Um copo de água com sabor a desejo
Depois da minha visita aos livros da FNAC, onde sinto o prazer quase sensual de lhe mexer, de os folhear, de sentir o seu cheiro e com passagem obrigatória pelos CDs e DVDs, normalmente mais para ver que comprar, subo ao 2º andar onde vou beber um bom café, pois locais não faltam por lá. Claro que não vou dizer o nome do estabelecimento, até porque não quero ser acusado de estar a fazer publicidade, mas quem é frequentador assíduo do local sabe bem a qual me refiro.
Costumo ficar sentado numa mesa no recanto duma janela, pois tem a dupla vantagem de ver a rua e o interior do café. Gosto de observar as pessoas que entram e saem, que se sentam e por ali ficam e de ficar conjecturando sobre elas, tecendo histórias.
Um casal que entrou chamou-me a atenção: ele mais alto que ela, eram novos, mas não jovens. Deviam ser frequentadores habituais e, por isso, sabiam para onde se dirigir, pois manifestaram um ar de desagrado quando viram o local ocupado e tiveram que se sentar nas proximidades.
Mantendo uma certa discrição (contenção?) tinham todo o ar de se tratar dum casal apaixonado e como Cupido, ou Eros, ou os dois, têm prazer em proteger os enamorados, a tal mesa de canto vagou e eles distanciaram-se um pouco do meu campo de visão, mas não o suficiente que não me impedisse de os continuar a observar.
Ele mais ousado, prodigalizava-lhe atenções, enquanto ela aparentava mais recato, o que não impedia que o continuasse a devorar com os olhos.
Ela bebeu uma bica, a especial da casa, sem açúcar e muito curta. Ele optou por uma água mineral fresca e sem gás.
Por ali continuaram conversando numa doce intimidade. Ela bebeu o café e começou beberricando a água do copo dele, marcas de lábios, sobrepondo-se a marcas de lábios no vidro do copo:
um copo de água com sabor a desejo.
Levantaram-se e ele pegou-lhe na mão e partiram, possivelmente para se amarem perdidamente.
10 Comentários:
Que bonita descrição, quase que me senti presente nesse quadro voyeurista, com o cheiro do café no ar...
"pdivulg", obrigado pela visita.
Não me entendo com o sistema de comentários no teu blog. Acabei por escrevê-lo em duplicado ...
Olá, passei por aqui e fiquei emocionado com o teu blog, está lindo, espero que me venhas visitar atravessando o oceano, prometo um mergulho ou uma viagem de vela em mar muito clamo, sem tormento no meu: oceanosemfim.blogs.sapo.pt.
Se te quizeres adicionar-te ao meu messenger da hotmail, poderás fazê-lo através do seguinte endereço: antoniopiressoares@hotmail.com.
Fico à espera ou que pelo menos me visites e deixes uma pequena gota de água no meu oceano, é que é tão vasto mas tem tanto poucas lenbranças, é pena, porque nele trás poesia, coisas lindas. Aqui é sempre verão por isso depois poderás saborear o cheiro que nele trás, sentada na areia molhada e talvez pensar, ou meditar.
Fica bem.
Tchauxau
António do oceanosemfim.blogs.sapo.pt.
Provavelmente amam-se perdidamente! Bonito viver assim!
Passei por cá para te agradecer a tua visita ao meu blog no dia do meu aniversário.
Eu deixei um agradecimento público no dia seguinte, mencionando o nome de todos.
Mais uma vez obrigada. Tive um dia muito agradável!
Um abraço
Marta
Mas que imaginação, um copo de água servir de fonte dos amores, só faltava atirarem uma moeda para dentro.
Um abraço. Augusto
"augustom"
"Ela bebeu o café e começou beberricando a água do copo dele, marcas de lábios, sobrepondo-se a marcas de lábios no vidro do copo:
um copo de água com sabor a desejo."
Não é "imaginação", é "amor".
"marta"
Provavelmente, ou será imaginação do escritor.
Ainda bem que tiveste um dia muito agradável.
"antonio soares", obrigado pela visita e pelas palavras amáveis.
Estive no teu blog, mas só lá vi o artigo: "O coração triunfará!", que é difícil de ler devido a estar escrito em letras azuis muito claras, sobre fundo branco.
Por absoluta falta de tempo, não costumo frequentar o MSN do Hotmail.
Abraço
Peter eles já se amam perdidamente!
Adorei esta crónica quotidiana do desejo que avistaste nos lábios sobre lábios num copo de água.
Beijo
"papoila", às vezes sai algo que me dá prazer escrever.
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