Não se pode antecipá-las?
Faltam seis meses – apenas seis meses – para as eleições legislativas, mas apetecia que fosse hoje.
É dia a dia mais cansativo este compasso de espera amargo, desesperançado e tosco para que o ciclo político mude. Ganhe quem ganhar, o país precisa de uma nova atmosfera que só as eleições ajudarão a criar. Com novos protagonistas ou com estes relegitimados.
O ar que se respira é escasso, muito escasso. O primeiro-ministro confessa sentir-se a arrastar uma cruz, a líder da oposição propõe que o enriquecimento ilícito seja crime e é desautorizada pelo seu primeiro vice-presidente; o Presidente da República insinua que Sócrates está a governar para as estatísticas, Sócrates responde que está farto de recados; o Procurador-Geral da República diz que anseia por quebrar o segredo de Justiça nos processos que envolvem poderosos, na banca não param os casos de polícia.
O primeiro-ministro diz que a televisão mais vista não faz jornalismo mas caça ao homem, o director da TVI chama-lhe cobarde; Cavaco faz um discurso importante no próximo sábado, Sócrates antecipa-se e vai à televisão pública mandar-lhe recados; os processos entre jornalistas e o PM não param, o Parlamento não consegue escolher um Provedor de Justiça.
O FMI não para de nos dar más notícias, o desemprego aumenta, o défice também; Cavaco acha que a política económica do Governo falhou e Sócrates não tem soluções novas. Vende o Magalhães e aumenta a escolaridade obrigatória ao 12º ano – boa notícia – mas as escolas dizem não ter condições para a cumprir.
Em Junho há europeias, mas ninguém quer saber. Há milhões que desconhecem Vital e Rangel. Para as legislativas faltam seis meses mas apetecia que fosse hoje. Não se pode antecipá-las?
(Ângela Silva,” Página 1” de 23 Abril)
7 Comentários:
Vende os direitos à TVI e ficas rico.
É um óptimo argumento, muito acima da média
hehehehe
se não fosse trágico era mesmo uma comédia.
Abraço
Será uma tragi-comedia, mas eu não sou o autor, sou espectador.
Concordo com a descrição do estado de coisas a que este nosso pobre país chegou, mas infelizmente tenho muitas dúvidas nisto:
«Ganhe quem ganhar, o país precisa de uma nova atmosfera que só as eleições ajudarão a criar. Com novos protagonistas ou com estes relegitimados.»
Ou seja, duvido muito, mas mesmo muito que aconteça uma "nova atmosfera"!!!
Abraço amigo
Olá "lusitano"!
Acabei agora de ouvir o noticiário da TVI das 20h às 6ªFs, que nunca perco e apreciei em especial a intervenção de Vasco Pulido Valente.
Não é "crime" pois não?
Não sei, meu amigo, não sei se não levas também com um processo em cima!
Eu também vi e não sei se dentro em breve não haverá uma qualquer lei a criminalizar a visão e audição do telejornal da TVI às Sextas feiras...
Abraço amigo
Se há coisa que as eleições trazem, quando à mudança de líderes/partidos no poder, é sempre aquela nota de esperança ao estilo: "Desta vez é que vai ser!"
No fundo, um novo Governo é sempre um novo campeonato que se inicia. Os reforços são os melhores do Mundo e vieram todos "para marcar muitos golos e ajudar o clube a cumprir os seus objectivos" (é o que dizem 11 em cada 10 jogadores em conferências de imprensa).
Por isso, que venham as eleições!
"TODOS OS JOVENS VÃO TER 12 ANOS DE ESCOLARIDADE MÍNIMA". Será esta uma boa notícia?
Mas será que os jovens são todos iguais? nem as máquinas que saem das fábricas o são: algumas trazem de fabrico, se assim dão fosse para que serviria o "Controlo de Qualidade"?
As reprovações nas escolas públicas vão ser gradualmente banidas e a tendência será a de que ao fim de 12 anos de escola todos os alunos possam ter o 12.º ano de escolaridade, fazendo subir com isso os índices de escolarização dos portugueses. O nível de conhecimentos adquiridos será inevitavelmente muito baixo, mas o que importa são as ESTATÍSTICAS, e assim Portugal poderá figurar "orgulhosamente" na lista de países com maior número de anos de escolaridade.
O 12.º ano vai ser em breve a escolaridade mínima obrigatória. Embora os jovens passem a sair do sistema de ensino com poucos conhecimentos académicos, pelo menos, enquanto por lá andam também não figuram nas estatísticas dos desempregados, o que também é bom para as tais ESTATÍSTICAS.
Assim, o facto de virem a exibir o certificado de habilitações do 12.º ano deixará em breve de dar qualquer indicação às entidades empregadoras relativamente às reais qualificações dos jovens que então vão sair das escolas e, em consequência, terão que ser as entidades empregadoras a testar os conhecimentos dos candidatos aos empregos que oferecerem. Não começaram já a fazê-lo há algum tempo?
Os alunos que frequentarem as escolas públicas poucas possibilidades terão de atingir os necessários conhecimentos para prosseguirem os estudos. Assim, os pais que desejem para os seus filhos um curso superior terão que começar a consciencializar-se desde já que a escola pública não será o caminho aconselhável para a preparação dos seus filhos, mesmo que sejam crianças inteligentes e interessadas. O ambiente não será o melhor para que tenham sucesso por vários motivos:
1.º) na mesma sala coexistirão muitos alunos com fracos conhecimentos, porque não havendo reprovações, não haverá necessidade de empenho, nem nos estudos, nem na assiduidade às aulas;
2.º) com o fim do ensino especial terão por colegas jovens com deficiências várias: auditivas, de comunicação e até psíquicas;
3.º) nem todos os jovens são iguais: há génios, mais ou menos inteligentes e até jovens com capacidade de aprendizagem muito limitada. Mas a escolaridade obrigatória é para ser conseguida por todos eles. Quem não a conseguir nunca será um verdadeiro cidadão e poderá nem ter acesso a tirar uma simples carta de condução para ser um mero distribuidor de bilhas de gás.
4.º) porque todos os jovens são obrigados a frequentar a escola enquanto menores, mesmo que por ela não revelem qualquer interesse, terão por colegas outros jovens que apenas por lá andam porque o sistema a isso os obriga. Alguns deles utilizam a escola, os colegas e até os professores para se divertirem, gozando-os e boicotando as aulas.
Enfim, o Ensino vai de mal a pior!
Zé da Burra o Alentejano
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