O não saber da possibilidade desse mágico lugar que buscas para ambos remetendo a sua descoberta para um espaço suspenso e o acreditar que esse local está à distância de um pensamento rápido e fugaz bastando para tanto saber agarrá-lo e guardá-lo entre mãos convertendo-se em oferenda que se dá ao outro fazendo a comunhão de seres que se querem - «Parece-me bem» - e porém se evitam fazendo desse desejo algo imaterial só possível com sons de Bach]
No recolher pedaços dispersos de mim de um chão que se quer verde, verde de pequenas plumagens herbáceas mescladas aqui e ali por multitons descobrindo pedaços de humanidades que nem sequer me pertencem e o desaconchego de saber que todos, todos têm pedaços espartilhados, estilhaçados e não sermos mais que mil pedaços adubando terra que fará nascer o homem novo na reunião inevitável de todos esses bocados de nós.
O saber a tarefa grandiosa e o evitar da hibridez farão do recolher minúsculos pontos de carne, sangue e espiritualidades.
O constatar que a água vertida dos céus se perde em intrincados labirintos deslizando entre terras sulcando o solo sulcando a vida sulcando-me e sulcando-te, traçando mil pontos aparentemente divergentes e que por acção de acasos convergirão num único ponto fazendo um…
Mil águas passaram.Repetir-se-ão mais mil.Dos sulcos restará a impressão feita em quadricomias e multicores. No fim estará o arco-íris.

Eles e elas

Ele disse... Que tal uma rapidinha?
Ela disse... E temos outra alternativa?

Ele disse... Não sei porque usas soutien; não tens nada para pôr lá dentro.
Ela disse... Tu usas cuecas, não usas?

Ele disse... É verdade que só me amas por causa da fortuna que o meu pai me deixou?
Ela disse... Não, querido. Eu amar-te-ia de qualquer maneira, independentemente de quem te deixou a fortuna.

Ele disse... Este café não serve nem para um porco!
Ela disse... Não tem problema, já te faço um que serve.

Ela disse... Que ideia é essa de chegar a casa meio bebado?
Ele disse... A culpa não é minha, acabou-se o dinheiro.

Ele disse... Desde a primeira vez que te vi, quis fazer amor contigo da pior maneira possivel.
Ela disse... Bem... e conseguiste!

Ele disse... Tens peito liso e pêlos nas pernas. Alguma vez te confundiram com um homem?
Ela disse... Não, e a ti?

Ele disse... Porque é que vocês mulheres sempre nos tentam impressionar com o vosso aspecto em vez de com o vosso cérebro?
Ela disse... Porque há mais chances de um homem ser imbecil do que ser cego.

Ele disse... Vamos sair e divertirmo-nos hoje?
Ela disse... Está bem, mas se chegares a casa primeiro do que eu, deixa a luz do corredor ligada.

Ele disse... Porque é que nunca me dizes quando tens um orgasmo?
Ela disse... Eu até dizia, mas nunca estás presente.

Definição de Avó


“Uma avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros.
As Avós não têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam flores bonitas nem lagartas.
Nunca dizem: Despacha-te!.
Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos.
Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior.
As Avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes.
Quando nos contam histórias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes. As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós. Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, sobretudo se não tiver televisão."


(Artigo redigido por uma menina de 8 anos e publicado num Jornal. Uma delícia!)

quinta-feira, outubro 20

Ensaio sobre o sorriso.

[Da noite os resquicios a negro rasgados aqui e ali por imperceptíveis rasgos de luz (ainda tímida) numa antevisão apoteótica do Astro-Rei que se adivinha na linha divisória de um horizonte onde tudo começa. A vida são raiares de sóis, calores e seivas que correm entre os nus das árvores agora despudoradamente despidas]

(...) a voz treinada, projectada tecnicamente, sem emoções vai repetindo em tom monocórdico as desgraças de um início de dia.
(Um ataque suicida no Iraque provocou a morte de mais 38 pessoas; o acto é atribuido a membros da Al Qaeda que em desespero de causa tentam a todo o custo evitar as eleições que conduzirão o País martirizado ao seio da comunidade internacional e democrática) e continua no mesmo tom impessoal a enumerar uma série de cataclismos e previsões apocaliptícas numa clara demonstração do que não deve ser informação. Quais abutres, retirarão toda a carne, explorando a desgraça alheia em prol de estranhos conceitos de audiências.
(...) o saldo da operação "condor" é de 15 mortos e muitos feridos. A BT registou ainda muitos condutores com alta taxa de alcoolemia que foram presentes a tribunal. (...) Sem mudar de tom vai tecendo a lenga-lenga de suplicios a que a humanida é sujeita diariamente por um sistema que é o crime perfeito, ignorando olimpicamente os milhões ce coisas boas que a todo o instante acontecem.
[O medo como forma de reinar fazendo-nos acreditar que precisamos de protecções que são afinal a única razão de todos os cataclismos]

A afirmação pelo terror é o reconhecer da incapacidade do diálogo; mas é ainda mais do qie isso: é a incapacidade de fazer valer pontos de vista que primam pela ausência de lógica, razão e humanismo. Pergunta-se: quem são afinal os terroristas?!

No tecer estas considerações que apoquentam mente e alma, adivinha-se leito estreito e corpo espantosamente belo que expira desejos respirando emoções que potenciam sentires.

[A pequena folha de cor indefinida ela mesma já um arremedo de vida voluteia no ar arrastada por um vento seco frio e cortante. Em breve será nutriente e vida renovada. Tímidos pontículos esverdeados despontam aqui e ali deixando antever uma Primavera que se aproxima e a renovação de toda a existência que é sempre um novo ano quase, quase a chegar. Observá-la é ver o interminável fechar/recomeçar do ciclo sem fim]

A voz estereotipada continua o seu desfiar de desgraças. Perdeu-se algures num espaço de mal incapaz de observar o belo do raiar de mais um dia que arranca o sorriso. "(...) forte tiroteio ouvido no centro da capital (...)...
O desligar o receptor impõe-se. Não para ignorar o que vai também fazndo a trágica história humana, mas para valorizar a imensa capacidade de esta se dar, multiplicando-se um actos solidários que em última instância são actos de amos pleno, desinteressado, sem que se espere nada em troca do acto de se dar. Essa é a verdadeira essência do homem que se vai diluindo em parangonas de catástrofes provocadas por poucos em detrimento do colectivo. Um dia porém todas as mãos de todos os deserdados juntar-se-ão clamando justiça, paz e fazendo cumprir a única missão realmente válida: o amor como imperativo e como força regeneradora. A única força regeneradora.

Ouvir-te voz é o confirmar de que amor existe.

[Leste-me?! - O que achaste? -] ao que te vou respondendo que gosto dos teus silêncios que transportam com eles a imensa capacidade do sonho.

[Viver na utopia] e o saberes-me fonte dela garante que o sonho jamais deixará de ser perseguido.
[Arranjarei sempre sonhos novos para subsituir os já cumpridos]

O afastar da roupa da cama que não se vê e o adivinhar das longas pernas bem desenhadas terminando num vórtice em jeito de triângulo onde muito do amor se deposita e o acto preguiçoso de levantar, a languidez de um corpo a erguer-se de seios pujantes, cabelos revoltos, nu de roupas e preconceitos batido pelos primeiros raios solares dando-lhe tonalidades auríferas e lábios rubros e molhados [deliciosamente provocantes] culminam no arrancar do sorriso que iniciará um dia pleno.

Algures engolidos pelo frenesim da urbe, saberemos sempre que somos únicos, que a não-absorção é possível, porque o sorriso contagiou todo um ser que se sabe um pequeno mundo complexo.

[Quarta-feira. Sabes o que significa quarta-feira?]

Todos os dias serão quartas-feiras...

ÚLTIMAS! ÚLTIMAS!



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Com a devida vénia.

Spleen

Hoje estou com o "spleen".

Alíás há vários dias que ando com ele.

Perguntaram-me ontem o que era o "spleen".

Aí está Charles Baudelaire, "o poeta maldito" a falar-nos dele:

"o tremendo fardo do Tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra"

Paris dos anos 20 do século passado, estrangeiros, sobretudo americanos, pintores, poetas, escritores e jornalistas como Hemingway, encharcando-se em absinto, circulando por St Germain des Près, frequentando "Les deux magots" e "La coupole" e, muitos deles acabando por irem integrar as "Brigadas Internacionais" na Guerra Civil De Espanha.

"Devemos andar sempre bêbados. Tudo se resume nisto: é a única solução. Para não sentires o tremendo fardo do Tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra, deves embriagar-te sem cessar.Mas com quê? Com vinho, com poesia ou com virtude, a teu gosto. Mas embriaga-te.E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: «São horas de te embriagares! Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com virtude, a teu gosto.»

( Charles Baudelaire, "O Spleen de Paris" )

Embriaguemo-nos então com a poesia de Baudelaire, neste pequeno poema em prosa, que é o meu preferido. Desculpem ir em francês, mas quando a tradução não é boa , os poemas perdem qualidade:

L’étranger

“Qui aimes-tu le mieux, homme énigmatique, dis? Ton père, ta mère, ta soeur ou ton frère ?
- Je n’ai ni père, ni mère, ni soeur, ni frère.
- Tes amis ?
- Vous vous servez là d’une parole dont le sens m’est resté jusqu’à ce jour inconnu.
- Ta patrie ?
- J’ignore sous quelle latitude elle est située.
- La beauté ?
- Je l’aimerais volontiers, déesse et immortelle.
- L’or ?
- Je le hais come vous haïssez Dieu.
- Eh ! qu’aimes-tu donc, extraordinaire étranger ?
- J’aime les nuages ... les nuages qui passent ... là-bas ... là-bas ... les merveilleux nuages ! »

(Charles Baudelaire, « Le spleen de Paris – petits poèmes en prose »

O típico retrato do eleitor português ...


E depois queixam-se ...

UPGRADE DE NAMORADO 5.0 PARA MARIDO 1.0



Caro Apoio Técnico,

No ano passado fiz um upgrade do NAMORADO 5.0 para o MARIDO 1.0, (ou seja:
casei!!!) e notei uma redução significativa de performance, principalmente nas aplicações FLORES e JÓIAS, que operavam sem falhas no NAMORADO 5.0.

Além disso, o MARIDO 1.0 desinstalou outros programas importantes como ROMANCE 9.5 e ATENÇÃO AO QUE EU DIGO 6.5 e instalou aplicações indesejáveis como JOGO DE FUTEBOL 5.0.

Também não tenho conseguido rodar o programa CONVERSAÇÃO 8.0 e o AJUDAR EM CASA 2.5: o sistema simplesmente entra em crash.

Tentei fazer correr o RECLAMAÇÕES 5.3 para corrigir esses bugs e não consegui nada. O que faço?

Ass.: Utilizadora desesperada.

____________________________

RESPOSTA DO APOIO TÉCNICO

Cara Utilizadora desesperada,

Primeiramente, tenha em mente que o NAMORADO 5.0 é um pacote gratuito, de entretenimento, enquanto MARIDO 1.0 é um sistema operacional.

Comece fazendo o download de Lágrimas 6.2 e depois digite o comando C:/EU PENSEI QUE VOCÊ ME AMAVA para instalar o SENTIMENTO DE CULPA 3.0. Essa operação actualiza automaticamente as aplicações FLORES 3.5 e JÓIAS 2.0.

Mas lembre-se que o uso em excesso desses aplicações no Marido 1.0 pode activar alguns programas indesejáveis como SILÊNCIO TOTAL 6.1, IR VER O FUTEBOL COM OS AMIGOS 7.0, que invariavelmente instala o CERVEJA 6.1.

Este último é terrível, pois cria arquivos tipo WAV da versão RESSONANDO ALTO 2.5.

De qualquer forma, NUNCA instale SOGRA 1.0 ou reinstale qualquer versão de NAMORADO. Estas aplicações são incompatíveis e vão bloquear o MARIDO 1.0.

Em resumo, MARIDO 1.0 é um óptimo sistema, mas ele tem limitações de memória e demora a correr certas aplicações. Para o perfeito funcionamento do sistema, sugerimos que a senhora adquira alguns programas adicionais.

Recomendamos:

JANTAR ROMÂNTICO 3.0, LINGERIE 6.9 e KAMASUTRA 3.1!!!

Muito cuidado: Algumas clientes instalam o FILHO 1.0 para tentar dar estabilidade ao sistema e muitas vezes isso causa alguns efeitos contrários, sendo necessário, antes, uma verificação total no sistema para garantir espaço no disco e, principalmente, ter um SWAP adequado no MONEY 3.0.

Boa Sorte.

Atenciosamente.

Apoio Técnico

quarta-feira, outubro 19

Afinal não estamos sós no Universo.


Por mero acaso, no dia 14 de Maio do ano passado, cerca das 14h30, dois engenheiros e dois estudantes de Engenharia do Ambiente, andavam tirando fotografias na barragem de Monte Novo, entre Reguengos e Évora, no âmbito de um estudo sobre a qualidade da água, levado a efeito na zona, que incluia ainda as barragens do Alqueva, Monte novo, Vigia e Caia.
Eduardo Silva, 25 anos, estagiário do ISQ, quando disparou a máquina, reparou que um objecto surgira no horizonte e rapidamente desaparecera. Mas o objecto tinha ficado na fotografia e aí está.

Não me venham com histórias de meteoritos, reflexos de satélites, balões meteorológicos, fenómenos atmosféricos, ou outra desculpas esfarrapadas. É um facto que se vem verificando há milhares e milhares de anos e sempre tem vindo a ser escamoteado, por motivos políticos para evitar o pânico, mas, principalmente, por motivos de cariz religioso.

É irrefutável que:
- se trata de um objecto construído;
- a fotografia não apresenta indícios de ter sido previamente manipulada; nomeadamente o reflexo do Sol no dito objecto, está conforme à sombra das árvores que aparecem na foto.

Antes e depois ...



Não existem mulheres lindas... existem sim, bons maquilhadores
ou então... Aquilo que o estojo da maquilhagem faz por uma mulher...

(enviado por pessoa amiga)

Woman in the red


Photo by Peter

Vícios

terça-feira, outubro 18

SENSOS E CONTRA-SENSOS

Num universo convexo de amplitudes ilimitadas onde coordenadas são apenas conceitos a suprema incerteza do ponto final. No abrir de uma brecha, o fim.
Da prepotência e das manipulação:
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais”. Um chavão. Nada mais do que um miserável chavão que alivia consciências.
Ela:Esgrimia o bisturi quase cientificamente. Não o objecto cortante mas o bisturi da inconsciência que mata o sentir.
Manipulação:Tão velha quanto a própria mulher.
Ele:Fartou-se.
Longitudinalmente o cérebro é atravessado em viés por mensagens sempre do domínio do subtil. «Que horror! – Leste o que escreveu? - » O tremendo desejo de que tudo pudesse ser diferente foi aniquilado pela inconsciência do acto de manipular. [Sou livre] grito num derradeiro esforço para que o entendimento te chegue. Jamais entenderás que cada um precisa do seu espaço vital.
O Sol:Ilumina a Terra escondendo-se da alma hoje negra.
Divagações:No olhar a serrania fronteira o constatar do ilimite. A enganadora linha do horizonte apenas começa onde se pensa que acaba. Numa tremenda sucessão de linhas imaginárias, a mesquinhez do Homem. Pior: a pequenez. A inexistência.
(…) Ouvir-te o som saído das contracções do diafragma transformado num murmúrio dulcíssimo, a descoberta da imensa felicidade.
Os paradoxos:Complementaridades.
Na azáfama de uma redacção caótica, a foto que ilumina os meus dias. O olhar de lado – e que olhar! – traçando o perfil de um rosto que é acima de tudo a inspiração….

Existimos?

“Poucas pessoas pensantes não se terão perguntado em determinado momento das suas vidas se toda esta existência não poderia ser um mero fantasma, uma ilusão. Dada a natureza frágil e distorcida das nossas percepções, como nos poderemos convencer a nós próprios de que haja algo de sólido lá fora, um mundo, um universo, que actue como pano de fundo do nosso drama mental?
Quanto mais dissecamos este mundo, estes átomos, mais descobrimos que esta aparente solidez é uma quimera.
A mesa sobre a qual escrevo é um entrelaçado tremeluzente de núcleos atómicos através dos quais flui um rio de electrões, um vácuo permeado unicamente por campos de forças inimaginavelmente fortes. Os electrões e outras partículas atómicas, que se considera formarem a base de sustentação da nossa existência, acabam por ser meras aparições probabilísticas, capazes de estar em toda a parte e em parte alguma, atingindo uma identidade definida apenas quando nós, o observador, efectuamos uma medição.”

(Michael Rowan – Robinson,”Os nove números do Cosmos”)

Porquê esta citação?

Porque no número da revista “Science & Vie” deste mês vem um extraordinário artigo que eu estou procurando ler e assimilar, mas falta-me o tempo, a concentração e o saber:

“LE MONDE EXISTE-T-IL VRAIMENT?

- De plus en plus de PHYSICIENS en doutent.
- Et si tout n’était qu’une HALLUCINATION ?
- TEMPS, ESPACE … des notions à réinventer.”

Indispensável para quem se interessa por estes assuntos (e ainda há bastantes leitores aqui no blog).

Cinquenta dos melhores especialistas mundiais em leis que se ocupam do comportamento da matéria à escala microscópica, reuniram-se em Agosto, na Universidade de Constança, na Alemanha. A ideia base, já fora prevista por Einstein:

“O Espaço e o Tempo, são os modos pelos quais nós pensamos e não as condições em que vivemos”

E por Niels Bohr:

“ A finalidade da física não é descobrir o que é a Natureza, mas sim aquilo que podemos dizer sobre ela”

Da reunião saiu a necessidade de mudar a finalidade da Física, na qual a “informação” passa a assumir papel fundamental. A Teoria Quântica não fala da matéria, mas sim do que se sabe sobre ela. A “nova” Física deverá estudar tudo a partir da noção de “informação”, ao ponto da necessidade de ter de se redefinir: tempo, espaço e matéria. Tudo parece poder ser explicado se a realidade quântica não for mais que uma “alucinação”. Os objectos: electrões, átomos, moléculas … ou pedras, são representados por um conceito algébrico muito complexo (um vector de estado num espaço de Hilbert) muito diferente das ondas e partículas com que temos lidado.

Descrever as trocas de “informação”, entendida como o conjunto de símbolos elementares que devem ser reproduzidos para que uma comunicação (qualquer comunicação) seja considerada realizada com sucesso, deverá ser a nova e única finalidade desta “Nova Física”.

Estava a pensar no “Matrix” …

segunda-feira, outubro 17

MUTISMO

[O tiritar de frio não de temperaturas mas de solidões que a noite traz no negro cinza rodopiando cabeças agitando almas quebrando os sonos que se não têm]
Ainda a inutilidade do útil sobrepondo-se à utilidade da inutilidade.
(…) O aproximar da sombra imensa do meio rosto num perfil atípico caracterizado contudo pelas marcas inconfundíveis dos labiares também eles sombra assumindo contornos de desejo escorrendo salivares e o rubro de línguas que se buscam sabendo presença constatando ausência numa conjunção feliz de ilusões ópticas e sensitivas.
Na convexidade da imagem difusa e no esbater do cinza contra o negro azeviche o realce do perfil numa apoteótica antevisão do todo.
[A voz que não reconhece fronteiras fazendo a ponte entre dois pontos equidistantes fazendo a diferença de um dia que seria negro]
A explosão de raiva pela existência do espaço físico mero estorvo ao desejo nem tanto de corpos mas dos mergulhos nos olhares e/ou na descoberta de novos mundos nesses azuis incomensuráveis a perder de vista e vítreos olhos verdes/aço belos, belos.
O apaziguar de tudo no mergulho da voz ou das letras que se vão digitando e que fazem a ponte entre essas duas equidistâncias.
Sem a inoperância do óbvio, o beijo.Com a subtileza, o beijo.
A audiometria:
O saber que ocupas todas as ondas hertzianas e todos os espaços corporais.A voz omnipresente.A ponderabilidade – mais: a inevitabilidade – de sentires preenchendo por inteiro o outro.
[Lá fora noite dentro apenas o nada do silêncio quebra o mutismo da solidão]
O sorriso que continua a povoar as noites e todas as ausências.
Sem a inoperância do óbvio, o beijo.Com a subtileza, o beijo.
Os passos que se afastam e nos afastam. Ao longe apenas um leve sussurrar de passos perdidos no vácuo do espaço e do tempo. Para sempre – até à infinitude – essa cadência terrível marcada a fogo na alma de duas longas pernas a afastarem-se.Para sempre?!
Sem a arte de usar a garrafa bem rolhada e a mensagem dentro o beijo – o último – ainda com sabor a lábios quentes também ele a afastar-se ingloriamente na noite cinza/negra.Fica a tortura da memória que se não apaga.
[Lá fora noite dentro apenas o nada do silêncio quebra o mutismo da solidão]

Ainda as eleições

Nas Autárquicas foi a vez dos "indiciados"

Nas Presidenciais será a dos "reciclados" ...

O VENTO LÁ FORA.

Belo:
As vidraças fustigadas pela temível intempérie apelam à reflexão e ao devaneio.É único o som do bater das chuvas empurrados pelos ventos.A imaginação traça cenários impensáveis noutros registos climatéricos.
A árvore despiu-se das folhagens verdes. Fica o tronco erecto e despido agitando braços agonizantes sorvendo vida da folhagem agora em tons acastanhados e purpúreos.
Salmos:
Mateus veio-me com uma estranha conversa.[Agora passou a haver censura nos evangelhos?] e eu mandei-o de imediato questionar o Santo Pontífice já que sou apenas um humilde colaborador; porém devo acrescentar que a ser verdade a hierarquia já completamente desacreditada sofrerá um rude golpe com a atitude censória.Peço-lhe que ore aos céus e a Deus. [Como a Deus se é Ele que admite tudo isto?] diz-me em tom zangadíssimo.A julgar pela ira dele estou certo de que apresentará um pedido de demissão.Ainda tento em vão que Mateus faça uma peregrinação a Fátima para pedir um milagre. [Ah, já não acredito no Pai Natal. Sabes que mais? – Vou mas é pregar para a América Latina e aderir ao movimento da Teologia da Libertação.] e eu olho-o atónito [Às armas] berra de forma estrondosa o que não augura nada de bom, já que me parece possuído pelo demo. Pareceu adivinhar-me os pensamentos. [Não é nada do que estás a pensar. Fui iluminado]Aqui confesso que desmaiei porque apenas o conseguia ver algo cinzento e de auras nem sinais.
O sonho:
Papel belíssimo e multicolor com aromas exóticos e um laço.Um tremendo laço azul.Retiro lentamente tudo isto e aos poucos vou ficando sem conseguir articular palavra.É uma espécie de nascimento a que assisto. Menina-mulher de tez queimada por intensos sóis de verão e um corpo que me abre mil e uma perspectivas.Olhar-te seios e não ficar possuído por um tremendo tesão não é possível. Pergunto-me porque será que os seios nos excitam. Nem pretendo saber a resposta: prefiro tocar-lhes, tocar-lhes e sinto o tamanho do meu desejo aumentar na proporção directa do toque.Percorro-te corpo com a boca. Percorres-me corpo com os lábios.
Dos teus pelos púbicos entrevejo calores que se libertam e todo um Mundo que quero descobrir.
O acordar:
Mateus está inapelavelmente louco. Mostra-me uma folha de papel rasurada a azul.Queixa-se que além de haver censura na redacção há discriminação no santuário de Fátima. E conta-me uma história tremenda de pessoas de outra religião que foram em demanda da Senhora o que levantou as vozes inquisitoriais da Igreja mais retrógrada.Afirma mesmo ter visto [uma fogueira e o Dalai Lama ser queimado nela] o que me custa a crer já que acabei de o ver numa entrevista televisiva.Apelava à violência para tornar o Tibete independente.
Claro que foi um péssimo acordar.Logo quando estava mergulhado entre as tuas pernas…

Os frades actualizam-se

domingo, outubro 16

DAS REFLEXÕES E OUTRAS HISTÓRIAS.

O crepúsculo vai-me vestindo de noite e de estrelas. A Lua é a tua Lua. Pontos distantes unidos por um ponto comum prateado esbatido nas águas de um lago agora lunar.
O alvo da tela tem marca d´água [a tua imagem] e sobre ela rendilharei as letras que te oferto. [Sou eu desnudada] dizes-me e eu sei que és porque captei a tua imagem além - da - lenda num lago druídico de leves ondulações.
[O pensar simbólico que ultrapassa a inércia do homem e o dota de um constante reforçar do seu universo não deixa de ser ele mesmo um pensamento inerte.] Da teoria das luzes retenho a teoria.
Recebi hoje em casa, Martin Luther King que me propôs ir em demanda de – pasme-se – mulheres de vida fácil. Como recusei, por achar indigno o comportamento de um homem que é referência, aliciou-me a comprar armas para que a batalha final tenha início. Esta última proposta pareceu-me razoável. Tão razoável que aceitei. Sou agora legítimo proprietário de um funda temível. “Guerra aos brancos” grito num primeiro impulso de alegria. Depois paro incrédulo. Eu sou branco e o Martin olha-me de forma estranha. Entendo que serei a primeira vítima do “pacifismo”.
A Lua lança sobre o planeta agora negro salpicado de pequenos pontos luminosos, verdadeiros enigmas de formas. Entre todas busco a tua numa tentativa de te possuir.
Aparecem-te os seios na proporção directa do cair das alças da camisa que te servirá de manto durante a noite. Deslumbro-me com o triângulo formado num vértice traçado por duas linhas rectas perpendiculares coberta de uma fina penugem que me desperta todos os sentidos.Ouço o restolhar de ervas secas pelo calor do Verão e de um Outono bafiento e nostálgico serem pisados pelos teus pés [Assustei-me. Passou junto a mim um animal que não sei definir.] descalços ao mesmo tempo que a Voz parece vir da além-lenda num tempo sem tempo.
Decididamente hoje é dia mau para permanecer em casa. Alguém bate à porta e me convida a assistir “Aos prodígios do fisco” pelo que fico aterrado. Não acredito que seja uma peça de teatro. É sim, uma artimanha para me saquearem os bolsos quando chegar à rua. Claro que passarão recibo, que isto de finanças é coisa séria. Depois pondero e acabo por aceitar. Já me tiraram tudo o que havia para tirar. Dentro dos bolsos acharão o vazio que mais não é que o produto do roubo a que estou/amos sujeito/s todos os dias.
Ansioso aguardo o momento em que te devorarei seios, lábios e tudo o mais que tiveres para devorar.

Apagar

Não fui eu que escrevi este texto. De vez em quando dou uma volta pelos arquivos, já longos, e descubro pequenas ”maravilhas”, pelo menos para mim são.

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«Voltei a apagar. De tempos a tempos volta com muita força o meu sonho apagar quase tudo.

Talvez não goste mesmo nada de pesos, de palavras escritas no lugar da memória livre,
talvez eu sonhe sempre e afinal caminhar pela vida carregando uma pequena mochila
com uma escova de dentes, um livro de bolso, um bloco de desenho, alguns lápis e
uma esferográfica. Cigarros e um isqueiro.

E, sobretudo, o que me é mais caro, aquilo que não posso deixar de trazer comigo: os meus olhos.
Viver como quem viaja, ver, ver sempre, ver tudo, ver muito, ver a superfície, ver o interior das coisas.»



«É sobretudo a vida, compreendes?
O sol que vejo da minha janela e que não posso escrever: não poderei nunca escrever!
Nem o sol, nem nada de essencial.

Mesmo a essência das coisas, se a descubro,
deve servir-me para orientar o olhar e os passos, e não para escrever.

Os textos morrem, como tudo, e, em última análise, quando isto acabar, daqui a muito tempo,
nada restará de nós. Mais vale entregar à terra um esqueleto cansado, uns olhos que não se fecharam,
um corpo corroído pelo sol, a escrever.

Escrever, sim, volta-se sempre lá, volto lá já amanhã apesar disto que digo,
voltarei muito provavelmente a fazê-lo aqui, mas não é nada,

escrever é uma espécie de exigência metafísica,
como questionar é outra exigência metafísica, e,
no fundo, bem no fundo das coisas,
não há razão nenhuma para o fazer.

Estou longe, compreendes,
estou perdidamente longe e,
onde estou, nada disto faz o menor sentido.»


Continuo, porém, com receio que ela não goste deste «presente de anos»...
Mas apagarei toda a recordatória, se mo pedir.


E replico, agora, no mesmo modo de outrora:

«Mas a escrita é o único traço de união dos separados no tempo e no espaço,
mesmo que nesta condição digital ele mingue à correspondência de um sorriso”

sábado, outubro 15

Águia versus Dragão



Acontece ...

ALUCINAÇÕES

Ausência de uma coluna vertebral que dê aprumo ao corpo quase desaparecido na imaterialização forçada da escravatura diária.
Falta o eixo central para que o círculo aconteça.
Ante os olhos atónitos o impensável: o cair do meu próprio corpo aos meus pés, desalinhado, aparentemente sem vida nem nenhuma espécie de vitalidade.Essa ausência de arame que o mantenha hirto [as árvores morrem de pé] é uma indignação que recuso.[Castigo de desuses] parece a explicação plausível se eu não soubesse que deuses são apenas miragens. O que me leva a um outro pensamento lógico: aqueles fulanos que formam reunidos numa antologia a que vamos chamando Bíblia andavam todos alucinados com o consumo de drogas.
Moisés admite ter visto Deus. Não admira. Posso bem imaginar a quantidade de haxixe consumido.Deve ter visto muitas outras coisas. A ressaca é que não o deixou lembrar-se.
Pior do que a ausência da coluna vertebral que me faz imensa falta nem que seja para sentir arrepios de prazer quando ouço Supertramp, mais precisamente o saxofonista deles, é a ausência de mim.
Os dias tomam forma de loucura e alucinações. O sistema introduziu variantes do haxixe. A submissão foi a pior delas.
Uma vez uma amiga disse-me que se eu escrevesse que estava sentado à mesa a jantar com extraterrestres ela acreditaria.Pois bem: esse dia chegou.
Sensualidades:
O teu corpo coberto apenas com um fino vestido sem nada por debaixo dele a não ser um corpo desnudado num primeiro encontro que se saldou por noites de fornicação e entregas.O meter a mão por baixo e sentir-te húmida exalando vontades e desejos transtornou-me o acto de levar o automóvel para casa.O despertar um pequeno e estreito cinto resultou no cair do vestido no chão e no desnudar de roupas.
Esta ausência do arame no centro do corpo perturba-me.
Moisés – ele de novo – veio dizer-me que o velho testamento é um documento político. Acredito.Assim a Arca da aliança guarda um dos mais antigos documentos de subserviência que se conhecem.A ser agora vivo, o dito Moisés poderia bem ser um qualquer desgovernante de agora.Bush?! – Temo que sejam idênticos. – Moisés com variantes de ditador assumido.
(…) Enrolo-me nas palavras que escreveste. O saber-te mulher e tímida, escondendo palavras que me queres murmurar ao ouvido deixa-me na expectativa de te ler.E de te ouvir.
Chegou o “diller”. Para grande espanto meu, tenho à porta Judas com meio quilo de produtos proibidos.Garante-me a qualidade.Segredou-me ter sido Jesus a vender-lho. [Sei que o comprou no Líbano] o que garante a qualidade em principio.
“Em verdade vos digo: sem umas fumaças ninguém terá o reino dos céus” Marcos, 20:10:01

Pequeno erro medico ...

Justiça

Num juízo de uma pequena cidade, o advogado de acusação chamou a sua primeira testemunha: uma velhinha de idade avançada e avó.
Aproximou-se da testemunha e perguntou:
- Sra Ermelinda, a senhora conhece-me?
Resposta:
- Claro que te conheço. Conheço-te desde pequenino e,francamente, desiludiste-me. Mentes descaradamente, enganas a tua mulher, manipulas as pessoas e falas mal delas pelas costas. Julgas que és uma grande personalidade quando nem sequer tens inteligência suficiente nem paraser varredor. Claro que te conheço.
O advogado ficou branco, sem saber que fazer. Depois de pensar um pouco, apontou para o outro extremo da sala e perguntou:
-Sra Ermelinda conhece o defensor oficioso?
Responde a velhinha:
- Claro que sim. Também o conheço desde a infância. É frouxo, tem problemas com a bebida, não consegue ter uma relação normal com ninguém e na qualidade de advogado bem, aí......é um dos piores que já vi. Não esqueço também de mencionar que engana a mulher com três mulheres diferentes, uma das quais, curiosamente, é a tua mulher. Sim, conheço-o. Claro que sim.
O defensor ficou em estado de choque.



O juíz, então, pediu a ambos os advogados que se aproximassem do estrado e com uma voz muito ténue
diz-lhes:
- Se a algum dos dois ocorrer perguntar à puta da velha se me conhece juro-vos que vão todos presos.

Clube JAMBA

Já todos repararam, com toda a certeza, naquela publicidade de determinado "Clube JAMBA" ao qual podemos pedir toques e imagens. A publicidade na televisão passa durante a tarde, nos intervalos dos Morangos com Açúcar, telenovelas e outros programas do interesse dos jovens e não só. É o que tem aquele sapo que agora anda tão na berra! Pois é, numa brincadeira com o meu sobrinho, enquanto víamos televisão, lembrei-me de pegar no telemóvel, e enviar SMS para o número que nos é dado nessa publicidade a pedir o toque do "Crazy Frog". O que eu não sabia, porque isso eles não dizem claramente na publicidade, é que o meu número de telemóvel fica imediatamente na base de dados do tal "Clube JAMBA" e eu aderi imediata e automaticamente aos seus "serviços", sem me aperceber e sem que essa fosse a minha vontade.

Comecei a receber umas sms muito chatas, a meio da noite, à tarde, de manhã, as duas de cada vez... Até aqui tudo mais ou menos, as sms eram chatas mas só tinham o endereço electrónico do "clube" e um número, pensava eu...

Mas o crédito do meu telefone começou a desaparecer sem que eu telefonasse, enviasse sms ou mms!
Fiquei com saldo negativo mais que uma vez e sem perceber porquê.

Resolvi ligar para a minha rede de telemóvel, expus a situação do saldo negativo sem causa aparente e imediatamente a assistente me perguntou se eu tinha pedido algum toque ou imagem da televisão ou revistas.

Chegámos rapidamente ao tal "Clube JAMBA".

Parece que as tais SMS chatas que passei a receber com o endereço net do "clube" foram pagas por mim, DOIS EUROS CADA UMA!!!

Enfim, a assistente com quem falei deu-me logo um número de telefone desse "clube" para o qual se telefona a pedir o cancelamento dos "serviços" deles.

Já o fiz, vamos ver se a história acaba aqui.

Fica a minha experiência como alerta sobre esta situação. E não se esqueçam que a publicidade do "Clube JAMBA" a que me refiro passa na televisão nas horas de maior audiências e quando são compostas por muitas crianças e jovens...

NOTA:

enviado por pessoa amiga, descrevendo uma situação real. O País está a tornar-se pior do que o Far West, e nós, os “levados” com aqueles contratos em letra miudinha, que só se conseguem ler com uma boa lente, somos os “índios”.

sexta-feira, outubro 14

O Dia das Eleições II

08:00 - Abrem as urnas no país.
08:01 - Pedro Santana Lopes é o primeiro a votar, vindo directamente da noite lisboeta.
10:30 - Sócrates foi votar num avião Falcon da Força Aérea.
11:00 - Pedro Santana Lopes vai para casa dormir.
12:00 - Mário Soares acorda.
12:05 - Mário Soares adormece.
13:00 - Maria Barroso acorda Mário Soares e diz-lhe que já são horas para ir cumprir o seu dever cívico.
13:01 - Mário Soares diz que não vale a pena, sente que Sócrates já ganhou.
13:02 - Maria Barroso lembra que as legislativas já passaram, hoje são as autárquicas.
14:00 - Mário Soares engana-se na secção de voto.
14:05 - Mário Soares apela ao voto no filho João Soares em Sintra, dizendo que se encontra em empate técnico com Fernando Seara.
14:10 - Agora sim, Mário Soares consegue votar.
14:30 - Maria Barroso pergunta a Mário Soares se votou em consciência.
14:40 - Mário Soares diz que não se lembra onde pôs a cruz.
15:00 - Carrilho vota e não cumprimenta o presidente da mesa de voto.
15:20 - Maria Barroso descobre uma cruz na mão de Mário Soares.
15:30 - Jerónimo passa a tarde na sua sede partidária a rebobinar as cassetes com os discursos dos dias de eleições e a ouvir a Internacional Comunista.
16:00 - Comissão Nacional de Eleições (CNE) acusa Mário Soares de violação clara da lei eleitoral que proíbe que no dia das eleições seja feito um apelo ao voto. Como se trata de um ilícito eleitoral de natureza criminal, é um crime da responsabilidade do Ministério Público. É a segunda vez consecutiva que Mário Soares viola a lei, depois de ter apelado à maioria absoluta de Sócrates no dia das eleições legislativas.
16:30 - Mário Soares dorme profundamente.
17:00 - Levantam-se vozes no Largo do Rato a favor do fim do apoio socialista à candidatura presidencial de Soares.
17:30 - PS retira a confiança política a Mário Soares.
17:35 - Mário Soares vai concorrer como independente renegado, mas não sabe porque está a dormir.
18:00 - Analistas políticos prevêem que nas próximas sondagens o candidato independente Mário Soares apareça à frente de Cavaco Silva.
19:00 - Projecções dão grandes vitórias ao PSD e PSD/CDS, neste dia de eleições.
19:01 - Animal/emplastro corre da Sede do PS para a Sede da Coligação PSD/CDS na Avenida dos Aliados.
19:05 - Carmona esmaga em Lisboa, Rio ganha com maioria absoluta no Porto.
19:05 - O empate técnico (diferença de 1%) que Mário Soares falava em Sintra afinal traduziu-se numa diferença de 13%.
19:05 - Carrilho chora como uma criança, num quarto do Hotel Altis.
19:05 - Cavaco chora a rir com os resultados e engasga-se com uma fatia de bolo-rei.
19:05 - Sócrates diz a Jorge Coelho que nem tudo correu mal, pelo menos o convencido do Carrilho que se acha mais inteligente e bonito, perdeu.
19:10 - João Soares, volta a perder, agora em Sintra...tomou-lhe o gosto.
19:15 - João Soares culpa o seu pai pelo mau resultado e nunca mais quer o seu apoio.
19:20 - João Soares pensa já nas próximas autárquicas, mas arriscando uma candidatura numa presidência de junta de freguesia da margem sul.
19:30 - Mário Soares acorda e telefona ao filho a dar-lhe os parabéns.
19:31 - Maria Barroso aconselha Mário Soares a ir para a cama.
19:32 - Mário Soares não hesita e vai.
19:33 - Mário Soares já ressona.
19:35 - Poeta Alegre abre uma garrafa de champanhe para festejar o dia pouco feliz no clã Soares.
19:40 - O pára-quedista, caciquista e populista Avelino Ferreira Torres, perde em Amarante e culpa o "Srº Mota-Engil".
19:45 - Avelino tenta sair de Amarante rumo ao Marco de Canaveses, mas perde-se na cidade que não conhece. Pede ajuda...sem sucesso. Pára o carro para se acalmar...quem sofre são os caixotes do lixo e os bancos de jardim.
19:50 - Isaltino sente-se cansado, e é aconselhado pelo sobrinho a tirar umas férias na Suíça.
20:00 - Fátinha Felgueiras vence categoricamente, apesar de ter estado de férias no Brasil nos últimos dois anos.
20:05 - Poeta Alegre abre nova garrafa de champanhe, agora pela derrota pessoal de Sócrates.
20:10 - Avelino anda perdido ás voltas numa rotunda de Amarante.
20:15 - Jorge Coelho sacode a água do capote e esconde-se numa toca.
20:20 - Major Valentim, prepara-se para discursar, a azáfama na sala é grande, recorre de um apito valioso para impor o silencio na plateia.
20:21 - Discurso inflamado e paroquial do Major de Gondomar.
20:30 - António "Limiano" Guterres, sente-se aliviado com este novo terramoto eleitoral, a fazer lembrar a tragédia, o horror e o drama de 2001.
20:35 - Poeta Alegre, abre a terceira garrafa de champanhe, agora sem motivo aparente.
20:50 - Avelino bate de carro contra um alvará de construção da Edifer e culpa o "Srº Mota-Engil".
20:55 - Carrilho faz um discurso patético, não reconhece a derrota, não felicita o vencedor Carmona, e Bárbara Guimarães dá-lhe um beijo num cenário "kitsch" a fazer lembrar uma telenovela venezuelana.
21:00 - Jerónimo de Sousa carrega no play e desbobina a cassete, ouvem-se os grandes clássicos nestas ocasiões: "Uma grande vitória para a CDU, enfim uma vitória dos trabalhadores e de toda a classe operária", "a luta continua", "uma pesada derrota para a direita", "um cartão vermelho ao governo", "fascismo nunca mais", "camaradas vamos cumprir Abril", "um rude golpe para o lobby económico-financeiro e dos interesses capitalistas no país e quiçá no mundo" "25 de Abril sempre","blábláblá", fim da cassete.
21:04 - Membros do secretariado do Comité Central do PCP mudam as pilhas em Jerónimo de Sousa.
21:05 - Até agora, só Valentim Loureiro elogiou Sócrates.
21:10 - Povo de Felgueiras festeja nas ruas a vitória de Fátinha. O povo
grita: "uma grande senhora" ,"a autarca mais séria e honesta de Portugal" , " uma mulher que não foge à luta", "fez-se justiça" .
21.15 - Francisco Louçã enumera as conquistas, só possível pelo seu reduzido número. B.E continua desconhecido no interior do país.
21:15 - Carrilho chega a casa, olha para uma fotografia sua, dá-lhe um beijo e pergunta como foi possível.
21:20 - Sócrates discursa para a comunicação social e para mais três pseudo-notáveis do partido.
21:25 - Marcelo Rebelo de Sousa, descarrega veneno contra a direita e contra a esquerda há mais de duas horas num canal de televisão.
21:30 - Avelino é apanhado no meio da caravana automóvel do PS, é vilipendiado por populares, mas descobre finalmente uma saída de Amarante.
21:40 - O Poeta Alegre telefona a Carrilho para o confortar e diz-lhe que ser filósofo não chega, e canta-lhe: "ser poeta é ser mais alto, é ser mais alto que os homens".
21:41 - Carrilho desliga-lhe o telefone na cara.
21:50 - Bárbara Guimarães, obriga Carrilho a dormir no sofá da sala, de castigo pelos miseráveis 26%.
22:00 - Pelo sim, pelo não, Fátinha Felgueiras compra uma viagem de ida para o Brasil e põe apenas uma muda de roupa num saco azul, porque já está cheio.
22:10 - Carrilho desata a chorar novamente.
22:15 - Mário Soares acorda para cear.
22:16 - Mário Soares bebe um copo de leite e come uma cavaca (oferecida por alguém de Boliqueime).
22:20 - Mário Soares pergunta a Maria Barroso se aconteceu alguma coisa no país.
22:20 - Maria Barroso pede encarecidamente a Mário Soares para que se deite.
22:30 - Avelino chega ao Marco de Canaveses, mas é mal recebido, refugia-se no estádio que tem o seu nome, e adormece no banco de suplentes a acusar o "Srº Mota-Engil".
22:45 - Carrilho agarrado a um gato de peluche do Dinis Maria adormece a ver o vídeo oficial da campanha.
23:00 - Mário Soares não consegue adormecer. Diz a Maria Barroso que a cavaca era indigesta.
23:30 - Afinal o furacão "Vince" chegou mesmo a Portugal, pelo menos ao Largo do Rato...alguém terá dito que a culpa é do "Srº Mota-Engil".