MOSTEIRO DA SERRA DO PILAR
Do outro lado do rio, mas como que fazendo parte do Porto, habituamo-nos a ver o Mosteiro da Serra do Pilar nas diversas “view of the city of Oporto”, juntamente com pontes e cenários que já não existem; ou como silhueta em ruínas, cruelmente flagelada durante o Cerco, deixando as suas cicatrizes à vista durante décadas; ou em bonitas fotos aéreas de agora, mostrando a cidade imensa e a beleza das suas pontes, sempre com aquele inconfundível e dominador monumento circular, dono de uma visibilidade inexpugnável.“…em 1542, alguns cónegos regrantes do Mosteiro de S. Salvador de Grijó, invocando a insalubridade dos ares da primeira fundação, haviam obtido autorização para se mudarem para o Monte da Meijoeira, frente ao Porto. Ao Mosteiro edificado veio chamar-se Santo Agostinho da Serra do Pilar.”(1) - Passa-se isto em 1598, início da construção da actual igreja – ao lado da primitiva capela, ainda viva e bem conservada - dada por concluída e benzida apenas em 1672.
É nessa altura que os crúzios de Santa Cruz de Coimbra, em solene procissão, mandam a espada de D. Afonso Henriques, que guardavam, para aqui ser exposta temporariamente como relíquia. Cento e sessenta anos mais tarde, durante o Cerco, os defensores da Serra bem precisaram de se lembrar do significado de tal gesto.
O claustro, mantendo a estrutura circular da Igreja, com as suas 36 colunas, é mesmo bonito. Quando ali se entra, tem-se a sensação de nunca se ter visto coisa igual: na verdade, é exemplar único na Península Ibérica.O terreiro à volta do Mosteiro, agora vedado a trânsito automóvel, constitui um miradouro único para a cidade do Porto, abrangendo-a de nascente a poente, com uma intimidade como se coisa sua se tratasse. Restos do passado, é palco de uma antiga e concorrida romaria - a 15 de Agosto, o dia das romarias - onde não falta festa, farnéis e feirantes com foguetes à mistura.
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(1) Luís de Oliveira Ramos, História do Porto, pág. 308.
(O texto é um extracto do capítulo “ Tantas Igrejas fizeram os frades…” dum livro sobre o Porto que o meu amigo, Fernando Paiva, anda a escrever)











