sexta-feira, fevereiro 29

Escuridão mundial


No dia 29 de Fevereiro de 2008 das 19:55 às 20:00 horas propõe-se apagar todas as luzes e se possível todos os aparelhos eléctricos, para o nosso planeta poder 'respirar'.
Se a resposta for massiva, a poupança energética pode ser brutal.
Só 5 minutos, para ver o que acontece.
Sim, estaremos 5 minutos às escuras, podemos acender uma vela e simplesmente ficar a olhar para ela, estaremos a respirar nós e o planeta.
Lembrem-se que a união faz a força e a Internet pode ter muito poder e podemos mesmo fazer algo em grande.
Passa a notícia se quiseres, se tiveres amigos a viver noutros países envia-lhes e pede-lhes que façam a tradução e adaptem as horas.

(post de autoria de Adesenhar)

terça-feira, fevereiro 26

Quando achámos que já vimos tudo....

Dani Graves, de 25 anos, e Tasha Maltby, de 19, são um casal de namorados gótico de Dewsbury, norte de Inglaterra. No passado fim-de-semana foram impedidos de viajar num autocarro porque Dani passeia a sua namorada de trela.
A BBC News conta que o casal acusa a transportadora Arriva de discriminação. O condutor do autocarro rejeitou a entrada de Dani e Tasha, alegando que a trela iria pôr em risco a segurança dos restantes passageiros em caso de travagem brusca.
O caso está a ser investigado pela Arriva, empresa «que leva muito a sério qualquer acusação de discriminação», segundo um responsável da empresa, Paul Adcock.
Adcock acrescentou que a Arriva irá «pedir desculpa a Dani Graves por algum inconveniente causado pela forma como o assunto foi tratado».
Para Tasha Maltby, este foi um caso «claro de discriminação, quase como um crime de ódio», contou ao Daily Mail.
A jovem de 19 anos descreve-se como um «animal de estimação humano». «Comporto-me como um animal e tenho uma vida bastante calma. Não cozinho nem faço limpezas e não vou a lado nenhum sem o Dani», explicou.
Tasha defende o seu estilo de vida acrescentando que «não fere ninguém» e que o casal é feliz assim, independentemente de quão estranha esta relação pareça.
(Portugal Diário, enviado pela "bluegift")

segunda-feira, fevereiro 25



NÃO SE APONTA QUE É FEIO,

Crónica do costume, pelo gato fedorento,
José Diogo Quintela, in "Público" de 24-2-2008

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. Durante anos, quando ouvia falar de um tal “ponto G” que dava grande satisfação às mulheres, mas que era um enorme mistério para os homens, achava que era uma variação do ponto cruz. Talvez com agulhas diferentes, mas um ponto de dobrar. Aparentemente, é outra coisa que não tem a ver com lavores femininos. Quanto muito, louvores femininos.


. Entretanto, o Ponto G perdeu um bocadinho do seu mistério, porque parece que especialistas italianos garantem ter encontrado a localização exacta do sítio onde as mulheres têm sempre imenso prazer (e não, não é em Alcântara, como muitos pintas lisboetas estão a pensar).
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. É curioso terem sido cientistas a encontrá-lo. É a melhor definição de altruísmo. Um cientista a descobrir o Ponto G é como um vegetariano a inventar o melhor tempero para churrasco. Claro que, a serem cientistas, tinham de ser italianos. Um italiano, mesmo de bata e óculos, tem a mania que percebe de mulheres. Um cientista japonês, por exemplo, só lá chegava por um acaso. “Haikido, encontrei isto, parece que é um ponto G, ou lá o que é”, diz um. “Larga isso, Mikado e continua mas é a procurar a glândula responsável pelo aumento da produtividade”, returque o outro. Um cientista japonês está para o sexo como o Colombo está para a América: se descobriu, foi por sorte.


. A existência do ponto G, referenciado pela primeira vez pelo ginecologista alemão Ernst Grafenberg em 1950, é baseada mais nos testemunhos das mulheres que garantem atingir orgasmos vaginais do que em provas científicas. Portanto, em “diz que disse”. Por mim, tudo bem, não tenho por que duvidar. As mulheres não têm o hábito de mentir sobre sexo. Já se fosse um homem a dizer que tinha um ponto especial que proporcionava enorme prazer contínuo, ia soar a bazófia. Aparecia logo outro tipo a dizer que tinha um ponto F e um H e outro a garantir que o seu ponto G tinha 32 cms. Um terceiro, como não encontrava um ponto G, comprava um Porsche.


. Em Portugal temo bem que o ponto G se torne irrelevante. As próximas gerações vão ser gerações de misóginos, pouco interessados no prazer das mulheres. E a culpa é do sistema educativo. Agora vão acabar com a formação musical. É o princípio do fim das artes. Tirem a dança e o teatro e acabem com tudo aquilo que torna o homem mais sensível. (Com os trabalhos manuais não acabam eles. Experimentem lá pôr fim à electrotecnia.) Ficam os rapazes mais insensíveis. E um homem que não está em contacto com o seu lado feminino não se vai preocupar com o lado feminino de ninguém.


. Este machismo não é de agora. Basta ver que, quando os jovens recebem notas escolares aprendem desde cedo que um “Satisfaz” não é aceitável, “Muito Bom” é que sim. Um puto, depois de anos a ouvir isso, quando tiver uma namorada não vai cá preocupar-se em satisfazê-la. É o satisfazes! No fim do sexo ela diz: “Não me satisfizeste.” E o rapaz: “Sim, mas fui muito bom!” Ponto G? Não é preciso ponto G para nada.


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LOL

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domingo, fevereiro 24

À atenção dos investidores

Se tivesses comprado, há um ano, 1.000 Euros em acções da Nortel Networks, um dos gigantes da área de Telecomunicações, hoje terias 59 Euros. Se tivesses comprado, há um ano, 1.000 Euros em acções da Lucent Technologies,outro gigante da área de telecomunicações, hoje terias 79 Euros.

Agora, se tivesses comprado, há um ano, 1.000 Euros de cerveja, cerveja mesmo, não em acções, tivesses bebido tudo e vendido as garrafas vazias, hoje terias 80 Euros.

Conclusão: No cenário económico actual, perdes menos dinheiro se ficares sentado a beber cerveja o dia inteiro...

sexta-feira, fevereiro 22

Verdade ou Mentira I

Dado o elevado número de mensagens que recebemos por "correntes" via email relatando casos de corrupção e de injustiça social, e dada a nossa impossibilidade de verificar a veracidade de cada um, resolvemos a partir de hoje proceder à sua publicação directa, sem modificação do conteúdo.
Desta forma esperamos obter: ou um desmentido, que resultará na sua imediata retirada; ou uma melhor divulgação de situações para as quais se torna necessário alertar a opinião pública.
Esperamos assim estar a contribuir de forma cívica para um melhor combate à corrupção no nosso País.

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mensagem recebida a 20/02/2008

Novos diplomas publicados pelo governo determinam que as juntas médicas da Caixa Geral de Aposentações, da ADSE e das comissões de verificação de incapacidades da Segurança Social passam a ser compostas exclusivamente por médicos e uniformizam todos os procedimentos nesses casos.
Em resultado disso verificam-se as seguintes situações:

1 - José Luís Branquinho, cantoneiro, com 29 anos de serviço foi submetido a uma intervenção cirúrgica à coluna e só consegue andar com a ajuda de canadianas. A Junta Médica da ADSE considerou-o apto para trabalhar. Num aparente acto de contricção, a Junta Médica da ADSE-Centro afirma no seu parecer que o funcionário "deve evitar esforços físicos".

2 - Maria Conceição Marques, professora do ensino básco, afastada do ensino desde 1997 por ter sido vitimada por três cancros -na mama, útero e língua- que lhe deixaram graves sequelas, foi considerada apta por uma junta médica e obrigada a voltar a dar aulas.

3 - Paulo Teixeira Pinto, com 46 anos, jurista e ex-presidente executivo do BCP, indica que passou "à situação de reforma em função de relatório de junta médica", recebeu uma indemnização de 10 milhões de euros pela saída do banco e aceitou receber uma pensão vitalícia de 35700 euros/mês.

Esta é a grande diferença que deveria convocar a indignação activa(*) de todos. Paulo T. Pinto, aposentado por insuficiência paga pelo erário público, além da colaboração com o grupo Champalimaud no Brasil, que iniciou depois de ter abandonado o BCP, vai trabalhar com a Eurogroup, em consultoria de estratégia e organização de empresas; vai também integrar o Conselho Geral do Grupo Lena e vai ainda assumir o cargo de consultor de um grande escritório de advogados - Abreu Advogados. Nada teriamos a opor a esta actividade técnica-profissional mas! como aceitar que tenha sido considerado inapto e! como aceitar que sejam empregues fundos públicos para pagar aquilo que se afigura uma benesse fraudulenta?


(*)Por 'indignação activa' o autor entende a manifestação de revolta e a exigência de responsabilização em toda a situação de confrontação pública ou institucional que afecte o cidadão sempre que se entenda menosprezado ou ofendido, designadamente quanto ao bom emprego das suas contribuições para a Segurança Social e quanto à equidade de tratamentos e à igualdade perante a lei. Para quem tiver tomates, pode também passar pela desobediência e oportuna confrontação e denúncia das atitudes impróprias ou indevidas de autoridades jurídicas, administrativas e fiscais bem como a firme exigência de cumprimento, por parte de organizações ou empresas privadas que abusem da sua dimensão pública na relação contratual ou de prestação de serviço.

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quinta-feira, fevereiro 21

Capitalismo

Então, o capitalismo é assim :

CAPITALISMO IDEAL

Você tem duas vacas.
Vende uma e compra um boi.
Eles multiplicam-se, e a economia cresce.
Você vende a manada e aposenta-se. Fica rico!

CAPITALISMO AMERICANO

Você tem duas vacas.
Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas.
Fica surpreso quando ela morre.

CAPITALISMO JAPONÊS

Você tem duas vacas.
Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite.
Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e vende-os para o mundo inteiro.

CAPITALISMO BRITÂNICO

Você tem duas vacas.
As duas são loucas.

CAPITALISMO HOLANDÊS

Você tem duas vacas.
Elas vivem juntas, em união de facto, não gostam de bois e tudo bem.

CAPITALISMO ALEMÃO

Você tem duas vacas.
Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa.
Mas o que você queria mesmo era criar porcos.

CAPITALISMO RUSSO

Você tem duas vacas.
Conta-as e vê que tem cinco.
Conta de novo e vê que tem 42.
Conta de novo e vê que tem 12 vacas.
Você pára de contar e abre outra garrafa de vodka.

CAPITALISMO SUÍÇO

Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua.
Você cobra para guardar as vacas dos outros.

CAPITALISMO ESPANHOL

Você tem muito orgulho de ter duas vacas.

CAPITALISMO BRASILEIRO

Você tem duas vacas.
E reclama porque o rebanho não cresce...

CAPITALISMO HINDU

Você tem duas vacas.
Ai de quem tocar nelas.

CAPITALISMO PORTUGUÊS

Você tem duas vacas.
Foram compradas através do Fundo Social Europeu.
O governo cria o IVVA - Imposto de Valor Vacuum Acrescentado.
Você vende uma vaca para pagar o imposto.
Um fiscal vem e multa-o, porque embora você tenha pago correctamente o IVVA, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais.
O Ministério das Finanças, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 vacas.
Para se livrar do sarilho, você dá a vaca que resta ao inspector das finanças para que ele feche os olhos e dê um jeitinho...

Já estou farto de desgraças, vamos rir um pouco. Se calhar já se riram, pois esta deve ser das que correm pela NET, mas eu não a conhecia

quarta-feira, fevereiro 20

Corrupção consentida

Paulo Morgado ("Contos de colarinho branco") numa entrevista publicada no "Semanário Económico", fala dos jornalistas que olham "com ar embevecido para pessoas que se fosse nos EUA, já deviam ter 350 processos em cima".
A glorificação dos "xico espertos", que noutros países ocidentais se arriscavam a ser presumíveis criminosos de colarinho branco, é uma das razões que torna praticamente impossível o combate à corrupção.

Em Portugal um grande corrupto mais facilmente chega a comendador do que a acusado em tribunal.

(CM 17 FEV 08, "Coisas do Dinheiro", Armando Esteves Pereira)
Gravura do GOOGLE

segunda-feira, fevereiro 18

O que me faz acordar…

Na realidade não sei muito bem o que me faz levantar todos os dias.
O emprego não é certamente. Para além de não pagar as despesas todas, é de uma criatividade nula, quase obscena de tão rotineira.
Sim, faço algum esforço para lhe dar alguma agitação… tudo inútil…
Sim, também já andei por aí a ver outras situações… a coisa não está fácil.
Estou mesmo quase a fazer coro com os meus pais que insistem em dizer, apaziguadores, que ter um emprego é uma bênção.

Às vezes penso se será o amor suficientemente motivador para este acordar diário, este deambular pelas manhãs, ensonado, sem energia.
Penso se olhar em volta, e constatar que estou vivo, é suficiente para me erguer todas as manhãs do quentinho da cama e sair para o agreste clarear do dia, entre ruídos e fumos de carros.

Na verdade o que é que nos faz mover do nosso espaço, aquele que bem ou mal escolhemos para viver, e sairmos para o quotidiano, antipático, surreal e agreste?
Hoje não sei. Amanhã talvez descubra.
Há sempre um amanhã à espreita em cada esquina, não há?...


(Foto: António Gil)

domingo, fevereiro 17

O Todo

O texto do Hubert Reeves, a que já aqui me tenho referido, sempre teve para mim muito interesse, porquanto ele salienta: "o facto de os electrões e os quarks da papa inicial de há 15.000 milhões de anos terem tido as propriedades necessárias para se poderem associar em proteínas e em cadeias de nucleótidos". Não podemos falar em "acaso", até porque este não é mais que um modo das "coisas" se ordenarem. Um entre infinitas possibilidades.
Penso que este ponto de vista se pode conjugar com o “Princípio antrópico” que pode ser parafraseado do seguinte modo: nós vemos o Universo da maneira que é, porque existimos.

Se pensarmos que tudo faz parte de um TODO, e faz, porquê individualizar? Cada um de nós faz parte desse Todo, estamos constantemente a ser atravessados por neutrinos e por radiações cósmicas, respiramos o ar que já esteve no interior do corpo de D.Afonso Henriques, ou de Cleópatra, ou de ti, ou de mim.
Não existe uma definição para VIDA, porque esta está em todo o lado, cada corpo terá a sua forma e as suas propriedades: nós humanos temos a inteligência, consciência, sentimentos ... mas a própria Terra também é um organismo vivo, com as suas potencialidades e o seu ciclo de vida: nascimento, plenitude, morte, tal como qualquer astro.
Portanto esse deus não é antropomórfico, está dentro de nós porque Ele é o TODO e por isso é que sempre existiu e existirá.

“A religião do futuro será uma religião cósmica. Deverá transcender o Deus pessoal e evitar o dogma e a teologia. Cobrindo tanto o natural como o espiritual, deverá basear-se num sentido religioso que nasce da experiência de que todas as coisas naturais e espirituais formam uma unidade com sentido. O Budismo responde a esta descrição … Se existe uma religião capaz de lidar com as necessidades científicas modernas ela será o Budismo.” (*) Albert Einstein, citado em Lama Surya Das, Awakening the Buddha Within, p. XV.

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sexta-feira, fevereiro 15

Cagança

“Vaidade; ter cagança, significa considerar-se mais que os outros.”

No fim das Lutas Liberais do sec XIX, derrotados os Miguelistas e assinada a Concessão de Évora Monte (26 MAIO 1834), os Liberais apoderaram-se dos títulos e dos bens dos Miguelistas e assim se constituiu uma nova nobreza, com títulos muitas vezes comprados e grandes terra-tenentes detentores de vastas propriedades imobiliárias, “montes”, ou herdades, com milhares de hectares. Na minha terra havia duas dessas famílias: os M … e os F … Lembro-me que um dos M… possuía 23 herdades. Estão a ver as centenas de milhar de hectares de terra de que um único indivíduo era detentor.
Tradicionalmente alternavam entre si a presidência da Câmara e tradicionalmente nunca fizeram algo em proveito da terra.

- Olá! Então você é de …? E pertence a quem?
- A minha família era …
- Ah! Julguei que pertencesse aos M …

E afastou-se virando as costas.

Este espírito de casta, continua a imperar e a dominar no País. Não é suficiente ter-se dinheiro, ou distinguir-se nas letras, nas ciências, nas artes, ou na política, para se ser aceite entre os VIPs, se os seus antecedentes forem de origem modesta. Meramente tolerados, pois além da inveja, persiste a “cagança”.

- Como é? Então agora é aquele que vai para …? Já viram quem é o pai dele?

Recentemente surgiram dois casos eticamente reprováveis. Um foi-o, o outro nunca mais se falou dele pois a pessoa em questão é de uma família tradicional.

Tudo isto me leva a pensar se não andará muita gente a sonhar com a Monarquia. Sempre seriam condes ou barões. Duques não, pois estou a lembrar-me daquela exclamação que proferimos quando as coisas nos correm mal:
- “Hoje só me saem duques.”
Claro que aqui o duque é o 2 de um naipe de cartas, uma carta sem valor, mas às vezes pode confundir-se com Duque, um título de Nobreza.

Será que certa intolerância política que hoje se verifica, não terá a ver com o facto de a pessoa, ou pessoas em questão, não serem “filhos d’algo”?

quinta-feira, fevereiro 14

FELIZ DIA DE S. VALENTIM!





A nebulosa Roseta (aka NGC 2237) não é a única nuvem de gás e poeira cósmica que faz lembrar imagens de flores, mas é uma das mais utilizadas como imagem astronómica do Dia de S. Valentim.

(Credit & Copyright: Adam Block (Caelum Observatory) e Tim Pucckett)

terça-feira, fevereiro 12


Tamara de Lempicka

O IMPORTANTE

Quando te procurei
Estaria por acaso a verdade à minha espera?
O amor ocorre num espaço flutuante
Num exíguo lugar-nenhum
E o sonho é matéria incerta
Mestre na arte da fuga

Ana Hatherly, A neo-Penélope,
&etc, Lisboa, 2007

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Onde pára a música

Este é um artigo diferente.
Recebi por e-mail este protesto que subscrevo inteiramente.
Mas não me fico por aí.
Não.
Reenviei e recebi respostas. Poucas.
Troquei algumas impressões.
Uma das pessoas tem responsabilidades políticas e até me convidou para uma apreentação de um candidato e tal...
Ora aqui fica a conversa da treta…


AGORA QUEREM ACABAR COM O CONSERVATÓRIO NACIONAL

Já se suspeitava, mas agora é público: o Ministério da Educação quer mesmo acabar com a Escola de Música do Conservatório Nacional.

Se depender do Governo, a instituição de quase 180 anos, que já nos deu Maria João Pires, Bernardo Sassetti e tantos outros, tem os dias contados.

Já não se trata de destruí-la devagarinho, como até aqui – deixando-a cair aos bocados, com o órgão do século 18 a deteriorar-se ou o Salão Nobre quase a ruir sobre a plateia.
Desta vez, a Ministra quer fazer o serviço de uma só vez. Com três golpes tão rápidos e certeiros que, espera ela, ninguém vai sequer perceber o que se passa.

O primeiro golpe é acabar com os Cursos de Iniciação. Crianças dos 6 aos 9 anos de idade vão deixar de ter acesso às 6 horas semanais de instrumento, orquestra, formação musical, coro e expressão dramática hoje ministradas pelo Conservatório.

O segundo golpe é matar o Ensino Articulado. Adolescentes com talento musical já não poderão conciliar a formação artística de alto nível do
Conservatório com a frequência às outras matérias da sua escola habitual.
Quem quiser ser músico, a partir de agora, tem que decidir profissionalizar-se aos 10 anos de idade – sem poder voltar atrás.

Por fim, o golpe de misericórdia é dar cabo do Ensino Supletivo – o regime que tem formado, ao longo dos anos, a maior parte dos músicos portugueses.
De Alfredo Keil a Pedro Abrunhosa, passando por centenas e centenas de outros.
Sem músicos, sem público educado para a música, já se vê o que a Ministra pretende: reduzir-nos ao silêncio.

Mas você não vai aceitar, pois não?
No dia 11 de Fevereiro, o Conservatório será visitado pela comissão nomeada pelo Ministério para aplicar estes 3 golpes ao ensino da música. Querem fazê-lo à boa moda deste Ministério: rápida e discretamente, como um facto consumado.
Contamos consigo para recebê-los com música. E com muito barulho. Segunda feira, dia 11 de Fevereiro, às 10 da manhã, junte-se ao Coro de
Protestos do Conservatório Nacional. Se é músico, traga o seu instrumento.
Se é pai de aluno, traga os seus filhos (sabemos que o dia é mau e a hora incómoda, mas ficar sem o Conservatório ainda seria pior). Se é um simples amante da música, traga a sua voz.
Vamos gritar tão afinados que até a Ministra, que faz o género surda, vai ter que ouvir.

Passe esta mensagem adiante. Dê um lamiré aos amigos, aos outros pais de
alunos, àquele primo jornalista, aos colegas de orquestra ou da banda. E não
falte. Vamos salvar enquanto é tempo a Escola de Música do Conservatório
Nacional.

Interlocutor 1:
Fazem bem acabar só dá despesa

Resposta:
Claro. Acabem com as aulas de música no 1º ciclo. Já agora vendam as obras que estão nos museus e acabem com as aulas de trabalhos manuais e assim. O que precisamos é mesmo de engenheiros, mesmo que não acabem os cursos
Interlocutor 1: Ora vês como sabes. Os músicos não fazem falta
Resposta: Para nada.
O que se quer mesmo é políticos que arranjam umas festas baris...

Interlocutor 1:
Exactamente
Tu não gostas de festas????????
Não procuras festas ??????????????
Então What’s the problem???????????????

Resposta:Mas também gosto muito de música
e festas sem música não passam de encontros com conversas da treta
;)))

e só

Interlocutor 2:
eu acho bem.acabem com aquela treta.
se a maria joão s. ou o bernardinho são o k são ,se não houvesse conservatorio,
os papas tinham mandado os gajos pa new york, estudar ou ...
os pobres não vão para o conservatorio


Resposta: isso isso..... e aulas de pintura e outras...
Portanto resta arrumar os instrumentos e esperar por novas oportunidades.
Aaahhh, pois, existem alguns softwares bons para fazer umas coisas em casa.
É isso!!
Avanço tecnológico!!
Faça música no seu computador. Não precisa de teorias musicais...


Desculpem lá mas não há cu para isto.


(Foto: da net)

segunda-feira, fevereiro 11

Holocausto

«Se os homens de bem nada fizerem, estão a facilitar o triunfo do mal.» ( Parafraseando Edmund Burke ).

Esta frase aplica-se também aos abusos dos actuais políticos e governantes. Temos de estar atentos e abandonarmos a nossa passividade e indiferença conformista.

Exactamente como foi previsto há cerca de 60 anos:
- é uma questão de História lembrar que, quando o Supremo Comandante das Forças aliadas, General Dwight D. Eisenhower, encontrou as vítimas dos campos de concentração nazis, ordenou que fosse feito o maior número possível de fotos e fez com que os alemães das cidades vizinhas fossem guiados até aqueles campos e enterrassem os mortos.

E o motivo, ele assim o explanou:
- que se tenha o máximo de documentação, que se façam filmes, que se gravem testemunhos, porque nalgum ponto ao longo da história, algum “bastardo” erguer-se-á e dirá que isto nunca aconteceu.

«Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam». (Edmund Burke).

Relembrando:
- recentemente, o Reino Unido removeu o Holocausto dos seus currículos escolares porque "ofendia" a população muçulmana, que afirma que o Holocausto nunca aconteceu...

O Arcebispo de Cantuária veio a semana passada defender que a Sharia fosse integrada no sistema penal inglês:
- vamos ter lapidações para os adúlteros, mutilações de mãos e pés para os ladrões, chibatadas, decapitações?

Mas esta gente enlouqueceu, ou está borrando-se de medo?
É um presságio assustador sobre o medo que está a atingir o mundo Ocidental e a facilidade com que cada país se está a deixar levar.
Eu sou ocidental e tenho orgulho nisso.
Acredito que vivo numa democracia e só espero que ela melhore.
Quero ver os rostos e os cabelos das nossas belas mulheres, trabalhando a meu lado numa base de igualdade e mesmo de superioridade.

Estamos há mais de 60 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.
Um correio electrónico está a ser enviado como uma corrente, em memória dos 6 milhões de judeus, 20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos e 1900 padres católicos que foram assassinados, massacrados, violentados, queimados , mortos de fome e humilhados , enquanto a Alemanha e a URSS olhavam noutras direcções.

Agora, mais do que nunca, com o Irão, entre outros, sustentando que o "Holocausto é um mito", torna-se imperativo fazer com que o mundo nunca esqueça.

A intenção em publicar parte deste e-mail que recebi (um obrigado ao João Nascimento) e ao qual acrescentei O MEU PONTO DE VISTA, é que ele seja lido por mais pessoas, não se tratando, de modo algum, de defender a posição de Bush.
Aliás, eu até estou “torcendo” pela vitória de BARACK OBAMA!

sexta-feira, fevereiro 8


Parábola da Pedra que Sente

Escreveu Alberto Caeiro:


«Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada,
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.»

Mas isto lembra-me Espinosa,
na sua "Parábola da Pedra que Sente":



«… conceba-se uma coisa muito simples:
p. ex., uma pedra recebe de uma causa externa que a impele
uma certa quantidade de movimento,
e cessando a impulsão da causa externa
ela continuará a mover-se necessariamente.

… Conceba-se agora, se o quiserdes,
que a pedra enquanto continua a mover-se,
pensa e sabe que se esforça,
tanto quanto pode,
para se mover.

Esta pedra seguramente,
uma vez que tem consciência do seu esforço somente,
o que não lhe é de modo algum indiferente,
julgar-se-á ser muito livre e
que não se preserva no seu movimento senão porque o quer

«Tal é a liberdade humana que todos se gabam de possuir
e que consiste nisso só que os homens têm consciência dos seus desejos
e ignoram as causas que os determinam



Blog:
http://blogexperimental.blogspot.com/


Vasco
(Publicado com a sua autorização. Consta dos nossos “links”, na referência Vasco)

quinta-feira, fevereiro 7

FERVE – Fartos/as d’Estes Recibos Verdes

«O movimento FERVE (Fartos/as d'Estes Recibos Verdes) entregou Quinta-feira, dia 31 de Janeiro, na Assembleia da República (AR) uma petição com cerca de 4.800 assinaturas que visa acabar com os "falsos recibos verdes" na função pública.
Ao longo de dois meses, graças ao meritório esforço de todos/as quantos/as se solidarizaram com esta causa, foram recolhidas 5257 assinaturas válidas, em papel, provenientes de Portugal e do estrangeiro.
O resultado deste esforço foi entregue ao Presidente da Assembleia da República, Dr. Jaime Gama, numa audiência que contou com a presença do FERVE e também de João Pacheco (jornalista e membro dos Precári@s Inflexíveis), Ana Sofia Roque (Precári@s Inflexíveis) e José Luís Peixoto (escritor).

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Eis o texto da petição:

PETIÇÃO À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA PARA NEUTRALIZAR A UTILIZAÇÃO DOS DENOMINADOS “FALSOS RECIBOS VERDES”

Os/As signatários/as desta petição solicitam à Assembleia da República, enquanto órgão constitucional representativo dos/as cidadãos/ãs portugueses/as, e ao abrigo da sua função de controlo, que, desencadeie e incremente as acções tendentes a corrigir todos os vínculos laborais constituídos directamente com a Administração Pública a recibos verdes, pela consideração de que, embora designados como prestações de serviço “tout court”, respeitadores dos regimes de contratação pública em vigor, são antes trabalho prestado por conta de outrem com características em tudo subsumíveis ao conceito de “contrato de trabalho”, vivendo de forma dissimulada pela desoneração que os laços precários trazem para o contratante público.

Defendem os/as signatários/as que cabendo à Assembleia da República, de acordo com o texto constitucional, a vigia do cumprimento da lei, lhe são devidos todos os actos de controlo da preservação dos institutos jurídicos da legislação portuguesa e, concretamente do cumprimento pela Administração Pública das normas jurídicas em vigor.
No universo laboral português, há milhares de pessoas que são contratadas para exercer funções em entidades públicas, sendo para tal recrutadas como trabalhadores/as independentes. Esta situação permite o seu fácil despedimento, sem que tenham direito a receber subsídio de desemprego e habilita o Estado a demitir-se de lhes assegurar o pagamento de subsídios de Natal e de Férias.
Consideramos que o Estado tem de se afirmar como um garante da legalidade e, no que concerne à contratação laboral, constituir-se como exemplo a seguir pelas entidades privadas. Neste sentido, tendo em conta que a situação dos “falsos recibos verdes” também se verifica em entidades privadas, o Estado deve agir de forma a fazer cumprir a lei.

Pelo exposto, solicitamos que a Assembleia da República legisle no sentido de fazer com que:

1) se regularizem, com a generalização de contratos individuais de trabalho, todas as situações de uso de “falsos recibos verdes” na Administração Pública;
2) pelo aperfeiçoamento dos mecanismos legais, se incremente a actividade da Inspecção Geral da Administração do Território de modo a que esta possa ser mais eficaz na verificação da utilização de "falsos recibos verdes” por parte de entidades públicas;
3) o Estado exija às entidades com as quais trabalha ou às quais solicita serviços que estas tenham a situação laboral dos/as seus/suas trabalhadores/as regularizada, certificando-se de que não recorrem à contratação com "falsos recibos verdes”;
4) pelo aperfeiçoamento dos mecanismos legais, se reforce o poder fiscalizador da Inspecção-Geral do Trabalho para que esta possa ser mais eficaz na verificação da utilização de "falsos recibos verdes” por parte de entidades privadas.»

A publicação do texto é a nossa contribuição para uma causa que nos parece justa.

quarta-feira, fevereiro 6

Palermice

«Não se pense que a palermice é exclusivo nacional: quase sempre a Inglaterra bate-nos aos pontos.
Numa sondagem desta semana, 2,1 % dos britânicos declarou pensar que Winston Churchill (Churchill !) era um personagem de ficção, enquanto 58 % acredita que Sherlock Holmes existiu mesmo.
A Inglaterra alegra-nos nestas pequenas coisas.»

(CM 05FEV08)

“Gosto tanto” dos ingleses e a Inglaterra tem-nos tratado “tão bem”, ao longo de séculos de uma Aliança que só funcionou sempre em “sentido único”…

domingo, fevereiro 3

CARNAVAL

Uma simples caraça tem o poder mágico de manter o anonimato e afastar a vergonha do desejo de ser outra pessoa por alguns dias no ano. Olho com estranheza o Carnaval português. Num país machista, em que a cultura masculina dominante assim o é, em que os valentões de café, de escritório, de praia, de carro, proliferam, subitamente chega o Carnaval e todos eles descem à rua vestidos de mulher, aos magotes, exibindo as mamas falsas e os collants. Há qualquer coisa de estranho em tudo isto. Por isso este período é marcado por excessos que procuram a liberdade que não têm durante o resto do ano.
Em Lazarim, no concelho de Lamego a tradição ainda se mantém. Os jovens solteiros envergam máscaras diferentes de ano para ano, feitas ainda de forma artesanal, de madeira de amieiro. Fica a cargo de quem a usa, a idealização da vestimenta que a acompanha.
Antes do Carnaval, as associações dos Compadres e das Comadres reúnem fundos para os festejos que preparam em segredo e criam as quadras destrutivas do Testamento lido na terça-feira. A leitura é um confronto verbal onde impera a “má língua”. A rivalidade dos sexos é o grande impulsionador deste “ajuste de contas” que termina com a imolação de bonecos e o cortejo com os “caretos” (nome dado aos foliões) a juntar-se à festa. Antes do dia acabar há ainda tempo para a realização do concurso de máscaras que premeia os artesãos com mais talento.


Perto de Macedo de Cavaleiros, em Podence, também perdura o costume das máscaras. Ao “careto” tudo é permitido. Pertence ao sexo masculino e simboliza o demónio. Actua em grupo envergando um fato colorido de lã em franja. Pula e corre semeando o pânico. De cara tapada por uma máscara de metal tem como vítimas preferidas as mulheres solteiras e os homens que estes foliões sabem ser detentores de pipas de vinho. Levando-os até aos tonéis obrigam a abri-los. A festa continua também nas adegas.
Todo o fato é feito na aldeia. A roupagem com lã colorida e a máscara de zinco tem a forma simples de nariz em bico. Os “caretos” penduram grandes chocalhos pelo corpo e contribuem para o barulho assustador dos movimentos. Abanam o corpo de forma a atingir as raparigas com os seus chocalhos. Acompanham os “caretos” os “facanitos”, rapazes mais jovens ainda sem idade mas com a ambição de com o tempo chegarem a “caretos”. Assim será.
Para o Alentejo, na Amareleja, havia tradições que se têm vindo a perder. Os “entrouxados” passeavam-se pela vila com semanas de antecedência, atirando para dentro das casas através das janelas abertas, pedras muito quentes que escaldavam as mãos de quem as tentava apanhar. Azar de quem deixava a casa a arejar nesses dias.
As “caqueiradas” eram outra modalidade que aproveitava as janelas abertas. Velhos potes de barro cheios de terra, cinza ou até excrementos de animais voavam para dentro das casas deixando imundos os locais onde “aterravam”. Uma espécie de antepassados das bombinhas de mau cheiro, que depois surgiram.
Em Loulé, conhecidas são as batalhas de flores e noutras cidades como Ovar, Sines e Funchal, a tradição mais recente fala-nos dos desfiles de carros alegóricos, autênticas caricaturas a personagens da actualidade e, por influência do Brasil, os desfiles de samba. O corso é antes de mais uma manifestação do humor daqueles que, com paciência e ano após ano, moldam e pintam a esferovite.
A sátira dos costumes e a ironia política e social eram, antes da comercialização do Carnaval, o programa em Torres Vedras. Os reis do Carnaval dessa localidade recebiam as “chaves da cidade”, entregues pelo Presidente da Câmara o qual, acompanhado da comitiva, se dirigia aos Paços do Concelho para proceder à leitura do discurso sobre o Estado da Nação. Uma crítica sempre actualizada.
Também aqui o Entrudo ia a enterrar. O rei era julgado e saía sempre condenado. Era feita justiça, no entender do povo. O fogo de artifício encerrava as festas. As fanfarras calavam-se e “matrafonas” e “Zés Pereiras” paravam de dançar. Para o ano haveria mais.

Que me desculpem as terras de quem não falei, mas para o ano, se por cá continuar, eu acrescento.

Divirtam-se ...

(imagens GOOGLE)

sexta-feira, fevereiro 1

EXECUÇÃO DE UM REI - HERÓIS E PADRINHOS

Lisboa, 1 de Fevereiro de 2008

Não fará mal, creio, deitar os olhos para o que se passou há 100 anos nesta cidade de Lisboa, capital do Império, exactamente na sua Praça Nobre, o Terreiro do Paço.
Mas olhar a direito e reflectir sem preconceitos de monarquia ou república, atentos ao que conduz a demagogia, o populismo, a campanha de ódio, o incendiar de paixões, a actividade de sociedades secretas, a apologia do conceito de mártir.
E a notória incapacidade de resposta a tudo isso, o distanciamento progressivo em relação ao povo, a inabilidade em contrariar uma feroz propaganda de descrédito, a falta de sensibilidade para o excesso de despesas da Casa Real, uma arrogância de um poder já pouco ou nada efectivo, uma situação de impotência face à desordem parlamentar.
Tudo isso – e tanto ainda se podia acrescentar – conduziu a um regicídio anunciado.


Lisboa, 1 de Fevereiro de 1908, cinco horas e vinte da tarde

D. Carlos I e Luís Filipe, Rei e primogénito, recém-chegados de Vila-Viçosa, são abatidos a tiro por Manuel Buíça e Alfredo Costa, revolucionários convictos e membros da Carbonária. Os regicidas, de imediato eliminados, levam consigo o segredo da conspiração.

Quinze meses antes, Parlamento, Nov. de 1906

Afonso Costa, deputado republicano por Lisboa, a propósito dos adiantamentos ao Rei:
" E mais ordena o Povo, solenemente, que logo que esteja tudo pago, diga o Senhor Presidente do Conselho ao Rei: Retire-se, senhor, saia do País, para não ter de entrar numa prisão, em nome da lei"…"Por muito menos rolou no cadafalso a cabeça de Luís XVI ".

Simão, o Caçador
Simão, o 13º e último nome de D. Carlos.
A caça, a sua grande paixão. Mas chamar Caçador Simão ao Rei constituía prova de mau gosto e escárnio. E até dava para convidar ao crime:

" …. Desaba um trono em súbita explosão.
Papagaio real, diz-me quem passa?
- É alguém, é alguém que foi à caça
Do caçador Simão. " (Guerra Junqueiro)

Os outros tratamentos e caricaturas que os pasquins da época divulgavam, com lucro e prazer, ainda iam mais longe, ultrapassando as fronteiras da decência e mergulhando na obscenidade.


1907

A tempestade já mostrava sinais que muito dificilmente a fariam voltar para trás:

Março – Questão Académica em Coimbra;
Abril – Nova lei de imprensa, considerada repressiva;
Maio – Dissolução da Câmara dos Deputados, por falta de apoio dos progressistas a João Franco. Entrada em Ditadura.

A impopularidade crescente do governo abatia-se na figura do Rei, alimentando um ambiente pesado de conjura e anarquia.

No Café Gelo, feudo da Carbonária, sentado na mesa do costume, virado para a Rua do Príncipe (agora lº de Dezembro), o professor Buíça sonhava com uma boa carabina que materializasse a excelente pontaria de que era dotado.


1908

-27 de Janeiro, Vila Viçosa - Ao tirar esta última foto em família, quem havia de dizer ao jovem D. Manuel que, dentro de 5 dias, seria Rei de Portugal ?

-28 de Janeiro – Intentona do elevador da Biblioteca, dominada facilmente. Prisão de 120 implicados, entre os quais Afonso Costa.
Não vai com revolução?
Vai com atentado.

-31 de Janeiro, último dia em Vila Viçosa - Na sequência da revolução falhada, D. Carlos assina o decreto que prevê a deportação para as colónias dos inimigos do regime. Teria comentado que assinava a sua própria sentença de morte.

O dia seguinte deu-lhe razão. Mas, num ambiente que nada tinha de tranquilo, ter escolhido um landau aberto, sem qualquer escolta à sua volta – num trajecto por todos conhecido, sem ninguém preocupado com a sua segurança – foi um tipo de arrogância e imprudência que, pelo menos, facilitou a vida aos que tinham por missão tirar-lhe a vida.


Lisboa, (Terreiro do Paço), 1 de Fevereiro de 1908, cinco horas e vinte da tarde
(Diário de D. Manuel II)

"Eu estava olhando para o lado da estátua de D. José e vi um homem de barba preta, com um grande gabão. Vi esse homem abrir a capa e tirar uma carabina" … " O homem saiu do passeio e veio-se pôr atrás da carruagem e começou a fazer fogo" …” Quando vi o tal homem de barbas, que tinha uma cara de meter medo, apontar sobre a carruagem percebi bem, infelizmente, o que era. Meu Deus, que horror. O que então se passou, só Deus, minha Mãe e eu sabemos; porque mesmo o meu querido e chorado irmão presenciou poucos segundos porque instantes depois era varado pelas balas.”…
…”Imediatamente depois do Buíça começar a fazer fogo saiu debaixo da Arcada do Ministério um outro homem que desfechou uns poucos de tiros à queima-roupa sobre o meu pobre Pai; uma das balas entrou pelas costas e outra pela nuca, que O matou instantaneamente.”

Nota 13 de “ D. Carlos” de José M. de Castro Pinto, pág. 233:
“ O Buíça não usara o seu humilde revólver, mas sim uma carabina Winchester, semiautomática, americana, que era uma das armas mais modernas e mais caras do mundo, apresentando grande calibre e espantosa eficácia. Alguém se encarregara de a dar antes ao Buíça, que era um professor de modestos recursos.”

Quinze dias depois: Admiração e Carinho
16 de Fev. de 1908 / Jornal: A Pátria / Autor: Guerra Junqueiro
"E diante do cadáver dos homicidas, descubro-me, ajoelhando-me, com frémitos de terror, lágrimas de piedade e, porque não hei-de confessá-lo? de admiração e de carinho. Mataram? É certo. Ferozes? Sem dúvida. Mas cruéis por amor, ferozes por bondade." … "São heróis os dois regicidas portugueses. Libertaram, morrendo, sacrificando-se."

Buíça e Costa mataram – considerados heróis por grande parte de uma Nação que outros se encarregaram de envenenar, com armas que outros se encarregaram de dar.
Para trás ficavam anos de uma campanha ignóbil contra o Rei, alimentada por políticos ambiciosos do poder, sociedades secretas, intelectuais e escribas.
A Monarquia morreu com D. Carlos, no próprio Terreiro do Paço, faz hoje 100 anos.
Não foi preciso matar D. Manuel II dois anos depois. Perdeu-se assim uma oportunidade soberana para mais um regicídio com louvor.


(Fernando Novais Paiva)

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