terça-feira, outubro 18

Existimos?

“Poucas pessoas pensantes não se terão perguntado em determinado momento das suas vidas se toda esta existência não poderia ser um mero fantasma, uma ilusão. Dada a natureza frágil e distorcida das nossas percepções, como nos poderemos convencer a nós próprios de que haja algo de sólido lá fora, um mundo, um universo, que actue como pano de fundo do nosso drama mental?
Quanto mais dissecamos este mundo, estes átomos, mais descobrimos que esta aparente solidez é uma quimera.
A mesa sobre a qual escrevo é um entrelaçado tremeluzente de núcleos atómicos através dos quais flui um rio de electrões, um vácuo permeado unicamente por campos de forças inimaginavelmente fortes. Os electrões e outras partículas atómicas, que se considera formarem a base de sustentação da nossa existência, acabam por ser meras aparições probabilísticas, capazes de estar em toda a parte e em parte alguma, atingindo uma identidade definida apenas quando nós, o observador, efectuamos uma medição.”

(Michael Rowan – Robinson,”Os nove números do Cosmos”)

Porquê esta citação?

Porque no número da revista “Science & Vie” deste mês vem um extraordinário artigo que eu estou procurando ler e assimilar, mas falta-me o tempo, a concentração e o saber:

“LE MONDE EXISTE-T-IL VRAIMENT?

- De plus en plus de PHYSICIENS en doutent.
- Et si tout n’était qu’une HALLUCINATION ?
- TEMPS, ESPACE … des notions à réinventer.”

Indispensável para quem se interessa por estes assuntos (e ainda há bastantes leitores aqui no blog).

Cinquenta dos melhores especialistas mundiais em leis que se ocupam do comportamento da matéria à escala microscópica, reuniram-se em Agosto, na Universidade de Constança, na Alemanha. A ideia base, já fora prevista por Einstein:

“O Espaço e o Tempo, são os modos pelos quais nós pensamos e não as condições em que vivemos”

E por Niels Bohr:

“ A finalidade da física não é descobrir o que é a Natureza, mas sim aquilo que podemos dizer sobre ela”

Da reunião saiu a necessidade de mudar a finalidade da Física, na qual a “informação” passa a assumir papel fundamental. A Teoria Quântica não fala da matéria, mas sim do que se sabe sobre ela. A “nova” Física deverá estudar tudo a partir da noção de “informação”, ao ponto da necessidade de ter de se redefinir: tempo, espaço e matéria. Tudo parece poder ser explicado se a realidade quântica não for mais que uma “alucinação”. Os objectos: electrões, átomos, moléculas … ou pedras, são representados por um conceito algébrico muito complexo (um vector de estado num espaço de Hilbert) muito diferente das ondas e partículas com que temos lidado.

Descrever as trocas de “informação”, entendida como o conjunto de símbolos elementares que devem ser reproduzidos para que uma comunicação (qualquer comunicação) seja considerada realizada com sucesso, deverá ser a nova e única finalidade desta “Nova Física”.

Estava a pensar no “Matrix” …

12 Comentários:

Às 18 outubro, 2005 01:02 , Blogger Peter disse...

Sim.Que se passa?

 
Às 18 outubro, 2005 01:11 , Blogger Peter disse...

lazuli,vou deitar-me, sem dúvidas existenciais, depois de ler o teu blog e de ouvir o tango.

 
Às 18 outubro, 2005 11:20 , Blogger Peter disse...

bluegift,tens facilidade aí em comprar a revista e ler o artigo.

É isso mesmo:

- Quer se trate de transferências de calor, da geometria do Espaço e do Tempo, ou do comportamento da matéria, a Física não nos fala da "realidade", relativa como tu dizes, pois depende de quem a observa (ET, Homem ou animal ...), mas das "informações" que dela poderemos extrair.

 
Às 18 outubro, 2005 13:09 , Blogger Menina Marota disse...

Tenho que confessar: sou um ser terra a terra. Palpável, discutível, racional.

Acredito que existo, porque me vejo, sinto o meu corpo, sinto o meu coração bater.

Olho o Universo e, por vezes (poucas, presentemente) pergunto-me: - Mas afinal, quem fez isto) Quem foi o primeiro?
E, não me venham com a teoria do Adão, porque então ele foi muito infiel à Eva, para ter tantos filhos em locais tão diferentes!
Eu sou realista e, acredito naquilo que vejo e naquilo que sou.

O que quer dizer que acredito que existo. Agora. Daqui a um minuto não sei...

E, sou egoista.

Confesso.

Estou mais interessada, em saber que existo fisicamente, aqui e agora, do que em átomos e electrões...


Mas gostei do teu texto. Foi um acréscimo ao meu pensamento.

Um abraço e boa semana :)

 
Às 18 outubro, 2005 13:54 , Blogger augustoM disse...

Há coisas muito interessantes, tenho um texto escrito para publicar, que se chama "O espaço e o tempo", quando sair aviso-te. Não sei há quanto tempo visitas o meu blog, mas tenho diversos textos publicados sobre o assunto, mais concretamente no problema da criação.
A nossa existência é aquela que os nossos sentidos querem que seja. Existir na inexistência. A criação é uma das limitações do homem.
Estes são de base os meus temas favoritos, aos quais dedico a maior parte dos meus estudos.
Um beijo. Augusto

 
Às 18 outubro, 2005 14:13 , Blogger Peter disse...

bluegift, está certo, até porque me recorda as minhas tremendas limitações. O teu comentário fez-me lembrar a história dos cegos e do elefante: cada cego apenas podia palpar parte do animal e, consequentemente, as descrições que faziam do mesmo eram completamente díspares.

Mas esse grupo de de filósofos e cientistas, dos mais diversos países e todos altamente credenciados, partem duma ideia extremamente arrojada em que é a própria definição de Física, tal como a conhecemos, que está em causa:

" o mundo que ela descreve pode não ser mais que uma gigantesca alucinação"

 
Às 18 outubro, 2005 14:25 , Blogger Peter disse...

menina_marota, muitos dos átomos de elementos que constituem o n/corpo são provenientes de explosões estrelares e, por isso, todos somos feitos de poeira de estrelas.

Nós os humanos, sentimo-nos bem tal como somos e ainda bem. Tal não obsta a que, no campo do saber, procuremos ir sempre mais além.

 
Às 18 outubro, 2005 14:26 , Blogger Peter disse...

yatashi, obrigado. És sempre amável. Tenho visto as fotos que tens publicado no teu blog.

 
Às 18 outubro, 2005 14:45 , Blogger Peter disse...

augustom:
“Life is a fascinating thing. We can all recognise it but we cannot define it. It is the most elusive natural property known to science and no definition adequately captures its essence.”

Penso (mas quem sou eu para me pronunciar sobre o assunto?) que a VIDA é a centelha que faz a transição do pré-biótico para o biótico, tal como no universo primevo uma partícula a mais (porquê?) de matéria sobre a anti-matéria, permitiu a prevalência daquela e eu estar a escrever aqui este comentário.

 
Às 18 outubro, 2005 17:08 , Blogger Peter disse...

bluegift

N° 1057 Octobre 2005 : "Le monde existe-t-il vraiment ?"
Là encore c'est alléchant, presque 'racolleur'... chaque fois que le titre de la couverture pose une question, c'est l'impression que ça donne en lisant les articles qui y sont consacrés.

Evidemment, les ventes d'un magazine scientifique ne se portent peut-être pas aussi bien que les ventes de magazines réellement racolleurs comme ceux qui traitent de la vie privée des stars, la Science intéressant moins la majorité des Francophones que la petite culotte de Britney Spears...
Il faut donc chaque fois attirer l'oeil, la curiosité (et d'autres magazines 'sérieux' utilisent également cette technique, même d'autres magazines scientifiques, je parle de S & V en particulier car c'est le thème de ta question).

 
Às 18 outubro, 2005 17:21 , Blogger Peter disse...

bluegift, coloquei o blog Futura_Sciences nos n/links.

 
Às 22 outubro, 2005 19:51 , Blogger Peter disse...

bluegift e ainda:

"O Universo é um holograma? - Informação pode estruturar matéria e energia", in "Scientific American", Setembro de 2003, ed Brasil.

 

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