Coragem política
“Nos primeiros sete meses deste ano, a Grécia conseguiu reduzir o seu défice orçamental em linha com o previsto (um défice 40% menor do que o registado em Janeiro-Julho de 2009). E isto com um aumento da receita fiscal – dos impostos, portanto – inferior ao esperado, por causa da recessão. Ou seja, o governo de Atenas conseguiu um espectacular corte na despesa pública, apesar de inúmeros e violentos protestos e manifestações (até houve mortes).Por isso a Comissão Europeia e o FMI saudaram o esforço da Grécia, país que vai continuar a receber ajuda.
Em contraste com a enorme coragem política do governo grego, o que vemos por cá revela uma confrangedora falta de vontade dos governantes para reduzirem a despesa do Estado. Esta subiu até Julho, em vez de baixar. O défice do sector Estado também aumentou. E só não aumentou mais porque a receita dos impostos ficou acima do estimado.
Razão tem Silva Lopes para dizer que “ainda nem começámos a consolidação orçamental”, pois andamos a fingir cortar despesa pública.
O nosso pior défice é o de coragem política.”
(Francisco Sarsfield Cabral, in “Página1”)
