Com as devidas desculpas ao Peter, por estar a publicar por cima dele, até achei que os posts se poderiam complementar...
Ao fim da tarde fui ver este blogue e constatei isto:
http://emalmada.blogspot.com/Almada está numa espécie de pé de guerra, passe o exagero óbvio.
Desde que as obras de MST que habitantes e, sobretudo, comerciantes de Almada vêm protestando.
Os motivos são diversos e diversificados.
Por um lado, porque as apresentações do projecto tiveram sempre, a acreditar nas pessoas que presenciaram, a componente do “já está, fazemos isto só porque sim” e nunca uma verdadeira aferição das expectativas da população.
Eu acredito. Noutras matérias é assim que funciona.
Por outro lado há quem acredite que as reabilitações urbanas se fazem sem obras e sem esforço colectivo.
São duas questões distintas e que podem ser avaliadas individualmente.
Mas o que se passa com os comerciantes é diferente.
Almada é, como cidade, um espaço visivelmente vazio, oco.
A alma de qualquer cidade é as suas pessoas e é para elas que se fazem coisas.
Obras, cultura, desporto, etc.
Quando estas iniciativas – e podem ser todas elas meritórias – apenas, ou sobretudo, têm a característica de propaganda, a sua credibilidade e/ou legitimidade perde-se instantaneamente.
O caso dos comerciantes, que tomou proporções inéditas, é paradigmático de um estado de espírito contestatário e que trará as suas consequências para este poder.
Nunca, em Almada, se viu, como agora a materialização de um desejo de atenção sobre o tecido económico da cidade.
É claro que podemos apontar o dedo aos comerciantes. Até há pouco tempo, ninguém investia em modernização.
Apenas se limitavam a esperar que os clientes entrassem e consumissem.
Com o Fórum Almada, assistiu-se ao movimento lógico dos clientes que procuram produtos mais baratos e mais diversificados.
O comércio local não soube acompanhar esse movimento.
Mas é verdade que não basta a Câmara pseudo-criar um pseudo-centro comercial no centro da cidade.
Atrair as pessoas para o espaço urbano implica um investimento sério da autarquia, em conjunto com os agentes económicos, de modo a que este espaço seja reclassificado e repovoado.
Não basta colocar um eléctrico na via principal da cidade sem que hajam espaços de estacionamento onde as viaturas possam ficar enquanto as pessoas se deslocam à cidade.
E será que o tecido económico é interessante?
Serão as lojas chinesas, que proliferam por todo o lado, mais as lojas de conveniência, que vão desenvolver a economia das cidades?
Serão os projectos megalómanos de uma cidade junto ao rio, cuja construção está prevista para dentro de 20 ou 30 anos, que vão agarrar as pessoas?
E os museus fechados ou com conteúdos desinteressantes?
E os eventos interessantes de que ninguém ouve falar?
Etc.…
O espaço público não se resume a masturbações com MST, centros comerciais urbanos que pouco oferecem e projectos de longo prazo.
As pessoas, necessitam de sentir que são intervenientes na sua cidade. Precisam de se sentir ouvidas, amadas e estimadas.
Em Almada poucos sentem isso.
CMA é já sinónimo de comércio mal apoiado.
E com eles todos os que aqui habitam.
E na vossa cidade? Como se sentem vocês?
(Fotos: Ant)