Existimos? (parte II)
Tradução livre do texto enviado pela bluegift:
Os maiores físicos contemporâneos teriam finalmente conseguido esclarecer o verdadeiro papel da matéria infinitamente pequena. Chegaram à conclusão que a Física Quântica não nos fala da realidade material, pois o mundo por ela descrito talvez não seja mais que uma gigantesca alucinação.
A conclusão nasceu da constatações de factos, por parte dos físicos, quando começaram a sondar o infinitamente pequeno do nosso mundo material. Com efeito, constataram que a luz, que consideravam comportar-se como uma onda, apresentava claramente, em certas condições, o comportamento de uma partícula, e contrariamente, o electrão, suposto como sendo uma partícula, sob certas condições actuava como uma onda. Com tais factos, os físicos foram obrigados a aceitar que os objectos (electrões, moléculas, átomos, ou qualquer matéria terrestre), fossem representados por um conceito algébrico bastante complexo, e que as novas leis que regem a evolução permitissem a estes objectos ligarem-se entre si para além do espaço e do tempo, assumirem vários estados ao mesmo tempo e reduzirem-se aleatoriamente a um só estado, quando os tentássemos observar e segundo leis de probabilidade muito precisas.
Esta nova “teoria quântica da informação” teria permitido predizer com sucesso as propriedades dos diferentes elementos químicos, o comportamento dos lasers, a estabilidade do ADN ou a explosão das reacções nucleares, todos estes mistérios sobre os quais fez luz nos cérebros e “soltou as línguas” de muitos físicos do mundo inteiro. Tudo se basearia na noção de “informação”.
Intuitivamente sabemos que a informação é um elemento de conhecimento sobre um acontecimento que pode ser codificado por sequências de números binários, compostos de 0 e 1. A priori nada teria a ver com a física quântica, a menos que as leis quânticas permitissem manipular esta informação de uma maneira radicalmente nova.
A possibilidade da correlação à distância entre dois objectos pode ser vista como um novo canal de comunicação que permite, por exemplo, transmitir informações de um lugar para outro, assegurar que as mensagens secretas não sejam violadas ou fazer cálculos maciçamente paralelos, todo um mundo de estudos em perspectiva que tenta a maior parte dos teóricos e experimentadores, e que os levou a elaborarem uma nova linguagem e um novo domínio da física, "a teoria da física quântica de informação", que está actualmente em pleno desenvolvimento e se baseia na ideia surgida a partir de 1980:
"E se, em vez de explorar a mecânica quântica para manipular a informação, se utilizasse antes a informação para compreender a mecânica quântica? E se se considerasse a informação quântica não como uma aplicação da teoria, mas antes como o seu fundamento? Que esta física quântica não fala do objecto, mas do que se sabe sobre ele. Todo um mundo de mudanças radicais em perspectiva.”
A informação, não se comporta como a matéria, não tem nem posição espacial, nem temporal, pode-se duplicá-la, compartilhá-la, resumi-la, suprimi-la, à vontade.
Retomando então um a um todos os fenómenos quânticos que, atribuídos à matéria, pareciam tão esquisitos, apercebemo-nos que se tornam claros quando atribuídos à informação.
"Por exemplo, como é que um sistema pode ao mesmo tempo estar em vários estados?"
Porque as informações disponíveis para o ser humano não permitem definir em qual estado ele se encontra.
“Porque é que uma medição faz o sistema desmoronar-se abruptamente num só estado?”
Porque faz evoluir o nosso conhecimento, abruptamente actualizado pela nova informação obtida.
“Como é que dois sistemas podem ser correlacionados através do espaço e do tempo?”
Porque estes dois sistemas tendo características comuns, o que se souber sobre um informa-nos imediatamente sobre o outro.
É por conseguinte a partir de teoremas que esta nova interpretação da mecânica quântica espera alterar o curso da física. O seu objectivo não é mais o de interpretar o corpo quântico, mas reinventá-lo, não tomar mais como adquiridas as leis empíricas do início do século XX, mas demonstrar que as mesmas são a consequência de obrigações ligadas à aquisição, à representação e à transmissão da informação. Uma postura espantosamente fecunda, supondo que, no nosso mundo, a informação sofre certos constrangimentos e tentando ver ao que se assemelha uma teoria que não descreve a própria realidade, mas o nosso acesso a essa informação.
Recentemente quatro físicos foram bem sucedidos na criação cada um de uma parte da teoria quântica, com quatro trabalhos tão díspares como racionais. Os seus pontos de partida diferem:
para alguns, a informação é subjectiva e depende de quem coloca a questão;
para outros, é objectiva, como uma espécie de nova substância que existe independentemente da observação. Mas todos estão de acordo num ponto: a facilidade com que a teoria se gera sobre esta noção de informação milita fortemente para não mais a ver como uma mecânica realista, que descreve o comportamento das ondas, das partículas ou dos campos, mas como uma teoria que descreve o comportamento das informações. O que se acreditava unido à realidade seria com efeito principalmente ligado ao nosso olhar. Como se fosse visto através do ecrã de um computador, sem que este mundo tivesse sido “pixelisado” para tanto.
Para Christopher Fuchs, físico americano do Bell Labs Lucent Tecnologias, é necessário expurgar dos dados todas as características do ecrã, para que permaneça apenas o que pertence ao próprio mundo. "O puro produto destilado que permanecerá, por tão minúsculo que seja em relação ao conjunto da teoria, será então o nosso primeiro resumo do que a mecânica quântica tenta dizer-nos sobre a própria Natureza."
"Michel Bitbol, do Centro de investigação em epistemologia avançada da Escola politécnica de Paris congratula-se por este fluxo de vaga realista que submergiu a física nos anos 70." Pensa que estes trabalhos confirmam e actualizam a força do raciocínio proposto por Emmanuel Kant: " Não se dá uma forma ao conhecimento senão a partir da formalização dos limites deste conhecimento."
A ideia ainda não está terminada, porque se a totalidade, ou parte do que se crê ser a realidade, não é mais que uma alucinação, vai ser necessário explicar porque tem esta aparência e não outra.
Rever as noções primárias de informação: o tempo, o espaço, a matéria, será a tarefa desta nova física.
3 Comentários:
BOM DIA!!!!
Bem... tenho de digerir esta informacao toda, e com tempo!...
Abracicos!
bluegift, o Zé tinha protestadp por o artigo não ter sido traduzido ...
Deu bastante trabalho, tradução técnica e escrevê-la num português aceitável. Um bom par de horas.
P.S, - Estou sem música no blog. Se calhar é melhor meter outra ...
rosario, tanto eu como a Blue, pensamos que é um momento importante. Uma autêntica "revolução" no campo da Física.
Já fiz download para o meu arquivo "Ciência".
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial