Mitologia Edipiana
A violação da ordem estabelecida, o crime, o exílio na figura dual e una de Luís Delgado que insiste no interesse da vida social, na busca incessante e inglória do saber – em cada previsão, um erro – e que reprime no corpo o desejo incestuoso próprio da mitologia Edipiana, levando a sua alienação a extremos raras vezes observada, fazem desta personagem um objecto de surpresa e com maior razão, de um aprofundado estudo que não cabe no espaço reservado a esta crónica.
Terá nascido em Macondo e sofrerá das mesmas maleitas que surgem em “cem anos de solidão” de Gabriel Garcia Marquez? – Temos “Édipo em Macondo”? –
Os sonhos delirantes deste homem são definitivamente uma metáfora de regressão imaginária, o que nos remete a Freud e a “El tema de la elección del cofreccillo” que diz “os cofrezinhos são também mulheres, símbolos da parte essencial da mulher, do mesmo modo que as caixas, estojos, cestos e afins.
Rever-se-á num mundo de espelhos paralelos, em quartos encaixados do sonho perto da morte, com casas de paredes de espelhos que sugerem a repetição do infinito?
A cisão será mais um dos mitemas edipianos, disseminando-se em fugas, relações incestuosas, ou será em última análise um parricídio desejado?!
As aparições e/ou intervenções desta curiosa personagem em meios de comunicar onde a voz e/ou a imagem são fáceis de constatar ganham quase a força de abalo sísmico provocando a hiperbolização.
Tenho-o acompanhado no “contraditório” da Antena 1. Vou-o vendo e ouvindo enquanto “expert” de tudo e de nada nas televisões. É difícil conceber alguém que consiga dizer tanta asneira seguida e tanta previsão que não passa disso mesmo. Previsões nunca concretizadas!
Não é certamente uma figura regida pela hipérbole carnavalesca de um Rabelais! - Ao invés, temos uma figura quase transparente, suportada por uns enormes e toscos óculos que fazem dele uma personagem de Garcia Marquez.
Não. Não é José Arcádio.
Numa tentativa de entender o acesso deste ser humano à ordem da cultura, é preciso compreender a relação edipiana triádica que é formada não apenas pelo desejo da criança – Luís Delgado – pela mãe, – a Celebridade e a interposição do pai – Francisco Sá Carneiro, Santana Lopes e/ou todos os que lideram o partido da sua eleição? - A aceitarmos esta última hipótese como verdadeira, nem sequer precisa de um pai real, mas um pai ideal.
Encontrámos de novo o desejo incontrolável do incesto nesta curiosa personagem.
Buscará o clímax na quantidade de asneiras que saem a velocidade vertiginosa da sua cabeça? – Será isso o reflexo de um neo-liberalismo incómodo e indesejado já que preferia chamar-lhe o nome certo? – Procurará na doutrina messiânica de Hitler a libertação cultural? – Buscará na divinização tão ao gosto de Salazar conceitos a que teima em chamar de “liberalismo”?
A tendência é a desmistificação para a falsa heroicidade que se transforma no paradoxo da fraude, no fazer e desfazer de doutrinas seguindo – seja-me perdoada a analogia – um percurso em frente e com olhos ladeados por enormes palas que não permitem visualizar o que se encontra ao redor.
A utopia de um novo mundo habitou a mente dos homens desde 3000 A.C, como está demonstrado por Alfonso Reynes, quando um mitológico “Anubis” presidia aos mortos numa parte misteriosa do Ocidente. A miragem da Atlântida de Platão anunciando continentes perdidos e desconhecidos conduz a “iluminada mente” desta personagem caricata às quatro idades que conhecemos na História como as do Ouro, da Prata, do Bronze e do Ferro, numa clara analogia à excelência de um tempo de perfeição que degenera na hecatombe da corrupção e da progressiva decadência da humanidade.
A haver alguém capaz de nos conduzir a este abismo, Luís Delgado será certamente o Messias anunciado em livros religiosos.
Retomando o “contraditório” – programa aparentemente concebido para a discussão de ideias – constatamos uma óbvia convergência em que ninguém contradiz coisa nenhuma.
São estes os arautos da desgraça.
A merecer medalha de condecoração num qualquer 10 de Junho, Luís, o Delgado, o homem com uma única ideia fixa – a de acabar com a democracia – será o exemplo acabado de como se dignifica a mediocridade.
4 Comentários:
"Carrilho «suicidou-se» na SIC-Notícias, mas a sua «morte» como candidato estava escrita desde o início da pré campanha. Os cartazes são o seu epitáfio."
Ao menos aqui o homem tem razão ...
Bluegift, não conheces aquele ditado?
"Quem tem padrinhos não morre mouro"
Ou será um ditado alentejano?
Ó António daí. O António daqui tem a mesma opinião sobre o Luisinho.
Mas não é espécimen único.
Acho mesmo que se estão a reproduzir como coelhos.
Eu disse coelhos?
Pois...e disse bem!
Já haverá algum laboratório a investigar a descoberta de um produto exterminador?
Obrigado pela visita!
Mas uma coisa te digo.
Aquilo é ficção. Não é auto biográfico.
Portanto, se ando a fazer alguma coisa, é pesquisa!
E só me fica bem fazer pesquisa, não é verdade?
Abraço
antónio, produto exterminador?
CORRUPTÔN
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