terça-feira, maio 5

Inquérito ao emprego

O Instituto Nacional de Estatística (INE) enquanto órgão central do Serviço Estatístico Nacional está realizando o Inquérito ao Emprego, correspondente ao 2º Trimestre de 2009, à semelhança do que se faz em todos os países da União Europeia e tem como principal objectivo caracterizar a situação laboral da população.



Este inquérito é feito trimestralmente entre nós a uma amostra de famílias representativa do conjunto. Nos termos da Lei nº 22/2008, de 13 de Maio e do DL 166/2007, de 3 de Maio, é obrigatório o fornecimento da informação solicitada. Para o efeito, é seleccionado aleatoriamente um conjunto de alojamentos.

O indivíduo e a respectiva família são contactados por um entrevistador do INE, com o apoio de um computador portátil (Magalhães?), sendo a primeira entrevista completa e as seguintes (total de seis trimestres consecutivos) de actualização da informação.

Quer-me parecer que, uma vez que se trata de inquérito ao emprego, a selecção aleatória deveria ser feita não entre alojamentos, mas sim entre indivíduos a quem é pago o “Subsídio de desemprego”, elementos que o Minist. das Finanças deverá estar em condições de fornecer.

Talvez eu esteja a ver mal o problema, mas o que é que interessa para o efeito, estar a entrevistar pessoas idosas, principalmente senhoras, que nunca tiveram emprego, por serem consideradas “domésticas” e indivíduos reformados?

Ou então não lhe chamem “Inquérito ao emprego”.

15 Comentários:

Às 05 maio, 2009 03:06 , Anonymous Anónimo disse...

Neste aspecto, as estatísticas não me convencem. Mesmo restringindo os casos, como diz, aos que recebem subsídio de desemprego.

Há muita gente sem trabalho, e que não pode recorrer ao subsídio de desemprego, pela simples razão de nunca ter reunido as condições para o receber.

Ou seja, trabalho aqui, trabalho ali, biscates, etc, mas não um "emprego" no conceito técnico.E por nunca terem tido um "emprego", nada de subsídios.

E esses, são aos milhares. E não são contabilizados.

E imagine aqueles, principalmente os jovens, que nunca trabalharam, ou o fizeram por tempo curto? Apesar de o quererem fazer por maior período?

Nenhuma dessas pessoas entra nas estatísticas.

Por isso, na minha opinião, os ditos desempregados são muito mais do que se imagina.

Não há subsídio que lhes valha

Cumprimentos

 
Às 05 maio, 2009 09:38 , Blogger Peter disse...

Anónimo

Tem toda a razão e tenho conhecimento de muitos desses casos. Simplesmente não quiz tornar o "post" demasiado extenso e apenas salientei o que me parece ser incongruência em fazer uma amostragem por moradas, em vez de o fazerem por indivíduos.

Cumprimentos

 
Às 05 maio, 2009 12:05 , Blogger vbm disse...

Bem... pode ser que vocês tenham razão, mas proponho-me não vo-la dar. Imagino assim: um inquérito ao emprego é uma ferramenta para caracterizar a situação dos que, justamente, estão empregados. Não é um inquérito ao desemprego! E a descrição dessa situação é lógico que se faça por amostragem aleatória de alojamentos. De facto, a sociedade civil, a que paga impostos, isto é, a empregada, aloja-se à noite em casa e só durante o dia nos locais de trabalho. Ora, o inquérito, até por prolongado no tempo, averiguará as condições de existência dos empregados e seus dependentes; em que indústria, agricultura ou ramo de serviços trabalha, quanto recebe, quem sustenta, etc. Para o Estado, - isto é, aquela entidade que tem uma polícia para impor a ordem, um exército para colaborar na pacificação dos conflitos internacionais, um sistema de tribunais que deveria aplicar a justiça em tempo célere - e não o faz! -, uma équipe de cobradores de impostos para financiar o corpo de funcionários ao serviço da coisa pública -, para o Estado, dizíamos, é fundamental observar e conhecer como vão de vida os que lhe pagam a sobrevivência; e eu acho muito bem que o façam, só me parece que nós cidadãos, nós, sociedade civil, devíamos levar uma existência melhor do que a que levamos e esso é o nosso direito: lutar por o conseguir.

 
Às 05 maio, 2009 13:16 , Blogger Peter disse...

vbm

O que dizes está correcto, mas não abordas a minha dúvida:

"o que é que interessa para o efeito, estar a entrevistar pessoas idosas, principalmente senhoras, que nunca tiveram emprego, por serem consideradas “domésticas” e indivíduos reformados?"

No caso da senhora com 85 anos, que nunca trabalhou e do marido com 86, reformado, faz sentido chamar-lhe “Inquérito ao emprego”?

É mais um "vasculhar" na vida das pessoas.

 
Às 05 maio, 2009 15:28 , Blogger vbm disse...

Não sei se no caso de nenhum dos que residam num alojamento trabalhar o inquérito prossegue.

O facto porém é que esses vivem dos que trabalham tal como sucede aos que supostamente vivem de rendimentos.

Talvez o inquérito devesse designar-se: Inquérito ao empregos, incluindo os que vivem dos empregados,

lol

 
Às 05 maio, 2009 16:30 , Blogger Peter disse...

vbm

O título que propões:

"Inquérito aos empregos, incluindo os que vivem dos empregados" é infeliz, para não lhe chamar outra coisa.

Os reformados, nos quais me incluo, vivem do que descontaram mensalmente e com dificuldades, ao longo de toda uma vida.

É mais decente do que aqueles que especularam na Bolsa e noutros produtos financeiros de aplicação duvidosa e que são culpados da situação financeira em que nos encontramos. Principalmente os que obtiveram créditos de milhões para as suas especulações e que agora não têm possibilidades de pagar, continuando a beneficiar de situações de favor.

 
Às 05 maio, 2009 19:42 , Blogger Manuel Veiga disse...

fala-se de estatísticas e invitavelmente lembra-me a garrafa "meio cheia" ... ou "meio vazia"...

cada um lê conforme a sua "ideologia"...

abraços

 
Às 05 maio, 2009 21:21 , Blogger SILÊNCIO CULPADO disse...

Peter

Tens mais do que razão. O inquérito ao emprego terá que ser feito entre a população activa. Os números dos Centros de Emprego não traduzem a realidade actual na medida em que há muita gente que está desempregada mas como não tem direito a subsídio não se inscreve porque considera que os Centros de Emprego não lhes arranjam emprego.
Há também os que não procuram emprego mas que gostariam ter uma profissão.
Resumindo e concluindo: do desenho da amostra dependerá a fiabilidade do estudo. Mas será que interessam estudos fiáveis ou apenas que se deite poeira para os olhos?


Abraço

 
Às 05 maio, 2009 21:57 , Blogger vbm disse...

Peter,

Não é verdade isso.

Os reformados vivem dos
salários descontados
aos que trabalham.

A única coisa que também
é verdade, e contra-oponível
ao incómodo que essa dependência
possa gerar, é que os reformados,
durante a sua vida profissional,
pagaram também eles as pensões
dos que já não trabalhavam, para
lá de terem cuidado e criado os
que agora estão no activo a
suportar-lhes as pensões.

Não vejo que isto seja chocante
e mesmo que o fosse é deste modo
que as coisas são. (Antigamente,
era doutro modo, não sendo raro
um indivíduo ter a seu cargo,
pais, sogros, cunhadas viúvas,
filhos e sobrinhos. Talvez um
rácio de um activo para uns
dez dependentes. Hoje em dia
esse rácio deve andar pelos um
para uns dezassete dependentes...)

 
Às 05 maio, 2009 22:33 , Blogger Noélia de Santa Rosa disse...

Sempre que me falam em estatísticas lembro-me daquela da senhora do Instituto Nacional de Estatística andar a fazer um inquérito sobre hábitos de consumo entre os sem abrigo de Lisboa.
Ao entrevistar um pobre desgraçado, morto de fome, dizia-lhe:
Sabe que em média cada português come 3 frangos por mês?

Ao que o pobre homem reclama:

Ai sim?
Tão anda algum cabrão a abarbatar-se com os meus franguinhos que eu este mês nem uma asinha cheirei car@lho!

Estatísticas só servem mesmo para que os que se governam à nossa custa tenham como se desculpar e justificar receberem os vencimentos de nababos que recebem. O resto dos que passam fome e nem trabalho ou casa têm que se F******!

Um dia uma dessas senhoras bateu-me à porta.
O portátil não era o Magalhães que ainda nem existia.
As perguntas eram feitas para retardados mentais (os retardados que me perdoem), a senhora uma abécula e eu alí a perder o meu riquinho tempo até que me fartei de dizer sim, não, talvez e perguntei-lhe se aquilo era mesmo obrigatório preencher.
Disse-me que não. Pedi-lhe para fechar o portátil e sair da minha casa e se voltasse a bater-me à porta, eu iria gentilmente convidá-la para ir ao café beber a bica que sempre era mais produtivo para a economia e emprego do país.

Nunca mais a vi e o relatório deve ter servido para fazer rir alguém lá no INE.

Na pergunta - Qual o sector de actividade do seu actual emprego? - eu respondi: Profissional do Sexo, serve?

A senhora olhou-me de soslaio meio envergonhada e perguntou-me se era verdade.
Respondi: Claro!!! Se todos os dias estou a ser f*****ida pelo estado que me leva tudo o que eu ganho, o que acha?

E pronto esta foi a minha experiência em entrevistas para estatísticas.

Obrigada pela visita ao meu espaço.
E sim tenho particular gosto pelo filmesinho do Kubrick.

Abraços e volta sempre

 
Às 05 maio, 2009 22:56 , Blogger Peter disse...

heretico

Julgo que ambos achamos que a garrafa está meia vazia. Eu diria até: menos que meia.

Abraços

 
Às 05 maio, 2009 23:13 , Blogger Peter disse...

SILÊNCIO CULPADO

Tens razão:

"Mas será que interessam estudos fiáveis ou apenas que se deite poeira para os olhos?"

O que é que este Governo tem feito senão deitar-nos poeira para os olhos?

Abraço

 
Às 05 maio, 2009 23:18 , Blogger Peter disse...

NSR

Concordo contigo:

"Estatísticas só servem mesmo para que os que se governam à nossa custa tenham como se desculpar e justificar receberem os vencimentos de nababos que recebem. O resto dos que passam fome e nem trabalho ou casa têm que se F******!"

Visitei os teus 3 blogues. Já não escreves há tempos. Bom o artigo sobre o "monstro austríaco".

Volta sempre.

 
Às 06 maio, 2009 02:07 , Blogger alf disse...

Hummm.. alguma confusão para aqui vai... atrevia-se a sugerir uns posts dum autor desconhecido rsrsr: « O Suor do Rosto», de 17 de Maio de 2007, e «Mais sobre o sistema (1) e (2)», de 25 e 26 JUlho 2007.

Fazer um inquérito sobre o emprego implica entrevistar uma amostra representativa da população, não uma amostra de pessoas nesta ou naquela condição. Pode-se discutir até que ponto o critério de estabelecimento da amostra está correcto (por exemplo, qual a distribuição geográfica da amostra? horas das entrevistas? como foi obtida a base de dados das residências?) mas a relação das pessoas com o emprego é completamente irrelevante para a definição da amostra, ela deve ser cega em relação a isso. Bem, creio que o Peter percebe isso perfeitamente, é o aspecto ermocional, não técnico, que está na raiz do seu post.

 
Às 07 maio, 2009 10:49 , Blogger Alexa disse...

Muito bom texto
adorei o cartoon
bjx

 

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