sexta-feira, abril 28

Luzinhas


Luzinhas é o que se consegue em conversas como estas de xaxa.
Porque a conversa de xaxa, e eu tenho muitas (mea culpa), pode representar o princípio de uma grande amizade.
A conversa de xaxa, ó havia tanto para dizer sobre o assunto mas temos pena, é a circunstância que leva à elevação de qualquer um a treinador, conselheiro e, quiçá, governante mesmo.
Tenho para mim que a carreira da maioria dos políticos deve ter começado assim mesmo, numa grande conversa de xaxa.
Eis, pois, que no final da conversa, de xaxa, no silêncio do quarto escuro se acende a luzinha: “Já sei vou ser primeiro-ministro”. “E depois presidente da República.”

É assim, esta foi a minha primeira conversa de xaxa, aqui, que noutros sítios a coisa já se prolonga.
Ah e vou manter o Ant mesmo. Sei lá afeiçoei-me…

quinta-feira, abril 27

Tintin ressuscitado





Foi no último salão auto de Bruxelas que o milagre se concretizou. A par dos últimos êxitos do design e da técnica, entre utilitários e carros de luxo, carros e motos em que se baseou a famosa banda desenhada foram devidamente maquilhados e restituidos à sua cidade de origem, Bruxelas. Mais uma imortalização bem conseguida para delírio dos milhares de amantes e admiradores de banda desenhada que por aqui pululam.

quarta-feira, abril 26

A “dança” cósmica de galáxias distantes

Uma equipa internacional de astrónomos ao estudar várias dezenas de galáxias distantes, descobriu que a proporção de “matéria negra” e de estrelas nas galáxias, é a mesma que era há 6 mil milhões de anos. Caso esta descoberta seja confirmada, parece existir uma ligação mais forte do que se suspeitava entre a “matéria negra” e a matéria normal. A equipa descobriu também que 40% dessas galáxias não estão em "equilíbrio", isto é, os seus movimentos internos são muito irregulares, o que pode ser resultante de colisões e fusões entre elas, importantes na sua formação e evolução.

Uma ilustração artística da colisão entre duas galáxias:



Estes resultados lançam uma nova luz sobre como as galáxias se formaram e evoluíram desde a altura em que o Universo tinha apenas metade da sua idade actual e sobre a importância que a “matéria negra” tem sobre elas.
A “matéria negra”, que compõe (julga-se) cerca de 25% do Universo, é matéria não-bariónica, isto é, não constituída por átomos, e a sua designação é apenas uma expressão que utilizamos para descrever algo que não vemos e não compreendemos.
Ao observarmos a rotação das galáxias sabemos que a “matéria negra” tem de estar presente, senão estas estruturas gigantescas seriam “dissolvidas".

Nas galáxias mais próximas, e na Via Láctea, os astrónomos descobriram que existe uma relação entre a quantidade de “matéria negra” e as estrelas e que, de um modo simplista, podemos traduzir assim:

- por cada quilograma de material de uma estrela, existe aproximadamente 30 quilogramas de matéria negra. O que, como vimos acima, é a mesma proporção que existiria há 6 mil milhões de anos.

Mas será que esta relação entre estes dois tipos de matéria era igual no passado anterior a esses 6.000 milhões de anos?

(adaptado do ASTRONOVAS – OAL)

terça-feira, abril 25

Para fechar o dia ...

João Abel Manta

Um "cartoon" da época sobre o Movimento das Forças Armadas (MFA).

Para recordar ...

Novo companheiro

(“traz um amigo também”)

Como podem verificar nos "contributors", temos um novo amigo que aceitou juntar-se a nós.
É com a maior satisfação que registamos o facto neste dia que marca, como diz Pedro Pezarat Correia, no seu Editorial de "O Referencial", Boletim da Associação 25 de Abril, nº 82, de Janeiro-Março de 2006:

" (...) comemorações do XXXII Aniversário do golpe de estado militar do 25 de Abril de 1974, levado a cabo pela iniciativa de um punhado de jovens oficiais que se mobilizaram em torno do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) e que, rapidamente vitorioso, derrubou uma retrógrada e implacável ditadura colonial com quase meio século e abriu as portas da liberdade que desencadearia um inevitável e fecundo processo revolucionário. Processo este que, por sua vez, geraria o sistema democrático e as condições para pôr termo à guerra colonial que há treze anos se prolongava por três frentes, às negociações para a paz e a independência nas colónias, à readmissão do nosso país no convívio com a comunidade internacional das nações. Em síntese, Portugal reconciliava-se com a História, com o mundo e consigo próprio. (…)”

Que sejas bem-vindo e que o novo “trio” marque um novo e melhor período nesta já longa “saga” das “conversas de xaxa”.

P.S. – O novo “contributor” tem o seu blog incluído nos n/links com a refª ANT, mas muito possivelmente irá utilizar aqui nos seus posts o “nick”:

“toni_tone”

25 de Abril de 1974


Amigo

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

(Alexandre O'Neill, in "No Reino da Dinamarca")

Vieira da Silva - 25 de Abril de 1974 – “A poesia está na rua”

domingo, abril 23

Estudo de mulher


Na cama, onde o teu corpo de costas, se abandona
aos meus olhos, e os cabelos se espalham pela almofada,
és a mais bela das mulheres nuas. Os pés, sobre
os lençóis que o amor amarrotou, cruzam-se,
num breve descanso; e o rosto, de olhos
fechados, esconde o desejo que a tua brancura
me oferece, contra a parede que inscreve
o único limite do nosso amor. O braço direito,
caído para o chão, agarra um vazio que encho
de palavras; e o braço esquerdo, sob os seios,
indica-me o caminho em que cada repetição
é uma descoberta. Se te voltares, abrindo os braços,
e mostrando o peito, saberei o rumo a seguir,
nesta viagem em que és a proa e o vento; mas
se ficares assim, secreto retrato no atelier
do coração, apenas te peço que entreabras
os lábios, para que um murmúrio nasça
de dentro da tela. Então, cobrir-te-ei as pernas
com o lençol; espalhar-te-ei pela almofada
os cabelos, escondendo a nuca e o ombro; e
deixarei que este poema se derrame sobre ti,
ateando este fogo com que a tua nudez
me incendeia.

(Nuno Júdice, in “Geometria Variável”)

Pintura - Velasquez, "Venus ao espelho", 1649-51

sábado, abril 22

Congelamento

A frase do dia

"Nunca joguei nem gastei dinheiro em casinos"

(Stanley Ho)

Gastem os "tansos", digo eu. Ele recolhe os proventos.

Portugal é o País que gasta mais dinheiro no Euro-Milhões. Em absoluto, não proporcionalmente à população. É a “última esperança” para muitos.
Faz-me lembrar aquela frase atribuída a Eça de Queiroz:

“Em Portugal anda metade da população a vender lotaria e a outra metade à espera que lhe saia”

Burocracia

Tenho uma pessoa amiga que vive e trabalha no Canadá há vários anos. É filha única e viveu e cresceu numa daquelas casas do Estado, a que chamam "casas de renda comparticipada" e que, vá-se lá saber porquê, não se regem pelo RAU (Regulamento do Arrendamento Urbano).
A mãe já morreu há vários anos e no BI dessa minha amiga, consta o nome da falecida.

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Notícia do jornal de hoje dá-me conta que o Ministério Público de Lagos, notifica o interessado, "na qualidade de falecido", a comparecer no tribunal para levantar certidão, dando-lhe o prazo de 10 dias para o fazer ...

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Continuando:

A minha amiga teve a infelicidade de lhe morrer o pai há pouco tempo, sendo-lhe dado um prazo, julgo de três meses, para entregar a casa. Com grande sacrifício, em todo o sentido, cá anda a fazer quilómetros para tratar de toda a papelada (des)necessária, perdendo horas e horas em filas e satisfazendo as exigências mais descabidas.

Como é que havendo já uma razoável cobertura informática dos cidadãos e uma certa ligação entre os vários serviços, se continua a proceder como no tempo do "papel selado" em muitos Serviços?

Um dos documentos que lhe exigiram foi uma certidão de óbito da mãe (!).
- “Que as certidões de óbito só têm a validade de três meses”. Será que os mortos podem voltar?
- “Para que fins se destinava, porque se fosse para tirar o BI era um preço, mas se fosse para outros, era bastante superior?”

Ela bem argumentou que “no BI do falecido pai, constava a sua situação de viúvo e o nome da falecida esposa”, mas nada feito. As “normas” (as “sagradas” normas) assim o exigiam.

A BUROCRACIA é uma barreira erguida pelo Estado para se proteger dos cidadãos.

Por isso, não culpem os funcionários públicos que se limitam a exigir o integral cumprimento das normas estatais.
É certo que por vezes alguns o fazem com um certo “sadismo”, mas é o que lhes resta, aquela “ínfima partilha do Poder”, que o Estado lhe concede, como contrapartida do que lhe devia de dar e não dá.

sexta-feira, abril 21

Os melhores anúncios dos placards paroquiais

Alguém se dedicou a copiar alguns avisos de placards paroquiais e a fazê-los circular pela Internet ; parece que os textos são reais, escritos em paróquias autênticas - o riso será, certamente, autêntico!

Para quantos de entre vós têm filhos e não o sabem, temos um espaço preparado para as crianças.

Recordai na oração todos aqueles que estão cansados e desconfiam da nossa paróquia.

O torneio de basquet das paróquias continua com a partida da próxima quarta-feira à tarde : vinde animar-nos, enquanto procuramos derrotar Cristo Rei.

Por favor, metei as vossas ofertas dentro de um sobrescrito, juntamente com os defuntos que quereis fazer recordar.

O pároco acenderá a sua vela na do altar. O diácono acenderá a sua na do pároco e, voltando-se, acenderá um a um todos os fiéis da primeira fila.

Quarta-feira à tarde, ceia à base de feijocas no salão paroquial.
Seguir-se-á o concerto.

O custo da participação na reunião sobre "oração e jejum" inclui as refeições.

O grupo de recuperação da confiança em si mesmos reúne-se na quinta-feira, às 7 da tarde. Por favor, usai a porta de trás.

Na sexta-feira, às 7 da tarde, as crianças do Oratório representarão "Hamlet" de Shakespeare, no salão da igreja. A comunidade está convidada a tomar parte nesta tragédia.

Queridas senhoras, não esqueçais a venda de beneficência! É um bom modo de vos libertardes das coisas inúteis que estorvam em casa. Trazei os vossos maridos.

O coro das pessoas de sessenta anos dissolver-se-á durante todo o Verão, com o agradecimento de toda a paróquia.

Na quinta-feira, às 5 da tarde, haverá uma reunião do grupo das mamãs.
Roga-se a todas as que queiram fazer parte das mamãs que se dirijam ao pároco no cartório paroquial.

Tema da catequese de hoje: "Jesus caminha sobre as águas". A catequese de
amanhã: "À procura de Jesus".



É razão para dizer: Que Deus lhes valha!

(Email acabado de receber)

quinta-feira, abril 20

Data única

Entre os Emails que tinha por cá, ao longo desta longa "balda", encontrei este que resolvi publicar por achar curioso:

Subject: Data única

Na quarta feira , 4 de Maio de 2006 às 2 minutos e 3 segundos depois da 1:00 AM, as horas e o dia serão assim:

01:02:03 04/05/06

Isto nunca mais vai acontecer.

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Queria agradecer a todas/os que têm continuado a visitar o blog e, muito especialmente a quem não só o fez, como ainda teve a amabilidade de me desejar uma boa Páscoa. Não foi má, pois apesar de o tempo não ter ajudado, deu para tomar uns bons banhos de mar. Acreditem: a água não estava fria. O ano passado, em Agosto, houve muitos dias em que esteve bem mais fria.

Ainda estive para aqui a "espremer as meninges", mas não saiu mesmo nada, pelo que optei pela transcrição da "curiosidade" acima, que possivelmente já fez o circuito aqui na NET e por isso já é do conhecimento de muitos. Nesse caso passem à frente e desculpem lá o mau jeito.

Com a amizade do Peter e também da "bluegift" que tem zelado pela parte musical.

quarta-feira, abril 12



e até para a semana.

terça-feira, abril 11

Le pays de Cocagne


O País de Cocanha é, no imaginário europeu, uma espécie de paraísos terrestre, uma região miraculosa cuja natureza prodiga a maior generosidade aos seus habitantes e visitantes. Distante das fomes e guerras, Cocanha é uma terra de festas e borga perpétuas, inversão dos valores e das leis naturais, onde se preconiza o jogo e o preguiça, e onde o trabalho é proscrito.

Pintura de Pierre Bruegel, "o Velho" (1567)

O horror económico

Entre Abril e Junho de 1994 foram assassinados no Ruanda mais de 800 mil “tutsis” perante “a terna indiferença do mundo”, como diria Camus. Os EUA e os Europeus fingiam que não viam e a ONU fechava os olhos e assobiava para o ar.
Ninguém sabia onde ficava o Ruanda, sabiam apenas que não tinha diamantes, nem petróleo.
O pretexto (?) teria sido a queda do avião onde seguia o Presidente, de raça “hutu”. Talvez houvesse um Estado ambicionando ver aumentada a sua influência na zona. Talvez ...
Diariamente e durante esses meses os “tutsis” foram perseguidos, caçados e mortos como ratos, pelos seus vizinhos, amigos, companheiros de infância, ou de trabalho, mas com um ponto em comum: eram de raça “hutu”.

O repórter Jean Hatzfeld escreveu “Dans le nu de la vie”, que julgo ter sido editado pela Caminho e que é a narrativa dos sobreviventes “hutu”. Não o li, nem conhecia o livro.
Posteriormente, foi publicado, pelo mesmo autor: “Tempo de catanas” e que é o depoimento do outro lado, dos assassinos “tutsi”.
Calhou a pegar-lhe numa livraria e a ler duas, ou três linhas, aqui e além e larguei-o horrorizado, perante a inconsciência inominável do cometido. É um livro que escorre sangue.
Mandaram-nos matar e eles mataram. Levantavam-se, tomavam um “mata-bicho” (pequeno almoço) forte, à base de espetadas de carne (a fauna selvagem também foi dizimada) e iam para “o seu trabalho” de procurar e matar “tutsis”. À noite regressavam a casa, para junto da mulher e dos filhos.
Presos, esperam que os libertem e não têm a mínima consciência da barbaridade que cometeram.

Este livro fez-me lembrar outro já antigo sobre o “nazismo que fez a sua época, em sucessivas edições e que foi reeditado recentemente numa colecção de bolso: “Escuta, Zé Ninguém!” de Wilhelm Reich”:

“ ... durante várias décadas, primeiro ingenuamente, mais tarde com espanto, finalmente horrorizado, observou o que o Zé Ninguém da rua “faz a si próprio”; como ele sofre e se revolta, como ele estima os inimigos e assassina os amigos; como ele, onde quer que consiga o Poder como “representante do povo”, abusa desse poder e o transforma em algo de mais cruel que o Poder que ele antes tinha de sofrer às mãos dos sádicos individuos das classes superiores. (...)”

Depois desta longa reflexão e olhando “cá para dentro”, veio-me à lembrança o livro de Viviane Forrester, “L’Horreur Économique”, publicado em França em 1996:

“ É preciso ‘merecer’ viver para se ter direito à vida?” (…) Uma ínfima minoria, já excepcionalmente provida de poderes, de propriedades e de privilégios considerados incontestáveis, assume esse direito por inerência. Quanto ao resto da humanidade, para ‘merecer’ viver, tem de revelar-se ‘útil’ à sociedade, pelo menos ao que a dirige, a domina: a economia confundida como nunca com os negócios, ou seja, a economia de mercado. ‘Útil’ significa quase sempre ‘rendível’, ou proveitosa para o lucro. Numa palavra, ‘empregável’ (‘explorável’ seria de mau gosto!)”

A autora, Viviane Forrester, veio à Gulbenkian em Abril de 1997 (julgo, pois assisti à sua palestra) integrando um Ciclo de Conferencistas de diversos países sobre o “Económico-Social”.

“Descobrimos agora que, para além da exploração dos homens, ainda havia pior e que, perante o facto de já não ser explorável, a multidão de homens considerados supérfluos, cada homem no seio desta multidão pode tremer. Da exploração à exclusão, da exclusão à eliminação …?”

Dez anos se passaram. É possível, é quase certo, que muitos “notáveis” entre nós tenham sido influenciados …

domingo, abril 9

A profissão mais antiga do mundo

”Dizem que a profissão mais antiga do mundo foi a prostituição. Não posso concordar. Até porque não havia dinheiro quando o mundo começou, e se para o homem bastava dar com uma moca na cabeça da mulher e arrastá-la para a sua caverna, porque carga de água haveria de pagar?Dizem então que a primeira profissão deve ter sido um dos trabalhos mais básicos, como a agricultura ou a caça. Embora concorde que tenham sido das primeiras profissões, as primeiras não foram, até porque no início não havia ferramentas para agricultura nem armas para caçar.Sugerem então que tenha sido o ensino. Mas para ensinar é preciso aprender. É a história de quem veio primeiro, o ovo ou a galinha. Neste caso, o estudante ou o professor. Ninguém nasce ensinado, logo teria de estudar primeiro. Mas no início não acredito que o homem tenha partido para esta actividade assim de arranque.Temos de nos colocar na pele desse primeiro homem para perceber.Então, o homem aparece. Um homem, Adão, sozinho, sem saber o que fazer. Qual a sua primeira iniciativa? Obviamente, coça os tomates. Assim sendo, a primeira profissão do mundo foi claramente... funcionário público!”
(recebida por e-mail)
Quando acabei os meus estudos, punha-se o problema de arranjar trabalho. Naquele tempo ainda havia trabalho e não se ficava a viver em casa dos pais e à custa destes, como hoje em dia acontece. Uma das notícias que mais me chocou na minha leitura dos jornais diários, foi um artigo em que se relata que esse conviver, ou “viver à custa de”, se traduz frequentemente em agressões físicas que na quase totalidade dos casos e por vergonha, são ocultadas pelos progenitores.
Mas nesse tempo ser-se funcionário público era garantia de ordenado ao fim do mês, emprego certo e reforma, além do poder que o funcionário dispunha por detrás do guichet, de pôr e dispor dos interesses dos cidadãos comuns.
Vem agora este Governo pretender acabar com a burocracia e contra ele se levanta já o coro de protestos de outros partidos que nada fizeram nesse sentido quando estiveram no poder, ou do PCP saudoso dos tempos da URSS que, como todos sabemos, era o paraíso dos burocratas. Dos outros partidos não me ocupo, não vale a pena. Os funcionários públicos aceitaram bem e aplaudiram (e eu também) a perda de privilégios de determinados grupos sociais, mas, quando se lhes bate à porta …
Não é só a “não progressão nas carreiras”, ou os “salários congelados”, ou as “deslocações dos locais de trabalho” (que actualmente existem em tantas profissões) que os faz protestar. É a perda do seu “pequeno reino” …
Não sei se o SIMPLEX dará alguma coisa. Provavelmente será um NADEX, um “nado morto”, a burocracia não é fácil de combater, até porque como se conseguiriam arranjar “jobs for the boys”?
Ou como se conseguiriam encaixar na Função Pública, os filhos deste e daquele notável, de que tomamos conhecimento através de extractos do Diário da República, que as “cadeias de correspondentes” nos fazem chegar?

sábado, abril 8

A TV que temos


Tal como tudo neste país e atendendo a que cada um de nós deve 800€ ao Estado, que por sua vez tem de Dívida Pública esse valor vezes 10 milhões de habitantes (já devemos ser bastante menos, mas atendendo aos imigrantes, anda ela por ela, pois suponho que estes também foram contados como devedores) tudo deve ser considerado como fonte de lucro.

A TV não foge à regra. E é assim que impinge doses maciças de telenovelas, misturadas com aquele programa absolutamente incrível do Circo da TVI (nem sei como ele se chama). É isto que faz aumentar as audiências e, por conseguinte, vender os detergentes, sabonetes e outros produtos afins. Parece haver uma preocupação generalizada em nos lavarem o corpo e a mente.

E se calhar até há.

Ontem, depois de ter desligado o PC, já passava bastante da 01h00 quando saí da “blogosfera”, onde ainda aprendo algo

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“A esperança ainda

... Entretanto tenho ultimamente frequentado a blogosfera. É uma “zona libertada” inesperada e saudavelmente respirável, onde quem, como eu, chega da sórdida Galáxia Gutemberg, a “popular” como a “de referência”, se reconcilia com a espécie. A blogosfera é o lugar onde hoje melhor se escreve e se pensa em português (…) E o facto de a maior parte dos blogues ser, julgo, escrita por gente com menos de 30 anos justifica uma réstia de esperança no futuro ...

(Artigo de Manuel António Pina, “A esperança ainda”, publicado na revista VISÃO de 18DEZ03)”

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abri a TV e assisti na TV2 a um debate sobre “a violência escolar”.

Claro que programas destes passam “por coincidência” na TV2, que quase ninguém vê e a horas em que a maior parte da população efectivamente interessada: OS PAIS, já estão a dormir, pois têm de trabalhar no dia seguinte.

E se, por formação, eu já tinha uma “grande” admiração pelos professores, esta passou a “enorme”, pois no ano escolar de 2004/05 o total de agressões de alunos e dos respectivos pais, a professores, cifrou-se em bem mais de mil.

Quando se verifica uma agressão o caso acaba por ser entregue ao Ministério de Educação, embora muitos professores optem por resolver o assunto no âmbito escolar.

Eles/as lá sabem porquê …

sexta-feira, abril 7

Os “vampiros”


«Eles comem tudo/eles comem tudo/
eles comem tudo e não deixam nada.»/
(Zeca Afonso, “Vampiros”)

Foi-me dado conhecimento, que uma instituição bancária enviara aos seus clientes mais modestos uma circular com a informação de que, para o cliente em questão «continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção», teria de ter em cada trimestre um «saldo médio superior a 1000 €, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras» associadas à respectiva conta. Posteriormente, parece que a instituição bancária em causa arrepiou caminho e em boa hora o fez.

Como todos sabemos, muitas contas bancárias, designadamente de pensionistas e reformados, foram abertas por imposição legal. O caso que me relataram foi o de um reformado por invalidez e quase septuagenário, que sobrevive com uma pensão de 343,45 € - que para ter direito ao piedoso subsídio de 3,57 € (três euros e cinquenta e sete cêntimos!) teria sido forçado a abrir conta, por determinação expressa da Segurança Social.

Como se compreende, casos como este - e muitos são os portugueses que vivem abaixo ou no limiar da pobreza - não podem, de todo, preencher os requisitos acima e tão pouco dar-se ao luxo de pagar «despesas de manutenção» de uma conta que foram forçados a abrir para acolher a sua miséria.

O mais escandaloso é que sejam instituições bancárias que ano após ano apresentam lucros fabulosos e que aposentam os seus administradores, mesmo quando efémeros, com «obscenas» pensões (para citar Bagão Félix), que viessem exigir a quem mal consegue sobreviver, que contribua para engordar os seus lautos proventos.

Sem comentários, estes serão vossos e já os comecei a receber. Daí ter sido “prudente” rectificar o texto original.

quinta-feira, abril 6

Lâmpada fundida


“Fundiu-se a lâmpada do meu gabinete, e começa uma longa viagem pela burocracia interna da administração Pública.

Tenho que avisar o chefe de divisão, que por sua vez fala com o director de serviços, que comunica o facto ao seu homólogo responsável pelos aprovisionamentos; este último dá instruções ao chefe de divisão, que se dirige ao chefe de secção.

O Chefe de secção constata que não há lâmpadas em stock e sendo urgente conclui que não se justifica uma consulta; informa do facto o chefe de divisão, que vai de imediato informar o director de serviços.
É necessário comunicar com o director de serviços financeiros, que terá que recorrer ao fundo de maneio para disponibilizar a quantia exacta necessária para adquirir a lâmpada numa qualquer loja. Questiona o seu colega sobre quanto é que a lâmpada efectivamente custa e este não sabe; terá que perguntar ao seu chefe de divisão, que dará instruções ao chefe de secção para telefonar para a loja.

Telefonema feito, o chefe de divisão já sabe quanto custa a lâmpada, e de seguida é o director de serviços a saber e a comunicar a quantia ao seu colega, que dará conhecimento ao seu chefe de divisão. Colocada no respectivo envelope a quantia necessária para adquirir a lâmpada, este faz o percurso até chegar ao director dos serviços de aprovisionamento.

Agora é só mandar comprar, nada mais fácil?
Não, a loja fica a quinhentos metros, e a auxiliar tem bicos de papagaio, não pode andar tanto e o motorista invoca que é motorista, não tem que andar a comprar lâmpadas, além de que pode ser multado enquanto pára o carro e vai à loja. A solução foi encontrada, foram comprar a lâmpada o motorista e a auxiliar dos bicos de papagaio.

A lâmpada é comprada num instantinho, só resta colocá-la, mas o serviço não dispõe de electricista, o motorista não sai do carro e a auxiliar tem bicos de papagaio. Trazem-me a lâmpada, eu que a coloque; entretanto eu próprio já lá tinha colocado uma lâmpada que comprei já há alguns dias atrás.

Assunto encerrado? Nem pensar.

Um ano depois o auditor da Direcção-Geral do Orçamento estranha que tenha sido comprada uma única lâmpada, que ainda por cima se encontra em stock. Passa dias a investigar toda a papelada e conclui que “não consegui apurar se a lâmpada adquirida seria mesmo necessária, tanto mais que estando em stock a lâmpada nova, lá não encontrei a lâmpada fundida, pelo que concluo que o dirigente deve repor a quantia do custo da lâmpada por se tratar de uma aquisição indevida”.

Seis meses mais tarde é uma Auditoria do Tribunal de Contas a preocupar-se com a já famosa lâmpada e o seu auditor conclui no seu relatório, após aturadas investigações: “é má prática a aquisição de uma única lâmpada para constituição de existências”.

Julgava eu que o tema estava acabado, quando aparece um inspector da Inspeção Geral de Finanças, pois alguém escrevera uma carta anónima insinuando favorecimento da loja onde a lâmpada foi comprada. Quanto a esta última investigação desconheço o resultado, o inspector ainda por lá anda….”

(autor desconhecido, mas está com piada)

quarta-feira, abril 5

Espera


Por quanto tempo se espera pelo ser amado?
Muito possivelmente enquanto dura o amor.

O café começa a ficar frio. Há que bebê-lo, até porque o dono começa a olhar de soslaio.
Não, decididamente não foi de boa política mandar vir uma bica, mais valia ter sido uma tosta mista e uma imperial, "comme d'habitude".
Assim, sempre se ia beberricando a cerveja e comendo a tosta em bocadinhos muito pequeninos, para fazer render o tempo.

Comecei a contar os homens e as mulheres que passavam frente à montra, fazendo riscos na toalha de papel que cobria a mesa e não me importando com o olhar de reprovação do homem. Decididamente este tipo não simpatiza comigo. Pago-lhe na mesma moeda. Ao mesmo tempo considero-me uma pessoa com sorte, pois se fosse negro já me tinha posto lá fora. Conheço a maneira de ser destes tipos, sempre com um olho no freguês e outro na caixa registadora.
Neste momento as mulheres contadas vão à frente e com larga vantagem.
Interrogo-me: onde estão os homens?
É a crise ...

Mas a crise não era apenas económica? Não é com isso que há um ror de anos nos enchem os ouvidos? A "tanga", o "fio dental", agora "em pelota". Em pelota? Em pelota ainda não, porque isso desencadearia uma corrida aos melhores valores e então seria o caos.
Não, a crise é total. Também de homens, as mulheres enfrentam agora outras concorrências.

Raios! Distrai-me e passaram uns quantos e umas quantas que não contei.

Telefono, não telefono? E se está com o chefe? Pode não ser boa política. É capaz de estar off-line, mas não estou frente ao PC.

Vou pagar. Saio e encosto-me à ombreira a ler o jornal. Costumo comprar "A bola", mas não fica bem, tenho de me dar um ar de intelectualidade e por isso comprei o “Público”.

Não, decididamente não, hoje não é o meu dia.

Meto o jornal debaixo do braço e vou-me embora com o rabo entre as pernas.

terça-feira, abril 4

Código para assaltos



Julgo que será do vosso interesse, a menos que já o conheçam.

Mas nunca é demais alertar, agora que os "tempos" vão maus e que o clima convida a sair.

Instante

É num momento
De forma impetuosa
Silenciosa
Recalcamento
São gestos, palavras
Olhares, sinais
Entrelaçados
Geniais

São axiomas
Sem princípio nem fim
Estrada sem dogmas
Para ti para mim.

( Hugo Justo )

- Novos poetas. O lançamento foi sábado passado no Palácio Galveias.

segunda-feira, abril 3

Morreu Carlos Fabião


O assunto teve a difusão que merecia, se exceptuarmos o facto da TV ter anunciado e nunca desmentido, que o corpo se encontrava em câmara ardente no Grémio Literário. Enfim, enganos fortuitos ...

No excelente artigo de António Melo, publicado no jornal "Público" de hoje, o seu amigo Coronel Fontão descreve-o do seguinte modo:

"O que fica da recordação dos homens bons? A sua riqueza é imaterial, a sua herança apenas espiritual, o seu legado improvável. Sem eles, porém, não haveria humanidade."

Tive o privilégio de o conhecer, do mesmo modo que conheço o Fontão.

A última vez que este último visitou o amigo já gravemente doente, pôs-lhe uma mão no braço e disse-lhe:

"Sabes, Fabião, hoje são as eleições presidenciais".

Imediatamente ele reagiu, que queria ir votar e só a muito custo o conseguiram acalmar, pois não estava em condições de o poder fazer.

Passados momentos foi o próprio Fabião que, colocando a mão no braço do Fontão e com muita dificuldade, lhe disse:

"Fontão, o Manuel Alegre era o rosto da Revolução."

Pedro lembrando Inês

"Em quem pensar, agora, senão em ti?
Tu, que me esvaziaste de coisas incertas,
e trouxeste a manhã da minha noite.
É verdade que te podia dizer: "Como é mais fácil deixar
que as coisas não mudem, sermos o que sempre fomos,
mudarmos apenas dentro de nós próprios?"
Mas ensinaste-me a sermos dois; e a ser contigo
aquilo que sou, até sermos um apenas
no amor que nos une, contra a solidão que nos divide.
Mas é isto o amor:ver-te mesmo quando te não vejo,
ouvir a tua voz que abre as fontes de todos os rios,
mesmo esse que mal corria quando por ele passamos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar:
com a surpresa dos teus cabelos,
e o teu rosto de água fresca que eu bebo,
com esta sede que não passa.
Tu: a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti,
como gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste."

(Nuno Júdice)

domingo, abril 2

O fundamental


O fundamental parece ser apanhar o peixe miúdo.

É esta a sensação que me fica, como cidadão, quando me procuro inteirar das divergências por causa da PJ, nomeadamente com a decisão política de lhe retirar as relações com a Interpol e a Europol.
Lembro-me vagamente do Processo "Furacão", liderado pela Procuradora Cândida Almeida e que decorre os seus trâmites, em segredo de justiça, como é óbvio, mas que parece ter deixado os banqueiros muito aborrecidos, sobretudo depois das buscas efectuadas no "Off-Shore" da Madeira.
E relembro as palavras da Procuradora Maria José Morgado:

"A Interpol e a Europol são organismos preciosos para o combate ao crime organizado, de natureza policial, e são destinados à perseguição penal desses fenómenos. (...) Como tal, a PJ não pode nunca ser afastada destes organismos, sob pena de não haver resposta para todas essas ameaças. (...)"

sábado, abril 1

Notícia de última hora

O "conversas" acaba de receber um telefonema dando-lhe conta de que no distrito de Braga, região onde se regista o maior número de benfiquistas/cm2, acaba de abrir um novo posto de abastecimento de combustíveis de outra grande Firma Espanhola (mais uma ... ).
Num acto promocional sem precedentes, a Firma resolveu sortear (vendendo, claro, ninguém dá nada a ninguém) 1.500 bilhetes para o Barcelona - Benfica.
Temos conhecimento de que já se formaram longas filas junto ao referido posto, o que levou ao aparecimento de "bicheiros", que tomam o lugar na fila, enquanto o proprietário do carro vai comer um "courato" e beber uma "bejeca".

Esta descriminação dos "sulistas" gerou uma onda de indignação entre os "lampiôes" lisboetas, encabeçada por notáveis personalidades ( lembremo-nos que o n/Primeiro Ministro é um benfiquista assumido) e que levou, para já:

- ao envio da águia Vitória com um abaixo-assinado e que neste momento voa já em direcção à sede da Firma Espanhola;

- à convocação duma "manif" ( já há muito tempo que a "fértil" imaginação dos n/dirigentes sindicais não convocava nenhuma ...) cuja concentração se fará junto ao belo monumento do Parque Eduardo VII, pelas 15h00. Neste momento discute-se ainda (mas já foi nomeada uma Comissão para estudar o assunto) se a concentração se deverá dirigir à "catedral", ou à casa do 1º Ministro.

TODOS AO PARQUE!