terça-feira, maio 19

Uma cidade à beira de um ataque de nervos

Com as devidas desculpas ao Peter, por estar a publicar por cima dele, até achei que os posts se poderiam complementar...

Ao fim da tarde fui ver este blogue e constatei isto:

http://emalmada.blogspot.com/


Almada está numa espécie de pé de guerra, passe o exagero óbvio.

Desde que as obras de MST que habitantes e, sobretudo, comerciantes de Almada vêm protestando.
Os motivos são diversos e diversificados.

Por um lado, porque as apresentações do projecto tiveram sempre, a acreditar nas pessoas que presenciaram, a componente do “já está, fazemos isto só porque sim” e nunca uma verdadeira aferição das expectativas da população.
Eu acredito. Noutras matérias é assim que funciona.

Por outro lado há quem acredite que as reabilitações urbanas se fazem sem obras e sem esforço colectivo.
São duas questões distintas e que podem ser avaliadas individualmente.

Mas o que se passa com os comerciantes é diferente.

Almada é, como cidade, um espaço visivelmente vazio, oco.

A alma de qualquer cidade é as suas pessoas e é para elas que se fazem coisas.
Obras, cultura, desporto, etc.
Quando estas iniciativas – e podem ser todas elas meritórias – apenas, ou sobretudo, têm a característica de propaganda, a sua credibilidade e/ou legitimidade perde-se instantaneamente.

O caso dos comerciantes, que tomou proporções inéditas, é paradigmático de um estado de espírito contestatário e que trará as suas consequências para este poder.
Nunca, em Almada, se viu, como agora a materialização de um desejo de atenção sobre o tecido económico da cidade.

É claro que podemos apontar o dedo aos comerciantes. Até há pouco tempo, ninguém investia em modernização.
Apenas se limitavam a esperar que os clientes entrassem e consumissem.
Com o Fórum Almada, assistiu-se ao movimento lógico dos clientes que procuram produtos mais baratos e mais diversificados.
O comércio local não soube acompanhar esse movimento.

Mas é verdade que não basta a Câmara pseudo-criar um pseudo-centro comercial no centro da cidade.
Atrair as pessoas para o espaço urbano implica um investimento sério da autarquia, em conjunto com os agentes económicos, de modo a que este espaço seja reclassificado e repovoado.

Não basta colocar um eléctrico na via principal da cidade sem que hajam espaços de estacionamento onde as viaturas possam ficar enquanto as pessoas se deslocam à cidade.
E será que o tecido económico é interessante?
Serão as lojas chinesas, que proliferam por todo o lado, mais as lojas de conveniência, que vão desenvolver a economia das cidades?
Serão os projectos megalómanos de uma cidade junto ao rio, cuja construção está prevista para dentro de 20 ou 30 anos, que vão agarrar as pessoas?


E os museus fechados ou com conteúdos desinteressantes?
E os eventos interessantes de que ninguém ouve falar?
Etc.…

O espaço público não se resume a masturbações com MST, centros comerciais urbanos que pouco oferecem e projectos de longo prazo.
As pessoas, necessitam de sentir que são intervenientes na sua cidade. Precisam de se sentir ouvidas, amadas e estimadas.

Em Almada poucos sentem isso.
CMA é já sinónimo de comércio mal apoiado.
E com eles todos os que aqui habitam.

E na vossa cidade? Como se sentem vocês?


(Fotos: Ant)

5 Comentários:

Às 19 maio, 2009 12:50 , Blogger Peter disse...

"Não basta colocar um eléctrico na via principal da cidade sem que haja espaços de estacionamento onde as viaturas possam ficar enquanto as pessoas se deslocam à cidade."

É por isso que nunca mais lá fui, embora tendo lá um familiar.

 
Às 19 maio, 2009 12:52 , Blogger vbm disse...

Almada pode estar desarrumada,
mas tenho uma recordação agradável
da cidade, de um tempo em que trabalhei lá.

Há um não sei bem o quê nos prédios
que me fazia lembrar Maputo...
para mim, alvitrei dever-se
ao facto de

possivelmente
terem sido
os mesmos anos 50 e 60,

os da construção de ambas
as cidades, revelando
assim um mesmo estilo.
...

 
Às 19 maio, 2009 14:05 , Blogger Ant disse...

peter, o familiar não compensa?

vbm, almada não está desarrumada, o que não tem é carácter

 
Às 19 maio, 2009 20:01 , Blogger vbm disse...

Tem algum!

Cacilhas tem.
A avenida principal, também.
A zona da Lisnave, tem carácter.

As pessoas têm limitações
mas são estimáveis,
àparte os inevitáveis vígaros, habituais! :)

Também a zona ribeirinha,
para lá de Cacilhas
e o bairro antigo,
do António Prior do Crato,
são impressivos e belos.

Eu gosto de Almada.

 
Às 24 maio, 2009 21:05 , Anonymous Anónimo disse...

Eu gosto de Almada também
tenho saudades da sala de cinema da academia
incomoda-me o monstro a cheirar a comida que impera no jardim do castelo
não percebo o metro ainda que só a um metro do futuro

nunca vivi em Almada mas por algum motivo é a minha terra

tem qualquer coisa

 

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