sábado, outubro 11

Evolução ou Criacionismo?


Não sei se por influência da candidata Republicana à vice-presidência dos EUA, que pretende voltar ao ensino obrigatório(?) do Criacionismo nas escolas, que aliás já é ensinado em muitas, está a assistir-se na Europa e também em Portugal, a uma corrente favorável ao mesmo, em detrimento do Darwinismo.
Ainda hoje, vendo de relance a “Science et Vie”, reparei que a mesma trazia um artigo sobre o assunto. Não a comprei claro, a Crise (com honras de maiúscula)

Quero esclarecer que sou católico, mas encaro a religião à minha maneira, como assunto do meu foro íntimo. Assim, não acredito no Criacionismo, nem poderia ser de outra forma, para quem como eu, todos os dias se deslumbra perante o espectáculo do Cosmos que o “Astronomy today” tem para lhe oferecer. Como é que eu posso aceitar ser um espectador privilegiado do Universo, que desliza perante os meus olhos e ao qual assisto tranquilamente sentado no planeta Terra, o único escolhido por Deus para ser habitado por seres inteligentes?

Num livro publicado em 2000 nos EUA, “Rare Earth”, dois cientistas, profs universitários e um deles (Donald Brownlee) membro da National Academy of Sciences e com funções na NASA relacionadas com as origens do Sistema solar, defendem a hipótese da Terra ser um planeta com condições particulares e talvez únicas, no que respeita à possibilidade da existência de formas inteligentes de vida.
O tempo necessário para a evolução de seres inteligentes, ronda os 10 mil milhões de anos, o nosso sistema solar tem cerca de 5 mil milhões de anos, dos quais os primeiros mil ou 2 mil milhões de anos da existência da Terra foram demasiado quentes para que “qualquer coisa complicada” se pudesse desenvolver e os restantes 3 mil milhões (mais ou menos ... ), foram então ocupados pelo processo lento da evolução biológica.

É certo que os Astrofísicos se encontram num impasse perante a enormidade do Cosmos e a pequena quantidade que dele se conhece, apenas 4%.
O enorme “acelerador de hadrões” tenta (julgo continuar sem funcionar…) detectar o “bosão de Higgs”, responsável pela criação de matéria “ex nihilo” a que, por isso mesmo, chamam “a partícula de Deus”. Ressurge assim, entre alguns cientistas, a tentativa duma explicação metafísica.

Quanto a mim, que sou um insignificante e não obstante me considerar cristão, considero que o Budismo estará mais perto de compreender o Universo que o Cristianismo.

Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (WMAP) – é o nome da sonda representada na figura.

13 Comentários:

Às 11 outubro, 2008 15:06 , Blogger Tiago R Cardoso disse...

outra vez bastante interessante.

não penso que a igreja seja incompatível com a ciência.

Uma igreja mais actualizada, não toda infelizmente, eu conheço alguma, olha para a evolução já com outros olhos.

Ouvi um padre dizer frontalmente na televisão que a bíblia, na parte da historia da evolução não deve ser lida textualmente mas sim ler-se nas entrelinhas.

Ciência e religião tem os seus espaços e misturar não será o melhor caminho.

Força Peter, estes artigos estão muito bons.

 
Às 11 outubro, 2008 15:59 , Blogger Peter disse...

Tiago

Agradeço as tuas palavras de incentivo que são preciosas. Por vezes desmoralizo, pois os comentário ficam muito aquem das visitas.
Concordo inteiramente:

"a bíblia, na parte da historia da evolução não deve ser lida textualmente mas sim ler-se nas entrelinhas"

Abraço com votos de um bom fds.

 
Às 12 outubro, 2008 00:32 , Anonymous Anónimo disse...

Querido Peter
Este texto daria muitas paginas de discussão desta matéria, para mim continua a ser uma incognica...porque se por um lado...por outro...
Vou por agora seguindo a minha intuição e ela é bem mais real, que qualquer religião ou ciência !
Temo não ter respostas agora, possivelmente nunca e olha que estudei em tempo a respeito....
E NADA!
Bom fim de semana doce amigo
Beijos
As tuas melhoras

 
Às 12 outubro, 2008 10:02 , Blogger Peter disse...

ashera

Apreciei o teu comentário. Não são compatíveis religião e ciência. A primeira dá-nos tranquilidade e paz de espírito. A segunda, conhecimento.

As 4 "forças da Natureza" (não sabemos se haverá mais) têm valores de tal modo precisos que não podem atribuir-se ao acaso. Um valor ínfimo de diferença para mais ou para menos e a vida, tal como existe, não seria possível.

Sinto-me bem e penso que o pior já passou. Vou 5ªf ao médico para um check-up.

Melhoras ao nosso convalescente e votos de um bom Domingo.

 
Às 12 outubro, 2008 11:39 , Blogger vbm disse...

Ainda me choca muito essa noção de só conhecermos 4% do que constitui o universo!... Há porém algo na "ignorância" do mundo tão tocante quanto o próprio mundo: o tudo dever-se à mera operatividade quer do mundo quer da sua representação inteligível a que o mundo não se deixa reduzir!

 
Às 12 outubro, 2008 12:28 , Blogger Peter disse...

vbm

Esse "choque" não será devido ao facto de continuarmos a dar demasiada importância a nós humanos?

 
Às 12 outubro, 2008 12:58 , Blogger vbm disse...

Talvez... mas, acho que não. E daí... é que choca não perceber uma coisa que deveria ser tão simples quanto o universo! :) Ou melhor, pode ele, universo, ser complicadíssimo, mas nós almejamos reduzi-lo a uma coisa simples, inteligível e explicativa em si própria... É que se ele, universo, não for explicável, por nós ou por outrém, então, inexplicável, podemos asseverar que por muito que seja, exista, para aí esteja majestaticamente, perene, ela nada é, nada vale, não passa de um mero existir sem puto de interesse.

 
Às 12 outubro, 2008 13:41 , Blogger Peter disse...

vbm

É agradável conversar aqui.

Pelo que tenho lido ultimamente, o Universo é muito mais complicado e estranho do que julgávamos.
Muitas das teorias terão que ser reformuladas e outras até esquecidas.
O ideal de unificar a Teoria da Relatividade Geral com a Mecânica Quântica, que poderia talvez dar uma achega na compreensão da "força escura" responsável pela aceleração da fuga das galáxias (quanto mais distantes de nós mais rápida é essa "fuga") está longe de ser conseguido. Claro que o que acontece é a dilatação do espaço entre elas, pois permanecem no mesmo ponto, a distância que as separa é que aumenta até que, superando a velocidade da luz (pode ser superada desde que a emissão que a pretenda superar não seja portadora de "informação") deixamos de as ver.

 
Às 12 outubro, 2008 15:41 , Blogger vbm disse...

Essa parte de a velocidade superior à da luz deixar de ser portadora de informação e deixar de ser vista é filosoficamente muito interessante! Porque é um postulado da realidade versus a mera existência a de aquela ter de ser co-possível e compatível com seres que a intelijam. Ora, sem «informação» o mundo não pode dizer-se que deixe de existir, mas sim que perde toda a realidade por justamente se tornar ininteligível. Como diria Platão, há só um mundo, «o mundo inteligível» :) - que requer luz!, átomos, informação, cognoscibilidade potencial. :)

 
Às 12 outubro, 2008 16:22 , Blogger Peter disse...

Claro, meu caro, é como dizes:

"sem «informação» o mundo não pode dizer-se que deixe de existir, mas sim que perde toda a realidade por justamente se tornar ininteligível"

A experiência teria sido tentada com êxito por cientistas australianos durante um tempo "infinitamente" pequeno, mas nunca mais ouvi falar no assunto. Possivelmente foi rebate falso.

 
Às 13 outubro, 2008 14:58 , Anonymous Anónimo disse...

Meu caro Peter gostei de ler o seu escrito principal, assim como o diáogo que depois aqui foi estabelecido com o VBM.

É essa uma das riquezas aqui deste seu espaço e por isso ouso, também eu, meter a foice em seara alheia a propósito do que escreveu sobre visitantes e comentadores.
Não desista, nem desanime.

A falar apenas e só da política, a rabiscar poemas ou contos (e alguns intragáveis) ou banalidades há muito quem. Por aqui habituei-me a ler qualidade e a receber frontalidade, por isso siga em frente.

Quanto ao tema, penso que ainda assim a explicação mais cabal é a do Evolucionismo, embora admita que nem todas as teorias sejam certezas absolutas e que se calhar ou são reformuladas ou deixam de responder aos novos desafios.

O Criacionismo tal como nos vem dos EUA é, mesmo para quem seja crente, um recuo pois representa o lado mais sectário e, como bem disse ali o Tiago, até os teólogos vão, aqui e ali, deixando cair que a Teologia é muito mais (e nalguns casos para diferente) do que aquilo que dizem aos crentes.

 
Às 13 outubro, 2008 15:30 , Blogger Peter disse...

ferreira-pinto

Agradeço imenso as suas palavras de incentivo. É um assunto que me apaixona e gosto de escrever sobre ele, embora esteja sempre com receio de laborar em erro.
O Vasco (vbm) gosta de dialogar comigo sobre estes assuntos. Não quererá também entrar?

 
Às 13 outubro, 2008 22:47 , Anonymous Anónimo disse...

PETER acredite que gostar, gostaria. Mas os conhecimentos andam ao nível do menos básico nesse domínio. Daí que leia com imenso interesse o que escreve sobre questões desta natureza. Tenho para mim que o saber nunca foi perda de tempo. Mas conte comigo. Nem que seja para ser como o célebre Professor Bitaites!

 

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