O teu rosto
É por ti que escrevo que não és musa nem deusa
mas a mulher do meu horizonte
na imperfeição e na incoincidência do dia-a-dia
Por ti desejo o sossego oval
em que possas identificar-te na limpidez de um centro
em que a felicidade se revele como um jardim branco
onde reconheças a dália da tua identidade azul
É porque amo a cálida formosura do teu rosto
a latitude pura da tua fronte
o teu olhar de água iluminada
o teu sorriso solar
é porque sem ti não conheceria o girassol do horizonte
nem a túmida integridade do trigo
que eu procuro as palavras fragrantes de um oásis
para a oferenda do meu sangue inquieto
onde pressinto a vermelha trajectória de um sol
que quer resplandecer em largas planícies
sulcado por um tranquilo rio sumptuoso.
(António Ramos Rosa, “O teu rosto”, in “O Navio da Matéria”, 1994))
Desenho GOOGLE
11 Comentários:
Um sempre admirável poema do Poeta que tu mais aprecias. Eu também. Um dos vários. A imagem foi escolhida criteriosamente, como sempre, aliás...
excelente escolha.
Paula
Obrigado pelo teu amável comentário e que a semana que hoje acabou também tenha acabado com o mau tempo.
Olá!
Há rostos de mulher que até convidam ao amor platónico, digo eu.
Abraço
Para a "bluegift":
Acreditas que ainda a li esta manhã?
Beijo
Que posso eu dizer de um poeta que amo... ?!?!?Há tanto tempo!!!
"Meu país de palavras.
País de pedra.
Que atravesso, país que treme, hesita, rompe...
Nu...Vivo...Pobre..."
Foi muito bom passar por aqui, Peter!
Uma belíssima escolha. Um poeta que adoro.
Beijos
Dos primeiros poemas do autor.
Depois mudou o estilo.
Por aquilo que me dizem, hoje retoma um pouco, as origens.
Boa noite.
Um abraço.
Olá Peter
É admirável a poesia de António Ramos Rosa
Excelente escolha (deste poema ou qualquer outro dele)
obrigada
Beijo
boaSemana
Este soube bem peter. Abraço
Oie Peter! Um belo poema! Obrigada por dividir tanta coisa maravilhosa, que tenho oportunidade de conhecer por aqui.
Beijos
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