quinta-feira, setembro 22

Democracia anórectica

A anorexia instalou-se definitivamente na nossa “democracia”.

Sofrerá de sífilis congénita, de raquitismo agudo, de cegueira perpétua. Ou de tudo isto.
Se é certo – deveria ser de facto assim – que os poderes político e judiciais deveriam estar claramente separados, é ainda mais certo que vamos assistindo no quotidiano, à promiscuidade entre entes dois verdadeiros sustentáculos de um verdadeiro sistema democrático.

É claro para toda a gente, que existem duas justiças: a que se aplica aos pobres e a que se não aplica aos ricos e poderosos.

Não vou acusar Fátima Felgueiras do que quer que seja. Até transitar em julgado, presume-se da sua inocência. Não vou igualmente questionar a honestidade de Valentim Loureiro ou de Isaltino Morais.
Mas já questiono a honestidade de Avelino Ferreira Torres. Na verdade nem questiono. É um homem condenado, um verdadeiro facínora que continua a pavonear-se pelas televisões e que enriqueceu de forma no mínimo duvidosa.
O povo costuma chamar a quem usa o que não lhe pertence, ladrão. Não irei contradizer esta afirmação. Faço-a minha.

Pedia-se à mulher de César que além de ser tinha de parecer. Uma grande parte da classe política instalada em Lisboa e em muitos feudos espalhados pelo país, nem sequer se dão ao trabalho de parecer. Assumem as suas pulhices, usam e abusam do dinheiro dos contribuintes – ou devo dizer extorquidos? - de forma despudorada. Candidatam-se eternamente, apresentando-se sempre como os salvadores da zona, do concelho ou do país. Na verdade o país lucraria muito mais se estes cavalheiros não merecessem um único voto.

Assistimos incrédulos àquilo que foi obviamente uma encenação: Fátima Felgueiras que se havia “ausentado” para o Brasil após ter sido decretada a sua prisão preventiva, regressa em glória.
Passa umas quantas horas no Tribunal para tapar os olhos das pessoas e sem surpresa é solta.
Segue-se a inevitável festança. Populaça que não entende que a serem verdadeiras as acusações que pesam sobre a senhora, foi roubada, espoliada do dinheiro com que vai alimentando o ego, o orgulho e a ganância de uns poucos que vivem à custa do colectivo.

Sabemos ainda que Fátima se candidata. Nada que se não esperasse.
É hoje claro que só regressou porque tinha garantias de que não seria presa.

Tudo isto nos faz recuar um pouco no tempo.
Lembro-me – será que temos amnésia colectiva? – de Paulo Pedroso, acusado de actos de pedofilia ter saído em liberdade e de ter comemorado a sua libertação na Assembleia da República, naquele lamentável incidente que desvirtuou e manchou quiçá para sempre a imagem já debilitada que cada um de nós tem do hemiciclo. – Não o vemos mais como um local onde os privilégios imperam, a sesta é obrigatória? –

Portugal está irremediavelmente transformado num enorme circo.
A ausência de justiça para os poderosos é evidente. A caça aos pequenos contribuintes assume carácter de assalto.
Obscenamente o Governo Socialista transgride com todos os princípios democráticos. É uma espécie de Robin Hood ao contrário: rouba os pobres para encher ainda mais os bolsos já mais do que cheios, de meia dúzia de poderosos.

A estes tudo é permitido: evasão fiscal, fraudes, roubos descarados.
Aos menos favorecidos apenas lhes é permitido serem assaltados. Afinal quem paga as contas e os desmandos dos governantes? – Pois é: são sempre os mesmos! –

11 Comentários:

Às 22 setembro, 2005 11:55 , Anonymous Anónimo disse...

Brilhante retrato da vida política.
E mais uma vez te pergunto.... o artigo do Torrejano?

"À mulher de César não basta ser, há que parecer"... como fiquei a abominar esta frase... ouvi-a milhares de vezes durante 9 meses pelo meu orientador de estágio... rrrrrrrrrrr...

 
Às 22 setembro, 2005 11:57 , Anonymous Anónimo disse...

P.S.: é o editorial?

 
Às 22 setembro, 2005 12:18 , Anonymous Anónimo disse...

Achas mesmo?

Nããã

Portugal está óptimo, excelente. É tudo uma miragem...

Lúcia**

 
Às 22 setembro, 2005 17:18 , Blogger Peter disse...

Como recordava outro dia uma leitora, citando um comentador de TV já falecido:

"É isto de que o povão gosta, minha gente"

 
Às 22 setembro, 2005 18:18 , Anonymous Anónimo disse...

Não chegues atrasado ...RAG!

 
Às 22 setembro, 2005 22:05 , Anonymous Anónimo disse...

Olá Blue.....zinha...
Na verdade acredito que os partidos são a razão primeira de todas as desgraças. Acredito em movimento de cidadãos.
Utopias, ou talvez não.
Onde andas?

 
Às 23 setembro, 2005 00:07 , Anonymous Anónimo disse...

Uiiiiiiiii...adorei o beijo na bochechinha!!!!
Gastaste o cabo? ...rssssss

Beijinho.

Onde andará o Fernando?

 
Às 23 setembro, 2005 01:51 , Blogger Peter disse...

zezinho, andei a lutar!

Foi bonito de se ver: um cinema dos antigos cheio a abarrotar. Todos os moradores do Bairro unidos na defesa dos seus interesses já com diversos grupos constituidos. Isto é um movimento cívico! Isto é a luta pela defesa dos interesses comuns.

É isto que Portugal precisa!

 
Às 23 setembro, 2005 12:24 , Anonymous Anónimo disse...

Estou a ler o "1984" e é assustador como a nossa realidade se aproxima da ficção...

 
Às 23 setembro, 2005 12:39 , Anonymous Anónimo disse...

Finalmente o TORREJANO foi actualizado e pude ler a crónica de´opinião de Pinto Correia. Brilhante e muito directa, como sempre. Aliás se há coisa que caracteriza a sua escrita é a inexistência de rodeios, facto que a mim muito me agrada. Como tal destaco o seguinte parágrafo com que encerra o seu artigo, em jeito de chave d'ouro: "Por todas as razões já enunciadas e porque a cabeça do fulano parece transportar excrementos em vez de um cérebro, entendo a sua apetência pelas casas de banho. Quem sabe, um dia, consiga no meio da merda encontrar a massa cinzenta que deverá ter perdido?"

Permito-me ainda fazer menção ao magnífico artigo de Manuel Filipe, intitulado "Jardim-Escola já abriu". Aconselho vivamente a sua leitura.

 
Às 23 setembro, 2005 12:55 , Blogger Peter disse...

a.duarte lázaro, tenho de arranjar tempo para ir ler o Torrejano!

 

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