sexta-feira, junho 30

A tua ausência...


... é um copo vazio, um cigarro fumado ansiosamente
uma cama aberta, uma espera permanente...
... um olhar no infinito
um desejo proscrito...


Foto (Ant)

quinta-feira, junho 29

Enigma


Está difícil conduzir em Albufeira ...

O preço do tabaco


leva a estes sacrifícios ...

quarta-feira, junho 28

O uivo II























I
o uivo
é uma sensação
som estranho
sempre presente.

o uivo
está de noite
está de dia
está onde se estiver.
está onde se quizer.
pode ser a ambição
ou bater de coração
pode ser nostalgia
ou banho de água fria.

deve ser fome e sede
medo de solidão
e breu
e maldição
e putrefacção.
só posso ser eu
a inventar
porque não recordo
como acordei de noite,
lençóis frios.
e os meus gritos
de dor abafada
pela solidão do breu
transformam-se
em uivo
de lobo faminto,
lobo velho, impotente
para agarrar as presas
mais fáceis.

II
e o uivo,
uiva na cidade
e é mais alto
que o ruído
das rodas
e dos passos apressados.

é mais alto
que o choro da minha mãe
por não ter o homem dela
que é o meu pai,
para a consolar
da minha partida,
sem aviso,
sem destino.
eu,
o menino dela,
que não fui homem
quando ela quis.
eu,
que não fui criança
quando homem feito.
eu,
que não esperei
pelo entardecer.
porque ao entardecer
ela não deixaria
partir sem um “adeus”.

é mais alto
que a raiva do meu pai
porque assim
tem de aceitar
ser o homem da mulher,
que é a minha mãe.
tem de aceitar
ficar em casa
e abrir os braços
e os lábios
num sorriso.
tem que despir as calças
tem de se vir
dentro das coxas
de onde eu saí
e jamais regressarei.
tem de ser homem
enfim,
antes que a morte
o impeça de viver.

tem de se perder
como se perdeu
antes da primeira vez.
regressar à juventude
e fazê-la gozar
na ilusão
de jovem inocente
de desejos inocentes.

em cada esquina
é este grito
feito uivo
que todos ouvem
porque me calo.

é este uivo que soa
porque não pertenço
a terra nenhuma.
porque não tenho religião.
porque esqueci orações,
porque aprendi lições.
porque ouvi política
e teorias diversas,
até já nada fazer
senão fechar os ouvidos
e fechar os olhos.

deus que está no céu
sentado a pensar e a tudo ver,
sabe que estou vivo.
mas eu,
eu uivo incessantemente.
e o meu uivo,
como o do lobo velho,
ninguém o entende
senão os velhos caçadores
que já não sabem viver
senão nas montanhas,
entre as neves
e o silêncio
e os uivos.


(Foto: Google...)

terça-feira, junho 27

Marchas de Lisboa 2006

António Mega Ferreira escreve na Revista VISÃO. Escreve sobre o que quer, mas escreve, porque para isso lhe pagam.
Eu compro a revista e estou a contribuir com uma quota ínfima para pagarem ao cronista. Tenho o meu direito de concordar, ou de discordar, assim como o jornalista ou cronista referido, tem o direito de escrever o que lhe apetece.

Na secção "O jogo das palavras" e sob o título "Um desfile anacrónico", publicado no nº 694, de 22 do corrente da referida revista, a pessoa em questão escreve a propósito das Marchas Populares Lisboetas:

"... pífio desfile com que, todos os anos, por esta altura, as «marchas populares» brindam os lisboetas (e o resto do país, via televisão), em plena Avenida da Liberdade."



Não moro na Lapa, nem em Cascais, nem na Quinta da Marinha, não tomo parte nas marchas, mas vejo com prazer o meu Bairro a desfilar na Avenida. E o mesmo sentem as centenas de pessoas que, VOLUNTARIAMENTE as integram e que vêem nisso um pequeno prazer na vida complicada e difícil do dia-a-dia, coisa que, muito possivelmente, o cronista não sabe o que é.

Mais à frente, na mesma crónica, escreve:

"Deve ser por causa da educação, da cultura, e dos tais «aspectos pictorescos», que, no desfile da semana passada, diante das câmaras de televisão, um grupo de cidadãos de origem africana cantava, a plenos pulmões, o encanto das «varinas de Lisboa», que seguramente nenhum deles já conheceu - e também não perderam nada."

Ainda bem que o faziam porque é sinal que se sentem integrados no Bairro onde moram e têm gosto nisso.

Segundo o ponto de vista do cronista, às Marchas Populares "é preciso, é urgente, é salutar, repensá-las completamente, cortando com este pântano de mau gosto e encorajando o que é novo, o que é criativo, o que esteja mais próximo da natureza urbana e multinacional da cidade em que vivemos".

E, termina escrevendo:
"os bairros antigos já não representam Lisboa" - ai não? - "e as marchas não representam absolutamente nada". Também não?

"Porque não uma tentativa para acertar os ponteiros do relógio pela hora real da nossa cidade?"

Qual "hora real"?
- A dos bairros da lata, do tráfico da droga, da insegurança com roubos, assaltos, assassínios, raptos de crianças (publicarei um facto real ocorrido na véspera de St António em Alfama) emboscadas, miséria, muita miséria, fome, desemprego, sem-abrigos ...?

Vai o senhor tomar essa tarefa a seu cargo?

segunda-feira, junho 26

O ponto...



















Algures deixei escapar o pormenor que me acolhe os fragmentos, referência de um mim que acorda, retina feita objectiva colectora.
Eis, então, o ponto branco, conexão com o retorno à essência, ao âmago de onde tudo parte.

Apanhei boleia do traço nascido desse momento, de regresso a um original esquecido em breves viagens alucinadas.
Aqui, onde o frio e o quente se baralham, agarrei a vertigem, princípio do novo ciclo em espiral, paralelo ao eterno retorno que nunca existe, é só aparente.

domingo, junho 25

Espremida a laranja


Agora que venham os ingleses.

sexta-feira, junho 23

Meia bandeira

Esta foto, para quem a não conheça, é da praia da Dona Ana. Uma praia, pequena, simpática e acessível sem grandes deslocações. Este ano foi distinguida com "meia Bandeira Azul".
"Meia", porque só a parte do lado esquerdo, a que aparece na foto, mereceu essa distinção. A do lado direito, por não ter "apoios de praia", não foi distinguida.


(foto do Peter)

Faz-me lembrar uma conversa que tive há tempos com uma pessoa amiga, que me perguntou "se gostava dos filmes do Manoel de Oliveira".
Respondi-lhe "que não", pois só tinha visto "meio filme" em toda a minha vida.

"Meio"?
"Sim, vim-me embora a meio", respondi-lhe.

"É um "sacrilégio dizer uma tal blasfémia, só demonstrativa de falta de cultura".

"Eu sei, mas cada um é como é".

Ter-se-ia passado assim? Na realidade não, mas talvez se tivesse passado com muitos intelectuais que pululam pela NET. A pessoa em questão felizmente, revelou-se tal como é: fartou-se de rir despretensiosamente.

quinta-feira, junho 22

Dissolução


Quero-te nua
para dissecá-la
crua e molhada
para dessecá-la
na vertical dessedentá-la.
E te quero na horizontal
dissertá-la minuciosa
dissimulá-la com
meu sêmen.
Depois dispersá-la e
desertá-la ao
distanciamento.

(Bené Chaves, in "Cinzas ao Amanhecer",2003)

Com autorização do autor. O seu blog é: http://oapanhadordesonhos.blogspot.com

Gravura do Google

quarta-feira, junho 21

PEDIDO PÚBLICO DE DESCULPA


Por circunstâncias lamentáveis, mas das quais assumo plena responsabilidade, apaguei o artigo do nosso colaborador ANT (António).Talvez devido à minha inhabilidade técnica, pois como todos sabem é a "bluegift" que me apoia nesse campo, talvez devido ao adiantado da hora.
Já tive oportunidade de falar com o mesmo logo de manhã, mas foi tudo a correr e ele mostrou o seu profundo desagrado, perfeitamente compreensível.
Peço desculpa pública ao António pelo ocorrido, fazendo votos por que continue a honrar-nos com a sua colaboração, assim como peço desculpa aos leitores que eventualmente já tivessem comentado o artigo, aliás bem interessante e na linha do que ele nos habituou.

Só por manifesta impossibilidade não reponho o artigo, mas gostaria muito que o António o fizesse.

Vamos descansar um pouco. Pôr as ideias em ordem.
Tentar não reduzir o próximo a pormenores mesquinhos, mas deixar-nos encantar pelo que de belo e precioso cada um tem para nos oferecer. É esse o verdadeiro tesouro da Vida.






Soon, oh soon the light,
Pass within and soothe this endless night
And wait here for you,
Our reason to be here.
Soon, oh soon the time,
All we move to gain will reach and calm;
Our heart is open,
Our reason to be here.
Long ago, set into rhyme.
Soon, oh soon the light,
Ours to shape for all time,
Ours the right;
The sun will lead us,
Our reason to be here.
Soon, oh soon the light,
Ours to shape for all time,
Ours the right;
The sun will lead us,
Our reason to be here.


música "the gates of delirium" : "soon"
letra de Jon Anderson do grupo "Yes"

Aspectos que toda a gente parece ignorar sobre a profissão de professor e que será bom esclarecer

E-mail recebido:

"1º. Esta é uma profissão em que a imensa maioria dos seus agentes trabalha (em casa e de graça, entenda-se) aos sábados, domingos, feriados, madrugada adentro e muitas vezes, até nas férias! Férias, sim, e sem eufemismos, que bem precisamos de pausas ao longo do ano para irmos repondo forças e coragens. De resto, é o que acontece nos outros países por essa Europa fora, às vezes com muito mais dias de folga do que nós: 2 semanas para as vindimas em Setembro/ Outubro, mais duas para a neve em Novembro, 3 no Natal e mais 3 na Páscoa , 1 ou 2 meses no verão.

2º. É a única profissão em que se tem falta por chegar 5 minutos atrasado (também neste caso, exigirá a senhora Ministra um pré-aviso com 5 dias de antecedência?).

3º. É uma profissão que exclui devaneios do tipo "hoje preciso de sair meia hora mais cedo", ou o corriqueiro "volto já" justificando a porta fechada em horas de expediente.

4º. É uma profissão que não admite faltas de vontade e motivação ou quaisquer das 'ronhas' que grassarão, por exemplo, no ME (quem duvida?) ou na transparente AR.

5º. É uma profissão de enorme desgaste. Ainda há bem pouco tempo foi divulgado um estudo que nos colocava na 2ª posição, a seguir aos mineiros, mas isto, está bom de ver, não convém a ninguém lembrar… E “olhe que não”, senhor secretário de estado, a escola da reportagem da RTP1 não é, nem de longe, caso "único, circunscrito e controlado"!

6º. É uma profissão que há muito deixou de ser acarinhada ou considerada, humana e socialmente. Pelo contrário, todos os dias somos agredidos – na nossa dignidade ou fisicamente (e as cordas vocais não são um apêndice despiciendo…) , enxovalhados na praça pública, atacados e desvalorizados, na nossa pessoa e no nosso trabalho, em todas as frentes, nomeadamente pelo "patrão" que, passe a metáfora económica tão ao gosto dos tempos que correm…, ao espezinhar sistematicamente os seus "empregados" perante o "cliente", mais não faz do que inviabilizar a "venda do produto"

7º. É uma profissão em que se tem de estar permanentemente a 100%, que não se compadece com noites mal dormidas, indisposições várias (físicas e psíquicas) ou problemas pessoais …

8º. É uma profissão em que, de 45 em 45, ou de 90 em 90 minutos, se tem de repetir o processo, exigente e desgastante, quer de chegar a horas, quer de "conquistar" , várias vezes ao longo de um mesmo dia de trabalho, um novo grupo de 20 a 30 alunos (e todos ao mesmo tempo, não se confunda uma aula com uma consulta individual ou a gestão familiar de 1, 2, até 6 filhos...)

9º. É uma profissão em que é preciso ter sempre a energia suficiente (às vezes sobre-humana) para, em cada turma, manter a disciplina e o interesse, gerir conflitos, cumprir programas, zelar para que haja material de trabalho, atenção, concentração, motivação e produção. (Batemos aos pontos as competências exigidas a qualquer dos nossos milionários bancários, dos inefáveis empresários, dos intocáveis ministros! Ao contrário deles, e como se não bastasse tudo o que nos é exigido (da discrepância salarial e demais benesses não preciso nem falar) …

10º. Ainda somos avaliados, não pelo nosso próprio desempenho, mas pelos sucessos e insucessos, os apetites e os caprichos dos nossos alunos e respectivas famílias, mais a conjuntura política, económica e social do nosso país!

Assim, é bom que a "cara opinião pública" comece a perceber por que é que os professores "faltam tanto":

Para além do facto de, nas suas "imensas" faltas, serem contabilizadas também situações em que, de facto, estão a trabalhar :

- no acompanhamento de alunos em visitas de estudo,
- em acções, seminários, reuniões, para as quais até podem ter sido oficialmente convocados,
- para ficarem a elaborar ou corrigir testes e afins , que não é suficiente o tempo atribuído a essas tarefas ,
- ou, como vem sucedendo ultimamente, a fazerem (em casa, que é o sítio que lhes oferece condições) horas e horas não contabilizadas do obrigatório "trabalho de escola"….

Para além disto, e não é pouco, há pelo menos, como acima se terá visto, toda uma lista de 10 boas e justificadas razões para que o façam."

(uma professora que, por achar que - em termos de políticas educativas e laborais deste governo dito socialista – estamos muito pior que no tempo do Salazar , não arrisca identificar-se)

segunda-feira, junho 19

Lentes gravitacionais

O “campo gravitacional” de um corpo com uma massa extremamente elevada (aqui um enxame inteiro de galáxias) actua como uma "lente gravitacional", deformando o espaço circundante e fazendo com que a luz emitida por um objecto, neste caso um “quasar”, chegue até nós ampliada e encurvada sob diferentes ângulos. A luz que forma cada imagem viaja assim numa direcção diferente, através do espaço deformado.
Com o auxílio do telescópio espacial Hubble, foi agora obtida a primeira fotografia amplificada de um “quasar” distante, que resultou da junção de cinco (na realidade 4 como se verá adiante) imagens do mesmo, obtidas por este processo.



O “quasar” observado pelo Hubble, é o núcleo brilhante de uma galáxia e a energia do mesmo é devida à presença de um “buraco negro” que se encontra a "devorar" gás e poeira, produzindo uma grande quantidade de radiação.
Quando a luz do “quasar” passa pelo “campo gravitacional” do “enxame de galáxias”, dispersas pela imagem e que se encontra entre nós e o “quasar”, a luz é dobrada de tal forma que cinco imagens do mesmo objecto são formadas em torno do centro do enxame.

Uma "lente gravitacional" produz sempre um número impar de imagens (não sei porquê), mas uma destas imagens é normalmente muito débil e encontra-se imersa na luz produzida pelo objecto que origina o efeito de "lente gravitacional". No caso presente, a "visão" do Hubble e a grande ampliação do efeito de "lente gravitacional" permitiram que a mesma, muito ténue, fosse observada à direita do núcleo da galáxia central do “enxame”. A galáxia que alberga o “quasar” no seu centro, encontra-se à distância de 10 mil milhões de anos-luz e é a galáxia anfitriã mais ampliada de um “quasar” observada até hoje.

Ao comparar a nova imagem, com outra obtida pelo Hubble um ano antes, os cientistas descobriram um evento raro - uma “supernova” a explodir numa das galáxias do “enxame”. Este evento ocorreu há sete mil milhões de anos, e os dados obtidos, juntamente com outras observações de “supernovas”, estão a ser usados para a compreensão de como o Universo foi enriquecido por elementos pesados, que se encontram presentes no nosso corpo e são provenientes destas explosões.
Daí o dizer-se que “nós somos filhos das estrelas”. Sem elas nós não existiríamos, pelo menos sob a forma actual.

(adaptado do ASTRONOVAS – publicação do Observatório Astronómico de Lisboa - Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa)

NOTA

É muito possível que, na minha tentativa de explicar e tornar o texto mais acessível, tenha cometido incorrecções. Agradeço que as indiquem, para meu melhor esclarecimento sobre um assunto que me interessa.




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domingo, junho 18

Vaga de fundo


Os nossos políticos, quando se querem fazer "caros", costumam dizer que só formalizarão a sua candidatura (desejosos estão eles de o fazer...) se houver uma "vaga de fundo", que os leve a tal.

Poderão pensar que eu tentei fazer esse "jogo", que estive à espera de um movimento de massas (sem massa …), que fiz o “choradinho do “imprescindível”, dos quais estão os cemitérios cheios (desculpem o macabro, mas é influência de ter andado a ler “Anjos e demónios”) mas não o fiz, até porque num universo de milhares de blogs, um a mais ou um a menos é irrelevante, e quer seja o Peter, ou o Ant ou a Bluegift, pouco conta, o que interessa, ou melhor, o que pode despertar interesse, é o que se publica e neste aspecto o António tem continuado a merecer o interesse dos indefectíveis visitantes.

Foi interessante ler os vossos comentários ao meu “Adeus”, ajudou-me a conhecer melhor as pessoas, certas pessoas.
Mas foi muitíssimo mais interessante mergulhar a fundo na vida real. É esta que importa viver com as suas “nuances” que nos levam a tomar determinadas atitudes, a repensá-las, a voltar atrás e por fim a seguir em frente.

Estamos no Verão, é muito possível, é quase certo, que a minha atracção pelas praias e pelas viagens, me leve a trocar temporariamente o PC pela realidade, pelas pessoas, pelo Sol e pelo mar, durante períodos de tempo mais ou menos longos. Afinal a Vida está lá fora à nossa espera. Não a podemos fazer esperar porque ela não espera…

P.S. – Peço desculpa à Blue Shell por lhe ter apagado o comentário, mas entendi ser conveniente dar uns “retoques” no artigo, para não ficar a ideia que as minhas ausências quando e se se vierem a verificar, terão carácter definitivo.
Não terão, seguramente que não terão. Estou “viciado” no “conversas”. Foi através dele que criei amizades que muito prezo e que não quero de modo algum perder.

sexta-feira, junho 16

Em agitação...



















Deixar a lágrima secar
Deixar o luto da ausência passar
Deixar que uma nova presença
Tome delas o seu lugar.

E no profundo mergulho num mar de novidade
Está o sentido da vida completo pela serenidade.


(Foto: Luís Peixoto)

quinta-feira, junho 15

Até um dia ...

Por motivos estrictamente pessoais, cesso a partir deste momento a minha participação no blog, o que não impede a continuação do mesmo.

Para todos as maiores felicidades.

Peter

terça-feira, junho 13

Até ao Mar















Quando as sombras se desvelam
nos olhares nostálgicos,
as imagens são passageiros
que se perdem
num momento.

E os loucos desejos
percorrem-nos por dentro
como água correndo
por entre as margens
num lamento.

Nos breves encontros
ao fim de um dia
as palavras são como anjos
vagueando num olhar
até ao Mar
Até ao Mar.

A pouco e pouco dentro de nós
vai renascendo uma velha
e trémula luz
há muito esquecida
que nos aquece e nos guia
quando estamos perdidos
dentro dos infernos
que nos queimam e nos consomem.

Fogem-nos todas as palavras
quando os olhares se encontram
e os lábios mudos
querem-nos guiar
Até ao Mar.
Até ao Mar.

segunda-feira, junho 12

União...
















Unidos por um olhar
Que perdura para além do tempo
Para além do espaço
Ligados pelo luar
Deitado na ondulação
Onde adormece o nosso coração


(Foto: tirada de luamizade2.blogs.sapo.pt)

sexta-feira, junho 9

Quando

















Sei, exactamente,
Ao minuto, ao segundo,
Quando desejei possuir-te.
Sei exactamente,
O momento, o instante,
Em que, fulminado,
Perdi a noção desse quando.

E quando os dedos
te percorreram cada poro,
cada curva, cada “sim”
que murmuraste,
esqueci-me de mim,
parti os abrigos
onde me encontraste.

(Foto:Nuno Ferro)

quinta-feira, junho 8

Vou de férias por uns dias

Pensei em escrever algo em jeito de despedida, mas a minha inspiração está meia adormecida e, como sabem, só escrevo prosa e mal.
Mas, pesquisando um pouco, descobri este poema de António Ramos Rosa:

“Há uma mulher que desenrola os seus cabelos nas sílabas
e perfuma-as com o odor da sua lenta vulva
Ela tanto pode ser uma fêmea da lua como uma rapariga solar
Nas suas ancas ondula um indolente outono e nos seus seios desponta a primavera.

Eu vejo-a e não a vejo na brancura da página
porque ela flutua vagamente na distância como uma lua no meio-dia
Mares bosques clareiras fontes em delicadas e delgadas linhas
fluem com o fulgor dessa mulher azul
As palavras caminham com o ritmo fresco dos seus pés descalços
sobre uma praia fulva de conchinhas brancas
O seu hálito doce embriaga as frases nuas
Ela é a presença ausente corpo de aragem viva
e a sua felicidade é tão vaga como vaga a sua longínqua imagem.”

Podem encontrar-me por aqui. A praia é pequena e facilmente identificável.




“Flores do rochedo diante do mar verde

com veias que me lembravam outros amores

ao brilharem na lenta queda de gotas,

flores do rochedo semblantes

que vieram quando ninguém falava e me falaram

que me deixaram tocá-las depois do silêncio

entre pinheiros loendros e plátanos.”

(Yorgos Seferis, in "Poemas Escolhidos", Relógio d'Água editores. Tradução de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratisinis.)

quarta-feira, junho 7

Queda

“Um anjo fugiu do paraíso.
Na terra, viu que tinha uma sombra.
E apaixonou-se por ela. Beijava o chão,
e a sombra desaparecia. Correu
países, continentes, mares e montanhas.
A sombra fugia-lhe, sempre
que lhe tocava.
”Porque não voltas para o céu?”
disse-lhe o Deus
“No céu não há sombras”,
respondeu-lhe o anjo.
E ao abrir as asas,
como se fosse voar,
a sombra puxava-o para o chão,
onde ele a perdia,
para sempre,
no meio de todas as sombras
que há na terra.”

(Nuno Júdice, “Geometria Variável”, Abril 2005, Publicações Dom Quixote)

“Et si tu n'existais pas
Je ne serais qu'un point de plus
Dans ce monde qui vient et qui va
Je me sentirais perdu
J'aurais besoin de toi”

(“Et si tu n'existais pas “ (1975), de Joe Dassin)

A espera é...


















A cadeira à espera e eu a passar a ferro...

Finanças

Ontem à tarde recebi uma carta das Finanças e fiquei a tremer, pois lembrei-me logo daquele sujeito que estava impedido de receber milhares de Euros de reembolso por se encontrar como devedor de 0,01 €.
Claro que dormi mal a noite, sonhando com "dízimas", judeus cobradores de impostos, sei lá, até me fui lembrar não sei porquê, do "direito de pernada" ...

Levantei-me cedo e resolvi abandonar a Tshirt e vestir casaco e gravata para ser melhor tratado. Pura ilusão. Depois de andar cerca de 1h a calcorrear Lisboa à procura da respectiva Rep lá a encontrei. Fui recebido com uma senhora que devia de sofrer de azia e que me perguntou, com a correspondente acidez:
- “ O que é que o senhor quer?”
Timidamente lá lhe disse que tinha recebido aquela carta ontem.
- “Deixe cá ver”, disse-me para logo acrescentar: “isto não é aqui”.
- “Mas foram os senhores que a mandaram.”
- “Nós? Eu não lhe mandei nada.”

Cheio de paciência, disse à senhora:
- “Está bem, não foi a senhora, foram as Finanças (entidade abstracta, que não culpabiliza nenhum dos seus”).
- “Mas isto refere-se a 2005”, disse-me ela, do alto da sua sabedoria.
- “Desculpe” disse-lhe, “mas é referente a 2004”.
- “Onde é que viu isso?”
- “Aí, no assunto”.
Relutantemente admitiu que sim, para logo voltar a acrescentar que “não era ali”.
- “Então onde é?”
-“Não sei. Olhe, vá aqui, depois ali e depois além …”

Nesta altura uma senhora que dificilmente conseguia sentar o traseiro, demasiado grande para a cadeira, disse-lhe:
- “Oh fulana, vou ali beber um café e comer uns bolinhos.”
Estava mesmo precisada… podia à vontade estar uma semana sem comer, que não morria. Por uma questão de estatística, tomei nota da hora de saída. Esteve ausente, exactamente 27 minutos. Produtividade …


Foi quando me “passei” e lhe disse:
-“Olhe, se julga que eu vou perder o meu tempo à procura do sítio para vos pagar, está muito enganada. Penhorem-me, levem a porcaria do carro, prendam-me, façam o que quiserem. Muito bom dia”.
-“Espere, vamos lá a ver” e começa a “debicar” no PC, resmungando: “nunca me entendi com estas modernices, o que vale é que só já faltam 3 meses para me reformar”.
- “Vê-se”, disse-lhe eu.
- “O que é que o senhor quer dizer?”
- “Que se vê que a senhora necessita mesmo dum merecido descanso.”

terça-feira, junho 6

Equívocos













Ou o olhar atraiçoado...


Atiraste-me um estalo que me deixou a bochecha vermelha.
Ainda por cima estávamos no meio do baile e no silêncio do intervalo da música.
Agarrei-te pela cintura e, ainda corado, beijei-te demoradamente, confundido pelo desejo e pela dor de te teres enganado.

Afinal o teu olhar tinha-te traído...
... vem então dançar, brincar e esquece simplesmente...

Velhos tempos


Eis que quando menos se espera algo pode ainda ficar pior...Às vezes, as pessoas deveriam olhar-se no espelho antes de dizer algo sobre os outros...

Uma senhora teve um tremendo choque...

Já aconteceu você sentir-se culpado(a) ao olhar as pessoas da sua idade e pensar "não posso estar assim tão velho (a)!"?

Então você vai gostar desta:

"Eu estava sentada na sala de espera para a minha primeira consulta com um novo dentista, quando observei que no seu diploma, pendurado na parede, estava escrito o seu nome, e de repente recordei-me de um moreno alto, que tinha esse mesmo nome. Era da minha classe uns 40 anos atrás, e eu me interrogava se poderia ser o mesmo rapaz por quem eu me tinha apaixonado?

Quando entrei na sala de atendimento, imediatamente afastei esse pensamento do meu espírito. Este homem grisalho, quase calvo, e com o rosto marcado, profundamente enrugado, era demasiadamente velho para ter sido o meu amor secreto...que é isso!?

Depois que ele examinou o meu dente, perguntei-lhe se ele fora do Colégio Edouard Montpetit.

"Sim", respondeu-me.
"Quando se formou?", perguntei.
”1959." “Porquê essa pergunta?"," respondeu.
"Eh... bem... você era da minha classe", exclamei.

E então este velho horrível, cretino, filho de uma p…, perguntou-me:
"A Sra. era professora de quê?"

(Texto- recebido por email
Img - Google)

segunda-feira, junho 5

A inefável pluma do pavão


Nunca gostei muito de pavões, embora reconheça que são aves bonitas à vista, sobretudo quando rodam com a cauda aberta em leque e com a proa - ou a popa- levantada. Até se entende que aquela linda pluma seja atraente nas suas tonalidades verdes, azuis, violetas, douradas.
Havia muitos pavões espalhados pelos jardins da cidade, se bem que hoje em dia seja raro encontrá-los por aí, preferindo antes pavonear-se por outros sítios onde continuam a arquear a crista em movimentos ondulantes de imperial e olímpica sedução.
São a nova estirpe de pavões urbanos, exemplares omniscientes de sabedoria de cordel, atada com laços de papel fino e guardiões de verdades esverdeadas de crista emplumada.Estes novos exemplares do antigo e honesto pavão enchem o peito e vão em frente. Ao menos, se baterem de frente, batem orgulhosos de si mesmos.

O pavão mostra-se ao som de suaves melodias, geralmente do género do "trust me" de Janis Joplin (antes isso..), orgulhoso da sua suprema sabedoria, defensor de fracos e oprimidos, de poetas entumescidos no seu umbigo resplandecente, de pavoas exauridas de tanto, mas de tanto amor.
"Um homem sem penas nunca voará", como disse um célebre sábio medieval antes de se atirar de um campanário, coberto de plumas de pavão.

Estatelou-se.

Mas a estes pavões modernos basta encontrarem a felicidade no parapeito, passeando à beira do precipício e colhendo florzinhas amarelas.
Posso estar a divagar, posso estar errado, e se calhar vou até perguntar a opinião do meu colega de blog. A sério que vou...

E também tenho “penas”, em especial a de não poder continuar esta agradável conversa, mas as palavras vão estimular a imaginação do leitor.

Por último, qualquer semelhança com o perfil de algum dos leitores possíveis desta prosa (se por acaso os houver …) é simplesmente uma mera coincidência.

domingo, junho 4

Se te roubarem o telemóvel

Não devemos facilitar. Como sabemos este aparelho é um objecto
apetecível ao olhar alheio. Com este pequeno truque podemos não evitar
que nos roubem o telemóvel, mas evitamos que quem o roubou o utilize.
Simplesmente façam o seguinte:

No telemóvel marquem *#06#

Os 15 dígitos apresentados correspondem ao IMEI, um número de série
único de cada aparelho. Escrevam esse código num lugar de que depois se lembrem
quando precisarem dele. Caso tenham a infelicidade de serem
vítimas de roubo do telemóvel, peguem nesse código e liguem para o
vosso operador de serviço móvel, mandando bloqueá-lo.
Quando alguém tentar meter um outro cartão SIM no aparelho e o ligar,
vai ficar surpreendido, pois o mesmo não conseguirá funcionar.

Dancem macacos, dancem

Vejam o pequeno filme abaixo.Dá que pensar....

http://www.youtube.com/watch?v=iuJ_XRjDRQU

sábado, junho 3

O Condor

Conta-se o dia em que o Sol se encontrou com a Lua, conta-se. Há muito o Sol andava tristonho pela Terra. Os seus raios já não eram tão fortes como antes, e por mais que o fizesse, era sempre encoberto por alguma nuvem escura que percorria o céu num forte vendaval.
Os pássaros, as flores, os animais, todos se questionavam sobre o distanciamento do Sol.
Numa manhã que seria mais bonita se o Sol estivesse no esplendor total, uma ave de voo inigualável chamada Condor arriscou-se e quis tentar conversar com o astro rei.
O Sol percebendo a dificuldade do Condor, tranquilizou-o dizendo:

- Linda ave de voo quase perfeito, porque queres chegar a mim, se estou por toda a parte deste planeta?

O Condor já exausto pelo voo respondeu:

- Gostaria muito de saber o que o deixa tristonho. O planeta está quase sem a tua luz, os pássaros já não sabem mais para onde ir, as flores, principalmente o girassol já não sabe se fica acordado ou se dorme; os animais já não sabem mais se ficam nas suas tocas, ou saem para caçar; as lavouras estão a perder-se... Tudo está tão confuso que resolvi arriscar este voo e perguntar-lhe qual é o problema?

O Sol percebendo a preocupação do Condor disse-lhe:

- Não sabia que estava causando tantos transtornos, confesso que me absorvi nos meus pensamentos, que não me dei conta do que estava a fazer. Posso tentar solucionar isto tudo, prometo tentar...

O Condor percebendo a dúvida que ficou nas palavras do Sol, ainda insistiu na mesma pergunta:

- Mas o que está a acontecer?

O Sol ainda encoberto, disse-lhe:

- Acho difícil alguém me ajudar... Muito difícil mesmo...
E já que está disposto a conversar, diga-me: você já amou alguém, Condor?

O Condor apoiou-se nas encostas de uma montanha, baixou a sua cabeça sem olhar para o abismo e respondeu:

- Sim, já amei... Amei uma linda ave, que não era um Condor...
Amei e sonhei... Muito...
E porque razão me pergunta isto?
Você que é o Sol! Que possui bem mais dotes do que eu, que possui o poder nas suas mãos…
Não é possível que não consiga conquistar o amor de sua amada. Qualquer dama se renderia à sua luminosidade, ao seu esplendor, ao seu magnetismo natural, ao seu calor...

E antes mesmo que o Condor continuasse o Sol o interrompeu dizendo:

- Qualquer uma, menos ela...

O Condor já intrigado com tanta curiosidade perguntou:

- Quem, Sol? Quem é ela? Que dama ofusca os seus olhos?

O Sol, então olhou para o infinito e disse-lhe com o semblante bem tristonho:

- A Lua... A Lua, amigo!

Neste instante o Condor, com respeito pelo Sol, interrompeu o seu sorriso e disse-lhe:

- A Lua? Como? Apaixonou-se por ela? Como é que isso aconteceu?

O Sol percebendo o espanto do Condor, respondeu-lhe:

- Aconteceu porque nos encontrámos por algumas vezes... por fracções de segundo em alguns lugares…..mas nos encontrámos!
Por que está surpreendido com isso?

O Condor percebendo que o Sol já se estava a exaltar tentou explicar:

- Por favor, amigo, não quero que fique assim comigo. Apenas estranhei a Lua ser sua amada...

- Estranhou como? Nunca perguntei quem você amou ...

O Condor então disse:

- Sim, você está certo... Desculpe-me. O que estranhei foi que você viu muito pouco desta bela criatura, para poder apaixonar-se por ela.

Neste instante o Sol então respondeu:

- Sim muito pouco... Muito pouco mesmo... Mas nestas poucas vezes, Vi dentro dos olhos dela.
Vi toda a beleza que ela trazia dentro de si, Vi o seu coração…
Senti-o bem próximo de mim.

O Condor, observou que o Sol lhe falava mas os seus olhos estavam fixos no infinito, procurando talvez os olhos da Lua.

Então disse-lhe: tenho que pensar numa maneira de o ajudar. E ajudando-o estarei sendo ajudado... não só eu, todo o planeta!

O Sol com mais emoção então perguntou:

- Como poderá ajudar-me?

- Devagar amigo! Primeiro preciso de encontrar alguns amigos de hábitos nocturnos e depois darei a resposta.

E o Condor saiu voando e em menos de 5 horas, quase à noitinha, apareceu junto à encosta de uma montanha onde o Sol já se reclinara para adormecer e disse-lhe:

- Veja amigo, o que trouxe … São vários amigos de hábitos nocturnos e todos eles estão dispostos a ajudá-lo se você continuar durante o dia no céu, mais forte do que nunca!
É esta a única condição imposta por eles para o ajudar.

O Sol intrigado com tantos animais ao seu redor, perguntou:

- Então digam, o que fariam?

Neste instante uma coruja com a fisionomia bem experiente e sábia, disse-lhe:

- Levaríamos à Lua os seus recados, as suas notícias... Tudo o que precisar.

O Sol neste momento bramiu com grande satisfação ao dito pela coruja.
E depois sorriu aliviado dizendo:

- Então digam-lhe o que nunca tive tempo para dizer… pois quando nos víamos, ficava tão preocupado pelo pouco tempo de encontro que me esquecia de lhe dizer...
Digam-lhe que a amo, que estarei sempre à espera de nos encontrarmos.
Que serei guardião do dia e ela será a guardiã da noite... E trabalhando juntos, os dias e noites se passarão sem erros e nos veremos novamente!
E quando nos encontrarmos novamente, a amarei mais e mais...
Nem que demore meio século para este encontro, mas a amarei.

Os animais emocionaram-se com a clareza e transparência do Sol. Agora sim, ele foi sincero no seu sentimento. Ele não o escondeu entre as nuvens escuras e não teve medo de falar do que sentia.

E a noite chegou.

A primeira a levar o recado foi a coruja. Do alto de uma árvore disse à Lua as palavras do Sol.

Naquela noite, uma chuva muito branda molhou a Terra.

Cada gota de água da chuva representava emoções e sensibilidade da Lua.
Cada gota de chuva representava lágrimas de amor da Lua. Lágrimas de esperanças, de satisfação.
Agora a Lua sabia que não estava só... E um dia se encontraria novamente com o Sol.
Nem que demorasse meio século, mas o encontraria na imensidão do tempo.


(Adaptado dum texto de Márcia Aparecida Silva Zauza)

sexta-feira, junho 2

Doce

Deixei a língua viajar...
..........................
cega...
Beijei o gatilho que dispara
O prazer supremo...

Direitos de autor

Ontem, na minha ronda pelas livrarias, vi e comprei um livro de versos. Trata-se de uma autora, ou autor, não sei bem porque o facto não me interessa, na medida em que eu gosto é de ler os versos, independentemente do sexo de quem os escreve.
Ora eu lia-os era no blog, portanto foi o blog que me deu a conhecer o autor/a e que me levou a comprar o livro. Isto significa que a referida pessoa beneficiou, através do blog, de publicidade gratuita.
Continuo a gostar de ler o poeta e não me anima qualquer má vontade contra o mesmo (vou passar a adoptar o sexo masculino ao referi-lo, apenas para simplificar) e a prova é que acabo de incluir o blog, que entretanto mudou de nome, nos n/links.

É óbvio que quem publica um livro beneficia e com toda a justiça, dos respectivos "direitos de autor". Não é isso que está em causa.
Julgo que os mesmos direitos, desde que haja uma inscrição prévia na SPA, são extensíveis aos blogs. Não tenho a certeza, mas admito que seja assim.

Mas ficam umas perguntas no ar, para as quais não tenho resposta e gostava que me esclarecessem:

- Até que ponto é legal que um autor dum blog possa fazer no mesmo propaganda da sua obra literária, inclusivamente publicando uma foto da capa do seu livro?

- A publicação eventual dum poema dum autor num outro blog, desde que se identifique o mesmo e, se possível, a obra de onde foi retirado, contribui ou não para o dar a conhecer?

Comunicação extremamente importante para todas as mulheres. Estas regras deverão ser comunicadas antes do Campeonato do Mundo (Junho/Julho 2006)

1. Do dia 9/6 até dia 9/7 2006, devem ler a secção desportiva dos jornais para se informarem do que se passa, caso contrario não poderão juntar-se às conversas. Caso não o façam, serão olhadas de uma forma negativa ou até mesmo completamente Ignoradas. NÃO SE QUEIXEM se não receberem qualquer tipo de atenção.

2. Durante o CAMPEONATO, a televisão é nossa, 24 horas, sem qualquer excepção. Se olharem mesmo de relance para o comando da TV, correm o risco de perder .... 1 olho.

3. Passar em frente à TV durante um jogo é permitido, desde que seja a rastejar pelo chão, sem causarem distracções. Caso pensem em se colocar nuas em frente à TV, seria melhor vestir qualquer coisa, pois caso apanhem uma constipação, não teremos tempo de as levar ao médico durante este período.

4. Durante os jogos, seremos cegos surdos e mudos, com excepção de vos pedirmos para nos chegarem uma cerveja fresca ou qualquer coisa para comer. Não pensem sequer que vos vamos ouvir, nem peçam para abrir a porta, atender o telefone ou ir buscar o bebé que caiu do berço. Isso não vai acontecer.

5. Seria uma boa ideia vocês guardarem 1 ou 2 dúzias de cervejas frescas em permanência e sempre qualquer coisa disponível para petiscar, e também uma cara sempre bem disposta para os amigos que venham cá a casa ver os jogos. Em troca, poderão usar a TV entre a meia-noite e as 6 da manhã, salvo se retransmitirem algum jogo durante esse período.

6. POR FAVOR, caso nos vejam de trombas porque a selecção está a perder (improvável) NUNCA digam, "deixa lá, ganham para a próxima". Correm sérios riscos. Palavras de encorajamento nesta altura são contraproducentes.

7. São sempre bem vindas para se sentarem ao nosso lado durante UM jogo e para falarem connosco durante os intervalos, mas apensas durante os anúncios e apenas se o resultado nos agradar. Atenção que dissemos UM jogoe assim sendo não usem a desculpa do Campeonato, para passarmos algum tempo de qualidade juntos.

8. Ao contrário do que julgam, as repetições dos golos SÃO muito importantes. Não interessa se os vimos ou não vimos. Queremos vê-los outra vez e de preferência muitas vezes.

9. Seria de toda a conveniência as Amigas não terem filhos durante este tempo ou não agendarem qualquer evento social durante este período, porque:
a ) não poderemos ir
b ) não iremos e
c ) não vamos .
MAS caso o marido dessa amiga nos convide a ir assistir a um jogo lá em casa, é como se já lá estivéssemos.

10. As reportagens, debates e entrevistas durante o Campeonato, são tãoimportantes como o jogo em si. Não pensem sequer em dizer " já não viste esta por### , porque não mudas de canal para vermos qualquer coisa. Todos juntos?"
A resposta será: Por favor ver a regra número 2 desta lista.

11. Por favor não digam a frase " Graças a Deus o campeonato só é de 4 em 4 anos ".
Somos imunes a este tipo de pressões. Não se esqueçam que temos o Campeonato Nacional, a Taça, a Liga dos Campeões, a UEFA, o Chelsea do Mourinho, a Liga Espanhola, a Italiana, etc...

12. Será oportunamente comunicado se estas regras serão aplicáveis a outras competições e modalidades.

Antecipadamente gratos pela vossa colaboração.

Com os melhores cumprimentos,
Homens do Mundo.

(recebido por Email)

NOTA

Talvez seja uma boa oportunidade para quem detesta futebol …

quinta-feira, junho 1

01 de Junho - Dia mundial da criança


Ser criança é ...

"Ser criança é brincar de pique-esconde,
É olhar com outros olhos o horizonte,
Ser criança é tomar sorvete,
É se perder que nem alfinete.

Ser criança é chupar chiclete,
Ser criança é querer ser chacrete,
Ser criança é ser uma confidente,
Pois criança vira tudo e fica igual a gente.

Ser criança é imaginar,
Flutuar e pensar,
Mais do que nunca,
Ser criança é criar.

Ser criança é mergulhar no fundo do mar,
Ser criança é sorrir e chorar,
Ser criança é mais que amar,
Ser criança é te alegrar.

Ser criança é quebrar o nariz,
Ser criança é virar atriz,
Ser criança é ser
FELIZ!"

Versos de: Juliana Cavalcanti Royo (Rio de Janeiro)
Foto de Peter

Um copo de água com sabor a desejo

Depois da minha visita aos livros da FNAC, onde sinto o prazer quase sensual de lhe mexer, de os folhear, de sentir o seu cheiro e com passagem obrigatória pelos CDs e DVDs, normalmente mais para ver que comprar, subo ao 2º andar onde vou beber um bom café, pois locais não faltam por lá. Claro que não vou dizer o nome do estabelecimento, até porque não quero ser acusado de estar a fazer publicidade, mas quem é frequentador assíduo do local sabe bem a qual me refiro.

Costumo ficar sentado numa mesa no recanto duma janela, pois tem a dupla vantagem de ver a rua e o interior do café. Gosto de observar as pessoas que entram e saem, que se sentam e por ali ficam e de ficar conjecturando sobre elas, tecendo histórias.

Um casal que entrou chamou-me a atenção: ele mais alto que ela, eram novos, mas não jovens. Deviam ser frequentadores habituais e, por isso, sabiam para onde se dirigir, pois manifestaram um ar de desagrado quando viram o local ocupado e tiveram que se sentar nas proximidades.
Mantendo uma certa discrição (contenção?) tinham todo o ar de se tratar dum casal apaixonado e como Cupido, ou Eros, ou os dois, têm prazer em proteger os enamorados, a tal mesa de canto vagou e eles distanciaram-se um pouco do meu campo de visão, mas não o suficiente que não me impedisse de os continuar a observar.
Ele mais ousado, prodigalizava-lhe atenções, enquanto ela aparentava mais recato, o que não impedia que o continuasse a devorar com os olhos.

Ela bebeu uma bica, a especial da casa, sem açúcar e muito curta. Ele optou por uma água mineral fresca e sem gás.

Por ali continuaram conversando numa doce intimidade. Ela bebeu o café e começou beberricando a água do copo dele, marcas de lábios, sobrepondo-se a marcas de lábios no vidro do copo:

um copo de água com sabor a desejo.

Levantaram-se e ele pegou-lhe na mão e partiram, possivelmente para se amarem perdidamente.