quinta-feira, março 22

Os meus cigarros…

Depois de anos e anos de marketing sobre o quanto era fantástico fumar, eis que os fumadores passaram a criminosos activos.
Depois do conceito de fumador passivo, esta nova máxima irá em breve, tenho a certeza, passar a constar de todos os manuais escolares obrigatórios.

Atenção, por favor!!!

Não estou a fazer a apologia do tabaco e do tabagismo. Eu próprio já tentei várias vezes abandonar o vício mas o máximo que consegui foram uns 4 meses de glória.
E eu até fui avisado logo no início, já lá vão uma data de anos: “olha que depois ficas viciado e não consegues parar”, dizia-me a minha tia que fumava como uma desalmada. Hoje, depois de um problema cardíaco mais ou menos grave, vai fumando um cigarrito em momento de festa…

Mas adiante…

Antigamente até o Lucky Luck era caracterizado por ser fumador e usar sempre o cigarro ao canto da boca. A partir de certa altura passou a chupar uma palhinha, provavelmente de maconha ou assim.
Face à nova legislação seria de esperar que os fumadores passassem a ter acesso a desintoxicações comparticipadas – tipo seringas gratuitas e apoio psicológico à toxicodependência – mas não me parece. E é injusto.
A medida mais concreta e fácil, claro, é aumentar o preço dos maços. Acho bem. Há que fazer dinheiro com esta gente.
Há dias dizia-me o dono de um café que as máquinas de tabaco – tal como de bebidas – trancadas a menores eram ineficazes porque os putos pedem aos adultos para lhes comprarem o fruto proibido e alguns cedem. Também a mim já um puto de 10 ou 11 anos me tentou cravar. Não acedi, claro.

É óbvio que o tabaco é um vício lixado. Isso os fumadores sabem. É óbvio que estar a comer com o fumo de um gajo qualquer a entrar pela goela misturado com o cozido à portuguesa não é agradável. Nem eu suporto. Mas sempre que se puxa de um cigarro ser olhado como um malfeitor não me parece aceitável.

Muitos dos fumadores deixariam de fumar se tivessem coragem para aguentar aquelas semanitas sem o bicho no sangue e, sobretudo, se soubessem o que fazer às mãos quando estão em stress.
O vício do tabaco tem factores psicológicos difíceis de ultrapassar e que têm a ver com comportamentos sociais, modelos e outros nada fáceis de eliminar.

Divertido é pensar que também cá, como nos States, um dia algum proprietário de café vai ser preso por ter um cinzeiro em cima do balcão.

(Foto: do Google…)

14 Comentários:

Às 22 março, 2007 18:38 , Blogger Papoila disse...

Não sou apologista de nenhuma forma de fundamentalismo. Mas confesso que abomino o fumo em restaurantes que não têm local próprio para fumadores.
Fui grande fumadora... e deixei de fumar por duas vezes. Estive 5 anos sem fumar e numa brincadeira voltei a fumar um cigarro o que me fez comprar um novo maço e tudo recomeçou... Há 5 anos o meu irmão grande fumador (4 maços por dia) deixou de fumar depois de um susto... Quando lhe disse que concerteza precisava de apoio psicológico, apontou-me para a cabeça e disse "Não é isto que nos comanda? Se eu te disse que falas com um ex fumador é porque assim o decidi."
Nesse momento decidi eu também deixar de fumar porque não admitiria nunca que a cabeça dele conseguisse mais que a minha...lol...
Já ultrapassei pois a barreira dos 5 anos... Ainda me apetece... Não o faço porque sou vaidosa e o fumo faz mal à pele lol...
Na verdade a campanha de desintoxicação tabágica não se pode chamar um êxito. Também é verdade que a Vontade de deixar de fumar é essencial para um bom resultado.
Os fumadores não são facínoras, são doentes que sofrem de um comportamento aditivo que em excesso prejudica gravemente a saúde e deveriam encontrar resposta no SNS para deixarem de o fazer... Dá-se prioridade aos jovens...
Quanto à ocupação das mãos... fico-me por aqui... lol
Beijo

 
Às 22 março, 2007 18:56 , Blogger Maria Carvalho disse...

Ora Ant!! Polémica instalada. Nem 8 nem 80. Não fumadora durante 14 anos, nunca tomei atitudes radicais nesse aspecto tabagista. Poderiam talvez criar uma lei que tirasse a estupidez do ser humano, o que seria bem mais proveitoso. Digo eu.

 
Às 22 março, 2007 19:51 , Blogger vbm disse...

:) Longamente se vai discutir o proibicionismo tabagista! Olha, eu, toda a vida fumei. Desde os 12 ou 13 anos até... há ano e meio atrás! Gostava de fumar, e se não me fizesse mal nem fosse a exploração tributária que é, voltava a fumar. E como deixei de fumar? Força de vontade? Nem por sombras! Deixar de fumar não tem nada a ver com força de vontade, - embora alguma convicção motivante seja necessária para preservar-se abstémio -, deixar de fumar tem tudo a ver com [b]desintoxicação do organismo[/b], d-e-s-i-n-t-o-x-i-c-a-r simplesmente!

 
Às 22 março, 2007 21:58 , Blogger Caiê disse...

Não fumo, porque não me dá prazer nenhum. Não sou extremista em relação ao tabaco tal como não em relação a nada. Defendo que se devem respeitar as liberdades de cada um e logo... se te dá gozo tudo bem, mas se me incomoda já é mau. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

 
Às 22 março, 2007 22:05 , Blogger Peter disse...

"sempre que se puxa de um cigarro ser olhado como um malfeitor não me parece aceitável."

Mais um ex-malfeitor a juntar-se ao grupo. Depois de 3 tentativas infrutíferas, consegui, por enquanto, pois quando almoço bem, vai um cigarrinho, deixar de fumar.
Mas gosto de sentir o cheiro do tabaco à minha roda. Mata-me as saudades ...

 
Às 22 março, 2007 22:15 , Blogger Peter disse...

"vbm", Vasco, meu caro amigo: necessito urgentemente dum filósofo. Tenho aqui o Augusto (nos links "Augustom") que me "provoca" filosoficamente e é portanto a pessoa ideal para falar contigo, pois daqui de mim não sai nada. Vou pois repor o teu blog nos n/links, porque a "bluegift", que tu conheces bem, é a técnica e de vez em quando dá volta a isto tudo.

Abraço amigo.

P.S. - Para quando um almoço ou jantar, como os do antigamente?

 
Às 22 março, 2007 23:08 , Blogger augustoM disse...

Fumar ou não fumar nada tem a haver com as boas maneiras e a boa educação. Não se deve fumar nos restaurantes como não se deve arrotar ou falar em voz muito alta.
É um vício que o viciado normalmente gostaria de perder, mas que não consegue. Fumar é uma espécie de doença crónica, que em vez de o Estado dispender algum dinheiro para a tentar curar, enche os bolsos à conta dela.
Um abraço. Augusto

 
Às 23 março, 2007 10:26 , Blogger Amita disse...

Um excelente artigo, Ant, com aquela dose de ironia tão a propósito da imposição de normas (leis!!!). :) Tornou-se moda neste país dos brandos costumes de outrora???????
Um bjinho e um sorriso para um dia lindo de sol

 
Às 23 março, 2007 10:31 , Blogger Ant disse...

Bem... já que gostaram tanto vou pensar num sobre a legalização de dregas leves... bem... leve, leve é a neve, não é? ;))

 
Às 23 março, 2007 15:02 , Blogger Nilson Barcelli disse...

Subscrevo este teu post, até porque também fumo.
Nunca tentei deixar, mas quando o fizer gostava de ter os apoios todos que os toxidependentes têm.
Bom fim-de-semana.
Abraço.

 
Às 23 março, 2007 20:50 , Blogger H. Sousa disse...

Como dizia Pessoa em Tabacaria:

«...E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.»

:lol:

 
Às 24 março, 2007 00:56 , Blogger Menina Marota disse...

Eu não fumo...o que considero uma vitória pessoal, depois de trabalhar tantos anos no meio de fumadores...

Um abraço e bom fim de semana ;)

 
Às 24 março, 2007 01:39 , Blogger Peter disse...

Augusto, achei graça ao "arrotar".
Entre os chineses é "de bom tom" o convidado arrotar depois do jantar. É sinal de que gostou da comida.

Bom fds

 
Às 26 março, 2007 10:31 , Blogger António disse...

Caro Peter!
Fundamentalismos à parte, todas as medidas que desmotivem o consumo do tabaco são correctas, a começar pela educação nas escolas básicas e pelo exemplo dos pais.
Cá em casa, neste momento, com 3 homens e uma mulher, só eu fumo 3 ou 4 cigarros por dia.
Mas provavelmente serei morto pelos muito que fumei ao longo da minha vida (e nem todos me souberam bem!)

Um abraço

 

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