Novamente a Crise
Admira-me e preocupa-me a ligeireza com que a Crise Financeira que afecta Portugal está a ser encarada. Se, até certo ponto compreendo a situação do 1º ministro e do das Finanças no sentido de não criarem alarmismos que levem os portugueses a atitudes impensadas de gravíssimas consequências, que eu até me abstenho de mencionar para não criar situações propícias ao seu desencadear, o certo é que já se caiu no laxismo habitual: não há problema, está lá o Sócrates, já deram 20.000 euros aos bancos, aqueles “vampiros” que sugam o nosso sangue.
O problema é que, em minha opinião o 1º ministro não estará à altura da situação. Ficaria mais tranquilo se, mantendo o ministro das Finanças, ele chamasse para “super-ministro” um Medina Carreira, ou um João Salgueiro. É certo que o cargo não existe. Pois criem-no.
Ouvi 6ªf à noite o Medina Carreira e gostei de o ouvir, como sempre, mas para esse cargo de “salvação nacional” (não gosto da designação, mas foi a que me ocorreu…) prefiro o João Salgueiro, mais novo e talvez mais técnico.
Quanto aos bancos, sendo que será, à semelhança do que se fez em Inglaterra, de procurar responsabilidades na administração dos mesmos, eles são os que mantêm a funcionar as PME e que possibilitam os créditos aos particulares. Não são portanto os criminosos que o PCP e o seu colega (queriam que lhe chamasse Kamarada?) BE propalam. Estão a prestar um mau serviço ao país o que não é de admirar, pois para eles “quanto pior melhor”. “O que dizem o PCP e o BE não conta para nada, não produz resultado, não gera nenhuma consequência. Vale zero, como antigamente dizia Jô Soares nos seus programas de humor”.
Quanto ao PSD (ainda existe?) com a sua atitude de “o calado é o melhor”, não o é. Longe disso. A situação é de “toque a rebate” e havia era que unir esforços. À partida, MFLeite adoptou a atitude de rejeitar liminarmente o projecto do OE09 mesmo antes do mesmo ser discutido na AR, considerando-o injustamente como “o pior Orçamento que se fez em Portugal desde 1974”. É uma afirmação que não é politicamente correcta. É o orçamento possível. Medeiros Ferreira, (dir-me-ão que não é economista, “je m’en fiche”) considera que é “o melhor projecto de orçamento” deste governo.
Acreditem, neste momento em que vejo em risco o trabalho de toda uma vida, gostaria de ser espanhol. A Espanha fez o que é “impossível em Portugal”:
- o 1º min Zapatero e Rajoy, líder do principal partido da oposição, “chegaram a acordo sobre um plano que o governo preparou para fazer frente à crise económica e financeira. Rajoy apoiou o plano e as medidas nele contidas e fez algumas exigências, como as de ser o Banco de Espanha a supervisionar a utilização dos fundos para salvar os bancos” e a garantia do pagamento das pensões durante os próximos anos.
Por cá? Tudo “na maior”. Sócrates diz que há dinheiro para tudo: TGV, novo aeroporto, novas pontes sobre o Tejo (não é mais que uma?) e até 1 milhão de euros para o min Economia, Manuel Pinho, pagar ao fotógrafo Steven Klein, para tirar 6 fotografias (é mesmo, são só seis…) para uma campanha de promoção de Portugal (era só o que nos faltava…). Ah é verdade, esquecia-me: ao fim de 2 anos os direitos sobre as mesmas passam a pertencer ao fotógrafo (rico e oportuno negócio …).
“A orquestra continua a tocar enquanto o Titanic se afunda”.
7 Comentários:
Esta crise ainda tem muito a mostrar.
Cadinho RoCo
A Crise veio para ficar e os analistas económicos consideram-na pior que a de 1929, embora as suas consequências não sejam tão nefastas, devido aos controlos (que pelos vistos falharam) existentes.
Esperemos que sim, que o Governo ponha os olhos em Espanha e que TODOS os Partidos se consciencializem que a Crise afecta a todos e que não é tempo de politiquices rasteiras, nem de reinvindicações irrealistas
Inteiramente de acordo com a análise. Em Espanha, o patriotismo e o sentido da verdade e da responsabilidade faz com que humildemente se não desperdicem os pareceres construtivos de todos para salvar e salvaguardar o interesse de todos.
Aqui, o interesse de todos está sempre em causa porque o estilo tricalhoso e demagógico, plastificadamente optimista, a ambição pessoal desmedida colada à grande meta eleitoral, viciaram os dados: o interesse nacional pode sempre esperar. Há um eleição a ganhar.
Curioso como o próprio FMI, decrépito e pouco fiável como está, pediu ao Governo que revisse todas as contas de este Orçamento. Sintomático, não?!
Temos de pensar que há amadorismo na governação com os riscos que se pretendem correr. Outra coisa grave foi o PRACE deixado pela metade, foi o combate ao défice no lado da receita e não na despesa, que se vai agravando.
Aquele abraço, Peter. Bom domingo.
joshua
"o interesse nacional pode sempre esperar. Há uma eleição a ganhar."
Abraço e bom fds,
Peter
Realmente, seria interessante formar um Conselho Superior de Economia de consulta obrigatória em momentos e decisões de especial acuidade para o futuro abrangente de várias legislaturas eleitorais. Sem que propriamente se autorizasse os membros desse Conselho a divulgar as suas opiniões específicas relativas a resoluções agendadas, deveria, no entanto, promover-se a divulgação pública da filosofia económica de cada conselheiro e sua visão estratégica para o País. Quem tivesse opiniões minoritárias não perderia por isso o direito a exprimi-las. Se pusermos os olhos em França, - pelo menos a França de há uns quarenta anos atrás -, nada o governo decidia que muito antes toda a gente isso discutisse entre si, nas ruas, nos cafés, entre amigos. É uma fantochada supormos viver em democracia sem a sua primeiríssima condição: a livre e ampla discussão das ideias, projectos, valores e preferências. Quer o João Salgueiro (que, atenção, já tem 74 anos!), quer o Medina Carreira (78 anos!), quer o Silva Lopes (76 anos) são todos eminentes economistas, vários graus mais qualificados que Manuela Ferreira Leite, Fernando Teixeira dos Santos e até, Cavaco Silva. Um Conselho Superior de Economia era uma bela ideia institucional desde que pluralizasse o debate político e restringisse a importância estrita das opções partidárias. Luís Campos e Cunha até pelo desassombro que assumiu relativamente ao Governo Sócrates seria conselheiro a não dispensar.
vbm
É uma ideia muito válida e que mereceria amplo debate e difusão.
Vou enviar o teu comentário para a "bluegift" para ela abrir aqui no blog um espaço para debate.
Abraço e bom Domingo.
vbm
Já enviei o e-mil à "blue".
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial