quinta-feira, abril 23

Deixem-me falar da Maria João!

Recebi dum amigo este comovente e-mail:

Conheci-a há cerca de 5 meses! Arquitecta, excelente pessoa que conheci como cliente do M. M. e que imediatamente me sugeriu ser minha cliente particular. Arranjei-lhe os três Pcs que tinha e fui lá a casa para lhe configurar a Internet wireless e a impressora. Tornou-se minha amiga, bem chegada, e, chegou a propor-me fazer algo em comum e que englobasse a Arquitectura e a informática. A M. J. M. 43 anos, bonita, prestes a ir para o Brasil “fazer” um estádio de futebol, cheia de vida e sempre disposta a ajudar, acabou por ser enterrada hoje! Faleceu! Um cancro que lhe foi diagnosticado há duas semanas acabou por vitimá-la.

Estou triste! A última vez que falei com ela (há duas semanas) foi na véspera dum resultado que ela ia receber no “IPO”.
Ia propor-lhe um trabalho para o Algarve mas logo deparei, no inicio do telefonema, com uma voz chorosa, balbuciando “tenho cancro”. Uma experiência horrível , impotente, porque naquele momento faria o que fosse possível para a aliviar e nada podia fazer! Tentei ser positivo e fiz-lhe ver que enquanto não soubesse o resultado deveria de ter esperança! Pois ela soube e ficou a saber que já estava localizado em três sítios! Esperança ? - Nenhuma!

Desde então, todos os dias tenho tentado ligar-lhe mas nunca o consegui! Desligou o telemóvel e deixou-se acabar! Nem tão pouco sabia onde ela estava!
Faleceu no Sábado, dia 18 de Abril, e alguém, amiga dela, achou melhor participar-me do falecimento atendendo à insistência das chamadas que fiz para ela e que estavam registadas no telemóvel!

Nestas alturas pergunto-me como deverá ser vivida esta vida!? A MJM não fumava , não bebia, apenas trabalhava por que gostava de o fazer mas até isso não era em excesso. Às vezes corremos para conseguir os nossos objectivos, andamos em stress a tratar mal os outros porque não nos respeitaram numa manobra perigosa ou porque, por qualquer motivo não procederam bem connosco! Para quê?

Vivam, sintam , aproveitem bem esse dom que têm que é a VIDA. Sem stress, sem rivalidades, sem competição desenfreada! Vivam cada minuto o mais intensamente possível e com qualidade. Sem sabermos, o tempo vai, tudo foi feito a correr sem saborear o bem que temos de viver!

Este é o meu tributo à minha amiga Arquitecta MJM!

Em anexo um pps que talvez nos leve a pensar no que acabei de dizer - “Slow Down”!

http://www.scribd.com/doc/2915392/A-Cultura-do-Slow-Down

O tempo é o mesmo para todos, ninguém tem nem mais nem menos de 24h por dia.
A diferença está no que cada um faz do seu tempo. Temos de saber aproveitar cada momento, porque como disse John Lennon:

” a vida é aquilo que acontece enquanto planeamos o futuro.”

9 Comentários:

Às 23 abril, 2009 12:29 , Blogger Ant disse...

Pois é. Quando damos por isso esquecemos que temos uma vida para viver.
Eu, pessoalmente, não entendo as pessoas que perdem tempo em ser FDPs para o próximo.

Faz-me impressão as pessoas que têm o prazer mórbido de prejudicar os outros.

Paz à sua alma.
A nós, resta-nos continuar a viver o melhor e mais harmoniosamente que soubermos e pudermos.

 
Às 23 abril, 2009 12:44 , Blogger Peter disse...

Devíamos tentar cultivar entre nós a Cultura do Slow Down.

A ideia é questionar a "pressa" e a "loucura" geradas pela globalização, pelo desejo de "ter em quantidade" (nível de vida) em contraponto ao "ter em qualidade" "(qualidade de vida).

 
Às 23 abril, 2009 13:44 , Blogger vbm disse...

Antigamente, no tempo em que a Igreja Católica imperava nos espíritos em Portugal, falava-se e meditava-se na morte, diariamente. Sou desse tempo, garanto que era assim.

Depois, houve a subversão dessa dotrina e foi afirmada a liberdade irrestrita do pensamento. Sou desse tempo, garanto que as pessoas mudaram.

Mudaram, mas eu, que também conquistei a liberdade de consciência, nunca perdi a noção de que a «vida é mortal».

 
Às 23 abril, 2009 16:18 , Blogger Carol disse...

Antes de mais, lamento pela tua perda e deixo-te um beijo solidário.

Hoje vivemos tudo de uma forma tão rápida que nem nos apercebemos de que tudo tem um fim. Queremos tudo, fazemos tudo e, muitas vezes, esquecemo-nos de viver.

Quando tinha sensivelmente 26 anos, vive seis meses na angustia de saber se tinha um cancro. O mundo desabou, porque percebi que tinha perdido imenso tempo a preocupar-me com coisas sem sentido, absorvida por obrigações irrelevantes... Felizmente, após uma cirurgia, pude serenar porque o meu problema não era maligno e não corria mais riscos. Acredita, Peter, que passei a ver o mundo de outra forma. Acho que só nessa altura percebi o que era viver.

Paz à sua alma!

 
Às 23 abril, 2009 17:40 , Anonymous Anónimo disse...

Infelizmente, há seis meses tornei-me viúvo, não sabia que doía tanto. Vivo uma realidade que não planejei, não escolhi, não quis, nem esperei viver, contudo preciso reaprender a viver com a perda imensa, sabendo que ela levou parte importante de mim, deixando comigo, em mim, parte importante dela.
Manoel Carlos

 
Às 23 abril, 2009 21:10 , Blogger SILÊNCIO CULPADO disse...

Peter
Eu perdi um amigo muito especial quase de um momento para o outro. Nada fazia prever pelo seu bom ar tão cheio de vida.Sei o que é essa mágoa incomensurável e impotente perante uma adversidade que acontece de forma inexorável.
Carpe Diem, Peter, a hora pode atraiçoar-nos.

Abraço

 
Às 23 abril, 2009 22:49 , Blogger Fernando Vasconcelos disse...

De tempos as tempos há eventos que nos lembram a nossa fragilidade. Um amigo que desaparece e a saudade que relembra a sua ausência ... É como diz, viver a vida um dia de cada vez, no equilíbrio ténue de tentar garantir que se viverá nos seguintes ...

 
Às 24 abril, 2009 11:13 , Blogger Peter disse...

Agradeço a v/sensibilidade e darei conhecimento dos diversos "comentários" ao meu amigo Vasco (não é o vbm).

Bem hajam,
Peter

 
Às 24 abril, 2009 12:30 , Anonymous Anónimo disse...

Agradeço ao meu amigo Peter a disponibilidade em colocar aqui o email que lhe enviei! Sinto-me honrado! Pena que este gesto não traga a MJM de volta! Perante esta impotência, pelo menos a MJM não caiu no esquecimento e ajudou a relembrar as fraquezas e virtudes da condição humana! Somos mortais mas por enquanto estamos vivos! Então aproveitem!Tendemos a esquecer de viver bem e só quando levamos um grande susto, só ai, apreciamos o bem que a vida tem.

Cumprimentos a todos e obrigado pelas vossas simpáticas palavras.

Vasco

 

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