A inefável pluma do pavão
Nunca gostei muito de pavões, embora reconheça que são aves bonitas à vista, sobretudo quando rodam com a cauda aberta em leque e com a proa - ou a popa- levantada. Até se entende que aquela linda pluma seja atraente nas suas tonalidades verdes, azuis, violetas, douradas.
Havia muitos pavões espalhados pelos jardins da cidade, se bem que hoje em dia seja raro encontrá-los por aí, preferindo antes pavonear-se por outros sítios onde continuam a arquear a crista em movimentos ondulantes de imperial e olímpica sedução.
São a nova estirpe de pavões urbanos, exemplares omniscientes de sabedoria de cordel, atada com laços de papel fino e guardiões de verdades esverdeadas de crista emplumada.Estes novos exemplares do antigo e honesto pavão enchem o peito e vão em frente. Ao menos, se baterem de frente, batem orgulhosos de si mesmos.
O pavão mostra-se ao som de suaves melodias, geralmente do género do "trust me" de Janis Joplin (antes isso..), orgulhoso da sua suprema sabedoria, defensor de fracos e oprimidos, de poetas entumescidos no seu umbigo resplandecente, de pavoas exauridas de tanto, mas de tanto amor.
"Um homem sem penas nunca voará", como disse um célebre sábio medieval antes de se atirar de um campanário, coberto de plumas de pavão.
Estatelou-se.
Mas a estes pavões modernos basta encontrarem a felicidade no parapeito, passeando à beira do precipício e colhendo florzinhas amarelas.
Posso estar a divagar, posso estar errado, e se calhar vou até perguntar a opinião do meu colega de blog. A sério que vou...
E também tenho “penas”, em especial a de não poder continuar esta agradável conversa, mas as palavras vão estimular a imaginação do leitor.
Por último, qualquer semelhança com o perfil de algum dos leitores possíveis desta prosa (se por acaso os houver …) é simplesmente uma mera coincidência.
12 Comentários:
a simplicidade só é atingida depois de um complexo caminho que nos exige elevação de espírito e crescente ausência de ufana arrogância!
Pois é, tens razão: "não há bela sem senão"... No caso dos pavões são as pernas. Ou melhor, os pés de barro! Apreciei muito o texto. Muito bem escrito. Abraços
Apenas agora deu por conta da tua referência elogiosa ao "Herético". Venho agradecer-te. Obrigado
"herético", não tens nada que agradecer.
O texto é do melhor que tenho visto por aí.
Bonito - como dizes "pobre do antigo e honesto pavão". Nem passear sossegado pode!
Gostei, Peter.
Tem um bom dia.
Um abraço
Marta
"joaquim amândio santos", voltei ao "nevoeiro", mas já o tinha comentado.
Sábias as tuas palavras: o que se necessita é "elevação de espírito e crescente ausência de ufana arrogância!"
Olá Marta! Já tínhamos estranhado a tua ausência.
Um bom dia para ti*
Olá Peter
Nesta questão de "pavões" tens muita razão.
É como os chapéus!(famosa frase de Vasco Santana)
Pavões há muitos!!!
Mas a ave é belíssima - e o resto? apenas "chapéus"!!!
Beijinhos
Interessante a analogia.Apetece-me dizer que,convertida a humana gente em passarada,até os pardais invejam no pavão as penas que não têm.
Gostei muito do visual deste blog - calhou bem o background.
Olá, Peter tive que deslinder o mistério do cheque, a ficha de inscrição para o meu exame de Francês não terem chegado ao destino e por isso, não estavam a contar comigo!
Felizmente consegui resolver o assunto e por isso, no dia 29 lá estarei em Coimbra a "suar" durante 4 horas (9h - 13h).
Também organizei o meu tempo doutra maneira e por isso, vou visitar o "Conversas" mais vezes.
Abraço
Marta
Meu Caro Peter*, como sabe, eu, ultimamente, nao ando com muitas razoes para rir ou "sorrir agradada"; mas...fui deixando florir o sorriso e no ultimo paragrafo, SORRI ABERTAMENTE!!!........
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Contudo,"salvem-se os REAIS PAVOES", porque, Seu LEQUE DE PENAS E' MARAVILHOSO!
_Os "imitadores de pavao", e' que podem esconder a cabeca debaixo das penas, quando abrem, ufanamente, um "falso leque"_!!!!
E...parafraseando *betty branco martins*:
"Pavões há muitos!!!
Mas a ave é belíssima - e o resto? apenas "chapéus"!!!"
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Fica meu pobre, mas amigo abraco!
Heloisa.
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bora aí abrir as penas...
abraço Peter.
ah e como vês foi mesmo um lapso dos que acontecem todos os dias.
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