sábado, março 31

PATUSKO

Olá a todos

Preciso muito da vossa ajuda … o nosso Patusko desapareceu e já não sabemos onde procurar mais ...
É um macho de aproximadamente 2/3 anos, não castrado, muito elegante, de andar calmo, olhar vivaço, mas muito ternurento, que adora colo, apanhar sol e dormir.
Gosta de andar nas alturas, um perfeito malabarista, que detesta estar preso onde quer que seja e não é nada comilão, só com muitos mimos … e nada sociável com cães … e alguns gatos tb.
Pardo/mármore de cinzentos e castanhos com peito, barriga e a maior parte das patas da frente brancas e tigradas atrás … tem como característica uma pinta ao lado direito do nariz que parece um pingo … e 3 manchas brancas pequeninas e redondas no lombo que destoam do resto das costas todas pardas … tem tb um rabo/cauda maior que o normal … próprio dos trepadores como ele, com efeitos anelares … tem olhos normalmente verde claros água … e com unhas grandes e afiadas.

Seguem algumas fotos dele

Ele desapareceu no passado dia 7 de Março no Bairro de Santa Cruz em Benfica - Lisboa, onde moramos
Se viu este gato … se sabe do seu paradeiro ou se sabe de alguma coisa, p f contacte-nos.
lotus.lx@gmail.com ou 916670791 (se estiver desligado pf deixe mensagem)
Desde já os nossos maiores agradecimentos.

Obrigada,
Cristina/ Lótus

NOTA:
A Cristina/Lótus, foi uma das fundadoras dos blogs da série "conversasdexaxa". Foi ela que fez o primeiro "template" para o "blog". Não ficaríamos pois insensíveis ao seu apelo, fazendo ardentes votos por que seja bem sucedida e possa voltar a ter a companhia do seu "Patusko".
"Bluegift" e "Peter", antigos companheiros, que te desejam também uma Boa Páscoa, com o "Patusko".

sexta-feira, março 30

Um Universo consciente de si próprio

Do mesmo modo que dispomos de uma imaginação infinita, o Universo pode ser consciente de si próprio, sendo ao mesmo tempo capaz de gerir a sua própria realidade. Afinal de contas, é difícil conceber um Universo infinito.
O que está para lá daquilo que não se sabe onde acaba?
É talvez o maior "bug" da mente humana, idealizar, usando a nossa imaginação, algo que nunca acaba, tão habituados que estamos a deparar com barreiras, princípios e fins.
Talvez o Universo seja efectivamente consciente de si próprio, e nós apenas conscientes de uma realidade que aprisionámos como nossa ?

A ideia interessante é a de “o universo não ser real se for incompatível com seres que o observem”.
Portanto, bem pode o universo continuar a existir, que deixa de ser real se for incompatível com a possibilidade de observação (neste caso pelo homem).

”Se só o conhecimento sensorial do mundo é indispensável à nossa sobrevivência, se só ele releva de uma necessidade biológica, porque estamos, então, dotados de um conhecimento intelectual do nosso meio ambiente? Penso que a nossa capacidade de conhecer o Universo não é um resultado de um feliz acaso. Foi antecipadamente “programada”, da mesma maneira que o Universo foi regulado de forma extremamente precisa, desde o seu nascimento, para o surgimento da vida. Não sabemos como pensamos e como criamos, mas eu não ficaria espantado se, no dia em que conhecermos os mecanismos do pensamento, vier a revelar-se que o cérebro humano foi disposto com minuciosa precisão para que o pensamento emergisse.
A existência do Universo só terá sentido se ele contiver uma consciência capaz de apreciar a sua organização, beleza e harmonia. Era inevitável que a consciência que emergiu da ordem cósmica exaltasse esta ordem, compreendendo-a. A capacidade do nosso cérebro para compreender as leis naturais não é um simples acidente de percurso, mas um reflexo da íntima conexão cósmica existente entre o homem e o mundo.”

(Trinh Xuan Thuan e Matthieu Ricard, “O Infinito na palma da mão”)

Segundo o Budismo, o Universo, considerado como uma sucessão de metamorfoses sem início, não é somente a matéria. A consciência também não tem início, portanto a dualidade matéria/consciência é um falso problema. A ausência de “origem primeira” dos fenómenos e da consciência releva do que o Budismo designa como “o inconcebível”, aquilo que não pode ser apreendido por nós por nos situarmos dentro do sistema. Segundo TXT isso tem a ver com o teorema da “incompletude” de Gödel, segundo o qual:
« não é possível demonstrar que um sistema é coerente, estando no interior do mesmo. Para o conseguirmos é preciso sair dele.»

A referência ao Budismo surge no contexto das obras em que me estou a basear: a acima citada e a de Trinh Xuan Thuan, “O Caos e a Harmonia – a fabricação do Real”.

Quanto à noção de “infinito”, outro dia pessoa amiga expressou o seguinte pensamento:

“Para uma formiga que se desloca sobre uma bola de bilhar, esta é o infinito.”

NOTAS:

Trinh Xuan Thuan – Vietnamita, astrofísico e um dos grandes especialistas no estudo da formação das galáxias, é professor de Astronomia na Universidade da Virgínia.
Matthieu Ricard – Com uma carreira brilhante no domínio da Biologia Molecular, tornou-se monge budista e acompanhante do Dalai-Lama, de quem é o intérprete francês.

O presente artigo escrevi-o há uns anos para o “site” Astronomia dos Fóruns do SAPO. Resolvi reescrevê-lo, atendendo às referências feitas pela “bluegift” nos comentários ao artigo anterior.

Etiquetas:

quinta-feira, março 29

Criancinhas

«A criancinha quer Playstation. A gente dá.
A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.
A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.
A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha.
A criancinha quer camisola Adidas e ténis Nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.
A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.
A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.
Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher.
Desperta.

É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares.
A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida “stressante”, de convívio em convívio e de noitada em noitada.
A criancinha cresce a ver "Morangos com Açúcar", cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira.
A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma seca».
Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A criancinha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal. Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho sou eu».

A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha,continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer porcarias».

Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha? Pois não, bem sei.Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos.»

«Magnífico artigo na Visão on-line! - Criancinhas!

A DEVIDA COMÉDIA, Miguel Carvalho , 01 Março 2007

Pergunto-me quando é que a maioria dos supostos “tugas” sofredores da bonomia nacional tão alardeada (traduzo: estupidez crassa e imbecilidade latente) conseguirão perceber o que se retratou acima....»

Possivelmente já é do conhecimento de muitos. Meu não era, pois recebi-o por e-mail. Também não deve interessar a todos que por aqui passam, mas a mim interessa-me e por isso o publiquei, na esperança de que aqueles que são da minha geração e da geração anterior, ainda possam arrepiar caminho.
Muito de bom se conseguiu, mas muito de mau fizemos e a quase totalidade dos problemas com que os mais novos se debatem (e são muitos …) são da inteira responsabilidade dos mais velhos.

quarta-feira, março 28

A frase do dia

"Cada amigo representa um mundo dentro de nós, um mundo que possivelmente só nasceu quando esse amigo chegou, e é este encontro que permite o nascimento de um novo mundo."

(Anaïs Nin)

segunda-feira, março 26

Poeira de estrelas

A cosmologia moderna redescobriu a antiga aliança entre o homem e o Cosmos. O homem é filho das estrelas, irmão dos animais selvagens, primo das flores do campo; todos nós somos apenas “poeiras de estrelas”. A astrofísica sugere e tenta demonstrar que o aparecimento da vida e da consciência a partir da “sopa primordial” dependeu de uma regulação extremamente precisa das leis da Natureza e das condições iniciais do Universo.
Se a intensidade das forças fundamentais tivesse variado, por pouco que fosse, nós não estaríamos cá para falar delas, as estrelas não se teriam formado, e não poderiam ter exercido a sua maravilhosa alquimia nuclear. Teria sido o adeus aos “elementos pesados que constituíram a base da vida”!

O material que se condensou num disco para formar o nosso sistema solar, era uma combinação interestelar de hidrogénio e de elementos mais pesados, como o Nitrogénio e o Oxigénio. Cada um dos átomos destes elementos mais pesados, bem como de outros, foram criados em estrelas que acabaram por explodir em “supernovas”, espalhando-os pelo Universo.
Deste modo, todos nós somos formados por “poeiras de estrelas”, resultantes de “super novas”, como esta, por exemplo:


Super Nova Remnant M-1: The Crab Nebula

As leis físicas não só teriam permitido o aparecimento do homem, como também lhe teriam conferido o dom de compreender o mundo que o alberga. O facto dele não ser cegamente afectado pelas leis da Natureza, sem as compreender, terá talvez um significado:
- a nossa capacidade de fazer ciência e decifrar o código cósmico sugere a existência de uma conexão íntima entre o nosso mundo mental e o mundo das formas platónicas. O círculo foi fechado. Talvez isso não tenha acontecido por acaso (?)

Bibliografia:- Trinh Xuan Thuan, “O Caos e a Harmonia. A fabricação do real”

Etiquetas:

sábado, março 24

Lisbon Moonset


Explanation: Brilliant Venus, a slender crescent Moon, and lights along the Ponte 25 de Abril glow against the western twilight in this lovely moonset scene from Lisbon, Portugal, recorded on March 20. In fact, such serene views were enjoyed across planet Earth this week, as the young Moon remained near the setting Sun following a partial solar eclipse, and Venus ruled as the evening star. Because of strong Earthshine - light from the sunlit Earth - even the Moon's night side is clearly visible in the picture. The Ponte 25 de Abril is a 2.3 kilometer long suspension bridge across the Tagus river, often compared to the Golden Gate bridge in San Francisco, USA. (Credit & Copyright: Miguel Claro )

Astronomy Picture of the Day - 2007 March 24 – ( http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod )

Achei tão raro aparecer internacionalmente nos media qualquer notícia interessante a n/respeito que resolvi publicar, mantendo o texto original.

quinta-feira, março 22

Os meus cigarros…

Depois de anos e anos de marketing sobre o quanto era fantástico fumar, eis que os fumadores passaram a criminosos activos.
Depois do conceito de fumador passivo, esta nova máxima irá em breve, tenho a certeza, passar a constar de todos os manuais escolares obrigatórios.

Atenção, por favor!!!

Não estou a fazer a apologia do tabaco e do tabagismo. Eu próprio já tentei várias vezes abandonar o vício mas o máximo que consegui foram uns 4 meses de glória.
E eu até fui avisado logo no início, já lá vão uma data de anos: “olha que depois ficas viciado e não consegues parar”, dizia-me a minha tia que fumava como uma desalmada. Hoje, depois de um problema cardíaco mais ou menos grave, vai fumando um cigarrito em momento de festa…

Mas adiante…

Antigamente até o Lucky Luck era caracterizado por ser fumador e usar sempre o cigarro ao canto da boca. A partir de certa altura passou a chupar uma palhinha, provavelmente de maconha ou assim.
Face à nova legislação seria de esperar que os fumadores passassem a ter acesso a desintoxicações comparticipadas – tipo seringas gratuitas e apoio psicológico à toxicodependência – mas não me parece. E é injusto.
A medida mais concreta e fácil, claro, é aumentar o preço dos maços. Acho bem. Há que fazer dinheiro com esta gente.
Há dias dizia-me o dono de um café que as máquinas de tabaco – tal como de bebidas – trancadas a menores eram ineficazes porque os putos pedem aos adultos para lhes comprarem o fruto proibido e alguns cedem. Também a mim já um puto de 10 ou 11 anos me tentou cravar. Não acedi, claro.

É óbvio que o tabaco é um vício lixado. Isso os fumadores sabem. É óbvio que estar a comer com o fumo de um gajo qualquer a entrar pela goela misturado com o cozido à portuguesa não é agradável. Nem eu suporto. Mas sempre que se puxa de um cigarro ser olhado como um malfeitor não me parece aceitável.

Muitos dos fumadores deixariam de fumar se tivessem coragem para aguentar aquelas semanitas sem o bicho no sangue e, sobretudo, se soubessem o que fazer às mãos quando estão em stress.
O vício do tabaco tem factores psicológicos difíceis de ultrapassar e que têm a ver com comportamentos sociais, modelos e outros nada fáceis de eliminar.

Divertido é pensar que também cá, como nos States, um dia algum proprietário de café vai ser preso por ter um cinzeiro em cima do balcão.

(Foto: do Google…)

quarta-feira, março 21

21 de Março – Dia da árvore


Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-la
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses

António Ramos Rosa
(Foto Google)

terça-feira, março 20

Cheira Bem, Cheira A Lisboa


“Um craveiro numa água furtada
Cheira bem, cheira a Lisboa
Uma rosa a florir na tapada
Cheira bem, cheira a Lisboa
A fragata que se ergue na proa
A varina que teima em passar
Cheiram bem porque são de Lisboa
Lisboa tem cheiro de flores e de mar”

(Amália Rodrigues )

Foto de Peter

Então era só falarmos do Porto?

segunda-feira, março 19

Desumano


O marido de uma pessoa das minhas relações sofreu há uns 20 ou 25 anos de um cancro na laringe, tendo-lhe sido feita uma tracteotomia. Desde então, já por 4 ou 5 vezes a abertura teve de ser alargada, suponho.
Como a mulher trabalhava, era ele mesmo que tratava de tudo para ser internado, pelo que já era conhecido no hospital, onde sempre fora bem tratado.

Porem, da última vez as coisas não correram tão bem:
- mandaram-no para casa sem qualquer medicamentação e, como é natural, a mulher estranhou, por não ser costume tal procedimento. No dia seguinte deslocou-se ao hospital e contactou a enfermeira que também ficou admirada, pelo que lhe marcou uma consulta.
Medicado, na semana seguinte voltou ao hospital para ser reexaminado.

O clínico recebeu-o, examinou-o sem lhe dizer uma única palavra e quando o mandou embora disse-lhe "apenas" isto:

- "pronto, agora já não cheira a podre."

sexta-feira, março 16

Outra pérola literária...

Não resisto...
este homem vai ser director, sem dúvida... e há mais... cada tiro cada melro...

"Bom Tarde,

Hoje, pela manha veio uma equipa de recolha para levantar o “lixo”, tanto cartão como esferovite...

Ao que me apercebi, devido ao alto tom da conversa....que os cartões deviam estar cortados e empilhados para se poderem levar, porque como estavam, ocupavam muito espaço na carrinha e também não tinham tempo para estar aqui a cortar o cartão/papelão, logo foi assim como estava!!!

Perguntei se levariam também a esferovite, onde estava devidamente pronta para ser levada (presa através de fita cola para não voar da carrinha), ao que responderam que hoje não iriam levar e só levariam na próxima 2ª feira.

Visto por um lado, um funcionário respondeu que não era função dele cortar papelão/cartão mas sim carregá-lo, ora a minha também não é cortar o papelão visto que sou um Especialista de Informática, ou seja, não se insere nas minhas ditas funções de Especialista.

Por outro lado, tenho em mão uma remessa de máquinas para fazer sair (cerca de 105), e não tenho tempo, porque o tempo é escasso de cortar o cartão e papelão. Um conjunto completo, ou seja, computador+monitor+teclado+outras caixas diversas+ ..., logo são 105x6=630 caixas

Todos nós temos que ajudar para que este barco navegue sempre á mesma velocidade, não é com atitudes destas que vamos lá chegar.

Sem outro assunto de momento,

quinta-feira, março 15

O PORTO: O MORRO E O RIO - 7º EPISÓDIO: A VODA DE EL REI COM SUA MOLHER (à margem de uma filmagem)

1387 - 2 de Fevereiro.
Há festa no Porto. Casamento real. Nunca tal se viu nem voltará a ver-se.
Talvez que só mais um Rei tivesse merecido casar-se por aqui: D. Pedro IV. Mas quando o mereceu já era casado e pela segunda vez.

O consórcio fora aprazado três meses antes, dia de Todos os Santos, em Ponte do Mouro, margens do Rio Minho, no conforto da tenda real que havia pertencido a D. João de Castela e que este deixara, contrafeito, nos campos pouco hospitaleiros de Aljubarrota. Dª Filipa, com a mãe e irmã, encontrava-se resguardada no mosteiro de Cela Nova, ali pertinho, a meio caminho de Orense.

D. João I, terminadas as falas com o futuro sogro, correu de imediato para a fronteira alentejana, menos segura que os conventos da Galiza. Não tratou de ir ver se a noiva era bonita. Seria só no Porto, em vésperas de casamento, que ficaria a saber.

Dois meses depois do acordo de Ponte do Mouro, fins desse ano ou princípios do outro, Dª Filipa entrara na cidade, pela Porta do Olival, com a sua numerosa e garrida comitiva. E que comitiva! Até um Bispo vinha, tudo escoltado por mais de cem lanceiros e duzentos archeiros de cavalo.

"...e estamdo entã ( D. João) em Evora, foy emtamto tragida muy homrradamente de mamdado de seu padre a Ifamta dona Felipa aa çidade do Porto...homde foy reçebida com graõ festa e prazer." ..." E pousou nos Paços do Bispo que saõ muito perto da See dese loguar. Ell Rey partio d'Evora e o Comdestabre com elle, e quoamdo cheguou ao Porto achou ahy a Ifante dona Felipa, sua molher que avia de ser, e pouzou em São Francisco .E em outro dia foi ver a Ifamta que aimda naõ vira..."

"...E ell Rey esteve ally poucos dias e foyse caminho de Guimarãis..."



E estando naquela vila, ordenando feitos de guerra, vieram dizer-lhe que o casamento tinha que realizar-se no dia seguinte, porque entrava a Septuagésima onde não se podiam fazer tais ofícios. Então el-Rei cavalgou esse dia à tarde e andou toda a noite... E indo direito à Sé, o Bispo lançou-lhes as bênçãos. E cada um, assim abençoado, voltou para sua casa e aguardou pelo dia 14. Aí sim, com toda a cidade em festa,

“E ell Rey sayo daqueles paços em çima de huu cavalo bramquo, em panos douro reallmente vestido; e a Rainha em outro tall, muy nobremente guoarnida”...”A jemte hera tamta que se nõ podiaõ reger nem ordenar, por ho espaço que era pequeno dos paços a igreija. E asy cheguarão a porta da See que era dally muy perto...”





O átrio da estação de S. Bento está decorado, além de outros temas, com quatro painéis históricos do mestre Jorge Colaço, obras-primas de azulejaria.
Quando passar por lá, repare para o da parte superior, virado para a Rua do Loureiro, mas não acredite, quando vir por aí escrito, que se trata "da entrada solene de D. João I no Porto pela Porta do Campo do Olival, com sua noiva D. Filipa de Lencastre."
A Porta do Olival (onde hoje é o café com o mesmo nome, junto à antiga Cadeia da Relação) alguma vez pode ser representada encostadinha à Sé?
Aquela porta é a de Vandoma, da Cerca Velha. Essa sim, era ali ao lado... E porquê a fantasia de ambos entrarem juntos no Porto? D. João estava em Évora, não é?
Jorge Colaço leu Fernão Lopes e respeitou o cronista. Nem todos o fizeram.

E a cerimónia acabou – e outra, mais íntima, ter-se-á iniciado - com a bênção do leito conjugal pelo Arcebispo de Braga. Teria começado ali a Ínclita Geração? Vou ver a data de nascimento de D. Duarte...
Não. Antes de D. Duarte houve dois filhos: a 30 de Julho de 1388 nascera D.ª Branca (morreu com 1 ano) e depois D. Afonso (morreu com 10). O leito foi abençoado, mas não com efeitos imediatos.

Mas não perturbemos as festas, que duraram 15 dias, com justas reais por homrra desta voda. Vamos respeitar a intimidade do jovem casal, esperar que a cidade se recomponha de tanto bulício e associar o leitor a um merecido descanso, ao fim destes sete fatigantes episódios.
Ao darmos por finda esta primeira fase da nossa peregrinação pelo velho burgo - que fizemos com muito gosto na sua companhia - procurámos lembrar coisas que nem só ao portuense respeitam. Se tiverem sido do seu agrado, então valeu a pena tê-las escrito.”

(Colaboração de Fernando Novais Paiva, autor do texto)

Etiquetas:

quarta-feira, março 14

Sueca e dominó

No sítio onde moro predominam as pequenas vivendas dos bairros sociais, construídas nos anos 40. Normalmente, os seus moradores, quando atingiam a idade da reforma, voltavam às raízes. Vendiam as casas, pois habitavam-nas em regime de renda resolúvel e iam para o Portugal profundo, hoje um país de fantasmas, de aldeias desabitadas, com um ou outro velho arrastando-se por lá.
Os que ficavam por aqui, entretinham-se em pequenas mesas nos espaços verdes, uma ou outra, a jogar à sueca e ao dominó, enquanto houvesse parceiros, pois a parca com a sua gadanha ia ceifando-os um a um.

Hoje os jogadores proliferaram de tal modo que o Presidente da Junta de Freguesia teve de mandar fazer mais mesas e cadeiras para pôr à disposição deles e não são suficientes. Alguns chegam a vir sentar-se logo pelas 08h para guardar lugar.

O porquê deste fenómeno?

As pessoas já não voltam para a terra, deixaram de semear e de plantar as couves, as batatas, os nabos... Sentem-se desprotegidas, pois a pouco e pouco tudo lhes têm tirado. Necessitam cada vez mais de cuidados de saúde à medida que avançam na idade e lá não os têm. Por isso ficam pela grande cidade.

A política de "terra queimada" continua. Tudo se fecha: hospitais, maternidades, escolas, bombeiros, polícia, GNR...

Num futuro não muito longínquo, o então Presidente da Republica irá de casaca de abas de grilo e pleno de condecorações, a Madrid entregar ao Rei de Espanha (a Espanha de então...) as "chaves" do País, do que resta dele, pois os portugueses apenas têm cotão no fundo dos bolsos e como tal, os tubarões, os políticos e gestores reformados milionários, instalaram-se nas Malvinas, ou em qualquer paraíso semelhante.
De igual modo os empresários não investem, para vender a quem? Fazem-no no estrangeiro, onde podem obter maiores lucros. Aqui ninguém tem poder de compra. O número de desempregados cresceu de tal modo que o dinheiro nem sequer chega para lhes pagar o subsídio de desemprego.
Reformas? Que é delas?
População? Deve no total ser na altura de 1 milhão de habitantes. Não existem condições para ter filhos.

O Rei da “Espanha pequenina” não aceitou as chaves. Não tinha dinheiro para pagar a dívida da Ota, que nem chegou a funcionar ...

terça-feira, março 13

Sinto-me culpado

Pego num jornal e fico com as mãos sujas, não do papel e das tintas, mas do seu conteúdo, de quem procura os instintos mais baixos do ser humano para, através deles, vender mais "papel".
Tenho vergonha de pertencer a esta espécie que trata como trata crianças frágeis de tenra idade. É esta a geração do futuro?
Sinto-me culpado por ter dado ao mundo estes "hominídeos".
Sinto-me culpado de todos estes crimes, da forma como os mesmos são desresponsabilizados, levianamente abordados e esquecidos.
Resta-me a consolação da "justiça" que os reclusos proporcionam aos violadores de crianças. Não aos do Processo Casa Pia (já acabou, ou continuam a gastar o nosso dinheiro?) mas aos protagonistas destes horripilantes casos de que tomamos conhecimento quase diariamente, para logo os esquecermos, porque entretanto já outro ainda mais asqueroso aparecera.

segunda-feira, março 12

Aquecimento global do nosso planeta


“HSousa”, que é como está referenciado nos n/links, ou melhor: Henrique de Sousa, pioneiro da energia eólica em Portugal, (o Parque eólico do Porto Santo, primeiro do país, foi estudado e viabilizado por ele), publicou no seu blog: http://horabsurda.com/hora um excelente vídeo que vale a pena ver para se ajuizar acerca do que está por detrás do aquecimento global e um artigo sobre o assunto.
Nele refere que a história do CO2 “serve os interesses dos que se opõem ao desenvolvimento dos países pobres, mas ricos em combustíveis fósseis, e ainda a política dos países que pretendem enveredar pelo nuclear para reduzirem a dependência do petróleo.”

Portanto: “seria a ausência de nuvens e não o CO2, que existe em percentagem mínima no ar, que provocaria maior efeito de estufa. A causa dessa ausência de nuvens são as explosões solares que impedem os raios cósmicos de atingirem os oceanos e acelerarem a evaporação da água.”

(Publicamos com a devida vénia. Imagem do Google)

domingo, março 11

Plano para salvar Portugal

Plano para salvar Portugal da crise e torná-lo na primeira potência mundial em 12 etapas:

1º Passo: Trocamos a Madeira pela Galiza, com a condição dos espanhóis levarem o Alberto João. Os espanhóis vão na onda (a Galiza só lhes dá chatices) e aceitam. Nós ficamos com os galegos (que nos adoram) e com o dinheiro gerado pela Zara (é só a 3ª maior empresa de vestuário). A indústria têxtil portuguesa é revitalizada, enquanto a Espanha fica encurralada entre os Bascos e o Alberto João.

2º Passo: Desesperados, depois de verem que fizeram um mau negócio, os espanhóis tentam devolver a Madeira (e Alberto João). A malta, obviamente, não aceita. Em verdadeira aflição os espanhóis oferecem também o Pais Basco. Mas a malta mantém-se firme e não aceita.

3º Passo: A Catalunha aproveita a confusão para pedir a independência. Cada vez mais desesperados, os espanhóis oferecem-nos a Madeira, o Pais Basco e a Catalunha. A contrapartida é termos que ficar com o Alberto João e os Etarras. A malta arma-se em difícil, regateia mas acaba por aceitar.

4º Passo: Damos a independência ao País Basco, com a contrapartida deles ficarem com o Alberto João. A malta da ETA pensa que pode bem com ele e aceita sem hesitar. Sem o Alberto João a Madeira torna-se um paraíso. A Catalunha não causa problemas (no fundo, no fundo, são mansos).

5º Passo: Afinal a ETA não aguenta com o Alberto João, que entretanto semeia o terror e assume o poder. O País Basco pede insistentemente para se tornar território português. A malta, fingindo grande sacrifício, aceita (apesar de estar lá o Alberto João).

6º Passo: Proibimos o Carnaval no País Basco, o que leva o Alberto João a emigrar para o Brasil.

7º Passo: Pouco tempo depois da chegada do Alberto João, o Governo brasileiro pede para voltar a ser território português. A malta aceita e manda o Alberto João retornar à Madeira.

8º Passo: Com os jogadores brasileiros mais os portugueses (e apesar do Alberto João), Portugal torna-se campeão do mundo de futebol!

9º Passo: Alberto João enfraquecido pelos festejos do Carnaval na Madeira e Brasil, não aguenta a emoção, e morre na miséria, esquecido de todos.

10º Passo: Os espanhóis, desmoralizados, e económica e territorialmente enfraquecidos, não oferecem resistência quando mandamos os poucos que restam para as Canárias.

11º Passo: Unificamos finalmente a Península Ibérica sob a bandeira portuguesa.

12º Passo: A dimensão extraordinária adquirida por um país que une a Península e o Brasil, torna-nos verdadeiros senhores do Atlântico, de uma costa à outra e de norte a sul. Colocamos portagens no mar, principalmente para os barcos americanos, que são sujeitos a uma pesada sobretaxa por termos de trocar os dólares em euros, constituindo assim um verdadeiro bloqueio naval que os leva à asfixia. Os americanos tentam aterrorizar-nos com o Bin Laden, mas a malta ameaça enviar-lhes o Alberto João (que eles não sabem que já morreu). Perante tal prova de força, os americanos capitulam e nós tornamo-nos na primeira potência mundial. Como vêem, é fácil.

(recebido por e-mail, já deve circular por aí)

Admiro a imaginação e a graça de quem fez esta “charge politique".

sexta-feira, março 9

Amizade e Machu Pichu

A amizade é extremamente importante, direi mesmo imprescindível. O ser humano não pode viver isolado da comunidade onde se integra. O condutor do autocarro normalmente é encarado pelo passageiro como parte integrante de uma máquina de que ele se serve e não como um ser igual a ele, ambos pertencentes à comunidade onde cada qual tem as suas funções diferenciadas.

Mas as pessoas, necessitam de comunicar entre si, de viva voz, cara a cara e não através deste ecrã branco que eu, a pouco e pouco vou enchendo de caracteres.

Hoje encontrei um colega de curso e, como temos a felicidade inestimável de podermos dispor do nosso tempo, passámos umas horas conversando. De quê, perguntarão. De nada e de tudo. Perdeu-se a arte de conversar, de cavaquear.
Lembro-me dos meus tempos de estudante, quando nos reuníamos na farmácia do meu primo, a única na terra e em que também tomava assento o padre, de quem eu já aqui falei. Não um padre beato, mas um ser humano igual aos outros e que por isso, porque uma vez foi visto de polo colorido numa praia, por uma das ricaças da terra, foi proscrito e mandado dizer missa para uma pequena capela, pertencente ao hospital da Misericórdia. Eu ia lá, uma vez por ano, na noite da consoada, assistir à Missa do Galo.
Um ano, a meio da missa, ele parou cerca de um minuto, para depois dizer com a sua voz tonitruante:

- "Estou à espera que as pessoas lá do fundo se calem".

Mas eu não vim aqui recordar o passado, aliás, para mim, é tudo passado, não há presente e o futuro está sempre a acontecer, até que um dia deixa mesmo de acontecer...

E a amizade vai forjando-se, por vezes a partir de um conhecimento ocasional. Só quem tem mentes mal formadas pode pensar que, se um homem e uma mulher se conhecem, está sempre subjacente o sexo. Ainda existe quem pense assim, quem viva de “fofoquices”. Felizmente que é uma "espécie" em vias de extinção.

As maravilhas da técnica permitiam-nos, durante a cavaqueira, manter-nos em contacto com o mundo. O telemóvel é uma maravilha imprescindível. Para mim é, outros detestam-no.



E o que tem todo este arrazoado a ver com Machu Pichu?

Tem, porque é um sítio onde gostava de ir, porque acho que, indiscutivelmente é uma das 7 Maravilhas do Mundo, porque estavam a dar na TV um pequeno documentário sobre ela, a cidade, porque numa viagem uma pessoa que já lá tinha estado me falou entusiasmada por ter tido a possibilidade, nessa altura em jornadas incríveis de autocarro através da selva, de lá ter estado.

Machu Pichu para mim, cidadão comum desta cidade egoísta, é o sonho que também como a amizade com outra pessoa me proporcionaria.
Talvez um dia lá consiga ir. A amizade com outra, ou outras pessoas, felizmente não são tão inatingíveis.

quinta-feira, março 8

Dia internacional da mulher


Comemorando o dia deste ser maravilhoso, publico, já que não sou poeta, um poema de António Ramos Rosa, incluido na "Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa", de Eugénio de Andrade, ed Campo das Letras.

A MULHER FELIZ

Está de pé sobre as brancas dunas. As ondas
conduziram-na
e os ventos empurraram-na. Está ali, na perfeição
redonda
da oferenda. E como que adormece no esplendor
sereno.
Diz luz porque diz agora e és tu e sou eu, num círculo
só. Está embriagada de ar como uma forte lâmpada.

É uma área de equilíbrio, de movimentos flexíveis,
um repouso incendiado, a vitória de uma pedra.
Abrem-se fundas águas e um novo fogo aparece.
Que lentas são as folhas largas e as areias!
Que denso é este corpo, esta lua de argila!

Nua como uma pedra ardente, mais do que uma
promessa
fulgurante, a amorosa presença de uma mulher feliz.
Nela dormem os pássaros, dormem os nomes puros
Agora crepita a noite, as linguas que circulam.
Crescem, crescem os músculos da mais íntima
distância.

Era bom que, pelo menos hoje, todas as mulheres do mundo fossem mulheres felizes.


segunda-feira, março 5

O PORTO: O MORRO E O RIO - 6º EPISÓDIO: A SÉ E O SEU TERREIRO - (à margem de uma filmagem)




E com este trajecto que escolhemos, entramos finalmente no Terreiro, virados para a Sé.
Assim como quem entra num palácio pela porta da frente, encarando toda a sua magnitude e imponência.
Sé, Casa do Cabido ao lado. O Paço Episcopal estabelecendo o limite Sul.

Não é. Não sinto o Terreiro como a sala de visitas do Porto. Parece-me mais como a Sala do Trono que teria sido, se este espaço fosse assim quando o Bispo do Porto era o Senhor da Cidade. Mas não o foi, porque este desafogo só passou a existir por volta de 1940, quando se demoliram vielas e casario que por aqui se apinhavam.


Sala do Trono era esta Sé e um dos antigos Paços, até 1405, ano em que o último Bispo Senhor da Cidade, D. Gil Alma, negoceia com D. João I a transferência para a Coroa do couto que Dª Teresa doara ao primeiro Senhor, D. Hugo chamado. O Senhorio havia durado 285 anos. A sala do Trono rumava para o Sul.

O Paço Episcopal é, apenas, o mais notável edifício da Cidade. Demolido o Paço velho, constrói-se este desde os alicerces, segundo projecto de um homem notável de que falaremos várias vezes: Nicolau Nasoni. Sumptuoso, de estilo barroco, demorou 100 anos a ser concluído (1771 - 1871). Mas valeu a pena.
Para o lado do Rio, sobrepondo-se à própria Sé, é o Paço Episcopal que tudo domina, com uma altura que o desnível do morro mais acentua. Visto do Terreiro, só com dois andares, seis pares de janelas de cada lado, combina robustez, beleza e sobriedade em proporções admiráveis.
Ironias do destino: o poder da cidade, na pessoa do Bispo, nunca ali habitou. Mas foi ali exercido pela Câmara Municipal do Porto, de 1916 a 1957, enquanto o seu novo edifício se construía.


Num enorme descampado, aqui no cimo do morro da Pena Ventosa, encontrou D. Hugo uma pequena ermida, quando em 1114 tomou conta da diocese, então restaurada.
Era a Sé do Porto.
No seu lugar e ainda em tempo de Dª Teresa (falecida em 1130), começou esta mesma a ser construída, terminada apenas no reinado de D. Diniz (1279-1325). A sua imponência era desproporcionada em relação ao Burgo, como que antecipando a grandeza de uma cidade que só mais tarde viria a despertar.
Daí em diante foram inúmeras as modificações introduzidas, exteriores e interiores, em épocas e estilos diferentes, alterando-lhe gradualmente a arquitectura românica da construção primitiva. Mas o seu carácter, a força que nos transmite, ficaram inalteráveis.
Na verdade, do velho Burgo, defendido primeiro pela Cerca Velha, é a Sé que se mantém imorredoura, marcando uma presença vigilante até aos limites das Muralhas Fernandinas.
Nas suas duas torres abrem-se seteiras, no corpo central recortam-se ameias.
Não era para ouvir missa com certeza.

No próximo episódio, falaremos de um casamento. Aqui na Sé. Com missa.

(continua)

Colaboração de Fernando Novais Paiva, autor do texto e das fotos.


Etiquetas:

domingo, março 4

Sombras de antepassados esquecidos

Aproveitando o interesse despertado pelo vídeo da “bluegift” sobre Carl Sagan, ocorreu-me acrescentar um pouco mais.

Não se pode dizer que Carl Sagan tenha sido um astro-físico. Além de um extraordinário comunicador, foi sobretudo um cientista empenhado em demonstrar como a Ciência e a Civilização cresceram juntas, falando dos homens e das forças que contribuíram para a edificação da ciência moderna, e de que o pequeno texto abaixo é um exemplo.

Todos dependemos uns dos outros, e, como ele dizia:

Se o homem é o único ser vivo no cosmos, então toda esta imensidão infinita (?) é um enorme desperdício de espaço. (Não coloquei entre aspas, por não ter a certeza das palavras exactas que ele utilizou).
Através das sondas Pioneer 10 e 11, a primeira lançada em 02 MAR 1972 e a segunda poucos meses depois, tentou estabelecer contacto com outras civilizações. Para o efeito, as sondas levavam gravada esta pequena placa em ouro e que, na opinião dos cientistas, seria entendida por qualquer inteligência superior.




O contacto com elas apenas foi perdido em 2003 e, neste momento, devem encontrar-se já no “espaço exterior”, a mais de 12.000 milhões de quilómetros (82 vezes a distância da Terra ao Sol).

O texto a seguir é de um dos livros dele de que mais gosto:

“Ao examinar atentamente as numerosas formas de vida da Terra, um biólogo de outro sistema solar daria conta por certo de que elas são todas feitas, quase exactamente, da mesma matéria orgânica e que as mesmas moléculas desempenham quase sempre as mesmas funções, com o mesmo livro de código genético a ser usado por quase todos os indivíduos.
Os organismos deste planeta não só são parentes, como vivem em contacto íntimo uns com os outros, absorvendo reciprocamente os resíduos, dependendo uns dos outros para viverem e partilhando a mesma e frágil camada superficial.”

(Carl Sagan, “Sombras de antepassados esquecidos”)

Etiquetas:

sexta-feira, março 2

ESPECTACULAR!

Vídeo de homenagem a Carl Sagan:

http://video.google.fr/videoplay?docid=-27982370922673620&q=type%3Agpick

enviado por “bluegift.

Vale a pena ver.

Etiquetas:

quinta-feira, março 1

Uma estrela de neutrões surpreendente

A morte de uma estrela não implica necessariamente a sua extinção. Uma estrela de neutrões é o coração de uma estrela que colapsou no final da sua vida. Os astrónomos detectaram o que parece ser a estrela de neutrões com a rotação mais rápida descoberta até hoje. Este pequeno corpo estelar, conhecido por XTE J1739-285, completa 1122 rotações em cada segundo. Com apenas aproximadamente 10 quilómetros de diâmetro e possuindo cerca de uma massa solar, uma estrela de neutrões é um objecto extremamente denso e o seu interior é o local mais exótico que os astrónomos podem imaginar.
De acordo com cálculos efectuados, um dedal cheio de matéria de uma estrela de neutrões pesa cem milhões de toneladas!

Quando uma estrela de neutrões se encontra em órbita de uma outra estrela, o seu forte campo gravitacional pode fazer com que material da estrela anfitriã seja "roubado". À medida que a matéria é roubada à estrela e adicionada à estrela de neutrões, vai formando-se uma camada na superfície desta.
Quando esta camada atinge cerca de 5 a 10 metros de espessura, ocorre uma explosão termonuclear. Esta explosão origina uma enorme libertação de energia que geralmente dura entre vários segundos a vários minutos, ocorrendo uma emissão de raios-X.



A velocidade de rotação que define o limite entre a estrela de neutrões se desintegrar, ou não, depende das condições internas deste objecto. Como os astrónomos ainda não possuem conhecimentos suficientes do interior destas estrelas, também não podem definir um limite exacto para a velocidade de rotação destas.
A frequência de rotação de 1122 rotações por minuto da XTE J1739-285, se confirmada, coloca em dúvida alguns dos modelos de estrelas de neutrões, com rotações bastante inferiores.

(adaptado do último nº recebido do ASTRONOVAS – OAL - Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa)


Etiquetas: