21 de Março – Dia da árvore
Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-la
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses
António Ramos Rosa
(Foto Google)
13 Comentários:
Este comentário foi removido pelo autor.
"Paula", como não tens blog, não te posso visitar, o que faria com gosto, pois hoje também é o teu dia: é o Dia Mundial da Poesia.
Os meus parabéns à Senhora tua Mãe.
Peter, pelo modo como os urbanistas estão a trabalhar, um dia destes temos o dia da árvore de betão... enquanto isso não acontece gozemos o verde... tinto e branco...hehehe
Aqui está um verdadeiro 2 em 1. Uma referência ao Dia da Árvore, com uma poesia lindíssima de António Ramos Rosa.
Saudações infernais!
Olá Peter:
Hoje é Dia Mundial da Poesia e bela a que escolheste de António Ramos Rosa, Dia Mundial da Árvore e da Floresta e a Primavera começou aos 7 minutos de 21 de Março no hemisfério Norte…
Procuro as melhores palavras para escrever…
Apanho uma… escapa-se-me … foge…
escolho outra… nem sempre permanece...
Procuro bons sentimentos… boas sensações…
amor… paixão… segredos...
E pelo caminho vou encontrando
muito mais do que procuro...
Encontro por vezes o que não imagino…
Para atingir o que procuro
hei-de encontrar o necessário
entre as melhores palavras
para poder dizer-vos
o que vos devo…
A Papoila festeja 20000 visitas e um ano de blogosfera e tu muito contribuíste para tal. Passa por lá.
Beijo
ANT prefiro o branco, Alvarinho.
Ó Peter!! Então e o rosé??!!
As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores.
(poema de António Gedeão)
Bjinhos e um excelente dia
"paula raposo", bem, tem de ser um rosé muito especial: um rosé à pressão, com um pouco de gás.
Amita
Esta é a diferença entre uma poetiza e o seu leitor:
O conhecer
Eu conheço alguns poemas do António Gedeão, mas não conhecia este.
Encanta-me a solidão e majestade da árvore e lembra-me a "estafada" frase:
"as árvores morrem de pé", dita no Palco do Dª Maria pela saudosa Palmira Bastos, peça que cheguei ali a ver.
Bom dia Peter. Tal como tu, o poema de António Gedeão caiu-me nos olhos quase como um "acaso". Gosto da sua simplicidade em muito dizer em simples palavras e achei oportuno a sua partilha devido ao tema do teu post porque não belisca a beleza do do AAR.
Cada ser é uma árvore e, como bem relembraste, morrem de pé (saibamos todos fazê-lo... :))
Um bjinho, meu amigo, e um excelente dia de sol
A vida anda possessa de Poesia!
Anda prenha de mosto!
Ou é da luz do dia,
Ou é da cor do rosto,
Ou então quer abrir-se, neste gosto
De pão com todo o sal que lhe cabia!
Tem narcisos de amor no coração,
Folhas de acanto nos sentidos!
E carícias na mão
A espreitar dos tendões adormecidos!
Toca-se numa pedra, e ela treme!
Murmura-se uma prece, e a boca grita!
A rabiça do arado é como um leme
Sobre a terra que ondula e ressuscita!
Quem avoluma a sombra, ou quem a teme?
Cada presença é um hino que palpita!
E se na estrada alguém discorda e geme,
Ninguém que vai no sonho o acredita!
Serás tu, Primavera?
Tu, com frutos na rama do futuro,
Com sementes nos pés
E flores inúteis sobre cada muro,
Contentes só da graça que tu és!
Miguel Torga in "Odes" ", 1946
"Poesia Completa", 2000
Dia da Árvore e também Dia Mundial da Poesia, por isso te deixo aqui este Poema, com um grande abraço ;)
Olá Peter!
Pelos vistos os dias de "qualquer coisa" Já não cabem no calendário de um ano gregoriano.
Dia da poesia, dia da árvore e da floresta, dia contra a discriminação racial...
é por isso que cada vez esses dias são menos valorizados.
Qualquer dia já ninguém lhes liga nada!
Eu já não ligo há muitos anos!
Sempre me cheiraram como uma flor artificial.
Um abraço
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