A vaca e o poema
O que é que a vaca tem a ver com o poema?
- Nada e tudo …
Falo-te de um país distante
falo-te do fundo de uma garganta…
onde o meu elevador de palavras se move
Sobe-me à boca energia eléctrica e picante
para esmagar cachos de uvas que a extingam
Falo-te desde um corpo de imensos mecanismos alegres
somente um modo de dizer que existo
Falo-te da noite de cujo xisto és o pau de giz
falo-te do convés de uma noite de fósforos rápidos
e a minha bagagem
é a própria viagem
Falo-te do interior de uma melancia
falo-te do papo de uma bactéria
e lá fora
surdamente
a realidade
Falo-te de um sonho relvado, vigoroso como um puxão de orelhas
arrasto-me pelos cabelos até à veiga acesa onde te posso falar
falo-te pelos dedos vidas a fio
com uma obstinação de martelo no prego em basalto forte
até ao último fósforo sacudir a tua figura no escuro
Falo-te de um país distante
falo-te de onde me faltas
com ervas baixas por fora
e por dentro
muito altas.
(Versos de A.M.F. e foto de Peter)
12 Comentários:
Gostei da foto da vaca:))))
"blue", agora compreendo porque as novas músicas não saiem: estão congeladas.
Por Lisboa a temperatura neste momento 10h já vai nos trinta e tal graus. Estou à espera de resolver uns assuntos para emigrar para o Sul.
A tua pergunta tem mesmo razão de ser, então eu que não gosto da cidade.
Bom Domingo.
"Wind" gostaste? Lá terei eu que correr atrás das vacas.
Mas o mais importante do artigo são os versos de A.M.F escritos propositadamente para a vaquinha.
Bom Domingo.
A foto está um show eheh:)
os versos estão magnificos. parabéns :)
beijinhos,
Lúcia*
A foto desta vaca está uma maravilha e conjuga na perfeição com o poema.
Beijo
Olá!
Ainda não assimilei completamente (longe disso) essa de encherem Lisboa de vacas postiças.
Enfim...como diria o outro:
"Vacas há muitas!"
Obrigado pela visita ao meu rancho, que por acaso não é no Texas e, portanto, tem boa vizinhança.
Abraço
Estas vaquitas estão um espanto. Esta não a vi ao vivo, mas elas são tantas ...
O poema tb está óptimo.
Beijos.
Olá Peter.
A vaca é bonita, o poema é belíssimo; a vaca transmite a ideia de poesia, o poema mostra a intensidade dum sentir do poeta.
Adorei, Peter, e assim uma forma poética passeia pela calçada de Lisboa. Longa vida à Poesia e a todas as formas que a fazem renascer.
Bjinhos e uma flor
Falo-te
de
um País de Sol,
de
marés vivas
de azul
cor do Céu.
Falo-te
de um País de
contradições
crescente
decrescente
de multidões
onde o pão
não falta à mesa
e a carne não existe
porque se passeia
pelas ruas
asfaltadas
de uma
cidade
que por acaso
é a minha Lisboa...
Falo-te
de sonhos
aspirações
emprego
desemprego
Pib
petróleo
multibanco
créditos
e descréditos
mas...
as Vacas
exibem-se
floridas
intocáveis
como
qualquer uma vaca
da longínqua
Índia...
Falo-te...
porque as
vacas
não me ouvem...
Bem... desculpa lá este extenso comentário! Para o que me havia de dar!
Bjito ;)
"amita" o elemento nuclear é o poema, a vaca permite, como dizes, que "uma forma poética passei(e) pela calçada de Lisboa".
Boa semana, com menos trabalho, pois está muito calor para o fazer.
"uma
cidade
que por acaso
é a minha Lisboa..."
"Surprise", julgava seres uma "portista a 100%".
Fizeste muito bem em publicares os versos no comentário. Espero que não te arrependas e que o voltes a fazer.
"País de
contradições"
mas que é o nosso e por isso temos de lutar por ele e não baixar os braços com desalento.
...há vacas que gostam de dar nas vistas...
FORÇ'AÍ!
js de http://politicatsf.blogs.sapo.pt e...
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