sexta-feira, setembro 30

Mitologia Edipiana

A violação da ordem estabelecida, o crime, o exílio na figura dual e una de Luís Delgado que insiste no interesse da vida social, na busca incessante e inglória do saber – em cada previsão, um erro – e que reprime no corpo o desejo incestuoso próprio da mitologia Edipiana, levando a sua alienação a extremos raras vezes observada, fazem desta personagem um objecto de surpresa e com maior razão, de um aprofundado estudo que não cabe no espaço reservado a esta crónica.

Terá nascido em Macondo e sofrerá das mesmas maleitas que surgem em “cem anos de solidão” de Gabriel Garcia Marquez? – Temos “Édipo em Macondo”? –

Os sonhos delirantes deste homem são definitivamente uma metáfora de regressão imaginária, o que nos remete a Freud e a “El tema de la elección del cofreccillo” que diz “os cofrezinhos são também mulheres, símbolos da parte essencial da mulher, do mesmo modo que as caixas, estojos, cestos e afins.

Rever-se-á num mundo de espelhos paralelos, em quartos encaixados do sonho perto da morte, com casas de paredes de espelhos que sugerem a repetição do infinito?

A cisão será mais um dos mitemas edipianos, disseminando-se em fugas, relações incestuosas, ou será em última análise um parricídio desejado?!

As aparições e/ou intervenções desta curiosa personagem em meios de comunicar onde a voz e/ou a imagem são fáceis de constatar ganham quase a força de abalo sísmico provocando a hiperbolização.

Tenho-o acompanhado no “contraditório” da Antena 1. Vou-o vendo e ouvindo enquanto “expert” de tudo e de nada nas televisões. É difícil conceber alguém que consiga dizer tanta asneira seguida e tanta previsão que não passa disso mesmo. Previsões nunca concretizadas!

Não é certamente uma figura regida pela hipérbole carnavalesca de um Rabelais! - Ao invés, temos uma figura quase transparente, suportada por uns enormes e toscos óculos que fazem dele uma personagem de Garcia Marquez.
Não. Não é José Arcádio.

Numa tentativa de entender o acesso deste ser humano à ordem da cultura, é preciso compreender a relação edipiana triádica que é formada não apenas pelo desejo da criança – Luís Delgado – pela mãe, – a Celebridade e a interposição do pai – Francisco Sá Carneiro, Santana Lopes e/ou todos os que lideram o partido da sua eleição? - A aceitarmos esta última hipótese como verdadeira, nem sequer precisa de um pai real, mas um pai ideal.

Encontrámos de novo o desejo incontrolável do incesto nesta curiosa personagem.

Buscará o clímax na quantidade de asneiras que saem a velocidade vertiginosa da sua cabeça? – Será isso o reflexo de um neo-liberalismo incómodo e indesejado já que preferia chamar-lhe o nome certo? – Procurará na doutrina messiânica de Hitler a libertação cultural? – Buscará na divinização tão ao gosto de Salazar conceitos a que teima em chamar de “liberalismo”?

A tendência é a desmistificação para a falsa heroicidade que se transforma no paradoxo da fraude, no fazer e desfazer de doutrinas seguindo – seja-me perdoada a analogia – um percurso em frente e com olhos ladeados por enormes palas que não permitem visualizar o que se encontra ao redor.

A utopia de um novo mundo habitou a mente dos homens desde 3000 A.C, como está demonstrado por Alfonso Reynes, quando um mitológico “Anubis” presidia aos mortos numa parte misteriosa do Ocidente. A miragem da Atlântida de Platão anunciando continentes perdidos e desconhecidos conduz a “iluminada mente” desta personagem caricata às quatro idades que conhecemos na História como as do Ouro, da Prata, do Bronze e do Ferro, numa clara analogia à excelência de um tempo de perfeição que degenera na hecatombe da corrupção e da progressiva decadência da humanidade.

A haver alguém capaz de nos conduzir a este abismo, Luís Delgado será certamente o Messias anunciado em livros religiosos.

Retomando o “contraditório” – programa aparentemente concebido para a discussão de ideias – constatamos uma óbvia convergência em que ninguém contradiz coisa nenhuma.

São estes os arautos da desgraça.
A merecer medalha de condecoração num qualquer 10 de Junho, Luís, o Delgado, o homem com uma única ideia fixa – a de acabar com a democracia – será o exemplo acabado de como se dignifica a mediocridade.

Mania das proibições

Sporting-Halmstad



Deixa lá amigo, também sou sportinguista ...

Fórmula matemática da Mulher!



"Ao contrário de outros elementos, a mulher só pode ser encontrada na Terra. Não se sabe ao certo o motivo para isso, há apenas especulações. Alguns dizem que um dia houve mulher em outros planetas, mas uma grande explosão hormonal acabou por lançá-las todas na Terra. Outros, que foram expulsas de outros astros por adultério. E uns ainda insistem que saíram de seus locais de origem num grande êxodo, quando acabou o esmalte e a tinta em outros rincões do universo. Seja como for, de uma coisa a ciência tem certeza: devido à escassez de mulher, os ETs têm que lavar as próprias cuecas. Em compensação, são seres felizes, que não têm de gastar fortunas com o pagamento do cartão de crédito e da conta de telefone."

quinta-feira, setembro 29

Movimento perpétuo

Do corpo esguio e esbelto, a suave lembrança do toque.

No regressar de Cleópatra o abandono dos medos. A presença, presença sublinhada no toque das mãos e no entrelaçar de dedos – mãos belas, esguias – no olhar a imensidão de olhos que adquirem todas as tonalidades onde o perder e encontrar deixam de ser paradoxos para serem complementaridades.

A Paz transbordante feita silêncio e olhares cúmplices as mãos que se percorrem lentamente gozando cada segundo eternizado em repetições de momentos perpétuos e acetinados de peles macias, mas ainda e sempre a presença agora ainda mais presença com a ausência.

O fustigar do vento contra as vidraças arrastando chuvas intempestivas quais furacões de sentimentos impossíveis de conter por serem maiores que a dimensão de um corpo.

Entender-te-me!

[A surpresa de te saber em paz] e a segurança do constatar que todos os destinos se cumprem resumindo a felicidade a um primeiro encontro onde todas as incertezas são desfeitas antevendo o registo intemporal da alma que se sabe gémea de rosto Egípcio, Cleopátrico, Esfíngico e belo.
Da profundidade do Tempo eis-te regressada, Rainha de todas as Rainhas.

[Ainda e sempre o sentir o calor emanado pelas mãos que se deixaram tocar numa entrega absoluta sublimando os sentires até se tornarem espiritualidade], a noite fria chuvosa cortada pelo uivar de um vento adverso impotente para travar a saída e o acompanhar. O café bebido a dois no silêncio de uma noite que se sabe mágica e que perdurará para além da eternidade e que fará de todas as noites e dias sucessões de momentos mágicos, guardados no baú imenso das memórias.

Ainda o fustigar do vento transportando pedaços de ambos ao encontro do outro.
Nesse encontro, o beijo que inevitavelmente acontecerá.

Agora:

A paz que desceu sobre ambos e a certeza de uma noite de sonhos rostos e olhares/mergulhos perdições e encontros. O verdadeiro encontro.

[O exotismo do aroma desse corpo de mulher/menina/Rainha perdura para além do sonho. Sabemo-nos de ambos]

Espectacular!

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e aterrorizador, infelizmente trata-se do Kristina.

BURACO NEGRO EM BUSCA DE UMA “CASA”

Com o auxílio de dois dos instrumentos astronómicos mais potentes, o telescópio espacial Hubble e o VLT, uma equipa de astrónomos europeus anunciou a descoberta de um quasar brilhante desprovido de uma galáxia anfitriã de grande massa. Os quasares são fontes poderosas, tipicamente muito distantes, de quantidades enormes de radiação. Estes objectos estão normalmente associados a galáxias contendo um buraco negro central e activo.

Com massas que podem atingir centenas de milhões de massas solares, os buracos negros de massa muito elevada são geralmente encontrados no centro das galáxias de maior massa, incluindo a Via Láctea. Por vezes, estes buracos negros manifestam-se ao "devorarem" matéria do meio que o envolve, que "engolem" gravitacionalmente. Os mais “bem alimentados” destes objectos brilham como quasares (o nome quasar provem de “objecto quase-estelar”, visto que estes eram inicialmente confundidos com estrelas).
As observações realizadas nos últimos dez anos, mostraram que os quasares estão normalmente associados a galáxias anfitriãs de massa elevada

Os astrónomos estavam confiantes que, com a combinação poderosa do Hubble e do VLT, teriam sido capazes de detectar uma galáxia anfitriã normal. Como tal não aconteceu, concluem que, contrariamente às suas expectativas, o quasar não se encontra rodeado por uma galáxia de massa elevada.

Outra hipótese intrigante é a de a galáxia que abriga o buraco negro ser constituída, quase na sua totalidade, por “matéria negra” (black matter).


(Resumo de um extenso artigo publicado no último “ASTRONOVAS” - notícias de Astronomia em Português - Observatório Astronómico de Lisboa
Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa)


NOTA: Eu sei que a maior parte dos litores não se interessam por estes assuntos do Espaço, mas há uns tantos que, tal como eu, os apreciam e, por isso, de vez em quando sai um artigo.

Lendo as Farpas

"O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência, (...)
Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. (...)
V ivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! (...)
As quebras (falências) sucedem-se. O pequeno comércio definha, A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui.



O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo."

("As Farpas", Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão)

Pois é ... foi em 1871/72 !

quarta-feira, setembro 28

Novo Traço da Cruz nos Boletins de Voto


Proponho que, de agora em diante, ao expressarmos a nossa escolha nos boletins de voto utilizemos este magnífico traço sugerido por Picasso...

Neo-liberalismo e restauração do poder de classe

”Não existe essa coisa de sociedade, apenas indivíduos e as suas famílias"Margaret Thatcher.

“O Governo terá como seu primeiro e primordial dever, fazer reviver o espírito de unidade e cooperação na nação, preservar e defender os seus princípios básicos da Cristandade como alicerce da moralidade nacional, e a família como base da vida nacional.”, Adolf Hitler.


Num mundo cada vez mais opaco temos de encontrar os caminhos da liberdade.
Seremos de facto livres politicamente? – Temos verdadeira liberdade individual? –
Viveremos numa Sociedade cada vez mais injusta à sombra de uma nova forma de exploração? – O que é o neoliberalismo? Onde nos conduz? – À supressão de todas as liberdades?

O acto de pensar impõe-se cada vez mais. Tomar verdadeira consciência do que nos rodeia, do que representa de facto a globalização, mas sobretudo olharmos para o nosso vizinho como mais uma vítima em lugar de o olharmos como um potencial inimigo.


Desmoralizadas todas as demais justificações para a invasão do Iraque, o presidente Bush tem recorrido cada vez mais ao argumento de que pelo menos o Iraque está livre. “A liberdade,” diz ele, “é a maior de todas as dádivas a cada homem e mulher neste mundo” e “como a maior potência na terra, temos a obrigação de ajudar a espalhar a liberdade”. Mas, como há muito argumentou Matthew Arnold, "a liberdade é um grande cavalo a cavalgar mas a cavalgar em algum lugar". Assim, onde é que os iraquianos são supostos cavalgar o seu cavalo da liberdade?A resposta americana foi pronunciada em Setembro de 2003, quando Paul Bremer, chefe da Coalition Provisional Authoriy, promulgou decretos que incluíam a privatização completa da economia, plenos direitos de propriedade às firmas estrangeiras com negócios iraquianos, o direito de as firmas estrangeiras levarem os lucros para fora e a eliminação de quase todas as barreiras comerciais, incluindo serviços públicos, banca e finanças, medias, indústrias manufactureiras, serviços, transportes e construção. Apenas o petróleo foi isentado. Um sistema fiscal regressivo muito aproximado ao que os conservadores nos EUA chamam "the flat tax" também foi imposto. Os direitos à greve foram declarados ilegal e a sindicalização proibida nos sectores chave.Isto equivale à imposição de um tipo particular de aparelho de Estado – chamado neoliberal – no Iraque. Interessantemente, o primeiro caso de neoliberalização ocorreu trinta anos antes no Chile. No rastro de um violento golpe do general Pinochet e apoiado pelo governo dos EUA contra Salvador Allende, eleito democraticamente em Setembro de 1973, os conselheiros económicos dos EUA adoptando as doutrinas neoliberais de Milton Friedmann foram para o Chile para ajudar a instalar uma estrutura quase idêntica àquela agora decretada no Iraque.O período que separa a violência no Chile e Iraque assistiu à criação dos Estados neoliberais – regimes de sonho do capitalismo como os chamou The Economist – em todo o mundo por combinações de coerção e consentimento. A britânica Margaret Thatcher foi a primeira líder mundial a abraçar por vontade própria o fundamentalismo do mercado livre quando eleita na primavera de 1979. Ela atacou o poder dos sindicatos, reduziu o Estado Previdência e os impostos. Procurou a privatização para liberar as energias empresariais, e defendeu que o bem-estar social depende da responsabilidade pessoal e não do Estado. “Não existe essa coisa de sociedade,” disse ela numa frase famosa, “apenas indivíduos e as suas famílias”. Ela cumpriu tudo isto por meios democráticos. “A ciência económica é o método”, afirmou, “mas o objectivo é mudar a alma”. E ela mudou-a.No fim de 1979, Paul Volcker, presidente do Federal Reserve durante a presidência Carter, deslocou o objectivo da política monetária americana do emprego total para a diminuição da inflação. Ele elevou as taxas de juro para um nível muito alto e precipitou os EUA na recessão. No caso de algum conflito entre a integridade do sistema financeiro e o bem-estar da população, assinalou, prevaleceria o primeiro. O presidente Reagan, na tomada de posse em 1981, deu os passos políticos necessários para consolidar a manobra de Volcker. Atacou o poder dos sindicatos, reduziu dramaticamente impostos, cortou nos benefícios do Estado e deixou de forçar a aplicação de leis reguladoras referentes aos direitos dos consumidores, à saúde e segurança no trabalho, à protecção do consumidor, ao salário mínimo e outras. Com duas das maiores potências capitalistas a tornarem-se neoliberais, poderia o resto do mundo ficar muito atrás?A ortodoxia neoliberal, pressionada tanto pela Inglaterra como pelos EUA, introduziu-se nas instituições financeiras internacionais depois de 1980. O Fundo Monetário Internacional tornou-se o principal agente na promoção das políticas de “ajustamento estrutural” sempre que tinha de lidar com uma crise de crédito. Como resultado, países como o México, Argentina, Brasil e África do Sul foram arrastados para o campo neoliberal. O preço de entrar no sistema económico global para muitos países da área soviética foi a privatização e o assumir de uma postura neoliberal. A competição global arrastou muitos outros países, até a China e a Índia, para algo aproximado a uma estrutura de Estado neoliberal. Ainda há alguns Estados, como na Europa e Escandinávia, que se apegam à social-democracia e outros no Leste Asiático conseguiram combinar o neoliberalismo externamente com a preocupação com a igualdade em casa.
Mas algumas variantes de Estado neoliberal agora predominam em todo o mundo. Isto aconteceu em parte devido a uma crise do capitalismo nos anos 70. As taxas de lucro estavam baixas, a inflação e o desemprego estavam a crescer por todo o lado quando o consenso económico (chamado keynesiano) dos anos 60 ditou que eles deviam contrabalançar-se. Os sistemas financeiros estavam um caos, o mercado de valores em declínio e havia uma crise fiscal nas despesas do Estado (sendo emblemática a falência da cidade de Nova York em 1975). A forma de Estado “social-democrata” que surgiu depois de 1945 não conseguia superá-la. Alguma coisa nova tinha de ser inventada. A resposta que venceu foi o neoliberalismo. Mas foi bem sucedido? Em termos de estimulação do crescimento foi um triste fracasso. As taxas de crescimento global nos anos 50 e 60 permaneceram à volta de 3,5 por cento e nos perturbados anos 70 caíram para cerca de 2,4 por cento. Mas nos anos 80 baixaram para 1,4 porcento e nos anos 90 caíram ainda mais chegando a 1,2 por cento e desde 2000 têm-se mantido pouco acima dos 1 por cento. Então porque estamos nós tão persuadidos dos benefícios do neoliberalismo?Existem duas respostas principais. Primeira: o neoliberalismo introduziu uma considerável volatilidade no sistema global, de modo que normalmente há alguns lugares que estão a ir bem enquanto os restantes vão muito mal. Nos anos 80 foi o Japão e Alemanha Ocidental que lideraram o grupo e os EUA ficavam atrás, mas nos anos 90 ambos se atrasaram com o Japão a sofrer de uma década de severa recessão. Nos anos 90 os EUA, Grã-Bretanha e alguns dos “tigres” económicos do Sudoeste Asiático surgiram no topo. Depois o Sudoeste Asiático caiu em 1997 seguido do colapso da “nova economia” nos EUA e agora China e Índia parecem ser os que se destacam na frente da corrida. Num mundo darwiniano, o argumento neoliberal vinga, ficas para trás porque não és competitivo. Apenas sobrevivemos se nos encaixarmos suficientemente bem. Não há nada sistematicamente errado. A falha parece estar em nós.
Ou não somos suficientemente neoliberais?!Em segundo lugar, e mais importante, os grupos com rendimentos mais elevados tornaram-se infinitamente mais ricos sob o neoliberalismo. A desigualdade social aumentou em vez de diminuir. Nos EUA, por exemplo, os 1% do topo da pirâmide de rendimentos detinha 16 por cento da renda nacional antes da Segunda Guerra Mundial, mas durante os anos 50 e 60 essa fatia caiu para 8 por cento e os fracassos dos anos 70 ameaçavam o seu poder ainda mais. Mas em 2000 este grupo voltou a deter 15 por cento da renda nacional e isto pode disparar até 20 por cento num futuro próximo se os cortes nos impostos se mantiverem. Tendências semelhantes, apesar de menos dramáticas, podem ser detectadas noutros países.Assim, o neoliberalismo tem sido erguido sobre a restauração do poder de classe de uma pequena elite de financeiros e directores-executivos. E uma vez que essa classe tem um controlo decisivo sobre os processos políticos e sobre os instrumentos de persuasão, é claro que insiste em que o mundo está muito melhor. E está, para eles. Apesar disso nos EUA, como em qualquer lado, a maioria das pessoas está muito pior do que nos anos 70, particularmente quando o acesso ao ensino público, cuidados de saúde, e outros similares são contabilizados. Naqueles países que viraram recentemente para o neoliberalismo, como a China, Rússia e Índia, observamos a emergência de oligarquias extraordinariamente ricas em detrimento do resto da população.Mas se o crescimento agregado é tão lento, como é que as classes superiores acumulam tanta riqueza? Elas fazem-no em larga medida devido ao uso de práticas predatórias, desapropriando outros. Esta “acumulação por desapropriação” assume muitas formas. Mão-de-obra barata é rapidamente saqueada e quanto mais barata e dócil, melhor. As taxas de lucro das empresas norte-americanas são duas vezes mais altas no estrangeiro do que internamente. Os direitos comuns de propriedade (água, território, etc) estão a ser privatizados. Populações de camponeses desfazem-se dos seus terrenos. O meio-ambiente é degradado. Patentes de direitos para tudo desde materiais genéticos, sementes, produtos farmacêuticos até ideias permitem extrair dinheiro de populações com baixos rendimentos.Bens fundamentais como a educação e cuidados de saúde são tornados comercializáveis e os preços aos utentes sobem em flecha. A lista continua sempre a aumentar. Mas o mais importante de tudo, os sistemas de crédito e financiamento são usados activamente para acumular riqueza num pólo enquanto a extraem do outro. Hipotecas a propriedades agrícolas familiares são executadas, mesmo no EUA. Direitos de reforma são privatizados (o Chile foi pioneiro com a segurança social) e depois muitas vezes diminuídos ou apagados (como no caso da Enron ou mais recentemente na China). Ainda mais dramáticas são as violentas crises financeiras que periodicamente têm arruinado muitos países da América Latina, Europa Central e de Leste, e Leste e Sudoeste Asiático. Isto permitiu que bens produtivos fossem comprados por investidores ricos ao preço de chuva. O neoliberalismo foi uma transferência maciça de riqueza dos pobres para os ricos.Estas injustiças acenderam inúmeros protestos em todo o mundo, vagamente unidos no movimento anti-globalização ou pela justiça global. A resposta do neoliberalismo foi frequentemente a repressão do Estado. O México, por exemplo, é aconselhado pelos EUA a esmagar o movimento Zapatista pelos direitos dos indígenas. Dada a sua base de classe, o Estado neoliberal é compreensivelmente antidemocrático. Em alguns casos, como em Singapura e China, nunca se incomodou de todo com a democracia. E no Ocidente, facilmente se metamorfoseia num autoritarismo neoconservador. A chamada “guerra ao terrorismo” agora proporciona uma cobertura para a extensão da vigilância policial, militarização e medidas autoritárias.Curiosamente, os movimentos de protesto contra o neoliberalismo muitas vezes aceitam os seus termos. Antes de 1980, os direitos humanos individuais eram um ponto de interesse marginal, mas a ênfase neoliberal sob a responsabilidade individual despoletou uma enorme onda de interesse nos mesmos em anos recentes. A evocação de tais direitos pode proporcionar uma retórica para políticas progressivas. Mas pode também legitimar intervenções em Estados soberanos por potências imperialistas. Além disso, desde que a maior parte dos indivíduos não pode levar os seus casos a tribunal, surgiu um vasto aparato de advocacia. A ascensão das ONG à proeminência política foi mais uma consequência impressionante da viragem neoliberal. As ONG por vezes ajudam e são cúmplices da retirada do Estado da segurança social. Em outros casos elas apresentam duras críticas às políticas neoliberais. Mas, infelizmente, as ONG não são mais democráticas e transparentes que o Estado neoliberal que criticam. O surgir dos discursos sobre direitos humanos e o poder das ONG proporciona um terreno limitado para erguer uma oposição efectiva.O medo da dissolução social sob um neoliberalismo individualista também despoletou a procura de uma base moral a partir da qual assegurar a reabilitação do poder de classe. Apelos ao nacionalismo (China, Japão, EUA), para valores culturais superiores (“americanos,” ”asiáticos” “islâmicos”), à religião (cristã, confuciana, hindu) ou a compromissos éticos (direitos” e éticas cosmopolitas) irrompeu na discussão. As chamadas “guerras culturais” — por mais desorientadas que algumas possam ter sido — não podem ser descartadas como meros distúrbios indesejados. A transformação da repugnância moral para com as alienações do neoliberalismo em resistência cultural e depois política é um dos sinais dos nossos tempos. Movimentos sociais contra o neoliberalismo, por exemplo, frequentemente articulam a sua oposição em termos de economia moral. Mas argumentos puramente morais são no máximo um terreno fraco no qual contestar as alienações e a anomia que o neoliberalismo produz.Temos, em resumo, vivido numa era de refinada luta de classe da parte do estrato superior da sociedade para restaurar ou, como na China e Rússia, reconstruir um poder de classe esmagador. A viragem para o autoritarismo e neo-conservadorismo é ilustrativa de quão longe irá essa classe e as estratégias que está preparada para desenvolver a fim de preservar e aumentar os seus poderes. A massa da população terá de submeter-se a este esmagador poder de classe ou reagir-lhe também em termos de classe. Se isto parece, age e se sente como luta de classe, então temos de estar preparados para chamá-la pelo seu nome e agir em conformidade.Embora os movimentos de classe possam criar-se por si próprios, não o fazem sob condições da sua própria escolha. Estas condições são actualmente altamente diversificadas e fragmentadas. Encontrar ligações orgânicas entre movimentos sociais opostos altamente diversificados é uma tarefa urgente. As ligações estão lá. O fosso entre a promessa do neoliberalismo (o benefício de todos) e a sua realização (o benefício de uma pequena classe dominante) aumenta. Desigualdades entre classes e regiões tanto em Estados (como a China, Rússia, Índia e África do Sul) bem como internacionalmente apresentam um sério problema político. A ideia de que o mercado faz-se com base na competição é negada pelos factos da monopolização, centralização e internacionalização do poder corporativo e financeiro. A ideia de que o neoliberalismo é baseado na justiça é brutalmente anulada pelos extensos despojamentos. A ideia de que o neoliberalismo é sobre liberdades individuais choca com o aumento de autoritarismo neoliberal e agora neoconservador dos aparelhos de Estado. Quanto mais o neoliberalismo é revelado como tendo falhado um utópico projecto mascarando a restauração do poder de classes para uns poucos, mais se estende a base para a ressurgência de movimentos de massas exigindo políticas igualitárias, procurando justiça económica, comércio justo (em vez de “livre”) e maior segurança económica.A natureza profundamente antidemocrática do neoliberalismo está a tornar-se um forte assunto político. O défice democrático em países nominalmente democráticos é agora enorme. Acordos institucionais como a Reserva Federal, são tendenciosos, fora do controlo democrático. Falta-lhes transparência. Internacionalmente, não há qualquer responsabilidade para não mencionar controlo democrático sobre instituições como o FMI, a OMC e o Banco Mundial. Reaver as exigências de uma governação democrática e igualdade e justiça económica, política e cultural, não é sugerir algum retorno a um passado dourado. O significado de democracia na antiga Atenas tem pouco a ver com os significados de que se recobre hoje em dia. Mas no outro lado do globo, desde a China, Brasil, Argentina, Formosa, Coreia bem como África do Sul, Irão, Índia, Egipto, as contenciosas nações da Europa de Leste bem como no coração do capitalismo contemporâneo, há grupos e movimentos sociais em movimento que estão a agrupar-se pela causa dos valores democráticos.A presidência Bush projectou para o mundo a ideia que os valores americanos são supremos e que esses valores importam uma vez que constituem o coração do que é a civilização. O mundo está em posição de rejeitar essa postura imperialista e fazer incidir no coração do capitalismo neoliberal e do neo-conservantismo um conjunto completamente diferente de valores: aqueles de uma democracia aberta dedicada à realização de igualdade social a par de uma justiça económica, política e cultural.

ABSURDO


O sem-sentido; a inconformidade com as leis da coerência e da lógica; diz-se de todo o texto que não possua lógica interna e não obedeça a determinadas regras ou condições. O trabalho de desconstrução textual pode ser considerado uma tentativa de redução de um texto a um estado ad absurdum, pela revelação das suas contradições internas e impossibilidades lógicas, quer sejam imanentes a esse texto quer lhe sejam impostas. Falamos então dos absurdos de um texto quando nos referimos às suas proposições, ideias ou teses sem sentido.

Na história da filosofia, o absurdo é um conceito que remonta aos eleatas, sobretudo aos paradoxos de Zenão de Eleia que reduziram à condição de absurdo as teses pitagóricas. Diógenes de Laércio considerou inclusive Zenão de Eleia o criador da dialéctica, então entendida como a lógica que se reduziu ao absurdo. Este tipo de redução será ainda explorado pelos escolásticos, em dois métodos principais (que hoje podemos reconhecer, por exemplo, quer nas estratégias desconstrucionistas quer nos processos de construção de discursos parodísticos de muita literatura pós-moderna): a probatio per absurdum (a "prova pelo absurdo", isto é, a demonstração da verdade de uma proposição pela falsidade evidente da proposição que se lhe opõe) e a reductio ad absurdum (a "redução ao absurdo", um método irónico que visava ridicularizar uma doutrina adversária pela demonstração da falsidade de uma proposição levada até ao extremo das suas consequências). Na história da lógica até à Escolástica, vemos que o absurdo é tomado como sinónimo do falso.

Na história da teologia, o termo está testado em Tertuliano (160? -230), fundador da Igreja, que argumentou que a maior verdade do Cristianismo era a sua absurdidade: Creo quia absurdum est. ("Creio porque é absurdo." - frase atribuída erradamente a Santo Agostinho) foi a sua resposta, perante o facto de ser tão irracional ter existido alguém que tenha sofrido tanto pela humanidade que tal só pode ser verdade, pois ninguém iria inventar tamanha absurdidade. Esta tese será retomada por Kierkegaard muitos séculos mais tarde.

Contemporaneamente, o termo está relacionado com o existencialismo francês, tendo sido aplicado a muita literatura do género. O absurdo é o que resiste a todas as questões existenciais; é o que fica depois de perguntarmos qual o sentido da existência. Neste sentido, o ensaio de Albert Camus sobre o absurdo, O Mito de Sísifo, fez escola, mostrando que todo o esforço humano, representado na figura mítica de Sísifo, é inútil. A tradição racionalista que colocava o homem no centro de uma ordem social equilibrada, onde se revelava sempre ou como herói ou como indivíduo que respeita os bons costumes, sucede agora uma visão do homem como indivíduo solitário, destituído de qualquer moral, jamais possuindo qualquer verdade, e sempre angustiado perante o nada para onde terá que caminhar irremediavelmente. O universo de Camus é um mundo feito de despropósitos, onde nada tem valor ou sentido. Portanto, a existência humana que aí se observa tem ela própria uma natureza absurda. As personagens da ficção de Kafka, por exemplo, vivem muito desta condição de absurdidade, pois são empurradas para situações incompreensíveis das quais não se vislumbra nenhuma saída. Este tipo de situação tem sido explorado de forma singular no drama contemporâneo, sobretudo a partir do teatro de Beckett, constituindo inclusive um género autónomo conhecido por teatro do absurdo. Quer neste tipo de teatro quer na ficção que explora a absurdidade, o denominador comum é a crença numa condição humana desprovida de sentido, a qual só pode ser revelada por obras literárias que sejam também elas próprias, pelo menos na aparência, marcadas pela mesmo sem sentido. A principal diferença entre os dramaturgos do absurdo e os romancistas existencialistas consiste na tentativa de explicação do real que apenas os segundos admitem ser possível.

O nonsense, ou o absolutamente sem-sentido, o grotesco, ou representação do ridículo, o fantástico, ou as representações para além do real, o humor negro, ou o mero recurso cómico ao macabro, são conceitos próximos do absurdo, mas devem ser distinguidos entre si. A distinção mais difícil talvez seja entre o sem-sentido (ou nonsense) e o absurdo, que apresentámos como sinónimos na definição de abertura do termo (tese defendida, por exemplo, por Thomas Hobbes, em Leviatã e em De Corpore, onde apresenta uma tábua de proposições absurdas). Em Investigações Lógicas, Husserl entende-os como diferentes entre si, porque o sem-sentido não possui uma gramática, isto é, não tem leis naturais de significação, ao passo que o absurdo é apenas visto como uma parte especial do que tem sentido, sendo por isso sinónimo de contrasenso. Sendo “este tudo” o que é contrário ao bom-senso, portanto, tudo o que imobiliza o senso comum, a literatura do absurdo tende a não distinguir estes termos. Esta literatura pode ser identificada no teatro de Plauton, nas paródias medievais, nas nursery rhymes, no Book of Nonsense (1846), de Edward Lear, em Through the Looking-Glass (1871), de Lewis Carroll, no teatro do absurdo, que explora todas as formas de ausência ou incapacidade de comunicação.



A relação entre o ver e o ouvir participa, na poesia de Sophia, de uma relação entre o fluir de um canto sagrado, unificador mágico e o visível ou aparência da diversidade A profundidade desta atenção dada às coisas compreende-se melhor se a relacionarmos com o primado da existência advogado pelo existencialismo. Na verdade, esta corrente filosófica inverte a máxima cartesiana — “penso, logo existo” — ao postular a sequência: “existo, logo penso”.Concede, assim, a primazia à existência relativamente à essência, o que pressupõe uma aguda consciência da finitude do homem, ou seja, o facto de o homem viver para a morte. Apenas consciente e só se consciente, o homem pode ultrapassar a banalidade da existência anónima que esconde o nada da existência. O medo, o receio e a angústia emergem desta forma dura (mas consciente) de encarar o “nada” da existência, o qual decorre da efemeridade, da finitude e do absurdo da vida. No entender de Heidegger, o homem está “frente a frente com o ‘nada’ da possível impossibilidade da [sua] existência”— daí que surjam esses sentimentos de desespero e angústia. Porém, aqui reside a novidade da proposta existencialista: Estas noções são convertidas em conceitos-chave, pois estes filósofos entendem-nas como conceitos dinâmicos. Segundo o existencialismo ateu de Sartre, isto decorre do facto de não se acreditar mais em Deus e de ele deixar de funcionar como panaceia para explicar o acaso dos eventos e a vulnerabilidade do homem face às circunstâncias. Para Sartre, o “eu” encontra-se só, no seu existir – daí uma das suas obras mais importantes se intitular O Ser e o Nada. Para este pensador é crucial o homem aperceber-se disso e estar atento ao momento em que a consciência do existir se possa revelar, tal como acontece em “A Náusea” (com Roquentin, o protagonista) onde se configura literariamente este momento de epifania: “coisa que estava à espera deu o alerta, precipitou-se sobre mim, vaza-se em mim, estou cheio dela. Não é nada: a Coisa sou eu. A existência, liberta despida, reflui sobre mim. Eu existo. Estou a existir. É suave, tão suave, tão lento! É leve: como algo que se mantivesse no ar em suspensão. Sinto mexer: impressões levíssimas por todo o corpo, que fundem e se desvanecem. Suavemente, suavemente”. (Sartre). Mas Sartre assume-se como ateu.

Posto tudo isto, teremos de facto liberdade política e/ou liberdade individual?

"Temos que combater os candidatos bandidos"

Entre anteontem e ontem, comecei a perceber claramente porque é que as pessoas hoje já não se interessam pela política. É que os políticos já não fazem um mínimo esforço, nos debates públicos, para esconder a sua demagogia e o seu mau carácter. Uns até mostram com veemência que são malcriados.
____________

Começamos pelo debate entre Manuel Maria Carrilho e Carmona Rodrigues, dois candidatos à presidência da Câmara de Lisboa, que passou na SIC Notícias. Foi uma miséria completa. Não se debateu nada. Ambos mostraram que não tinham nenhum plano especial para desenvolver a capital portuguesa; ambos ficaram por esclarecer o verdadeiro propósito das suas candidaturas à Câmara Municipal de Lisboa; ambos passaram o debate inteiro a dizer "o senhor sabe quantos...?", "o senhor sabia que...?", "o senhor conhece...?". No final, nenhum dos senhores sabia de nada. Creio mesmo que nem sabiam muito bem o que foram fazer à SIC Notícias. As patetices políticas de ambos os candidatos eram evidentes. O debate de Carmona Rodrigues e Manuel Maria Carrilho fez-me lembrar o tempo em que eu andava na 1ª Classe, onde eu e os meus colegas testávamos o que não sabíamos: "Conheces isso?"; "Conheces aquilo?". Mas teve uma agravante: é que dois senhores, com a idade que eles têm, passaram mais de uma hora a discutir uma casa de banho. Será que um mandato chegaria para um deles construir pelo menos uma casa de banho?
________________

Outro Ponto:

Na RTPN, o jornalista Hélder Silva e uma outra colega dele conduziam o debate entre cinco candidatos à presidência da Câmara de Gondomar. Uma catástrofe autêntica. Os homens não respeitavam minimamente a intervenção dos jornalistas. Valentim Loureiro, actual presidente da Câmara de Gondomar, foi o mais estúpido. Não deixava ninguém falar. Mostrou uma arrogância e uma falta de educação incrível. Será que para se ganhar uma eleição é preciso mostrar aos eleitores que o candidato é mesmo um malcriado? Foi isso que o Major Valentim Loureiro fez ontem na RTPN.
Hélder Silva, um dos jornalistas a moderar o debate, muitas vezes, ficava exaltado que não conseguia mesmo pronunciar as palavras com clareza. Por várias vezes, aumentou o tom de voz para ver se calava os homens. Sempre que havia situações dessas, uma das pessoas envolvidas era o senhor Major. Triste cena de um debate para esquecer.
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No fim, foi a entrevista de Judite Sousa a Francisco Louçã, líder do Bloco Esquerda, na RTP1. Esta sim, correu bem. Francisco Louçã estava igual a si mesmo. A inteligência era notória na forma como o homem se posiciona na entrevista. Mostrou firmeza em derrubar Cavaco Silva nas presidenciais e disse o que já havia dito antes: "Temos que combater os candidatos bandidos".

http://www.nosmedia.blogspot.com
posted by Silvino Évora (jornalista) – Vila do Tarrafal – Chão Bom – Cabo Verde @ 11:59 AM

terça-feira, setembro 27

Vamos lá a animar enquanto não começa o jogo do Benfica

NUM INSTITUTO SUPERIOR DA CAPITAL, 1º ANO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

A cadeira é Ciência Política. O professor é um distinto deputado à Assembleia da República.
A aluna, com rara convicção, explicava ao examinador tudo o que se passou no 25 de Abril de 1974:

“ A revolução de 74 significou a queda de um regime militar dominado pelo Almirante Américo Tomás e pelo marechal Marcelo Caetano, que governava o país depois de deposto o último rei de Portugal, Oliveira Salazar. O 25 de Abril foi uma guerra entre dois marechais: o marechal Spínola e o marechal Caetano.”

Obviamente chumbou …

OUTRA VERSÃO, AINDA MAIS CRIATIVA, DESTA VEZ NUMA UNIVERSIDADE PRIVADA DE LISBOA, NO 3º ANO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

P – Descreva-me brevemente o que foi o 25 de Abril de 1974.
A – Foi um golpe levado a cabo pelos militares, liderados por Salazar, contra Marcelino Caetano.
- ( o professor, já disposto a divertir-se) E como enquadra o processo de descolonização nesse contexto?
A – Bem, a guerra em África acabou quando Sá Carneiro, que, entretanto subiu ao poder, assinou a paz com os líderes negros moderados. Foi por causa disso que ele e esses líderes morreram todos em Camarate.
P – Já agora, pode dizer-me quem era o presidente da República Portuguesa antes de 1974?
A – Samora Machel.

Conta, quem assistiu à oral, que o professor quase agrediu a aluna …

Participações de sinistro do ramo automóvel

Descrição de ocorrências nas participações de sinistro do ramo automóvel, consideradas as mais "caricatas":


1. O falecido apareceu a correr e desapareceu debaixo do meu carro.

(das duas uma: ou era atleta ou mágico!)


2. Para evitar bater de frente no contentor do lixo, atropelei um peão.

(o importante é q não acertou no contentor do lixo!!!)


3. O acidente aconteceu quando a porta direita de um carro apareceu de esquina sem fazer sinal.

(autêntico caso de Ficheiros Secretos)

4. A culpa do acidente não foi de ninguém, mas não teria acontecido se o outro condutor viesse com atenção.

(desde que a culpa não seja de ninguém...)

5. Aprendi a conduzir sem direcção assistida. Quando girei o volante no meu carro novo, dei comigo na direcção oposta e fora de mão!

(a culpa aqui também não é de ninguém, mas se o tivessem ensinado a conduzir com direcção assistida isso não teria acontecido!!!)

6. O peão bateu-me e foi para baixo do carro.
(malditos peões, só servem para desestabilizar....só para chamarem a atenção... malditos arruaceiros!)

7. O peão não sabia para onde ia, então eu atropelei-o!

(ora lá está! Mais uma vez a tentarem desestabilizar! Mas assim ao menos ficou o caso resolvido....hospital com ele!)

8. Vi um velho enrolado, de cara triste, quando ele caiu do tejadilho do meu carro.

(It's raining men...ALELUIA!!!)

9. Eu tinha a certeza que o velho não conseguia chegar ao outro lado da estrada, por isso atropelei-o.

(ora aí está! Tá feita a boa acção do dia)

10. Fui cuspido para fora do carro, quando ele saiu da estrada. Mais tarde fui encontrado numa vala por umas vacas perdidas.

(se as vacas estavam perdidas, ele foi achado ou perdido?!?)

11. Pensei que o meu vidro estava aberto, mas descobri que estava fechado quando pus a cabeça de fora.

(e assim que ele viu as vacas, estas ficaram achadas ou continuaram perdidas?!?)

12. Bati contra um carro parado que vinha em direcção contrária.

(ora aí está uma coisa perigosa! Esses são os piores.... todo o cuidado é pouco quando eles estão parados...sobretudo se vierem em direcção contrária!)

13. Saí do estacionamento, olhei para a cara da minha sogra e caí pela ribanceira abaixo.
(nova campanha da DGV: "Se conduzir, não leve a sogra"

14. O tipo andava aos ziguezagues de um lado para o outro da estrada. Tive que me desviar uma porção de vezes antes de o atropelar.

(mas o importante é que conseguiu! Há que ir sempre tentando e ter orgulho na pontaria!)

15. Já conduzia há 40 anos, quando adormeci ao volante e sofri o acidente.

(é perfeitamente natural, então se o senhor conduz há tantos anos deve, com certeza, estar muito cansado!)

16. Um carro invisível veio de não sei onde, bateu no meu carro e desapareceu.

(Mais um caso para Mulder e Scully.... ou então para os Alcoólicos Anónimos...)

17. O meu carro estava estacionado correctamente, quando foi bater de traseira no outro carro.

(eu bem digo que os parados são os piores.... eles andam aí!!!)

18. De regresso a casa, entrei com o meu carro na casa errada e bati numa árvore que não é minha.

(aqui não restam dúvidas....é caso para os Alcoólicos Anónimos!)

19. A camioneta bateu de traseira no meu pára-brisas, em cheio na cabeça da minha mulher.

(e só não foi na cabeça da sogra graças à nova campanha da DGV senão...)

20. Disse à policia que não me tinha magoado, mas quando tirei o chapéu percebi que tinha fracturado o crânio.

(estava agora a lembrar-me...pertenceria o tal tipo dos ziguezagues aos Alcoólicos Anónimos
também???)

NOTA:

Reparem no humor negro dos comentários. São deliciosos!

Projectos


O jornal VOZ DAS BEIRAS irá a partir já do próximo mês de Outubro, promover uma série de Conferências, Debates e Congressos, com a finalidade de discutir o estado do País e da região em que se está inserido.

As temáticas serão variadas e abordarão desde a Economia, passando pelo Ambiente, Empresariado, Ensino, Justiça e Saúde, entre muitos outras, pretendem discutir e encontrar respostas para o Estado do País.

Sendo um órgão de Comunicação Regional, o VOZ DAS BEIRAS, não quer escusar-se às suas responsabilidades para com a comunidade, nem enterrar a cabeça na areia, fazendo de contas que os problemas não existem.

Ao contrário da maior parte dos grandes meios de Comunicação Social, que apenas pretendem o lucro, o jornal do qual tenho a honra de ser o Director, quer ser uma força viva na região.
Tudo isto é apenas possível porque a equipa que o compõe, é composta por pessoas excepcionais, empenhadas em todo este projecto sustentado.

À equipa o sentido obrigado do colega que tem por todos eles uma enorme amizade.

Parabéns!

Parabéns meu caro Manuel (desculpa a intimidade, mas convém sempre cultivá-la com os famosos ... )!



Foi uma justa e merecida escolha.

O blog desde há muito que constava nos n/ links, com a referência "mfc". Agora resolvi mudá-la para "Pé de meia".

É o "preço da fama" ...

OS STORES QUE VÊM (?) PR'AÍ - (1)

Vai em pequenas doses para não chocar muito:

ORAL DA CADEIRA DE ANATOMIA DO CURSO DE MEDICINA

Prof : Descreva o fígado.
Aluno: Os fígados ...
Prof: Os fígados ??!! Quantos são?
Aluno: Dois. Direito e esquerdo!

ORAL DA CADEIRA DE PSICOLOGIA DO CURSO DE MEDICINA

Prof: Onde se localiza o centro de inteligência ... ? (área do córtex cerebral)
Aluno: Nos Estados Unidos da América

A razão do blog do candidato político

"Divirto-me à brava com a perspectiva que os políticos portugueses têm dos blogs. Alguém lhes disse, a dada altura das suas miseráveis carreiras, que os blogs eram o 5º Poder e estes desataram a abri-los na internet na vã esperança de agarrar mais um bocadinho de poder.
Naturalmente que os políticos estão a anos-luz de distância de perceber o que é um blog, quanto mais o modo como devem usá-lo."

(…)

Pode ler todo o artigo no blog “Humor negro”, que consta dos nossos links.
Vale a pena e tem uma foto espantosa!

segunda-feira, setembro 26

Sugestão de leitura


António Ramos Rosa vence Prémio Sophia de Mello Breyner Andresen 2005
O poeta António Ramos Rosa venceu, por unanimidade, o Prémio Sophia de Mello Breyner Andresen, instituído pela Câmara Municipal de S. João da Madeira em colaboração com a Associação Portuguesa de Escritores, pela obra "O Poeta na Rua". Este galardão, terá periodicidade bianual e distinguirá, alternadamente, nas categorias de poesia e ficção científica.


Palavras (As) - António Ramos Rosa

A palavra poderá ser alguma vez sobre uma concha de lábios anelantesa luxuriante ramagem em que fulge o ouro entre fios azuis e ao doce molusco do umbigo ascende?Poderá ela igualar-se às cintilantes surpresasde uma rosa a que se adere no mais ardente contacto?As palavras amam o seu corpo musicalas suas varandas verdes as suas torres brancas. Às vezes não são mais do que pétalas de cinza ou calou rosas de fumo evolando-se de uma parede cinzenta.Mas quando cavalos do desejo quando se empinam para uma árvore solaré porque o esplendor do corpo as deslumbra e as dilatae querem ser a reverência inebriada de um delicado ardor.E então como as aranhas de mercúrio ou de prata tecem as frágeis constelaçõesem que os nomes circulam com o sangue dos arbustos do desejo.

Realidade ou ficção?

Um ministro português recebeu, em Lisboa, um ministro angolano.
Simpático, o ministro português convidou o outro a ir lá a casa.
O ministro angolano foi e ficou espantado com a bela vivenda.
Em bairro chiquérrimo e com piscina.

Com o informalismo dos luandenses pôs-se a fazer perguntas:
-Com um ordenado que não chega a mil contos limpos,
como é que o meu amigo conseguiu tudo isto?
Não me diga que era rico antes de ir para o Governo?

O ministro português sorriu, disse que não, antes não era rico. E em jeito de
quem quer dar explicações, convidou o outro a ir até à janela.
- Está a ver aquela auto-estrada?
- Sim - respondeu o angolano.
- Pois ela foi adjudicada por 100 milhões. Mas, na verdade, só custou 90...
disse o português, piscando o olho.

Semanas depois, o ministro português foi de viagem a Luanda.
O angolano quis retribuir a simpatia e convidou-o a ir lá a casa.
Era um palácio, com varandas viradas para o pôr-do-Sol do Mussulo,
jardins japoneses e piscinas em cascata.

O português nem queria acreditar, gaguejou perguntas sobre como
era possível um homem público ter uma mansão daquelas.
O angolano levou-o à janela.
- Está a ver aquela auto-estrada?
- Não.
- Pois...

NOTA: Claro que é ficção. Coisas destas não acontecem.

domingo, setembro 25

O “L, Étranger” do Partido Socialista.

Nada no mundo é tão pesado para o homem como seguir pelo caminho que o conduz a si mesmo.
Hermann Hesse



«O Estrangeiro», de Alberto Camus, romance publicado em plena II Guerra Mundial (Julho de 1942), é um livro tentador. Lê-lo uma vez, implica um regresso à releitura. «Ler Camus» – dizia alguém – «é ficarmos com vontade de lhe apertarmos a mão.»

É um livro sobre a condição humana. O manuscrito do romance pretendia aparecer com um subtítulo: «O Estrangeiro, ou Um Homem Feliz». A justiça, a indiferença, o facto de cada homem ser uma ilha na sociedade, as circunstâncias que fazem as tragédias e a desgraça do drama humano, a alegação de que a vida não vale a pena, a rejeição da transcendência, o assumir que Deus está ausente, seria contudo a sua trama. Há mesmo uma narração na primeira pessoa, lá para o final do livro, que impressiona «Eu estava agora completamente encostado à parede» – diz o protagonista.

O escritor Camus, resumira em 1955 o seu romance “L` Étranger” sob a constatação da angústia da personagem, que está perdida perante a vida, os concidadãos que não entende, o querer ser marginal a todos os rígidos sistemas, usando uma metáfora: «Na nossa sociedade, todo o homem que não chorar no enterro da mãe corre o risco de ser condenado à morte.»

Deste ponto de vista, é um livro que abre linhas de análise sobre a hipocrisia sempre presente na sociedade humana.
É um livro que inquieta. Sobretudo porque somos levados a pensar nas formas que pode assumir a inumanidade do homem.

Este breve intróito serve de alguma forma para tentar entender a postura de Manuel Alegre.
Ficou claro para mim em Viseu, que iria disputar as eleições. Toda a imprensa escreveu e contou o inverso. Lembro-me das parangonas: “Manuel Alegre fora da corrida a Belém”, “Alegre desiste” e outras patacoadas do género. Porém, os meios mobilizados por todos os órgãos de comunicação social presentes – e eram praticamente todos – eram mais do que muitos. Os melhores “especialistas”, os mais reputados nomes dos canais televisivos, os mais do que “sábios” analistas que cada um conseguiu arranjar.
Um pequeno e obscuro jornal Regional do qual sou o Director escreveu o que alguns consideraram “asneira”.

Todavia o tempo e Alegre encarregaram-se de nos dar razão. Ou não ouviram atentamente o que ele disse, ou não sabem interpretar o que ouvem, ou no pior dos cenários tentaram “matar” a candidatura do Poeta-político. Em nome de que interesses?

«Na nossa sociedade, todo o homem que não chorar no enterro da mãe corre o risco de ser condenado à morte.»


Manuel tem sido o “L, Étranger” do Partido Socialista.
Manuel tem sido a consciência de um partido que a perdeu. Alegre é obviamente um incómodo para os grupos que vão governando o PS apenas e só fazendo dele uma bem oleada máquina de ganhar eleições.
Tudo o que deveria constituir a verdadeira razão da existência de um partido que ostenta este nome e se reclama de “Esquerda” tem passado para o esquecimento. Não são de facto as grandes questões sociais que preocupam os dirigentes deste partido, mas uma visão neoliberal da sociedade; para o conseguirem reuniram-se em torno do chamado “grupo de Macau” a que voltarei um destes dias.
A candidatura de Soares aparece exactamente nessa perspectiva: conquistar os poderes, mantê-los a qualquer preço, instituir uma dinâmica ainda mal conhecida da grande maioria dos portugueses.

A candidatura de Manuel Alegre é contra tudo isto. É uma verdadeira candidatura de esquerda. Mas é antes de tudo uma forte tomada de posição contra o sistema quase dinástico que se pretende instituir.
É uma lufada de ar fresco no panorama político actual. É certamente uma candidatura onde muitos portugueses se reverão e será de certeza uma desagradável surpresa para o aparelho partidário do PS que apostou ingloriamente no “cavalo errado”.

Jamais poderá ser acusado de ser o causador de dividir uma esquerda que na verdade nunca teve um projecto colectivo e um objectivo concreto. Ele havia dito que avançaria. Quem veio depois é que poderá ser responsabilizado pela divisão. Essa culpa terá de ser assumida por Sócrates e Soares.

Já não é assim tão importante quem conquista a cadeira de Belém. Importante – porque contribui para retirar algum “cinzentismo” à depressão nacional – é a atitude responsável, corajosa e de grande cidadania que esta candidatura representa.

Alegre tem o meu voto e estou certo, o de muitos portugueses que não se revêem nas candidaturas de dois dinossauros parados algures no tempo!

"Bananeiros"

Citando o jornalista Rui Santos (ruimmsantos@netcabo.pt):

"Se, como tudo leva a crer, Isaltino, Valentim e Avelino conquistarem as preferências do respectivo eleitorado, há três desejos que apetece formular: ou emigrar, ou pedir a anexação pela Espanha ou reinvidicar para nós o tratamento de "bananeiros", isto é, legítimos contribuintes da República das Bananas."

(in, Correio da Manhã de 25 SET 05)

Fátima Felgueiras ?

Já aqui falei bastante do caso.

"A lei está cheia de buracos. Os autarcas agradecem, os juritas conformam-se, as vítimas desesperam perante a permeabilidade do sistema judicial"

Os felgueirem-se parece estarem felizes e isso é que interessa: fazer a felicidade do Povo !

Né?

ALMAS PERFUMADAS

Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta.
De sol quando acorda.
De flor quando ri.
Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.
Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça.
Lambuzando o queixo de sorvete.
Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus.
De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.
Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo.
Sonhando a maior tolice do mundo com o
gozo de quem não liga pra isso.
Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra.
Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza.
Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria.
Recebendo um buquê de carinhos.
Abraçando um filhote de urso panda.
Tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa.
Do brinquedo que a gente não largava.
Do acalanto que o silêncio canta.
De passeio no jardim.
Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo.
Corre em outras veias.
Pulsa em outro lugar.
Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está conosco, juntinho ao nosso lado.E a gente ri grande que nem menino arteiro.


(Ana Cláudia Saldanha Jácomo)

sábado, setembro 24

Crianças de hoje



A mãe estava na cozinha enquanto ouvia o filho a brincar na sala com o novo comboio eléctrico. Ela ouviu o comboio parar e o seu filho dizer:

- Todos os filhos da puta que querem desembarcar, saiam da merda do comboio agora, porque esta é a última estação! E todos os cabrões que estão a voltar e desejam entrar na merda do comboio, mexam o cu agora mesmo, porque vamos sair com esta merda!

A mãe irritada foi à sala e disse ao menino:

- Mas o que é que se passa aqui? Nós não usamos esse tipo de linguagem cá em casa! Vai já para o teu quarto e ficas lá durante 2 horas para ver se aprendes uma linguagem adequada! Depois podes voltar a brincar com o comboio.

Duas horas depois o garoto sai do quarto e volta a brincar com o comboio. Quando o comboio pára, a mãe ouve o filho dizer:

- Senhores passageiros: todos os passageiros que estão a desembarcar, queiram por favor, levar os seus pertences pessoais! Agradecemos a todos por viajar connosco, esperamos que tenham feito uma óptima viagem e esperamos que viajem connosco novamente!

Ainda ouviu o pequeno acrescentar:

- Para aqueles que estão a embarcar, pedimos que acomodem as suas malas debaixo dos assentos! Lembrem-se que não há área para fumadores no comboio! Esperamos que todos tenham uma excelente e relaxante viagem!

Quando a mãe já sorria de satisfação por o castigo ter resultado, ouviu o menino acrescentar:

- Para aqueles que estão absolutamente fodidos com o atraso de DUAS HORAS, reclamem com a vaca que está na cozinha.

Perna de pau

Num belo dia de sol, na fila do autocarro estavam um pai com os seus
dezasseis filhos e filhas e juntamente com eles, um senhor de meia idade com uma das pernas de pau.
O bus chegou e a criançada entrou primeiro ocupando os bancos que
estavam disponíveis.
Os dois senhores entraram e ficaram em pé.

No arranque, o senhor da perna de pau com visível dificuldade
desequilibrou-se para trás, e o barulho foi inconfundível: TOC... TOC...
TOC...TOC...
Quando o bus travou, a mesma coisa aconteceu: TOC... TOC...
TOC...TOC...
Na arrancada novamente: TOC... TOC... TOC...TOC...
E assim foi várias vezes...

Num determinado momento, já incomodado com o barulho, o pai das 16
crianças virou-se para o senhor da perna de pau e perguntou-lhe com certa ironia:
- Porque é que o Senhor não coloca uma borrachinha neste pau? Assim não
incomodava com o barulho.

De imediato o cavalheiro da perna de pau respondeu:
- É, se o senhor tivesse colocado uma borrachinha no pau há alguns
anos atrás, hoje estaríamos todos sentados numa boa, né?

Os "ses" do trabalhador

sexta-feira, setembro 23

Um filósofo à procura do cérebro?

Não vou discutir os critérios da SIC no que concerne à exibição de imagens. A ser assim, teria de escrever vários compêndios. Porém, não pude deixar de ver, como uma boa parte dos portugueses, o debate entre Manuel Maria Carrilho e o Professor Carmona Rodrigues.
Um e outro caíram no insulto gratuito, privilegiaram o ataque pessoal. Pouco falaram de Lisboa e de propostas concretas. A somar a isto, o "intelectual" Carrilho ainda nem sequer apresentou um programa. É certo que não precisa. Jamais será presidente da maior autarquia portuguesa. Ele, o "génio", o homem "brilhante", o mais "inteligente", o "super-culto", não entendeu que as cúpulas do Partido Socialista apenas o lançaram na corrida autárquica para o matarem politicamente.
Não tendo sido um debate brilhante, muito por culpa do arrogante Carrilho, não foi por isso que deixei de apanhar algumas ideias-chave do seu adversário. Posso nem concordar com muitas. Posso mesmo ser contra algumas ou todas; mas pelo menos tem ideia de como se governa uma câmara, como se exerce política, tem um ar sério, tem até um ar simpático.
Não se pode dizer o mesmo de Manuel Maria Carrilho. A soberba está estampada naquele rosto estúpido, a incapacidade demonstrada na sua passagem pelo governo, a sua arrogância de menino rico, filho de homem rico e servidor fiel do antigo regime, ultrapassa o razoável. Carrilho é afinal um cretino que se julga importante, mas que não passa de mais um dos péssimos políticos que vão pululando por cá. Este com a agravante de se julgar mais culto e mais inteligente do que todos. Excedeu-se em má educação. Melhor: falta dela.
Quando o seu oponente lhe estendeu a mão, era suposto que fizesse o mesmo. Mas não. Ignorou o gesto cordato e educado de Carmona Rodrigues e, com o seu ar falsamente intelectual, voltou-lhe as costas. Para quem conhece a família e o seu passado, o acto até é explicável. Porém, como explicá-lo aos eleitores alfacinhas?
– Estou certo de que aquela atitude lhe terá retirado muitos votos. Porque, independentemente do posicionamento político de cada um de nós, existe algo comum a todos: regras de boa conduta e de boa educação. –Presumo que, na remota possibilidade de ser eleito, Manuel Maria Carrilho começaria o seu "duro" trabalho por uma remodelação ao WC privado do presidente da Câmara de Lisboa. Posso mesmo adivinhar que gastaria um pouco mais do que custaram os WC do Ministério da Cultura, aquando da sua passagem por este importante ministério.
Por todas as razões já enunciadas e porque a cabeça do fulano parece transportar excrementos em vez de um cérebro, entendo a sua apetência pelas casas de banho. Quem sabe, um dia, consiga no meio da merda encontrar a massa cinzenta que deverá ter perdido?
Apcorreia@vozdasbeiras.com

http://www.jornaltorrejano.pt/jt/opiniao.htm#opiniao8

Por favor !

Sempre que abro a TV só o que me aparece é a Santa da Ladeira, ou alguém a falar dela!



POR FAVOR, POUPEM-ME!

NÃO AGUENTO MAIS!

Vou fechar o PC, não apareça também por aqui! !

O Povo em luta !

Ontem, no cinema da Encarnação, cerca de 200 moradores dos Olivais Norte/Encarnação (Lisboa), reuniram-se com a Junta de Freguesia de Santa Maria dos Olivais, contestando o traçado previsto para o Metro, na ligação entre a Gare do Oriente e o Aeroporto (prolongamento da linha vermelha).
Existem diversas alternativas que não prejudicam ninguém, mas como o Povo só serve para votar e pagar impostos, o traçado previsto certamente irá avante, originando que:

- Cerca de 2.000 pessoas sejam afectadas por esse traçado.
- Sejam desalojadas 40 famílias, durante um prazo "previsto" de 3 anos (já sabemos que será o dobro; é o costume).
- Sejam provocadas fissuras, mais ou menos graves, em 91 edifícios.
- Sejam demolidas quatro pequenas vivendas geminadas, tendo cerca de 50 anos, mas onde os seus actuais moradores investiram bastante dinheiro na sua recuperação.
- Engarrafamentos monumentais!
- Espaços verdes destruidos!
- Estaleiros das obras a menos de 50m de uma Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico!

Depois de termos sofrido estoicamente as obras da EXPO 98, agora cai-nos este "pesadelo" em cima!

Será assim que o Governo defende os interesses dos cidadãos ?

Assim se delapida o dinheiro vindo de Bruxelas, que irá parar onde? Na obra?

Não sou engenheiro, nem arquitecto. Sou um cidadão comum e, como tal, não compreendo que seja escolhido um traçado em que o tunel que passa junto às casas, com todos os inconvenientes acima apontados, seja escavado a céu aberto, enquanto que o que atravessa terrenos não habitados, é feito "em mina" (como se diz).
Ou talvez compreenda, nesses terrenos irão ser construidos mais "mamarrachos" de betão armado.

Em último recurso a Comissão de Moradores não deixará de recorrer à Comissão Europeia por causa da obra, que é comparticipada em 85% pela União Europeia.

Voltamos a acentuar não estarmos contra a referida ligação do Metro, mas sim contra o traçado escolhido. Uma obra de engenharia não pode ser concebida prejudicando o meio ambiente e os cidadãos moradores!

Criação e matéria negra

“Por que é que a palavra “origem” nos fascina tanto? Que corda faz vibrar? Donde vem a atracção que exerce sobre nós? Como explicar a afluência às conferências sobre as origens?
Esta palavra mergulha raízes profundas no nosso tecido psíquico. Fala-nos de nós. Atinge esta região opaca do passado donde emergimos.”

(Hubert Reeves, “Últimas notícias do cosmos”)

É aquilo a que os historiadores chamam o “mito das origens”, contestado nos anos 20 pela “Nova História” (iniciada, entre outros, por Marc Bloch) e que levou ao aparecimento da História “em fatias”. Em vez da história de Portugal, passámos a ocupar-nos, ou a escrever, p.e. “Marginalidade e crime na Lisboa do sec XIX”.

O estudo da rotação das estrelas nas galáxias, tal como a estabilidade dos aglomerados de galáxias, revela-nos a presença de uma componente de matéria invisível (“componente dinâmica”) que se manifesta por meio do seu campo de gravidade e influencia as órbitas dos corpos luminosos, por exemplo, acelerando os movimentos das estrelas ou das galáxias. É aquilo que conhecemos por “matéria negra” (black matter), invisível e de composição “não-bariónica”, que se manifesta através da “dark force” e que constitue 90% do Universo conhecido.

“Somos aquilo que sabemos. Um universo é como um ser humano: nasce, atinge um apogeu, inicia o seu declínio e desaparece, substituido por outro.”

(Matthieu Ricard e Trinh Xuan Thuan, “O Infinito na palma da mão”)

Curandeiro

quinta-feira, setembro 22

Democracia anórectica

A anorexia instalou-se definitivamente na nossa “democracia”.

Sofrerá de sífilis congénita, de raquitismo agudo, de cegueira perpétua. Ou de tudo isto.
Se é certo – deveria ser de facto assim – que os poderes político e judiciais deveriam estar claramente separados, é ainda mais certo que vamos assistindo no quotidiano, à promiscuidade entre entes dois verdadeiros sustentáculos de um verdadeiro sistema democrático.

É claro para toda a gente, que existem duas justiças: a que se aplica aos pobres e a que se não aplica aos ricos e poderosos.

Não vou acusar Fátima Felgueiras do que quer que seja. Até transitar em julgado, presume-se da sua inocência. Não vou igualmente questionar a honestidade de Valentim Loureiro ou de Isaltino Morais.
Mas já questiono a honestidade de Avelino Ferreira Torres. Na verdade nem questiono. É um homem condenado, um verdadeiro facínora que continua a pavonear-se pelas televisões e que enriqueceu de forma no mínimo duvidosa.
O povo costuma chamar a quem usa o que não lhe pertence, ladrão. Não irei contradizer esta afirmação. Faço-a minha.

Pedia-se à mulher de César que além de ser tinha de parecer. Uma grande parte da classe política instalada em Lisboa e em muitos feudos espalhados pelo país, nem sequer se dão ao trabalho de parecer. Assumem as suas pulhices, usam e abusam do dinheiro dos contribuintes – ou devo dizer extorquidos? - de forma despudorada. Candidatam-se eternamente, apresentando-se sempre como os salvadores da zona, do concelho ou do país. Na verdade o país lucraria muito mais se estes cavalheiros não merecessem um único voto.

Assistimos incrédulos àquilo que foi obviamente uma encenação: Fátima Felgueiras que se havia “ausentado” para o Brasil após ter sido decretada a sua prisão preventiva, regressa em glória.
Passa umas quantas horas no Tribunal para tapar os olhos das pessoas e sem surpresa é solta.
Segue-se a inevitável festança. Populaça que não entende que a serem verdadeiras as acusações que pesam sobre a senhora, foi roubada, espoliada do dinheiro com que vai alimentando o ego, o orgulho e a ganância de uns poucos que vivem à custa do colectivo.

Sabemos ainda que Fátima se candidata. Nada que se não esperasse.
É hoje claro que só regressou porque tinha garantias de que não seria presa.

Tudo isto nos faz recuar um pouco no tempo.
Lembro-me – será que temos amnésia colectiva? – de Paulo Pedroso, acusado de actos de pedofilia ter saído em liberdade e de ter comemorado a sua libertação na Assembleia da República, naquele lamentável incidente que desvirtuou e manchou quiçá para sempre a imagem já debilitada que cada um de nós tem do hemiciclo. – Não o vemos mais como um local onde os privilégios imperam, a sesta é obrigatória? –

Portugal está irremediavelmente transformado num enorme circo.
A ausência de justiça para os poderosos é evidente. A caça aos pequenos contribuintes assume carácter de assalto.
Obscenamente o Governo Socialista transgride com todos os princípios democráticos. É uma espécie de Robin Hood ao contrário: rouba os pobres para encher ainda mais os bolsos já mais do que cheios, de meia dúzia de poderosos.

A estes tudo é permitido: evasão fiscal, fraudes, roubos descarados.
Aos menos favorecidos apenas lhes é permitido serem assaltados. Afinal quem paga as contas e os desmandos dos governantes? – Pois é: são sempre os mesmos! –

Merda

Chega-se à conclusão que deve ser a palavra mais versátil da língua portuguesa!!!! O uso do vocábulo “merda” é uma questão de educação. Mas ninguém pode negar que o utilizamos em múltiplas circunstâncias, relacionadas com muitíssimas coisas.

Por exemplo:

Orientação geográfica:-Vai à merda!

Adjectivo qualificativo:Tu és uma merda!

Momento de cepticismo:Não acredito nesta merda!!!

Desejo de vingança:-Vou fazê-lo em merda!!!

Acidente:-Já fizeste merda!

Efeito visual:-Não se vê merda nenhuma!!!

Sensação olfactiva:- Cheira a merda...

Dúvida na despedida:- Por que não vais à merda?

Especulação de conhecimento- Que merda será esta?

Momento de surpresa:- Merda!!!

Sensação gustativa:-Isto sabe a merda!

Desejo de ânimo:- Rápido com essa merda!!!

Situação de desordem:- Isto está uma merda!!!

Rejeição, despeito:- O que é que esse merdas pensa?

Para descobrir o paradeiro de qualquer coisa:- Não sei onde foi parar aquela merda...

Interjeição comum:- Que merda!!!

Crise das 17h30:-Vou-me embora desta merda!!!

Futebol:-Isto parece o Benfica!!!!

(enviado por A.Duarte Lázaro)

Pedido de desculpa

"Rogério Guimarães, cidadão eleitor nº 6823, da unidade geográfica de recenseamento de Caldas da Rainha, vem por este meio pedir desculpa a todos os democratas por ter contribuido com o seu voto para a eleição deste Governo"

(anúncio publicado no jornal "Publico" de 09 corrente)

Era bom, era ...



LAGOS - Praia de Porto de Mós - Verão de 2005.

quarta-feira, setembro 21

Os mirones

Como é que pode haver em Portugal tanta gente sem fazer nada? Quando foi a detenção de Carlos Cruz era gente aos magotes para o aplaudir, junto à Judiciária. Passavam ali o dia inteiro e não sei mesmo se chegaram lá a dormir. Neste momento está a ser julgado. A Justiça pronunciar-se-á e, se sair em liberdade, duvido que as multidões que o aplaudiam de início, voltem a aparecer.

O mesmo com o Major Valentim Loureiro, quando foi chamado a prestar declarações no âmbito do Processo Apito Dourado. A mesma multidão, o mesmo populismo, a imagem dele que tem passado inúmeras vezes na TV, sorrindo e acenando para a multidão.

Hoje regressou Fátima Felgueiras. A TV dedicou-lhe, e continua a dedicar-lhe, imenso tempo de antena. Foi aplaudida por uma multidão enorme, que jurava a sua inocência e que também não arredou pé o dia inteiro. Será julgada imparcialmente e é a Justiça quem se pronunciará. Não há Justiça Popular. Houve nos tempos do PREC, mas isso já foi há muitos anos e a maioria de vocês ainda não eram nascidos, ou já não se lembra.

Na altura, correu aí na NET este "boneco". Onde está?



Neste momento está em Portugal. Decidiu sujeitar-se à decisão popular, discutindo a sua eleição para presidente da Câmara. Mais uma pessoa que vai sacrificar-se na luta política a bem da autarquia. A Justiça julgá-la-á a seu tempo.

Um problema de cidadania

É o título de um magnífico artigo escrito por Helena Roseta e publicado no último número da revista VISÃO.
Dele destaco:

"O possível triunfo dos corruptos*, a que não foi alheia, nalguns casos, a fama obtida televisamente, mostra que estamos cada vez mais perto do terceiro mundo."
(*) nas eleições autarquicas

(...)

"Entre os eleitores sem simpatia partidária, 85% não votaria na segunda volta, ou seja, não quer nem Cavaco nem Soares na Presidência."

Os Bons Conselhos de Ray Charles

O Soares deixou o sofá e as pantufas e vai candidatar-se à presidência? O Cavaco fartou-se da pasmaceira de Boliqueime e idem aspas? O aumento da gasolina vai fazer ressuscitar a bicicleta enferrujada dos confins do sotão? A empresa está a pensar reduzir o pessoal? A nova política da UE face à competição com a China vai-nos fazer trabalhar até a cabeça cair no teclado, e a preço de saldo? O metro vai abanar a cama e fazer aumentar o som da tv durante as emissões nocturnas da tvi? O canteiro do jardim também não resistiu à praga dos incêndios? E a culpa é toda sua porque ninguém o manda não se inscrever num partido político?

Amigo, vá por mim: siga os bons conselhos do Ray Charles e não pensará mais no assunto.
(uma garrafinha de tinto, reserva especial do lidl, também serve...)

PROTESTO CONTRA O PROLONGAMENTO DA LINHA VERMELHA DO METRO DE LISBOA, PASSANDO POR OLIVAIS NORTE

Sou contra o prolongamento da “linha vermelha” do Metro: Gare do Oriente – Aeroporto, passando por Olivais Norte. Têm muitas alternativas e algumas até já bem próximas do Aeroporto e gastando muito menos dinheiro, sem terem de vir fazer mais estaleiros em zonas sossegadas e bem servidas de transportes públicos.
Como é possível iniciar obras de milhões e milhões de Euros, quando o País está sem dinheiro?
Ainda não resolveram a situação do Metro na linha Praça do Comercio – Santa Apolónia, cujos gastos devem estar no “segredo dos deuses” e, ao que julgo, ninguém foi responsabilizado por tal descalabro. A obra do Metro a céu aberto nos Olivais Norte vai ser outro sorvedouro de dinheiro, sem qualquer benefício para os moradores da zona. Quem vai ganhar com semelhante obra? A população de Olivais Norte não é certamente. Levem o Metro para fora de Lisboa, onde faz muito mais falta e assim talvez acabem com o excesso de automóveis que entram todos os dias na cidade.
Durante 3 anos (!?!?!?) iremos passar tormentos com barulho, assaltos, cortes de água, luz e gás, dificuldades de acesso e estacionamento.
E os alicerces das casas não serão afectados?
Claro que são, tal como foram os blocos no topo da Av Cidade de Luanda, em Olivais Sul, quando da construção do Metro nesse local.
Casas demolidas. Quem paga os prejuízos económicos e até sentimentais de pessoas que aqui passaram toda a sua vida e que agora até tinham acabado de fazer obras de beneficiação?

É esta a vossa política social?

Talvez as futuras eleições lhes digam que o Povo não é estúpido, não esquece e sabe muito bem o que quer.

terça-feira, setembro 20

Liberdade individual e liberdade política

O texto que se segue não é meu. Guardei-o nos meus arquivos por o achar interessante e polémico. É do tempo em que frequentava os fóruns do SAPO, anterior à “explosão bloguista”.
Não posso indicar com precisão o seu autor. Na altura não me preocupava com esse problema, pois o texto era só para mim, para meu prazer intelectual, mas penso ser de um compatriota nosso, que trabalhava em Paris, na área da Sociologia (?) e cujo nome já não me recordo. Talvez algum dos leitores que por lá andaram, o possa identificar. Daria então o seu a seu dono:

“Para mim as filosofias do Sartre e do Camus não são grande coisa. O que fica das obras deles, não é a filosofia, não é o teatro, são só umas prosas tal como « les mots » para o Sartre e « l’étranger » para o Camus. Existe na obra dos dois uma quantia fenomenal de textos sem interesse nenhum : sobretudo em filosofia e no teatro, que apodreceram com o tempo.

Quem é que pode ler hoje sem gargalhadas « la peste », este livro tão cheio de bons sentimentos que temos a impressão que deve ser um outro escritor que escreveu « la chute ». Já leram « l’homme révolté », ridículo ensaio ! Camus foi também este grande homem que não julgou oportuno publicar durante a segunda guerra mundial um ensaio sobre Kafka (que encontram no « mythe de Sisyphe ») porque Kafka era judeu e assim Camus tinha a certeza de não ter problemas com o ocupante alemão… Que Grande Filosofia não é ? Do mesmo género, Sartre pensou ser um grande resistente com a representação das « Moscas ». Camus e Sartre, dois grandes resistentes com certeza!

O Camus et o Sartre têm importância como artistas e nada mais... « L’étranger » e « La chute » são dois bons livros. E é a mesma coisa para o Sartre : quem é que leu sem dar-se por vencido « L’être et le néant » ? Mas o problema é outro e não simplesmente a minha ironia: qual é hoje a importância das filosofias da liberdade ?

Não compreendo que sejas (eu) atormentado com a frase « il faut que l’homme se retrouve lui-même et se persuade que rien ne peut le sauver de lui-même ». Esta frase hoje não significa mais nada; a ideia do homem e da sua liberdade explodiu com tudo o que sabemos do funcionamento do sistema nervoso. A consciência, sobre a qual o existencialismo se fundou, não é outra coisa senão o produto dos nossos determinismos – genéticos e exteriores. Que significa ainda a liberdade com: « se retrouver soi-même » ? Seria encontrar alguma coisa ou alguém mas não há outra coisa senão um espaço vazio em nós, um grupo de determinismos dos quais o homem desapareceu. « Se sauver lui-même » aqui temos a ideia tipicamente laicizada da redenção cristã, o que podemos salvar dos nossos determinismos ? Nada, basta obedecer e eles fazem o trabalho…

A própria linguagem não tem nenhum espaço de liberdade, a linguagem é completamente determinada : não podes utilizar outras formas que a gramática não proponha e as ideias vêm com as formas. Às vezes podemos ter a ilusão de ser livres, mas não é outra coisa senão uma astúcia da natureza para nos enganar com o falso orgulho de sermos actores das nossas vidas. Até mesmo tudo o que escrevo hoje foi determinada pela minha vida, pelas minhas leituras e experiências, e tudo o que escrevo não vale mais que isso.

Existe um livro em francês que explica isso muito melhor que eu. Não penso que haja uma tradução em português de « Eloge de la fuite » (Collection Folio-Essais, Gallimard, o preço : +- 5 € ) do Henri Laborit, um cirurgião francês. Este livro é mais importante que as obras do Camus e do Sartre reunidas. A única liberdade que temos é a de poder ter consciência dos nossos determinismos.

Acho que fazes uma confusão entre a noção da liberdade individual e a da liberdade politica. A situação depois do 25 de Abril é com certeza melhor para os Portugueses, mas o verdadeiro problema não é esse. O problema da ilusão da liberdade individual é muito mais importante e esta liberdade não existe como já disse. A confrontação do individuo com os seus determinismos é a reacção dele perante esses determinismos é o que faz a sua vida ; a politica é só o quadro deste confronto. Gostas da filosofia do Camus ? Ela não vale grande coisa, o Camus tinha a cultura filosófica dum professor. Podes ler o ensaio do Jean-Jacques Brochier « Camus, philosophe pour les classes terminales » para ter uma ideia do lugar exacto do Camus na história da filosofia…

Deixa lá as filosofias da liberdade e volta às coisas essenciais. Por exemplo aos poemas do Alberto Caeiro. Nesta obra tens muito mais filosofia interessante que nas obras do Camus e do Sartre.

Para acabar: o Sartre que não compreendia nada de ciências exactas não compreendeu também nada do Maio de 1968, ele pensava que era uma revolução e não era nada disso. A situação dos estudantes e sobretudo dos trabalhadores era o verdadeiro problema na época, não as ideias ou a revolução, quanto menos a filosofia ! Todos os « revolucionários » da época são hoje bons burgeses, já viste o Cohn-Bendit ? Agora ele tem ideias revolucionárias como essa : « a violência é coisa má ! » Deputado europeu é um bom lugar para um revolucionário, ganha-se bem !

Deixa lá o humanismo e nota bem o desprezo total do humanismo no romance « la nausée » do Sartre, depois ele mudou completamente, mas « la nausée » sobreviveu e as ideias do Sartre comunista estão enterradas para sempre.

Pessoalmente cago sobre as bandeiras dos movimentos que contestam a globalização. Isso não serve para nada, um pouco de fumo que desaparece depressa. O sistema vai comer depressa todos esses contestadores e o que aconteceu em Génova foram palhaçadas sem importância. O capitalismo ganhou e funcionará ainda por muito tempo.

Preocupa-te contigo e com a tua vida, deixa lá as palavras vazias que só podem enganar os parvos e lê o que é importante tal como :

« Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo. »

(Alberto Caeiro )”

NOTA: o texto tem uns anos e foi-me dirigido, mas foi publicado em post num fórum e, portanto, não se trata de um documento pessoal e sigiloso. Dado que o autor trabalha há bastante tempo em França tive de corrigir alguns erros ortográficos e de sintaxe.
Penso que é susceptível de ser comentado, mas eu não estou habilitado a responder: o meu espírito vagueia pelo Cosmos …

A implosão das Torres de Troia

segunda-feira, setembro 19

Um universo supersimetrico

Estudos que têm vindo a ser levados a cabo desde 1999 pelo Brookhaven National Laboratory de New York, incidindo sobre o estudo dos muões, poderão ter levado à hipótese de que:

- O modelo standard das partículas físicas não só estará incompleto, como o nosso Universo está cheio com um tipo de partícula fundamental, mas ainda não detectável.
Se tal se verificar, um Universo invisível de partículas supersimetricas poderá existir à nossa volta.

Terei um irmão invisível a acompanhar os meus passos? É uma boa hipótese para fundamentarmos a existência de “anjos da guarda” …

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Hum....

Big Bang

No estado actual dos nossos conhecimentos científicos, a teoria que explica melhor a origem do universo é a do Big Bang.

Pensa-se que o universo apareceu há cerca de 15 mil milhões de anos numa fulgurante explosão a partir de um estado inimaginavelmente pequeno, quente e denso, que teria igualmente dado origem ao espaço e ao tempo. Depois, o universo ficou (e continua ...) em expansão e foi-se diluindo e arrefecendo.

Chegou-se a esta teoria após o astrónomo americano Edwin Hubble ter observado, em 1929, que a grande maioria das galáxias se afastavam da nossa, tanto mais rapidamente quanto mais longe dela estavam. Deduziu-se então que todas as galáxias gastaram exactamente o mesmo tempo para chegar do seu ponto de origem à sua posição actual. Se fosse possível rebobinar o filme dos acontecimentos, todas as galáxias se reencontrariam num mesmo ponto do espaço, no mesmo instante.

O Big Bang teve dificuldade em ser aceite porque:

- Na época estava em voga a teoria do “universo estacionário” (steady state), de três conceituados astrónomos britânicos: Hermann Bondi, Thomas Gold e Fred Hoyle, segundo a qual o universo não teria nem princípio nem fim e seria, em termos médios, sempre idêntico a si mesmo no espaço e no tempo.
(A descoberta no princípio dos anos 60 dos “quasars” e das “radiogaláxias”, cujo número parece diminuir à medida que a idade do universo avança e a descoberta, em 1965, da “radiação fóssil”, viriam a contradizer a hipótese de um “universo estacionário”, com uma maior aceitação da teoria do Big Bang).

- Em 1951, o Papa Pio XII identificou o Big Bang com o “fiat lux” da Bíblia, o que colocava os astrofísicos pouco à vontade, por causa das suas conotações teológicas.

Evidentemente que qualquer teoria não é definitiva, tem “buracos”, que os cientistas ignoram, se ela der resposta a outras questões. É o caso do BB, que permite explicar o afastamento das galáxias, a existência da radiação fóssil, ou a composição química das estrelas.

Mas existem muitos problemas por resolver, como por exemplo este, que já abordámos acima:

- Como é possível que regiões outrora independentes, tenham hoje a mesma temperatura e a mesma velocidade de expansão, dentro duma precisão superior a um por mil, se não houve tempo suficiente para que se tivessem podido realizar trocas de calor e de energia entre elas? Tal implicaria velocidades de expansão superiores à da luz.

Para tentar dar-lhe resposta surgiu em 1979/81 a Teoria Inflacionária, segundo a qual o universo teve, no instante inicial, um breve período de inflação, ou expansão, extraordinariamente rápido. Os seus autores: Alan H. Guth e Paul Steinhardt publicaram, em 1984, um artigo sobre a sua “Inflationary Theory” no Scientific American.
O intervalo de tempo em causa é muito pequeno – uma rápida expansão desde os 10^-35 segundos, até aos 10^-33 segundos.

A ciência permite-nos recuar até ao instante da Criaçâo?

A resposta é negativa. Por agora, existe um muro do conhecimento chamado “tempo de Planck”, 10^-43 de segundo, quando o universo tinha o “comprimento de Planck”, 10^-33 de centímetro.Todas as leis físicas perdem credibilidade para lá deste "muro de conhecimento".

A física conhecida começa então 10^-43 de segundo depois do Big Bang. Pode ser que quando se conseguir conciliar a Relatividade com a Física Quântica encontremos a "pedra filosofal", a Teoria Unificada tão afanosamente procurada, que nos dará resposta a estes problemas, até surgirem outros ...

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domingo, setembro 18

Aurora boreal

Roubo de chapas de matrícula das viaturas

De há 3 dias para cá que, todas as noites, desaparecem as chapas de matrícula de uma viatura, junto do bloco onde moro em Lisboa.
Coitados!
Pois se nós temos a viatura, eles, os desfavorecidos da fortuna, não podem pelo menos ter umas reles chapas de matrícula?

Para que as querem?
Não sei (santa ignorância).

Se calhar estou a ficar fascista …

Maridos

Você sabe o que é um marido DVD?

É aquele que se Deita, Vira e Dorme.


E um marido DVD +R?

É aquele que se Deita, Vira, Dorme e Ressona.


E um marido CD?

É o marido que só Come e Dorme.



Não há como os antigos VHS...



Várias Horas de Sexo.

Querido blog

Terça-feira, Setembro 13, 2005

Querido Blogue,

Pois é, Luna, é a pretensa tirania dos ofendidinhos da cabecinha arejada, essa gentinha pró-democrática, ui, ui, disse bicha, ui, ui, ofendeu o preto e o cigano e o palestiniano e o ceguinho – coitado do ceguinho –, ai vou já meter um requerimento cautelar contra a palavra feia, o caminho diferente, merda para os altivos, eles que não respeitam ninguém, que se estão a cagar para os nossos sentimentos – ai, os meus sentimentos pastel de nata, tão puros, tão da terra. Porra, pá, para esses cagões todos que vestem melhor que nós, comem mais, bebem do caro, riem à fartazana (oxalá seja de nós, quem me dera que guardassem um minuto a pensar na nossa desgraça). Quem se acham que são? Porque nós gostamos de toda a gente, somos do povo, amamos os nossos iguais, menos os mendigos que enchem a rua de merda, ou os gangues da Reboleira que roubaram a minha mulher à porta do supermercado, ou as putas do Técnico, ou os emigrantes em geral que só vêm cá tirar-nos o trabalho. Nós, os bem-pensantes, gostamos do povo, mas só na televisão e durante a hora de jantar espalhados na TVI, que é como está bonito o povão, as velhas de dentes pretos e com a casa a arder, os meninos violados pelos avós e o dinheiro que nunca chega na aldeia remota da Beira. Nós, os complexados, os que até gostávamos mas não podemos, os que temos medo de sair de casa porque nos podem assaltar, os que só vamos de férias se são empacotadas, os que bebemos copos no bar do Colombo porque se estaciona melhor o carro e é onde vão os vizinhos do 5-b e a gente não é menos que eles, nós, os bons e puros, não somos como essa gentalha que diz o que quer, que pensa o que lhe dá na real gana, que vai sem explicações, que vive sem medo. Mas nós é que somos bonzinhos. Por isso damos dinheiro às ongues, votamos no bloco e nunca usamos gravata.
Pois é, Luna, eles que levem a bicicleta, que eu estou-me bem cagando.

por rititi @ Terça-feira, Setembro 13, 2005 - 24 comentários

(Com os agradecimentos à rititi, que autorizou a publicação. O seu blog consta dos n/links. É um blog a não perder)

Americano a passear o cão

sábado, setembro 17

O livro que ando a ler

"A year in the merde - um ano em França", de Stephen Clarke, publicado pela Presença.

Hilariante desmitificação dos lugares-comuns com que idealizamos Paris e a França em geral.

O primo Oismaca

Caros primo:

Só eu, os primo Oismaca, a contar notícias da vida desde que deixei os

Cabo Verde para vir para Lisboa.

A vida corre muito bem, vale a pena vir viver para Lisboa.

Cheguei o ano passado no Verão e fui viver para os barraca.

Pouco depois de ter chegado, apareceu umas senhora esquisita com um

cheiro àquela erva da Jamaica, e disse que ia dar casas aos nigga todos.

Eu fiquei assustado e disse que não tinha dinheiro para pagá, mas ela

disse para não preocupar porque o contibuinte pagava. E pouco depois fui

viver para os casa nova.

Precisava dinheiro e queria trabalho, mais os broder disse que trabalho é

para os branco. E então foi assim que entrei no gang. Trabalhar nos gang

é cool. Um nigga passa os dia no cabeleireiro a fazer penteado novo para

impressionar os dama, e quando o dinheiro acaba pega no naifa e vai aos

comboio assaltá os branco. Nem é preciso ir todo os dia, uma ou duas

tarde a roubar dá para toda a semana. Agora só uso roupa cara e todos os

semana compro Nikes nova. Além disso,quanto ainda recebo subsídios pagos

pelo contribuinte.

Agora no verão, às vezes vamos para a praia. É uma curtição, levamos uns

tijolos para curtir rap em alto som, vemos os dama e ainda fazemos

dinheiro.

Um destes dias, eu e mais 500 broders assaltamos todos os branco que

estava numa praia do Estoril, e de regresso ainda assaltamos os comboio e

os loja.

Tu deves julgá que os branco não gosta de nos porque nós esfaqueia muito

branco. Mas os branco gosta muito de nos. No televisão toda a gente diz

bem de nós e que o país precisa de mais niggas. Os branco é tão estúpido

que nós às vezes dá porrada nos branco só para nos divertir.

No dia depois de roubar os branco na praia, um nigga do Kacem matou uns

branco só para experimentar os catana nova.

Há dias, enquanto estava a assaltar uns branco no comboio cortei-me e fui

para o hospital. Fiquei com medo porque não tinha dinheiro, mas depois

quando sai do hospital nao paguei nada. Disseram-me que o contribuinte

pagou. Não sei quem é esse contribuinte, mas deve ser um gajo fixe.

Um dia destes a senhora que cheira a droga apareceu na televisão.

Eu julgava que roubava para comprar roupa cara e ténis Nike, mas ela diz

que não, diz que roubo porque não estou não sei o quê (uma palavra que

não percebi).

Mas tu não sabe o melhor: Em Outubro vou ser português. É verdade. E as

senhora com cheiro a droga disseram que depois já podemos votar no

partido delas e ainda ganhamos mais coisas. Também há bué niggas a vender

droga, mas eu é mais partir lojas e gamar nos comboios.

A única coisa mais chato é os polícia. Às vezes quando nos apanham a

esfaquear os branco levam-nos à esquadra para identificação. Até já me

tiraram uma foto, como podes ver. Mas depois pedem-nos desculpa e

mandam-nos embora.

Vem depressa para Portugal e traz os família toda.

Este país precisa de nós.

Um abraço do primo Oismaca

(Recebido por e-mail)

Flauta como último recurso



Esta é para descontrair, pois o blog está a ficar demasiado sério ...

O discurso de Manuel Alegre

“Manuel Alegre foi grande. Manuel Alegre foi sobretudo nobre.
Por momentos fez-nos esquecer a maioria dos maus políticos que temos.
Frontal, cortante, audaz, contundente, mas sobretudo, lúcido.

(…)

Talvez a sua condição de homem de letras lhe dê uma outra perspectiva. Admito até que viva de alguma forma num mundo de utopias. Porém “sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança”.

Poucas vezes na minha condição de jornalista me devo ter deixado arrebatar por um discurso. Talvez porque a maior parte deles fazem parte de uma encenação preparada ao pormenor, com a finalidade de nos enganar a todos.

Manuel poderá ter perdido a oportunidade de se candidatar a Belém. Poderá ter perdido o amigo de muitas batalhas.
Mas é certo que ganhou novos amigos que se revêem naquele homem de aparência humilde e ar inteligente.

(…)

Olhei Alegre nos olhos enquanto discursava. Li neles a desilusão, a tristeza de quem se sabe traído pelos seus. Mas li também a esperança que certamente ficou na mente de muitos os que o ouviram.

Num país em que nada do que parece é, Manuel foi verdadeiro, igual a ele próprio.
Neste canto da Europa pintado a negro e cinza, Manuel brilhou.”

(A.Pinto Correia, EDITORIAL do Jornal “Voz das Beiras”)

P.S. – Pode ler o texto completo no jornal, que consta dos n/links.

sexta-feira, setembro 16

Novos ecopontos

Eleições



VOTEM EM MIM !

Sistema de Saúde em Portugal!

Permitam-me que lhes transcreva de forma sintética, um artigo do Boletim Informativo do Clube de Campismo do Concelho de Almada, datado de Junho de 2005, da autoria de José Chitô.
Leiam, porque vale mesmo a pena:

“Este senhor acordou um dia com um problema no olho direito. Pareceu-lhe grave e por isso deslocou-se ao Hospital Garcia de Orta, em Almada (16 Abril 2005).

Diagnóstico: deslocamento da retina. Só poderá recuperar com operação e segundo a opinião do oftalmologista a situação é grave e urgente. Mas a lista de espera é muito grande: talvez 6 meses a um ano.
O nosso amigo fica abismado, pois uma situação destas requer internamento imediato.
Qual a solução que veio da boca do médico? A existência de um bom especialista em Setúbal, que ele próprio conhecia.
Lá vai o homem à consulta do referido especialista que lhe confirma o diagnóstico: tem que ser operado. Diz-lhe que leva 3.000 euros por operar, mais 3.000 para a clínica e assistentes. TOTAL: 6.000 euros (1.200 contos).
Por esta consulta desembolsou 60 euros.

Por achar este orçamento brutal, resolve marcar consulta para uma clínica em Badajoz.
Devido à urgência do caso, marcam-lha para o dia seguinte. É atendido meia hora depois de ter chegado. Confirmam-lhe o diagnóstico. O especialista diz não haver tempo a perder, não tem datas livres, por isso vai ter de adiar operações menos urgentes para poder encaixar a dele.
Volta passados 10 minutos, com a data da operação: AMANHÃ ás 17 horas. São 1.200 euros (240 contos).
Custo da consulta: 35 euros.

A operação foi um êxito! Nos 30 dias seguintes e sempre que se deslocou à Clínica, não pagou mais nada.

COMENTÁRIOS?
Este país não tem salvação possível! E não sou daqueles que gostaria de ser espanhol, Deus me livre!

Reenviem para quantos amigos e conhecidos tenham, para que sejamos cidadãos informados e denunciantes deste SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE, completamente PODRE!”

E depois querem que nós andemos satisfeitos! Mas o que é que funciona bem em Portugal?

Pessoalmente passou-se um caso parecido com uma senhora que foi empregada da minha mãe (a quem serviu com inteira dedicação e carinho até à morte desta). Necessitando de ser operada às cataratas, pois estava quase cega, proporcionei-lhe que fosse tratada em Badajoz, tendo pago menos de metade do que me foi pedido em Portugal e sendo operada três dias após a consulta.

quinta-feira, setembro 15

O que cada um de nós poderia fazer pelos outros, se quizesse ...

"A população da vila de Sesimbra provou que ainda é possível dar exemplos de solidariedade num País onde as pessoas vivem cada vez mais mergulhadas na indiferença:

- defende em terra os seus homens do mar."

(in imprensa diária)

O chamado “Grupo de Macau”

Este texto foi escrito por “Letras ao Acaso” num comentário a um texto seu e como resposta à minha pergunta:

“O que é o Grupo de Macau”?

É um artigo extremamente bem documentado e explicativo que nos permite (ou permite-me a mim) compreender melhor o Poder Político que nos governa, assunto que é, ou deveria ser, do interesse de todos nós.
É demasiado extenso, mas, publicando-o, transformo-o num elemento de consulta de mais fácil acesso, que valoriza o blog, do mesmo modo que valoriza o seu autor:

“A elite que subiu ao poder com António Guterres está de volta. Desde o ministro das Finanças, à Galp ou à Caixa, da escolha de Mário Soares para candidato a Presidente da República do PS aos negócios da comunicação social ou à divisão nas autarquias locais, por todo o lado se sente o peso deste grupo de personalidades, que começou por ganhar experiência de governo na Ásia e que o País conhece por "grupo de Macau". Segundo eles, António Guterres não caiu por sua causa, mas por causa dos transformistas ex-comunistas e por algum excesso de confiança de todos. Agora, depois de algumas tentativas de autonomia, o primeiro-ministro José Sócrates está cercado e o "grupo de Macau" não vai permitir que o PS volte a perder o poder. Jorge Coelho e António Vitorino são os novos Condestáveis do Reino.

Não foi o Governo de António Guterres que renovou a licença dos casinos por mais vinte anos. Foi o Governo de Durão Barroso. Não foi o Governo socialista que deu o novo casino de Lisboa à Estoril-Sol. Foi o Governo do PSD, por inspiração de Santana Lopes. E, contudo, só agora, com José Sócrates, está de volta o "grupo de Macau".
São ideologicamente conservadores. Longe deles a comum inveja nacional. Têm horizontes que as vistas do Pacífico e do Índico lhes deram. Criaram laços de amizade, profissionais e de interesse, mas sobretudo regras de lealdade, que faz deles um grupo homogéneo e transversal na sociedade portuguesa.


A Fundação do Oriente

Os últimos vinte anos da administração portuguesa de Macau produziram um conjunto de homens, que passaram a ter um entendimento diverso do interesse nacional. Rapidamente se aperceberam que não era mais possível reviver o sonho do Império Marítimo, que antes pouco durara e que sobretudo apenas servia para afastar os portugueses da realidade. Mas, sobretudo, perceberam que Portugal poderia continuar a servir de plataforma de ligação entre a Europa e a China e que, de algum modo, mais que a cultura (Freitas do Amaral poderá mesmo encerrar o Instituto Camões em Macau), aos portugueses interessava manter as ligações económicas com a China.
Pouco ficou da Fundação de Macau, nascida das últimas contrapartidas do jogo em Macau. Para a história ficará a investigação que tentou valorizar o papel dos portugueses na institucionalização do "tratado internacional" como peça essencial de direito e base do relacionamento de Portugal com os locais, substituindo, a seu tempo, a superioridade da nossa artilharia. Ficará ainda o acervo museológico, de que apenas se conhecem contornos, aliás, não muito valiosos, da Casa de Macau.
E o resto? - O resto é, sobretudo, uma geração de políticos e empresários que souberam atrair dinheiro do antigo território sobre administração portuguesa para o jogo em Portugal, através de Stanley Ho, e que, depois, antes de Rocha Vieira, se aproximou do poder e se tornou na elite política do Partido Socialista.
Desde o início, Macau constituiu, mais que uma fonte de recursos, que também houve e muito serviu para financiar a democracia em Portugal, um centro de formação dos políticos e dos altos funcionários do Estado que haveriam de ocupar os lugares deixados vagos na Administração pela voracidade da vida política nacional.
Sem compromissos do tempo da revolução, apesar de muitos deles virem da esquerda anticomunista, este conjunto de homens e mulheres aprenderam o governo do Estado, nos anos oitenta e noventa, em Macau e constituem hoje o núcleo central dos homens mais bem preparados para a política e governo do Estado, por parte do Partido Socialista.


Macau deu a experiência da governação

Foi Mário Soares o primeiro a perceber as virtualidades do grupo de Macau e dos jovens que os sucessivos governadores que para lá foram, iam formando. Depois da Revolução do 25 de Abril, a elite do Estado e empresarial foi decapitada, ou teve que emigrar para o Brasil. E foram sobretudo os funcionários das antigas colónias, os retornados, que acabaram por assegurar a continuidade do Estado e muito do pessoal político que dominaria os Governos provisórios e os Governos constitucionais. A presença dos angolanos nos governos da República está para ser estudada, assim como todo o núcleo de Moçambique reunido à volta de Almeida Santos e Manuel Bulhosa.
Com a pacificação do regime, o regresso da antiga elite política não teve qualquer impacto no sistema, ao contrário do que aconteceu na área empresarial.
Da diáspora portuguesa não há qualquer memória neste regime. À excepção do gestor Ferreira de Oliveira, vindo da Venezuela, não existem eminentes quadros, ou não se conhecem protagonistas políticos ou empresariais, com expressão significativa vindos da emigração.
Apenas Macau, na década de noventa, conseguiu produzir um conjunto de políticos e gestores que conseguiram entrar em Portugal e ocupar os quadros superiores da administração pública e do Governo, entretanto vagos pela voracidade da política portuguesa. Foi a última regeneração geracional nos socialistas.


De Carlos Monjardino a Jorge Coelho

Se a história começa com Mário Soares e Carlos Monjardino, é, sobretudo, António Guterres que se apoia na experiência e preparação dos homens de Macau para construir o seu poder na sociedade e no partido. Com ele chega ao Governo a nova geração dos homens que ganharam experiência do Estado, servindo o governo de Portugal em Macau. António Vitorino e Jorge Coelho são os mais qualificados representantes do grupo dos administradores e governantes portugueses de Macau, conhecedores do Estado e da manobra política por excelência, com a experiência de terem vivido a política no seu estado mais puro: no Oriente, onde a vida tem pouco valor e o dinheiro é a referência.
Nos anos noventa, quando a Europa, e até os EUA, se preocupavam com os direitos humanos, com a qualidade de vida e com a saúde, educação e emprego, num registo da "new e-generation", a Ásia, antes do colapso das suas economias em 1998-2001, experimentou a força do capitalismo e do lucro como incentivo ao crescimento económico e sobretudo como base da dignidade humana. É com o capitalismo, no seu extremo maior de proclamação do sucesso empresarial como regra e do lucro como lei que a Ásia descobre o seu lugar do mundo (ainda que, depois, pague o preço da sua falta de sustentabilidade e do excessivo endividamento).
É este mundo que forma homens rudes e fortes, mas, sobretudo, que têm da política a ideia do Poder - que os seduz e que querem ter e manter a qualquer preço - e que acreditam que não há nada para além do ganhar ou perder.
O niilismo capitalista transforma-se assim na lei da política nos valores de uma sociedade em crise, que há muito deixou de acreditar na Igreja, nas Forças Armadas e sobretudo no Estado e na Universidade.


Os modelos asiáticos no governo de Portugal

Com quase vinte anos de atraso chegam ao poder os modelos da Ásia, por homens que não perceberam que, apesar de tudo, o exercício da política aqui implica outras regras e novas lealdades. É aqui que o mundo desaba, quando subitamente vêem partir Vitorino para Bruxelas, logo no início e seis anos depois, vêem também o exausto Guterres abandonar o barco.
Os homens de Macau tinham visto o poder a ser infiltrado por transformistas ex-comunistas e não perceberam que essa aliança era espúria e só conduziria ao colapso do PS. Mais ainda, esses, ao contrário dos católicos do PS, que logo viram as virtualidades da ligação Católico/Macau, tentaram ser o poder alternativo ao grupo de Macau e facturar por conta do Estado.
Guterres não aguentou, foi-se embora com o pretexto das autárquicas, cedendo o poder à direita. Agora de novo no poder, os socialistas não querem cometer os mesmos erros. Não vão dividir o poder do Estado, nem mesmo dentro das famílias socialistas.
António Vitorino e Jorge Coelho não quiseram avançar. O poder está por detrás dos espelhos. Escolheram José Socrates. Este ganhou a maioria a Santana Lopes e, percebendo o envolvimento, quis apoiar-se em independentes para contrabalançar o poder das famílias socialistas. Sócrates negociou o seu poder e, por isso, sabia bem qual o preço da independência e da autonomia. Sócrates basicamente é amigo de Guterres. É um homem que vem do Aparelho. A melhor produção do antigo primeiro-ministro, que, ainda hoje, apesar de ser Alto Comissário para os Refugiados, mantém uma influência decisiva na governação de Portugal.


A influência decisiva de Guterres

Foi Guterres quem aconselhou Sócrates a tentar a independência: neutralizando o poder do grupo de Macau com um peso decisivo dado aos ex-comunistas - que passaram a controlar a importante pasta das Obras Públicas, Transportes e Comunicações - como Mário Lino, como ministro. Estrategicamente deixou o grupo de Macau de fora, no partido, colocando-o a jeito para sair derrotado nas autárquicas e desse modo diminuir-lhe a influência. Ainda por cima é um grupo de indiscutível qualidade política e com a melhor preparação técnica que o PS dispõe. O que os torna incontornáveis sempre, e portanto ainda mais ameaçam o poder do primeiro-ministro.
A solução final seria rodear o primeiro-ministro de independentes que fizessem uma barreira entre o PS as famílias socialistas e o primeiro-ministro. António Guterres é decisivo na aproximação de Freitas do Amaral a José Sócrates. A ida de Campos e Cunha e depois de um homem dos Estados Gerais, como Manuel Pinho, para pastas importantes no Governo é no fundo a tentativa de fuga para a frente do primeiro-ministro.
Sócrates acaba por ser cercado, apesar do apoio leal de Luís Patrão, o experiente ex-chefe de gabinete de António Guterres que, agora, praticamente dirige a agenda do Conselho de Ministros, fazendo a ponte entre o País, o partido, o Governo e o primeiro-ministro.


Grupo de Macau deita abaixo Campos e Cunha

Ao conseguirem mandar abaixo o ministro das Finanças, seguramente por erros próprios, e alguma imprudência de S. Bento, Sócrates acabou por ficar cercado pelo aparelho socialista, dando a sensação que, desta vez, Jorge Coelho não vai deixar perder de novo o poder, como quando aconteceu com Guterres, com o qual, aliás, Coelho mantém as melhores relações.
O próximo alvo seria Freitas do Amaral, mas este já saiu de mira e vai dedicar-se ao MNE. A cooperação com os PALOP pode ser a nova preocupação estratégica de Freitas do Amaral.
Enterrada a questão das presidenciais, Coelho acabou por impor o seu candidato - Mário Soares -, obrigando o primeiro-ministro a recuar na estratégia de promoção de Freitas do Amaral, o independente que não faria concorrência ao primeiro-ministro à esquerda, se chegasse a Belém.
Antes de ir para férias, "matar" elefantes para a terra dos Massai, o primeiro-ministro acabou por ter que dar espaço para a candidatura de Mário Soares poder avançar contra Cavaco Silva.
Claramente na condução dos acontecimentos e com a expectativa de poder voltar a influenciar a partir de Belém, o grupo de Macau não tem qualquer dúvida do que é o poder e está a dar mostras de o querer exercer. Murteira Nabo foi para a Galp, onde os italianos da ENI querem controlar, exercendo o direito de comprarem a maioria do capital. Na TAP mantiveram o gestor brasileiro, que tem conseguido aguentar a empresa e sobretudo os trabalhadores sem greves nem contestação. Para a Caixa Geral de Depósitos foi Santos Ferreira que também esteve no Aeroporto de Macau e que era vice na Estoril-Sol.
Na comunicação social, um sector que Jorge Coelho gosta e que, sobretudo, conhece bem, o PS avançou através dos espanhóis da Prisa para a TVI, e o grupo de Macau fez constar que Jorge Coelho foi decisivo para o desfecho positivo do negócio da Lusomundo.”