quarta-feira, outubro 31

Conversa de família ...

A família comia tranquilamente quando, de repente, a filha de 10 anos comenta:
- Tenho uma má notícia ... Já não sou mais virgem! Sou uma vaca!
E começa a chorar, convulsivamente, com as mãos no rosto e um ar de vergonha.

Silêncio sepulcral na mesa. De repente, começam as acusações mútuas:

- Isto é por tu seres como és! - diz o marido à mulher - Por te vestires como uma p... barata e te arreganhares para o primeiro imbecil que vem aqui a casa. Claro que isso tinha que acontecer, com este exemplo que a menina vê todos os dias!
- E tu? - o pai aponta para a outra filha de 25 anos - que ficas no sofá a lamber aquele palhaço do teu namorado que tem pinta de chulo.
Tudo na frente da menina!
A mãe não aguenta mais e retribui, gritando:
- E quem é o idiota que gasta metade do salário com as p... e se despede delas na porta de casa? Pensas que eu e as meninas somos cegas? E, além disso, que exemplo podes dar se, desde que assinas esta maldita TVcabo, passas todos os fins de semana a ver pornografia de quinta categoria e depois acabas na casa de banho, com gemidos e grunhidos?

Desconsolada e à beira de um colapso, a mãe, com os olhos cheios de lágrimas e a voz trêmula, pega ternamente na mão da filhinha e pergunta baixinho:- Como foi que isso aconteceu, minha filha?

E, entre soluços, a menina responde:
- A professora tirou-me do presépio! A Virgem agora é a Luisa, eu vou fazer a vaquinha.

(agora que se começa a aproximar o Natal...)

terça-feira, outubro 30

S.O.S. Miséria

«A cada dia que passa morrem de pobreza extrema, 50.000 pessoas em todo o mundo. O fosso entre ricos e pobres não pára de aumentar.
Sabia que os 500 mais ricos do mundo, – repare: apenas 500 – consomem recursos equivalentes a 416 milhões dos mais pobres?

Não podemos ficar indiferentes a tão desumana distribuição de riqueza. Não podemos ficar indiferentes quando há 1.800 milhões de seres humanos que aguardam a nossa luta para que tenham o mínimo indispensável para sobreviver.
Vivemos num mundo profundamente injusto em que a pobreza e a desigualdade crescentes não têm qualquer fundamento. Somos a primeira geração que tem tecnologias capazes de garantir, a todos os recursos necessários. Porém, toda esta riqueza criada, não tem sido usada para garantir os direitos humanos, nem para melhorar as condições de vida em todas as regiões do mundo. Uma riqueza que não chega a todas as pessoas, seja qual for a sua condição, género, raça ou cultura. Uma riqueza que, à medida que aumenta, traz consigo maiores desigualdades e injustiças. E tudo porque não há vontade política por parte dos Estados.

Segundo dados da Global Call Against Poverty – designação internacional da campanha Pobreza Zero - a manter-se este estado de coisas, cerca de 45 milhões de crianças morrerão; 247 milhões de pessoas da Àfrica subsariana terão de viver com menos de 1 dólar por dia e, mais de 100 milhões de meninos e meninas, continuarão sem ir à escola.

Chegou, pois, a hora dos discursos se transformarem em soluções práticas. Não podemos ficar indiferentes ou ignorar esta pobreza irreversível que não pára de alastrar e nos envergonha e diminui como seres humanos. S.O.S. MISÉRIA pretende ser o rosto da nossa luta e da nossa indignação. Junta-te a nós!»

Publicado por S.O.S. M I S É R I A http://s-o-s-miseria.blogspot.com/ - Texto de "Silêncio Culpado" http://silencioculpado.blogspot.com/

(Estão nos n/links)

segunda-feira, outubro 29

Cronos


Na 4ªF calhou ir visitar o Palácio Marquês de Fronteira onde alíás já fora por diversas vezes, mais preocupado nessa altura com as criancinhas, que com o Palácio. Mas desta vez era eu que estava a fazer o papel de "criancinha" e havia uma morena engraçada a servir-nos de guia.

"Servir-nos" pois a visita integrava-se num daqueles anuais "almoços de Curso". Desta vez portámo-nos à altura, fazendo a cabeça em água à guia, quer dizer, portámo-nos mesmo como criancinhas. Nem sempre é assim: nos primeiros anos há, cumulativamente, a intenção de mostrar o carro novo, ou outros sinais de prosperidade. Depois, com o decorrer do tempo, há o contar dos mortos e o lembrar dos doentes e incapacitados de comparecer, por motivos de saúde, ou outros, o que se torna desagradável e nos leva a apalparmo-nos a nós próprios, para nos certificarmos que estamos mesmo ali e que estamos inteiros.

Percorremos o maravilhoso jardim, ornado de estátuas e houve uma que não a identificámos de imediato: era a de Cronos, que fotografei e sobre o qual esboço uns traços biográficos, se assim se lhe pode chamar.

«Deus da mitologia pré-helênica ao qual se atribuíam funções relacionadas com a agricultura, mas de um caráter sinistro e negativo, o correspondente ao Saturno entre os romanos. Um exemplo dos conflitos religiosos e culturais surgidos entre os gregos e os povos que habitavam a península helênica antes da sua chegada.

O Saturno dos romanos, era filho de Urano (o céu) e de Gaia ou Géia (a Terra) e comandante dos Titãs. Incitado pela mãe e ajudado pelos irmãos, os Titãs, mutilou o seu pai, o que separou o céu da terra, ocupou o seu lugar e casou com a sua irmã, Réia, tornando-se o primeiro rei.

O seu reinado, porém, era ameaçado por uma profecia segundo a qual um de seus filhos o destronaria. Temendo a profecia devorava todos os filhos que lhe dava a sua mulher, Réia, tal como o tempo devora todos os instantes, até que esta o enganou e conseguiu salvar Zeus, dando ao marido para comer uma pedra embrulhada num pano, que ele devorou sem se aperceber de nada, julgando estar a comer o filho (Zeus).

Quando Zeus cresceu, cumpriu a profecia e fê-lo vomitar os outros irmãos ainda vivos, expulsou-o do Olimpo e baniu-o para o Tártaro, lugar de tormento. E assim como o pai simbolizava o tempo, ao derrotá-lo, Zeus tornou os deuses imortais.

Normalmente era representado como um ancião empunhando uma foice. Segundo os romanos, ao fugir do Olimpo, ele levara a agricultura para Roma, com o que recuperava as suas primitivas funções agrícolas e, em sua homenagem, celebravam-se as "saturnálias", festas rituais relacionadas com a colheita.»


Foi a frase acima que me permitiu identificar a estátua:

«devorava todos os filhos que lhe dava sua mulher, Réia, tal como o tempo devora todos os instantes»

(Foto Peter)

domingo, outubro 28

O teu rosto



É por ti que escrevo que não és musa nem deusa
mas a mulher do meu horizonte
na imperfeição e na incoincidência do dia-a-dia
Por ti desejo o sossego oval
em que possas identificar-te na limpidez de um centro
em que a felicidade se revele como um jardim branco
onde reconheças a dália da tua identidade azul
É porque amo a cálida formosura do teu rosto
a latitude pura da tua fronte
o teu olhar de água iluminada
o teu sorriso solar
é porque sem ti não conheceria o girassol do horizonte
nem a túmida integridade do trigo
que eu procuro as palavras fragrantes de um oásis
para a oferenda do meu sangue inquieto
onde pressinto a vermelha trajectória de um sol
que quer resplandecer em largas planícies
sulcado por um tranquilo rio sumptuoso.


(António Ramos Rosa, “O teu rosto”, in “O Navio da Matéria”, 1994))
Desenho GOOGLE

quarta-feira, outubro 24

O PORTO: O MORRO E O RIO - 13º EPISÓDIO: O RIO

Se a Sé foi o coração do Porto, onde o descampado de há dez séculos germinou uma grande cidade, o rio foi o seu pulmão, por onde o Porto respirou, se abriu e desenvolveu.
O Morro e o Rio disseram onde era. O Portuense foi dizendo quando e como havia de ser. No Morro viveu. Com o Rio conviveu, com carinho e amizade como se por inteiro lhe pertencesse, desculpando-lhe as birras e maus humores, reconhecendo a dificuldade do seu percurso, tanto ou maior que a vida da própria cidade, adivinhando o seu próximo encontro com o mar, palco de dramas e naufrágios sucessivos.

Mas foi por aí que o Porto se ligou ao Mundo. Fácil ou difícil, foi por essa barra estreita que entraram os Cruzados, que Pedro Pitões, em Pena Ventosa, incentiva a conquistar Lisboa. E foi por ali, séculos passados, que saíram os barcos, com homens e mantimentos, rumo a Lisboa também, desta vez com o auxílio possível ao ainda Mestre de Aviz, cercado pelas tropas de Castela.
É ainda por esta barra, 450 anos depois, que numa operação desesperada as forças liberais rompem o cerco - sim, o cerco do Porto de 1832/33- desembarcam no Algarve, para dias depois entrarem em Lisboa, consagrando a vitória de D. Pedro IV.


Mas há a outra história, a do dia a dia, sem datas nem reis, em que a guerra é bem outra. Mas onde também a vida se joga, porque o rio de amigo passou a carrasco, cobrando o seu preço sem pena nem dó.
Com a zona ribeirinha como local de trabalho onde tudo converge, da estiva aos estaleiros, da tripulação do barco às hospedarias e a todos os meios de transporte, é o rio que dinamiza a cidade, que cria ao portuense o amor ao comércio, o gosto pelo risco, o espírito empreendedor. Mas é toda a região norte que também empurra, com os seus produtos que é preciso escoar pela barra fora; e os outros, de que carece e que vai receber na volta.
E a população do Morro extravasa a Cerca Velha; preenche mais tarde o espaço das Fernandinas; e hoje já mal se lembra que a sua Torre dos Clérigos ficava de fora...

Atravessar o Rio, ligando as duas margens, permitindo o trânsito de pessoas e coisas, foi desde sempre o terrível desafio colocado ao habitante do morro. Mas se por aqui passava a Via Romana, se Calem e Portus se situavam por estas bandas, então a passagem mais simples era mesmo esta – e daí derivou a localização de tudo o resto.
Foi preciso esperar por 1806 para haver uma ponte das barcas com carácter permanente: nasceu com má sina; três anos depois, 29 de Março, 4ª feira de cinzas, uma multidão alucinada, fugindo de Soult, era engolida pelo Rio, desta vez inocente. A tragédia ficou registada para sempre: o desastre da Ponte das Barcas.
1843 : A Ponte Pênsil ; 1886 : A Ponte de D. Luís. As duas margens ligadas, finalmente, por uma ponte que ainda hoje nos orgulha.


ANO : 2007

O Morro - A velha ponte de D. Luís, maravilha de resistência e harmonia, adaptou o tabuleiro superior ao metro e mantém o inferior, como antigamente, para pessoas e viaturas, garantindo o trânsito local entre as margens vizinhas.
Arrábida, Infante e Freixo encarregam-se de tudo o mais, retirando do Morro o movimento febril que até 1963 (inauguração da Arrábida) a Ponte de D. Luís, sozinha, garantia.
O Bispo continua a viver na zona onde sempre teve a residência, muito mais respeitado que nos tempos em que era Senhor da Cidade.
O Rio - Aquele barra não permitia mais nada.
O porto de Leixões (1895) esvaziou a Ribeira que, lentamente, se converteu ao turismo, como o próprio Rio que algumas barragens domesticaram.
O Morro e o Rio
Dois grandes Senhores.
Reformados? Os grandes Senhores não se reformam. Nem morrem.


Oh velho tristonho, de cara enrugada
Quem és afinal?
Eu sou este morro, ventoso, rochoso
Com porta fechada se alguém não me agrada
Mas sou Portugal.

Andei pelo mundo, já fui marinheiro
Em barco de vela.
Lutei com D. Pedro, João o Primeiro
Mas não por Castela

O tempo do Bispo foi duro p'ra mim
Então disse não
Mais vezes que sim.

Da Corte não gosto, ao fim e ao cabo
Que fiquem lá longe, que vão p´ro diabo

Teimoso e sisudo. Pois é. Sou assim.


E tu, Rio Douro, que vens das Espanhas
Ninguém te parou?
Eu não me detenho, conquisto sozinho,
Descubro o caminho perfuro as entranhas
Cheguei, aqui estou.

Custoso percurso, difícil entrada
Nas águas do mar.
Servi de fronteira, servi como estrada
Com pouco a cobrar.

Embora não saibam e tal não pareça
Se o Morro foi Porto
A mim me agradeça.

Porque eu fui a via que trouxe o progresso
Mas nada vos peço nem nada mais digo.

Fui bruto por vezes. Mas sou vosso amigo.


F I M

(Fernando Novais Paiva)


NOTA FINAl

Chegados ao fim deste percurso, começado a descrever a 28 de Dezembro do ano passado, cumpre-me agradecer os diversos comentários, geralmente motivadores, que foram sendo publicados no decorrer dos episódios. Optei por só agora o fazer, de forma colectiva, para não cair na situação desagradável de responder a uns, ignorando outros - tanto mais que não foram postas questões que aconselhassem esclarecimento directo.
Para o meu amigo Peter aí vai um abraço. Sem o seu convite não teria tido o prazer de escrever estes episódios, na base do vídeo que o meu tempo livre me estimulou a fazer.
Algum trabalho também teve a preparar a sua publicação. Mas fê-lo com gosto. Como com gosto vive a gestão diária deste blog.
Aos outros dois "proprietários" um abraço também. Em certa medida fui um intruso que gozou da vossa anuência.

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terça-feira, outubro 23

Revalidação obrigatória da carta de condução

Atenção ao Novo Dec-Lei e toca a revalidar as cartas de condução antes que seja tarde de mais...
Importante não esquecer no meio da vida atarefada que temos!!!O conteúdo desta informação foi uma completa surpresa para muita gente.

"Simplesmente" em 1 Janeiro 2008 deve ignorar o prazo constante da sua carta de condução e consultar o documento que vai em anexo, procurando a data do seu nascimento e a correspondente data de revalidação do título de condução, que deve respeitar "religiosamente".

Se deixar passar 2 anos do prazo de revalidação... a carta de condução caduca de vez, e fica sem efeito!!!
Se isto acontecer e para tornar a poder conduzir é preciso efectuar novo exame de código e novo exame de condução. O Decreto- Lei está em:

http://www.anoreca.com/ficheiros_pdf/Dl_45_05.pdf

Boa memória

Num tribunal de uma pequena cidade, o advogado de acusação chamou a sua primeira testemunha; uma velhinha de idade avançada e avó.
Aproximou-se da testemunha e perguntou:
"Srª. Ermelinda, a senhora conhece-me?"
- Claro que te conheço. Conheço-te desde pequenino e, francamente, desiludiste-me. Mentes descaradamente, enganas a tua mulher, manipulas as pessoas e falas mal delas pelas costas. Julgas que és uma grande personalidade quando nem sequer tens inteligência suficiente nem para ser varredor. Claro que te conheço.

O advogado ficou branco, sem saber que fazer. Depois de pensar um pouco; apontou para o outro extremo da sala e perguntou:
- Srª Ermelinda conhece o defensor oficioso? Responde a velhinha:
- Claro que sim. Também o conheço desde a infância. É frouxo, tem problemas com a bebida, não consegue ter uma relação normal com ninguém e na qualidade de advogado bem, aí...é um dos piores que já vi. Não esqueço também de mencionar que engana a mulher com três mulheres diferentes, uma das quais, curiosamente, é a tua mulher. Sim, conheço-o. Claro que sim.

- O defensor ficou em estado de choque.

O juíz, então, pediu a ambos os advogados que se aproximassem do estrado e com uma voz muito ténue diz-lhes:
- Se a algum dos dois, ocorrer perguntar à p.. da velha se me conhece, juro-vos que vão todos presos.

(Recebida por e-mail, claro; muitos de vós já a conhecem, mas é para desanuviar …)

segunda-feira, outubro 22

M33 X - 7


Concepção artística do M33 X-7, um sistema binário nas vizinhanças da galáxia M33. Neste sistema, uma estrela cerca de 70 vezes mais massiva que o Sol orbita em torno de um “buraco negro” o qual por sua vez tem quase 16 vezes a massa do Sol, um recorde para “buracos negros” criados a partir do colapso de estrelas gigantes. Claro que nos centros das galáxias existem objectos destes muito mais massivos, mas este é um recorde para “buracos negros” formados a partir de colapsos estelares, os designados "stellar mass black holes”.

Na ilustração, um disco alaranjado rodeia o “buraco negro”. Trata-se de material empurrado por um vento estelar a partir da estrela que o orbita (grande e brilhante objecto azul) e que é sugado por aquele devido à sua poderosa força da gravidade. A própria estrela é distorcida por essa gravidade, esticando-se ligeiramente na sua direcção e, por isso mesmo, tornando-se menos densa nessa região e portanto mais escura.
Os dados foram obtidos a partir do “NASA's Chandra X-ray Observatory” (quadrado menor) e do “Hubble Space Telescope”. Os objectos brilhantes que se vêem na imagem são estrelas jovens e massivas.

Image credit: ration: NASA/CXC/M.Weiss; X-ray: NASA/CXC/CfA/P.Plucinsky et al.; Optical: NASA/STScI/SDSU/J.Orosz et al.)

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sexta-feira, outubro 19

Vídeos EuroNews sobre o Tratado Reformador

(Para quem não tem paciência para ler....)

Líderes dos Vinte e Sete iniciam segundo dia de cimeira com acordo finalmente finalizado
http://www.euronews.net/index.php?page=info&article=449128&lng=6##



Principais diferenças entre projecto constitucional e Tratado Reformador
http://www.euronews.net/index.php?page=info&article=449121&lng=6#

(imagem EuroNews)

Insegurança

No romance “A identidade” (no seguimento de “A imortalidade”?), Milan Kundera aborda o tema da insegurança do ser amado.

“Em que instante, diante de que gesto, em que circunstância precisa começa esse processo aterrador?”

Chantal diz a Jean-Marc que dormira mal e perante a insistência deste em saber o motivo, acaba por dizer que:

- “Os homens já não se voltam por minha causa”.

É a “insegurança” dela a seu respeito, como diz Kundera, através do desenvolvimento do pensamento de Jean-Marc:

“Não, não é de um olhar de amor que ela precisa, mas da inundação de olhares desconhecidos (...) Esses olhares conservam-na na sociedade dos humanos, da qual é separada pelo olhar do amor.”

Repare-se na contradição:

- não é “o olhar do amor” que lhe dá segurança. Esse já está garantido. Tornou-se um hábito ... O que a aterroriza é os homens já não se voltarem para a olhar. Esse facto causa-lhe insegurança, é “a luz vermelha a indicar que começou a extinção progressiva do seu corpo.”

quinta-feira, outubro 18

17 de Outubro - Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza

Foi ontem. Mais um dia dedicado a qualquer coisa, dirão. Não é o caso e merece que lhe dediquemos pelo menos a nossa atenção, reflectindo sobre o assunto. É o mínimo que poderemos fazer, mas não basta, é necessário que te juntes às vozes que pedem a sua erradicação.

Resolvemos dar a nossa pequena contribuição colocando nos nossos links, sob a referência "Notas soltas_ideias tontas", o blog http://notassoltasideiastontas.blospot.com/ do qual extraímos um pequeno texto:

« No nosso país há 2 milhões de pessoas que vivem com menos de 360 €/mês, sendo a desigualdade entre ricos e pobres a maior da UE. A nossa taxa de pobreza é superior à média da UE (16%) o que coloca Portugal na lista negra dos países desenvolvidos. É nas famílias numerosas e na população idosa que encontramos o maior número dos mais pobres em Portugal.
Mas há novos pobres, pessoas com emprego mas cujo salário não chega para as necessidades. E isto quando temos uma classe média a tender para o desaparecimento e as estatísticas do INE revelam ainda que, sem as pensões de reforma e as transferências sociais do Estado, mais de 4 milhões de portugueses estariam em risco de pobreza. (…)»

Poderão também dar a v/contribuição lendo o resto do artigo no referido blog.

quarta-feira, outubro 17

Que dia é hoje?

Se encontro um amigo e lhe começo a contar uma anedota política, ele olha cuidadosamente em redor e no fim, volta a olhar e esboça um leve sorriso.
Se vou a passar na rua e está a decorrer uma manifestação, tenho de parar e afastar-me o mais possível, para que não possa eventualmente ser ligado à "manif.
Se entro num banco, num hiper, no aeroporto, vou meter gasolina, circulo na estrada ou até mesmo ando na rua em sítios "nevrálgicos" ... estou a ser filmado. Dizem que é para zelar pela minha segurança.
Se falo ao telefone, ou ao telemóvel, posso estar a ser escutado e gravado.
Se escrevo no blog, desde que não sejam poemas de amor, as pessoas pensam duas vezes antes de escreverem um comentário (está bem, pode ser demérito meu).

Somos um povo triste e cinzento, cada vez mais introvertido. Somos um povo das guitarras e do Fado, enquanto do outro lado da fronteira temos as castanholas e o Flamengo e as pessoas são extrovertidas, andam na rua alegres e divertidas, "pinchando" de bar em bar onde conversam barulhentas, falando e rindo em altas vozes.

Estamos em 17 de Outubro de 1973, ou em 17 de Outubro de 2007?

Acho que, pela tecnologia de ponta utilizada, estamos mesmo em 2007.

terça-feira, outubro 16

Recortes de jornais

«O Tribunal de Contas já explicou detalhadamente como é que o Estado conseguiu fazer um contrato de financiamento para a construção da Ponte Vasco da Gama mediante o qual acabámos a pagar duas ou três vezes o custo da ponte. (...) desgraçados doentes do Serviço Nacional de Saúde que esperam dois anos por uma consulta urgente porque o Estado não tem dinheiro para lhes acudir em condições, porque gasta o dinheiro dos impostos a pagar três pontes em vez de uma!»

(Miguel Sousa Tavares, "Inda que mal pergunte" in "Expresso", 13 de Outubro 2007)

segunda-feira, outubro 15

Uma Constituição para a Europa - Projecto de Tratado Reformador

Trata-se de um assunto que interessa a todos os portugueses e que, por isso, deveriam ser suficientemente esclarecidos sobre o mesmo, já que dele depende, e muito, o seu futuro e, quem sabe, a nossa identidade como País, com uma autonomia mais ou menos limitada. Penso que todos deveríamos ter um conhecimento mínimo deste novo projecto sobre a Constituição Europeia, mas não estou a ver muita gente a ler um documento de cerca de 475 páginas!
O texto colocado faz parte do antigo projecto, sendo o único neste momento disponível. Algumas das alterações fundamentais constam já no documento disponibilizado na ligação que aparece no final dos pequenos extractos publicados.

Uma vez que seremos postos perante o “facto consumado”: a sua aprovação pelo Governo de Portugal, ao menos que o sejamos com alguma consciência e capacidade de julgamento, minorando os efeitos perversos da manipulação de quem está contra ou a favor.
Tentando colocar o debate ao alcance do maior número de pessoas, resolvemos, à semelhança do que fizemos quando do plebiscito sobre o aborto, abrir as páginas do blog a todos aqueles que queiram participar em eventuais debates possivelmente esclarecedores, através da formulação de dúvidas, receios, eventuais limitações na nossa autonomia política, financeira, económica, ou outras.
Na medida do possível procuraremos ir promovendo não só a reflexão e o debate, mas, sobretudo, um melhor conhecimento do documento.
Temos conhecimento de um “powerpoint” que circula pela NET que contém bastantes dados enganosos. Não pretendemos, de forma alguma, considerá-lo “tendencioso”, mas não há dúvida que o mesmo nos induz claramente num erro de apreciação.

domingo, outubro 14

Sorrisos

Fui fazer compras ao hiper. Nós temos que comer, não é? Pouco, não só porque o dinheiro não dá para muito, como porque temos que manter a elegância. Acresce que tenho andado com o "spleen".
Claro que os que me lêem não têm nada a ver com isso e se calhar é até por isso que não me lêem, ou lêem menos, ou lêem e não comentam, porque nada há que comentar, é só marcar presença: "Gostei muito, beijinhos". Também sobre o que é que vos vou falar?
Não devo falar sobre mim. Não devo? Julguei que vinha para aqui fazer "choradinho", mas não, não é conveniente, todos temos os nossos problemas quanto mais ainda levarmos com os problemas dos outros em cima.

Fiz 2 números e uma estrela no Euro Milhões. Estou cheio de sorte. Vou levantar o prémio e meter outro novo? Aqui nunca me saiu nada, mas as meninas são simpáticas, vamos lá então.
- Aí está um novo e ainda recebe €10.
- Estou cheio de sorte.
Sorriso.
É sempre agradável haver uma desconhecida que sorri para nós.
Já estou a ganhar bem mais do que o dinheiro recebido, pois o meu "ego" melhorou.

Fila na caixa para pagamento, empurrando um carrinho com uma montanha de vitualhas. Atrás de mim um sujeito de idade, com duas pequenas coisas.
- Passe à minha frente - disse-lhe.
Olhou para mim admirado.
Depois de ter pago virou-se para trás, fez um aceno e sorriu.

Comecei bem o dia.

sexta-feira, outubro 12

Al Gore Prémio Nobel da Paz 2007


Foto - http://seaton-newslinks.blogspot.com/2007/01/al-gore-we-have-left-undone-those.html

«Escrever este livro faz parte de uma viagem pessoal que começou há mais de vinte e cinco anos, uma viagem em busca da verdadeira compreensão da crise ecológica global e de como a podemos resolver. Conduziu-me aos locais onde ocorreram algumas das piores catástrofes ecológicas do planeta e permitiu-me conhecer alguns dos extraordinários homens e mulheres que, em todo o mundo, dedicam as suas vidas à crescente luta para salvar o ambiente da Terra. Mas também me levou a iniciar um tipo mais profundo de reflexão, que é, em última análise, uma investigação sobre a verdadeira natureza da nossa civilização e a sua relação com o ambiente global.»

(Al Gore - Introdução ao livro "A Terra à procura de equilíbrio - Ecologia e Espírito Humano" - 1ª ed, Lisboa, 1993 - Reservados os direitos para Portugal à Editorial Presença)

A publicação deste extracto obedeceu tão só a uma homenagem ao homem e à sua obra, sem quaisquer intuitos lucrativos.

quarta-feira, outubro 10

Filósofos e cientistas

«Platão, no final da vida - morreu na sesta, numa boda de casamento, já octogenário - interessava-se sobretudo pelo cosmos, e considerava que a “ordem” só emergia onde o “caos” dominante, por neutralização de seus efeitos anárquicos, o permitisse, precariamente...”

Quanta sabedoria a destes gregos ...

“Até agora, a maior parte dos cientistas tem estado demasiado ocupada com o desenvolvimento de novas teorias que descrevem “o que é ” o Universo para fazer a pergunta “porquê”? Por outro lado, as pessoas que deviam perguntar “porquê?”, os filósofos, não foram capazes de acompanhar o avanço das teorias científicas.»

(“Breve história do Tempo”, Stephen W. Hawking)

terça-feira, outubro 9

Deficitário


Sou pago para estar calado.
Sou pago para falar.
Ora me querem no silêncio
Ora me querem a palrar.

Sou pago para nada fazer,
Para não escrever,
Não dizer,
Não entender,
Não ver
E
Outras palavras
Acabadas em “er”
Mas que de momento,
Assim de repente,
Não me lembro.

Sou pago para não querer
Ser pago.
Querem que seja vago,
Que finja ser parvo,
Que minta,
Que seja troca-tintas.

E eu?
Ainda ninguém,
Melhor,
Todos se abstêm
De saber o que eu quero.

(Foto: … da net…)

segunda-feira, outubro 8

Aparentemente clandestinos…


Olhando assim de repente, enquanto bebericamos o nosso café matinal, ou outro, convivemos com gente de todo o tipo.
Olhando assim de repente, aos domingos, enquanto nos sentamos numa esplanada a ler e a sorver uma cerveja ou um ginger ale (com limão se faz favor), vemos passar pelos nossos olhos famílias inteiras de ar descontraído e feliz.

Só não percebo porque é que, de vez em quando, há um miúdo que apanha um estalo nas ventas (é bem feito olhe para a frente e coma o bolo e deixe lá os pombos em paz), ou alguém dá um berro que ninguém acredita e, com ar furibundo, se afasta em direcção ao automóvel, deixando o grupo expectante e com vontade de se enfiar mar adentro ou ser engolido pela sarjeta mais próxima.

Olhando assim de repente, enquanto pensamos como havemos de preencher o resto do dia, dificilmente entendemos porque é que o shor Azevedo, homem de siso e simpático, se enche de Prosac de manhã à noite.
Olhando assim, de repente, até parece que à força de nos contermos e contermos os instintos, somos todos clandestinos, até de nós mesmos.

O problema deve estar nos átomos. Só pode ser. Porque assim de repente não vejo outros motivos…


(Foto: João Vasco)

domingo, outubro 7

Existimos?

“Poucas pessoas pensantes não se terão perguntado em determinado momento das suas vidas se toda esta existência não poderia ser um mero fantasma, uma ilusão. Dada a natureza frágil e distorcida das nossas percepções, como nos poderemos convencer a nós próprios de que haja algo de sólido lá fora, um mundo, um universo, que actue como pano de fundo do nosso drama mental?
Quanto mais dissecamos este mundo, estes átomos, mais descobrimos que esta aparente solidez é uma quimera.
A mesa sobre a qual escrevo é um entrelaçado tremeluzente de núcleos atómicos através dos quais flui um rio de electrões, um vácuo permeado unicamente por campos de forças inimaginavelmente fortes. Os electrões e outras partículas atómicas, que se considera formarem a base de sustentação da nossa existência, acabam por ser meras aparições probabilísticas, capazes de estar em toda a parte e em parte alguma, atingindo uma identidade definida apenas quando nós, o observador, efectuamos uma medição."

( in Michael Rowan – Robinson,”Os nove números do Cosmos”)

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sexta-feira, outubro 5

Primeiras imagens sobre a brutalidade da repressão na Birmânia

Esta imagem foi tirada dum vídeo difundido pelo grupo de oposição “Democratic Voice of Burma” e mostra o cadáver de um bonzo flutuando em 30 de Setembro numa ribeira de Rangoun.


Foi publicada em “Le Fígaro” de ontem (04 Outubro 2007)

O que um povo tem que sofrer para chegar à liberdade.....!!!!

quinta-feira, outubro 4

50º aniversário do lançamento do Sputnik

Às 22h28 (hora de Moscovo) do dia 04 de Outubro de 1957 um foguetão Zemiorka lançado do Cosmódromo de Baikonur, antiga União Soviética e hoje localizado no Cazaquistão, mas que os russos continuam a utilizar pagando uma compensação financeira, colocava no espaço uma pequena esfera de alumínio de 58,5 cm de diâmetro e 83,6 kg de peso, que se tornou no primeiro satélite artificial da Terra (hoje há mais de 5.000).
Foi o início da exploração espacial.
Estava-se em plena “Guerra Fria” e o lugar exacto do Cosmódromo situava-se a 370kms da pequena cidade de Baikonour, para a qual, durante vários anos, foram levadas centenas de toneladas de cimento, pretensamente destinadas à construção do pseudo cosmódromo que, como vimos, já existia noutro local. Pretendia-se assim iludir os EUA quanto à localização exacta do mesmo.

A reacção americana levou à criação da NASA pelo Presidente Eisenhower, em 29 de Julho de 1958 assim como a uma reforma no ensino das Matemáticas, visando aumentar o número e a qualidade dos engenheiros americanos, ou aliciados noutros países (à atenção da nossa Ministra da Educação).

Tive oportunidade de ver uma réplica do original no Museu da Ciência e Tecnologia em Munique, um Museu espantoso, ocupando um enorme quarteirão e onde podemos ver submarinos, locomotivas, aviões, foguetões, tudo em tamanho natural.
Espectacular!

Publico abaixo uma foto (Photo Credit: Courtesy NSSDC, NASA) já que no tempo em que tirei a minha, ainda não existiam máquinas digitais.



Vocês depois lêem mais sobre o assunto, o que eu quero salientar, pois possivelmente desconhecem, visto 50 anos serem passados sobre o ocorrido, foi o seguinte:

O lançamento foi feito em 1957 pela URSS, a situação política lá e aqui em Portugal era a que sabemos, havia que denegrir o facto.
Então, durante vários dias, arrastou-se nos jornais portugueses uma polémica em que um professor catedrático do IST negava veemente a possibilidade da existência do satélite.

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