quarta-feira, outubro 17

Que dia é hoje?

Se encontro um amigo e lhe começo a contar uma anedota política, ele olha cuidadosamente em redor e no fim, volta a olhar e esboça um leve sorriso.
Se vou a passar na rua e está a decorrer uma manifestação, tenho de parar e afastar-me o mais possível, para que não possa eventualmente ser ligado à "manif.
Se entro num banco, num hiper, no aeroporto, vou meter gasolina, circulo na estrada ou até mesmo ando na rua em sítios "nevrálgicos" ... estou a ser filmado. Dizem que é para zelar pela minha segurança.
Se falo ao telefone, ou ao telemóvel, posso estar a ser escutado e gravado.
Se escrevo no blog, desde que não sejam poemas de amor, as pessoas pensam duas vezes antes de escreverem um comentário (está bem, pode ser demérito meu).

Somos um povo triste e cinzento, cada vez mais introvertido. Somos um povo das guitarras e do Fado, enquanto do outro lado da fronteira temos as castanholas e o Flamengo e as pessoas são extrovertidas, andam na rua alegres e divertidas, "pinchando" de bar em bar onde conversam barulhentas, falando e rindo em altas vozes.

Estamos em 17 de Outubro de 1973, ou em 17 de Outubro de 2007?

Acho que, pela tecnologia de ponta utilizada, estamos mesmo em 2007.

11 Comentários:

Às 17 outubro, 2007 03:25 , Blogger Ashera disse...

Amado amigo
Bem vindo a realidade
Esta que não era tua e só agora descobres
Bem vindo a miseria dos que nos roubam a alma em tempo
Porque é eles o tempos que imortais se pensam
Daí,, tenho estado em introspecção
Beijos a ti

 
Às 17 outubro, 2007 11:31 , Blogger Peter disse...

"bluegift"

Saliento o que escreves:

"Democracia é também pensar na sobrevivência e evolução de Todos. Talvez a próxima geração compreenda melhor estes significados, e não seja tarde demais para Portugal..."

Acho que a vou colocar na "homepage":

 
Às 17 outubro, 2007 12:00 , Blogger Peter disse...

"ashera"

Obrigado pelo comentário que tem um grande mérito:

- acrescenta algo ao texto.

 
Às 17 outubro, 2007 14:02 , Blogger Marta Vinhais disse...

Confusão total....Parou-se no tempo, foi?
Às vezes, tenho vontade de voltar a ser o que era....
Obrigada pela visita...
Beijos e abraços
Marta

 
Às 17 outubro, 2007 16:06 , Blogger Fragmentos Betty Martins disse...

Olá Peter


Não sei se estou demais pessimista, mas sinto que aquela opaca névoa, não de esperança sebastiânica, mas de pasmosa inibição dessa mesma esperança que induz à resignação, nos volta a cercar, a entristecer e a amodorrar.

Medo de existir? Não sei, mas certamente medo de agir, de arriscar, de fruir, quase de pensar e cada vez mais certamente medo de falar. Porque pode ser inconveniente, pode ser incorrecto, afrontar sem necessidade, prejudicar a carreira, a avaliação, o emprego. E vamo-nos auto-censurando, auto-mutilando a nossa expressão.

Quase não precisamos dos mestres-censores de que fala Elisabeth Lévy. Agora já quase fazemos a censura sozinhos. Sai mais barato e tudo________Não agrava o défice.

Hoje em Portugal_______existe o medo!!!

Mas então ai vem os senhores que nos dizem________que está tudo bem

Num noticiário da noite vi o Ministro das Obras Públicas, (Mário Lino) em pleno Mosteiro de Alcobaça, perorar com evidente satisfação perante muitos daqueles a quem o negócio da Ota vai reconfortar e bem. Mário Lino chegou mesmo a mostrar o seu à-vontade, ironizando o seu estatuto de engenheiro civil e «inscrito na Ordem», com sorriso nos lábios, para gáudio de uma assistência que se riu com gosto e alegria (o que acaba por nos fazer pensar sobre quem afinal decide verdadeiramente quem se pode rir…).

Eles estão alegres. Que bom. Mas muitos são os que não estão. Mas que começam a ficar insensibilizados e resignados ao seu destino.

___A festa foi bonita. pá. Mas curta. Para alguns extremamente curta.

Para mim até nem por isso. era muito criança quando a "LIBERDADE" aconteceu. Apesar de tudo, ainda quis-quero acreditar nas minhas convicções mais profundas.

Por isso recupero uma passagem de José Gil, que sou forçada a aceitar como efectivamente actual. Afinal ele tinha razão e viu com clareza, para além do nevoeiro de que tão habilmente fala:

"Portugal conhece uma democracia com um baixo grau de cidadania e liberdade. (…) Sabemos pouco - quero dizer, raros são aqueles que conhecem - o que é um pensamento livre.

Raramente no nosso pensamento se exprime o máximo da nossa potência de vida. Dito de outro modo: estamos longe de expressar, de explorar, e portanto de conhecer e re reivindicar os nossos direitos cívicos e sociais de cidadania, ou seja, a nossa liberdade de opinião, o direito à justiça, as múltiplas liberdades e direitos individuais no campo social". (José Gil) do livro Portugal, Hoje: o Medo de Existir.



E pensava que assim seria Portugal, Ontem. Mas não, é mesmo hoje e adivinha-se que seja cada vez mais assim amanhã. Chamados de 4 em 4 anos a assinar de cruz uma carta em branco. Ou anualmente a manifestar, de forma mecânica e ritual, a nossa adesão formal à Democracia, à Nação, à República e à Independência, tudo quase de dois em dois meses entre Abril e Dezembro, se descontarmos o Julho e o Agosto que são para veraneio.

E não esqueçamos ainda aqueles que____ pensando e proclamando ser livres____são prisioneiros em outras celas_____ porque pensamento também permanece enclausurado

Um beijo

 
Às 17 outubro, 2007 18:19 , Blogger Peter disse...

Betty

Excelente comentário. São comentários destes que valorizam os textos em que se afloram problemas.
São eles que despertam consciências, como escreves:

"Medo de existir? Não sei, mas certamente medo de agir, de arriscar, de fruir, quase de pensar e cada vez mais certamente medo de falar. Porque pode ser inconveniente, pode ser incorrecto, afrontar sem necessidade, prejudicar a carreira, a avaliação, o emprego. E vamo-nos auto-censurando, auto-mutilando a nossa expressão."

Muito obrigado pela tua contribuição para que se torne possível esse despertar necessário e que aqui, neste ambiente globista, o possamos fazer, fugindo um pouco aos temas do quotidiano, normalmente de carácter individual, normalmente expressão das nossas tendências artísticas e literárias.

 
Às 17 outubro, 2007 20:27 , Blogger Papoila disse...

Querido Peter:
As sombras de 1973 voltam a ensombrar-nos... e tal como em 1973 vamos ter que dizer basta! Felizmente que há vozes que continuam a expressar e a levantar as questões como estas tuas "conversas"... no campo um sol sorridente brilha para ti.
Beijos

 
Às 17 outubro, 2007 23:55 , Blogger Meg disse...

Peter, não sei se estou de acordo contigo... mas a verdade é que hoje não me apeteceu falar de tristezas, mas sim de amor.

Um abraço

 
Às 19 outubro, 2007 14:18 , Blogger Amita disse...

Tanta verdade.
E assim correm os tempos do retorno ao passado...
Deus nos valha!!!!
Bjos

 
Às 19 outubro, 2007 14:49 , Blogger Peter disse...

"amita"

Tanta verdade e tanta gente calada, a olhar em redor, desconfiados ...

- "Não percebo nada de política. A minha política é o trabalho."

Onde e quando é que eu ouvia isto?

 
Às 20 outubro, 2007 18:32 , Blogger António disse...

Meu caro Peter!
Os portugueses são o que sempre foram!
Os espanhóis não existem: há galegos, há bascos, há catalães, há andaluzes, há castelhanos, etc.
E não me digam que estamos a voltar ao fascismo que eu mijo-me a rir!
Por amor de Deus!
(e eu até sou ateu!)

Abraço

 

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