segunda-feira, abril 18

Uma excepção


“Disse, muito antes desta crise, que não devia haver em Portugal um Governo minoritário e que não foram feitos esforços suficientes para encontrar uma solução maioritária. Foi a única voz do Governo que, na iminência do desentendimento fatal entre Governo e PSD, assumiu culpas próprias e pediu um esforço patriótico a Passos Coelho e José Sócrates. Durante o congresso/comício de entronização de Sócrates, foi uma voz solitária que não omitiu o momento de grave crise económica e política que o país atravessa e que deixou claro, antes de Sócrates o fazer, que tinha que ser o Governo a assumir as negociações com o fundo de estabilização financeira. Chama-se Luís Amado, é ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, é o único membro de Governo que tem mostrado sentido patriótico e de Estado e teve esta semana o prémio pelos serviços prestados. Sócrates baniu-o da troika que está a negociar com as entidades estrangeiras e, já agora, baniu-o também da lista de candidatos a deputados às próximas eleições. Sócrates prefere ter à sua volta quem não o contesta. Por isso, substituiu Luís Amado por Basílio Horta.” (Raquel Abecasis in “Página 1” de 18/03/11)

sábado, abril 16

Vão-se f...

Não perco tempo a ler jornais, nem a ver TV. Anda tudo de "esquerda em linha", como na tropa. Agora até as estações de TV particulares têm de seguir as directivas do "todo poderoso". Por isso, antes que me venham sacar os míseros Euros que amealhei ao longo de uma vida, vou mas é gastá-los comigo e com a m/mulher lá pelos "Algarves", pois não dá para mais. Tenho de ter cuidado com as amendoas, pois os dentes já não estão nada seguros, aliás como o país.

quinta-feira, abril 14

O "homem" não é culpado! Culpados são aqueles que o puseram lá... Mas ainda estão a tempo de se ilibarem!!!

"Nas próximas eleições existe um elemento fundamental em jogo: dignidade nacional. Se, como várias vozes alvitram, o partido de José Sócrates tiver um resultado digno, a nossa democracia sofrerá um rude golpe. Portugal será a chacota mundial.
Não se trata de uma questão de votos, mas de elementar racionalidade. Aqueles dirigentes que presidiram seis anos, quatro dos quais em maioria, aos destinos nacionais, não podem ser poupados.
Depois de longos tempos a negar a realidade, a manipular a imagem, a pintar quadros ilusórios em que cidadãos e mercados não acreditam, só ficarão impunes com descrédito para o sistema político.
Nos últimos 32 meses, ou o Governo ignorava a realidade ou sabotou deliberadamente a situação nacional. Não há outra explicação. Se a charada da vitimização tiver êxito eleitoral, isso mostra não a qualidade do Governo mas a tolice dos eleitores. Com a chantagem da instabilidade, ficção da política de sucesso, desplante de negar o óbvio, Sócrates andou anos a dançar na borda do vulcão. Agora que o País caiu lá dentro, o PS não pode ser poupado. Como na Grécia e na Irlanda, Portugal precisa de que ele perca forte a 5 de Junho.

Antigamente, algo evitava estas circunstâncias. Chamava-se vergonha. O responsável pela condução nacional ao colapso, mesmo considerando-se tecnicamente inocente, assumia politicamente a situação e afastava-se para dar lugar a outros. Mas esse pudor político anda muito arredado das praias nacionais, como andou no auge do Liberalismo oitocentista e na ruína da Primeira República. Mais que a incompetência e corrupção, era o descaramento dos responsáveis que então destruía a vida nacional. Foi essa a nossa experiência democrática até meados do século XX.

Por isso, após 1974 tanto se temia o regresso da liberdade, que nunca rodara bem nestas paragens. Surpreendentemente, o regime funcionou. Funcionou mesmo muito satisfatoriamente. Nas três primeiras décadas após Abril, apesar de inevitáveis tropelias e abusos, presentes em todos os regimes, existiu honra, dignidade, elevação, acompanhada por alternância e desportivismo. É isso que tem resvalado ultimamente. As próximas eleições mostrarão se regressámos à antiga podridão ou se foram lapsos passageiros.

Mas não há situações em que, após o desastre, a administração permanece? Sim, nos casos de Mugabe, Gbagbo e, até há pouco, Mubarak ou Kadhafi. É essa semelhança que nos condena.

Quer isto dizer que o Partido Socialista tem de ser punido? Este PS sim! Aliás, o partido é uma das grandes vítimas da situação. A reeleição estrelar de José Sócrates, consagrada no XVII Congresso deste fim-de-semana, com votações à Mugabe, apenas manifesta isso de forma pungente. Quando acabar o delírio, será preciso salvar o partido deste longo pesadelo que se arrisca a afectá-lo gravemente. Além de arruinar o País, o consulado Sócrates, na única maioria absoluta socialista, danificará seriamente a sua área ideológica. Na ânsia de se salvar política e pessoalmente, o primeiro-ministro enterra aquilo mesmo que diz defender.

Uma das declarações originantes na nossa democracia deu-se a 26 de Novembro de 1975. O vitorioso major Ernesto Melo Antunes disse na televisão, relativamente aos vencidos: "A participação do PCP na construção do socialismo é indispensável." Agora é bom lembrar que o Partido Socialista é também indispensável à democracia. Estes meses são dos piores da sua ilustre história. Mas o longo delírio socrático, que termina nesta louca corrida para o abismo num autismo aterrador, não pode servir para desequilibrar duradouramente a estrutura partidária nacional. Há que salvar o PS de si mesmo.

No dia 5 de Junho, os portugueses votarão. Costuma louvar-se a sabedoria do povo. É fundamental que os eleitores, entre alternativas mornas e demagogia dura, compreendam a situação. A escolha hoje não é de políticas. Após 32 meses de negação, ilusões e derrapagem, quem for eleito terá grande parte da sua tarefa definida pelos nossos credores. O que está em causa é mesmo a dignidade nacional."


JOÃO CÉSAR DAS NEVES DN 2011-04-11

quarta-feira, abril 13

A SITUAÇÃO PORTUGUESA

“A situação a que Portugal chegou é a crise há tanto tempo anunciada. Sem branqueamentos, a História permitirá apurar causas e responsabilidades. Mas agora, depois de tanta leviandade, há que mostrar a maturidade do país. Aos partidos, ao Governo e ao Presidente da República pede-se a coragem do consenso. Discordar é fácil; esticar a corda do diálogo também. Mas ultrapassar divergências, esquecer rivalidades e pôr de lado inúteis vaidades só está ao alcance de políticos com sentido de Estado; os únicos em que importa confiar. Os partidos e os dirigentes que se limitem a explorar o descontentamento e a frustração populares só contribuem para agravar a crise e nunca para a resolver. De igual modo, a sociedade civil, os empresários, os sindicatos, os agentes sociais e culturais devem saber ultrapassar as fronteiras – sempre estreitas - dos seus interesses específicos. Os sacrifícios são inevitáveis; mas serão inúteis sem uma estratégia nacional, consistente e participada; e se continuarem as perdas de tempo e as figuras tristes na praça pública. Portugal precisa de acabar com o espectáculo ridículo e deprimente de ser visto, na Europa, como um devedor tão irresponsável quanto arrogante. Se os portugueses não começarem por respeitar o seu próprio país, não serão, decerto, os outros a fazê-lo.” (Francisco Sarsfield Cabral in “página 1” de 12/03/11)

terça-feira, abril 12

NÃO PAGAMOS?

“Na Islândia, país que não está no euro e tem apenas 320 mil habitantes, os cidadãos recusaram em referendo que os contribuintes pagassem a enorme dívida de um banco islandês a clientes estrangeiros, britânicos e holandeses, sobretudo. Entre nós, o resultado do referendo islandês animou as vozes, em geral de esquerda, a favor de Portugal não pagar aos credores, afrontando os mercados e os banqueiros. É uma ideia curiosa. Aliás, em 1892 deixámos de pagar parte da dívida externa, porque esgotámos os recursos. O que os defensores dessa ideia não explicam é como iríamos, então, pagar aos funcionários públicos, importar petróleo e cereais, etc., etc. Portugal tem há muitos anos um défice nas contas com o estrangeiro à volta dos 10% do PIB. Agora baixou ligeiramente, mas ainda excede os 8%. Quer dizer, gastamos acima do que produzimos, cobrindo o que falta com crédito externo. Se esse crédito externo secasse de repente, como aconteceria se deixássemos de o pagar afrontando os credores, a economia em Portugal praticamente paralisava. Seria uma tragédia sem paralelo na nossa história.” (Francisco Sarsfield Cabral, in “Página 1” de 12/03/11)

segunda-feira, abril 11

Tempo de regeneração

“A responsabilidade individual é indispensável a uma democracia saudável. Numa democracia, as pessoas não se podem queixar da classe política nem atribuir aos políticos todas as culpas das suas dificuldades, porque num regime democrático somos todos que decidimos e todos que escolhemos. A actual situação e a aparente irresponsabilidade que os mais altos responsáveis do país demonstram, deviam levar-nos a pensar sobre o que nos fez chegar aqui. A abstenção crescente é, seguramente, um factor que ajudou a que cada vez menos falassem por todos, quando chega a hora de decidir nas urnas. A ideia de que ir para a política é para quem não tem jeito nem habilitações para mais nada é também um factor que deixou a actividade política nas mãos de quem se serve da política, quando esta deve ser exercida por quem quer servir a sociedade. Aqui chegados, é urgente usar este tempo de regeneração económico-financeiro para tentarmos também regenerar o país. Só assim teremos, de facto, condições para mudar de vida. Era bom que nunca mais fosse possível ver na televisão um comissário europeu a passar, com razão, um raspanete ao Presidente da República português.” (Raquel Abecasis, in “página 1” de 11/03/11)