Deixem-me falar da Maria João!
Recebi dum amigo este comovente e-mail:
Conheci-a há cerca de 5 meses! Arquitecta, excelente pessoa que conheci como cliente do M. M. e que imediatamente me sugeriu ser minha cliente particular. Arranjei-lhe os três Pcs que tinha e fui lá a casa para lhe configurar a Internet wireless e a impressora. Tornou-se minha amiga, bem chegada, e, chegou a propor-me fazer algo em comum e que englobasse a Arquitectura e a informática. A M. J. M. 43 anos, bonita, prestes a ir para o Brasil “fazer” um estádio de futebol, cheia de vida e sempre disposta a ajudar, acabou por ser enterrada hoje! Faleceu! Um cancro que lhe foi diagnosticado há duas semanas acabou por vitimá-la.
Estou triste! A última vez que falei com ela (há duas semanas) foi na véspera dum resultado que ela ia receber no “IPO”.
Ia propor-lhe um trabalho para o Algarve mas logo deparei, no inicio do telefonema, com uma voz chorosa, balbuciando “tenho cancro”. Uma experiência horrível , impotente, porque naquele momento faria o que fosse possível para a aliviar e nada podia fazer! Tentei ser positivo e fiz-lhe ver que enquanto não soubesse o resultado deveria de ter esperança! Pois ela soube e ficou a saber que já estava localizado em três sítios! Esperança ? - Nenhuma!
Desde então, todos os dias tenho tentado ligar-lhe mas nunca o consegui! Desligou o telemóvel e deixou-se acabar! Nem tão pouco sabia onde ela estava!
Faleceu no Sábado, dia 18 de Abril, e alguém, amiga dela, achou melhor participar-me do falecimento atendendo à insistência das chamadas que fiz para ela e que estavam registadas no telemóvel!
Nestas alturas pergunto-me como deverá ser vivida esta vida!? A MJM não fumava , não bebia, apenas trabalhava por que gostava de o fazer mas até isso não era em excesso. Às vezes corremos para conseguir os nossos objectivos, andamos em stress a tratar mal os outros porque não nos respeitaram numa manobra perigosa ou porque, por qualquer motivo não procederam bem connosco! Para quê?
Vivam, sintam , aproveitem bem esse dom que têm que é a VIDA. Sem stress, sem rivalidades, sem competição desenfreada! Vivam cada minuto o mais intensamente possível e com qualidade. Sem sabermos, o tempo vai, tudo foi feito a correr sem saborear o bem que temos de viver!
Este é o meu tributo à minha amiga Arquitecta MJM!
Em anexo um pps que talvez nos leve a pensar no que acabei de dizer - “Slow Down”!
http://www.scribd.com/doc/2915392/A-Cultura-do-Slow-Down
O tempo é o mesmo para todos, ninguém tem nem mais nem menos de 24h por dia.
A diferença está no que cada um faz do seu tempo. Temos de saber aproveitar cada momento, porque como disse John Lennon:
” a vida é aquilo que acontece enquanto planeamos o futuro.”
8 Comentários:
Pois é. Quando damos por isso esquecemos que temos uma vida para viver.
Eu, pessoalmente, não entendo as pessoas que perdem tempo em ser FDPs para o próximo.
Faz-me impressão as pessoas que têm o prazer mórbido de prejudicar os outros.
Paz à sua alma.
A nós, resta-nos continuar a viver o melhor e mais harmoniosamente que soubermos e pudermos.
Devíamos tentar cultivar entre nós a Cultura do Slow Down.
A ideia é questionar a "pressa" e a "loucura" geradas pela globalização, pelo desejo de "ter em quantidade" (nível de vida) em contraponto ao "ter em qualidade" "(qualidade de vida).
Antigamente, no tempo em que a Igreja Católica imperava nos espíritos em Portugal, falava-se e meditava-se na morte, diariamente. Sou desse tempo, garanto que era assim.
Depois, houve a subversão dessa dotrina e foi afirmada a liberdade irrestrita do pensamento. Sou desse tempo, garanto que as pessoas mudaram.
Mudaram, mas eu, que também conquistei a liberdade de consciência, nunca perdi a noção de que a «vida é mortal».
Infelizmente, há seis meses tornei-me viúvo, não sabia que doía tanto. Vivo uma realidade que não planejei, não escolhi, não quis, nem esperei viver, contudo preciso reaprender a viver com a perda imensa, sabendo que ela levou parte importante de mim, deixando comigo, em mim, parte importante dela.
Manoel Carlos
Peter
Eu perdi um amigo muito especial quase de um momento para o outro. Nada fazia prever pelo seu bom ar tão cheio de vida.Sei o que é essa mágoa incomensurável e impotente perante uma adversidade que acontece de forma inexorável.
Carpe Diem, Peter, a hora pode atraiçoar-nos.
Abraço
De tempos as tempos há eventos que nos lembram a nossa fragilidade. Um amigo que desaparece e a saudade que relembra a sua ausência ... É como diz, viver a vida um dia de cada vez, no equilíbrio ténue de tentar garantir que se viverá nos seguintes ...
Agradeço a v/sensibilidade e darei conhecimento dos diversos "comentários" ao meu amigo Vasco (não é o vbm).
Bem hajam,
Peter
Agradeço ao meu amigo Peter a disponibilidade em colocar aqui o email que lhe enviei! Sinto-me honrado! Pena que este gesto não traga a MJM de volta! Perante esta impotência, pelo menos a MJM não caiu no esquecimento e ajudou a relembrar as fraquezas e virtudes da condição humana! Somos mortais mas por enquanto estamos vivos! Então aproveitem!Tendemos a esquecer de viver bem e só quando levamos um grande susto, só ai, apreciamos o bem que a vida tem.
Cumprimentos a todos e obrigado pelas vossas simpáticas palavras.
Vasco
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