quinta-feira, outubro 27

CABALA.

Sou o epicentro de uma tempestade monocromática que se estilhaça no vidro fosco da intemporalidade, criando imagens dissonantes, assimétricas, deformadas por estranhos jogos de espelhos.
Livro:Gore Vidal escreveu “Império”. [É uma sugestão?] pergunta a que não obterás resposta porque quero aguçar-te a curiosidade e o prazer da descoberta.
Dentro, turbilhões de sentimentos que não são antagónicos mas complementos uns dos outros formando um sistema de baixas pressões que provocam nuvens ameaçadoras com formatos bizarros, arrastando-se Céu fora num sempre eterno retorno, sem chuva, sem trovão, apenas luz.
Tento decifrar o enigma que é a tua forma tão característica de te expressares concluindo sempre ser mais fácil descodificar hieróglifos com uma margem de erro bem menor.
Tentarei a numerologia!
Ou os símbolos cabalísticos. Tudo será de mais fácil entendimento.
Vou ouvindo a “balada para Inês de Castro” do velhinho e já desaparecido “Quarteto 1111”, coisas de trovadores medievos alimentando mitologias fantásticas em que o verdadeiro Rei é o amor.
A incomensurabilidade de todas estas constatações remete-me à minha condição de pequenez que me aflige por pretender encontrar respostas a perguntas que [te] formulo e [me] formulo sem êxito aparente. [Talvez não leias o óbvio] digo para mim mesmo sabendo antecipadamente que a Verdade é coisa simples e questão de uma atenção profunda; ela está na simplicidade do evidente, é Luz, luz tão forte que cega e não deixa assimilar o que está diante dos nossos narizes empinados, tal é a certeza da “sabedoria” que julgamos ter!
No reencontro do prazer da noite onde me sinto como “peixe na água” vou tecendo letra a letra uma teia rendilhada de sentires que me assaltam tão claros como se agora não fosse o breu que dominasse. Acode-me o Sol da meia-noite perdido entre mil lagos e vegetações luxuriantes.
[O Paraíso?] pergunto-me, perguntas-me e pergunto-te sabendo que cada um de nós não é capaz de responder a si próprio nem ao outro por ser do domínio do insondável.
Retenho neste instante toda uma panóplia de ensinamentos e encerro este capítulo.
Dou-me conta que sou o epicentro de todos os meus enganos.

10 Comentários:

Às 27 outubro, 2005 22:03 , Blogger Nina disse...

N concordo c a tua última frase...os nossos enganos fazem parte de um todo ..onde engloga outras pessoas e outras situações...

Beijinhos aos 3 :)

 
Às 27 outubro, 2005 22:14 , Anonymous Anónimo disse...

"[Talvez não leias o óbvio]"

Gosto de te ler nas entre.linhas...

 
Às 27 outubro, 2005 23:08 , Anonymous Anónimo disse...

Os nossos enganos são só a projecção da forma como enganamos os outros, fingindo de vítimas quando as vítimas são os outros que enganamos.
ana

 
Às 28 outubro, 2005 01:16 , Blogger Amita disse...

O "Império", sem dúvida um bom livro, também mostra várias faces do amor. Em todo o lado o amor é rei, quer seja ou não o alimento de mitologias fantásticas quer no simples acto de viver.
Se o escritor diz "formulo (me)(te) perguntas sem êxito..." e afirma de seguida "talvez não leias o óbvio", está claro que ele já tem, antecipadamente, a resposta em si mesmo.
A sensação que me fica é que todo o texto é um dizer desdizente, uma busca sem a finalidade de achar. Mais um excelente artigo, Zé. Um bjo e uma flor

 
Às 28 outubro, 2005 01:36 , Blogger Peter disse...

letrasaoacaso, a propósito do escritor Gore Vidal, que citas:

"É um senhor de quase 80 anos que continua a insistir na faceta de provocador, o homem que pensa que os Estados Unidos não têm razão para se interrogarem por que foram atacados no 11 de Setembro, sabendo-se que depois da II Guerra Mundial já fizeram em todo o mundo mais de 200 acções militares e que uma lei da natureza é a de que não há acção sem reacção... O homem que pensa que os Estados Unidos não foram ao Afeganistão por causa de Osama bin Laden mas por causa do petróleo... O homem que pensa que George W. Bush é uma criação “da gente do petróleo”, que o colocou na Presidência... O homem que defende que os militares norte-americanos devem fazer as malas e sair de todos os lugares do mundo em que se encontram. Enfim, que os Estados Unidos regressem às suas raízes republicanas, que deixem de interferir nos assuntos das outras nações e também nas vidas privadas dos seus próprios cidadãos. Que enterrem este império cujo nascimento ele nos mostra."

 
Às 28 outubro, 2005 05:55 , Anonymous Anónimo disse...

Oi. Gostei muito do teu blog. Por isso convido-te a visitar o meuse assim quizeres. Beijinhos

 
Às 28 outubro, 2005 10:03 , Blogger Rosario Andrade disse...

BOM DIA!
Bolas... Letras, assim é dificil... cada vez aumenta mais a minha listinha de livros a comparar quando for a Portugal...

BOM FIM DE SEMANA!
Abracicos!

 
Às 28 outubro, 2005 13:17 , Blogger Peter disse...

ak, obrigado! Sem dúvida que o vou fazer.

 
Às 28 outubro, 2005 21:04 , Blogger Su disse...

o epicentro....a origem ....o abalo...a cabala...tu, a pergunta/resposta
gostei de ler-te nas entrelinhas
jocas maradas "menino sábio":))))

 
Às 28 outubro, 2005 21:09 , Blogger Su disse...

peter
merci pelo breve e lúcido esclarecimento sobre gore vidal
jocas maradas per te

 

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