Cagança
“Vaidade; ter cagança, significa considerar-se mais que os outros.”
No fim das Lutas Liberais do sec XIX, derrotados os Miguelistas e assinada a Concessão de Évora Monte (26 MAIO 1834), os Liberais apoderaram-se dos títulos e dos bens dos Miguelistas e assim se constituiu uma nova nobreza, com títulos muitas vezes comprados e grandes terra-tenentes detentores de vastas propriedades imobiliárias, “montes”, ou herdades, com milhares de hectares. Na minha terra havia duas dessas famílias: os M … e os F … Lembro-me que um dos M… possuía 23 herdades. Estão a ver as centenas de milhar de hectares de terra de que um único indivíduo era detentor.
Tradicionalmente alternavam entre si a presidência da Câmara e tradicionalmente nunca fizeram algo em proveito da terra.
- Olá! Então você é de …? E pertence a quem?
- A minha família era …
- Ah! Julguei que pertencesse aos M …
E afastou-se virando as costas.
Este espírito de casta, continua a imperar e a dominar no País. Não é suficiente ter-se dinheiro, ou distinguir-se nas letras, nas ciências, nas artes, ou na política, para se ser aceite entre os VIPs, se os seus antecedentes forem de origem modesta. Meramente tolerados, pois além da inveja, persiste a “cagança”.
- Como é? Então agora é aquele que vai para …? Já viram quem é o pai dele?
Recentemente surgiram dois casos eticamente reprováveis. Um foi-o, o outro nunca mais se falou dele pois a pessoa em questão é de uma família tradicional.
Tudo isto me leva a pensar se não andará muita gente a sonhar com a Monarquia. Sempre seriam condes ou barões. Duques não, pois estou a lembrar-me daquela exclamação que proferimos quando as coisas nos correm mal:
- “Hoje só me saem duques.”
Claro que aqui o duque é o 2 de um naipe de cartas, uma carta sem valor, mas às vezes pode confundir-se com Duque, um título de Nobreza.
Será que certa intolerância política que hoje se verifica, não terá a ver com o facto de a pessoa, ou pessoas em questão, não serem “filhos d’algo”?
20 Comentários:
E eu às voltas com a net, o Int.Exp. que sabe que sou totó. E não é do tamagochi, porque no desk é a mesma coisa - não me deixa entrar em lado nenhum e se entro nada de comentários.
Isto no Algarve é outro país. nem à net temos direito.
Portanto, agora que já li o que aí vai (ou vem) de cagança, vou deixar o comentário para amanhã (logo)...
Um abraço
No entanto alguns já são, houve-se muito falar nos "barões" dos partidos, uma espécie de elite, que anda ali no "limbo", não se mistura com ninguém e são detentores da razão.
Meg
Estive aí 10 dias, pois tinha assuntos a tratar e acabei por até não ter dado pelo Carnaval.
Isto serve de introdução para te dizer que utilizei o meu PC portátil com a banda larga da TMN sem problemas de maior e dentro do apartamento. Deve ser dos locais, digo eu que não percebo nada destes assuntos e que se não fosse o apoio técnico da "bluegift" já teria fechado o blog.
Bom fds, sem problemas na NET.
"bluegift"
Podemos encarar o assunto no campo pessoal e no campo político, mas acho que ele se verifica nos dois.
Neste último é uma maneira sub-reptícia de minar a actuação do adversário político e eu penso que tal se verifica neste momento entre nós.
No campo pessoal, sabes bem a quem me refiro. O que vale é que já tenho música neste blog e que tb posso ouvir a do D'Age.
Bom fds. Aqui está um dia lindo.
Tiago
Serão "barões" e vivem, como dizes, numa espécie de "limbo". São incensados, enquanto se mantêm no Poder, mas rapidamente esquecidos, quando o perdem, porque eles não possuem "status", ocupam temporariamente uma posição de destaque, de onde sairão com uma "choruda" reforma ou "levam um pontapé para o alto", para ocuparem um cargo de aministrador, ou outro semelhante, principescamente remunerado e que irão somar à "indecente", mas legal (afinal quem é que faz as leis?) reforma.
Mas os "grandes", os "filhos d'algo" continuarão a desprezá-los.
P.S. - Li ontem o teu artigo, mas não comentei pois eram quase 3h da manhã. Não falaste no nosso "espectacular" crescimento económico (1,7 %) em 2007.
Aqui onde estou é e de que maneira.
O que é bonito é que acoisa dá-se tanto à direita como à esquerda.
E é giro como q esquerda às vezes se parece com a monarquia...
Eu sei, eu sei... mania de não alinhar...
Abraço
Tens razão, Peter, mas os "tios" têm essas manias e nós, as bestas, vamos atrás deles e também somos cagões. Gostamos dos nomes sonantes, rendemo-nos logo ao ouvir Espírito Santo, Mello (com dois l's), Amorim, Salgado, Azevedo, Lorena, de Medina, Barbosa, etc..
Abraços
PS- Mas quem me dera uma monarquia como a de Espanha.
Peter:
Sei bem do que falas... Pessoalmente sempre entendi que mais importante que ter nome de fam�lia, � que ao t�-lo, tudo fazer por manter a sua chama, mais que usar-se dele... ou viver � sua sombra...
Beijos
"ant"
As chamadas "grandes famílias" desde sempre, ou quase sempre, têm dominado a política portuguesa. Dominam à "esquerda" como dominam à "direita". Não deixam escapar nada. Se não furam por um lado, furam pelo outro. Eu podia citar nomes, mas já me bastam os meus problemas. Um dia almoçamos juntos e eu digo-te esses nomes. Alguns são do conhecimento público, outros talvez não.
Henrique
Em primeiro lugar gostaria de saber se já te encontras completamente restabelecido. É difícil entrar no teu blog, é mais fácil assaltar um banco o que, hoje em dia qq um faz e depois leva uns 10 anos de papo para o ar até ser julgado, acabando por sair em liberdade.
É como dizes. Aqui há uns anos, não muitos, havia "pessoas bem", normalmente da Linha, que mandavam fazer uns aneis de brazão num metal escuro encastoado em ouro e que depois usavam no dedo mindinho da mão direita, como acontece hoje com todo o monarca reinante. Havia, não sei se ainda há, uma casa especializada aqui em Lisboa.
Com o esbanjamento que se verifica com as reformas e aposentações dos políticos, é óbvio que a monarquia, que se desejaria constitucionalista, fica mais barata. Agora quanto ao Juan Carlos, por quem eu tenho a maior consideração, atendendo ao seu percurso político desde a morte de Franco, não sei se, quando ele desaparecer, a Espanha não se transformará noutra Jugoslávia, após a morte de Tito. E, se tal acontecer, nós somos engolfados no turbilhão.
Bom fds e obrigado pela visita
Papoila
Como sabes, sou Alentejano. Não sou de Évora, sou dali perto. Mas em Évora há toda uma série dessas "famílias de nome". Economicamente pouco contam. Dantes ainda os primos iam casando entre si e aguentavam o "stato quo". Depois, o "dulce far niente", o grande número de filhos, que levava à repartição das terras e o 25 de Abril com a consequente "reforma agrária" levou-os a uma situação difícil.
Mas mantèm o seu "nome de família", como é óbvio e que continua a ser um cartão de visita para entrar e aceder, onde os Silvas ou os Oliveiras (julgo serem dos apelidos mais comuns) não entram.
Até porque, todos os apelidos de animais e de plantas são de origem judaica, portanto "cristãos-novos" e não "filhos d'algo".
Bom fds e obrigado pela visita
Peter
Conheço alguns hehehehe
Que dizer... hehehe fazem eles
Peter
Aqui, no reino do faz de conta, já os conheço de gingeira, caro Peter,
Emergentes, sem cultura, falam alto, frequentam certos locais onde comem e bebem a pagar quando calhar, apesar dos nomes, vindos sabe-se lá donde.
E eles e elas sabem lá quem eram
os cristãos novos?
Um abraço e bom fim de semana.
Peter, obrigada pela dica, a bd da vod. e nos dois pcs é a mesma coisa, o I.Ex. está lento como nunca.
Apreciei a leitura e, no plano político, penso que tem razão.
É a atitude típica da mesquinhez, da pequenez de espírito, dos horizontes limitados e, sobretudo, de grandes frustrações quando as pessoas não se aceitam como são e quem são. Mais do que asco a esse tipo de pessoas, tenho pena, pena por serem uns tristes, uns infelizes mal na sua pele, uns plebeus que nunca o deixarão de ser. "Tadinhos"!
bem, eu venho mesmo so deixar uma beijoka, ter net por aqui é quase impossivel:)
ainda por vila de rei. segunda nos algarves. depois lerei com atençao tudo o que perdi:)
beijo e continuaçao de um excelente blog, fim de semana e afins:)
Lucia
Apetece-me dizer: Valha-me Nossa Senhora!
Mas ando em maré baixa e nem me apetece rir... mas infelizmente de "cagança" anda o País cheio...
Beijo e bom fim de semana ,))
Claro que o "quintarantino" não deixava escapar a minha pergunta:
"Será que certa intolerância política que hoje se verifica, não terá a ver com o facto de a pessoa, ou pessoas em questão, não serem “filhos d’algo”?"
Menina_marota
Como dizes andar em maré baixa e nem te apetecer rir...
Aí tens a anedota que fez furor no dia de S. Valentim ...
"Consciência pesada é um problema sério ...
Um casal estava a dormir profundamente como bebés.
De repente, lá pelas três horas da manhã, escutam ruídos fora do quarto.
A mulher, sobressaltada e totalmente espantada, diz para o homem:
- Aaaaaiiiiiii, deve ser o meu marido!!!...
O Homem levanta-se espantadíssimo e nu, pula como pode pela janela e
cai em cima de uma planta com espinhos. Em poucos segundos volta e diz:
- Olha lá sua desgraçada... o teu marido sou eu!!!
- É?!?!? E saltaste da janela porquê?"
Lucia
Porque não tens NET aí? Falta de rede?
Desculpa a minha ignorância geográfica, mas onde é Vila de Rei?
Obrigado pela visita e pela beijoca.
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