quarta-feira, março 14

Sueca e dominó

No sítio onde moro predominam as pequenas vivendas dos bairros sociais, construídas nos anos 40. Normalmente, os seus moradores, quando atingiam a idade da reforma, voltavam às raízes. Vendiam as casas, pois habitavam-nas em regime de renda resolúvel e iam para o Portugal profundo, hoje um país de fantasmas, de aldeias desabitadas, com um ou outro velho arrastando-se por lá.
Os que ficavam por aqui, entretinham-se em pequenas mesas nos espaços verdes, uma ou outra, a jogar à sueca e ao dominó, enquanto houvesse parceiros, pois a parca com a sua gadanha ia ceifando-os um a um.

Hoje os jogadores proliferaram de tal modo que o Presidente da Junta de Freguesia teve de mandar fazer mais mesas e cadeiras para pôr à disposição deles e não são suficientes. Alguns chegam a vir sentar-se logo pelas 08h para guardar lugar.

O porquê deste fenómeno?

As pessoas já não voltam para a terra, deixaram de semear e de plantar as couves, as batatas, os nabos... Sentem-se desprotegidas, pois a pouco e pouco tudo lhes têm tirado. Necessitam cada vez mais de cuidados de saúde à medida que avançam na idade e lá não os têm. Por isso ficam pela grande cidade.

A política de "terra queimada" continua. Tudo se fecha: hospitais, maternidades, escolas, bombeiros, polícia, GNR...

Num futuro não muito longínquo, o então Presidente da Republica irá de casaca de abas de grilo e pleno de condecorações, a Madrid entregar ao Rei de Espanha (a Espanha de então...) as "chaves" do País, do que resta dele, pois os portugueses apenas têm cotão no fundo dos bolsos e como tal, os tubarões, os políticos e gestores reformados milionários, instalaram-se nas Malvinas, ou em qualquer paraíso semelhante.
De igual modo os empresários não investem, para vender a quem? Fazem-no no estrangeiro, onde podem obter maiores lucros. Aqui ninguém tem poder de compra. O número de desempregados cresceu de tal modo que o dinheiro nem sequer chega para lhes pagar o subsídio de desemprego.
Reformas? Que é delas?
População? Deve no total ser na altura de 1 milhão de habitantes. Não existem condições para ter filhos.

O Rei da “Espanha pequenina” não aceitou as chaves. Não tinha dinheiro para pagar a dívida da Ota, que nem chegou a funcionar ...

5 Comentários:

Às 14 março, 2007 04:18 , Blogger uivomania disse...

País de bananas governado por sacanas.

 
Às 14 março, 2007 07:36 , Blogger Maria Carvalho disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
Às 14 março, 2007 09:24 , Blogger Peter disse...

"blue", falta de informação.

Não sei o que entendes por "povinho", ou povo, no qual me incluo.
Os bairros sociais que aqui existem foram construídos nos anos 40, para alojar pequenos funcionários camarários, ou ministeriais, soldados e sargentos das FA e anda pelo Patriarcado para famílias carenciadas.
Mais recentemente, para alojar os desalojados, quando da construção da Ponte sobre o Tejo e, posteriormente os habitantes de bairros de barracas
Existem aqui uns blocos de 8 andares que os diversos ministérios venderam aos habitantes dos respectivos apartamentos, depois de 74. Exceptua-se o Ministério da Defesa que não vendeu. Por isso, destes últimos, há inúmeros apartamentos vazios, pois só uma pessoa “burra” vem pagar cerca de 500 € pelo aluguer dum apartamento degradado, onde nunca fizeram obras, e que tem perto de 50 anos. Contrai um empréstimo e fica muito possivelmente a pagar menos, por uma casa que é sua.

P.S. - Se quiseres posso enviar-te foto destes últimos

 
Às 14 março, 2007 23:49 , Blogger Peter disse...

"blue", no que respeita à Encarnação, estás a referir-te ao início do Bairro. Há quantos anos morreu Salazar? O Bairro morreu com ele?
Os outros não conheço.

 
Às 19 março, 2007 14:33 , Blogger António disse...

Olá, Peter!
Mas que pessimismo!
Portugal já passou momentos muito piores ao longo da sua história e sempre sobreviveu, melhor ou pior (a dinastia Filipina foi um acidente sucessório).
Por isso, acredito que vamos ser um país credível.
Nunca seremos ricos mas teremos alguma qualidade de vida.
Lembra-te do que se passa por esse mundo fora.

Um abraço

 

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