quarta-feira, outubro 1

A CRISE DA ECONOMA AMERICANA

O 1º ministro veio enfim referir-se à crise económica, ao afirmar que as famílias com poupanças podiam estar tranquilas.
Não sei se acredite nele pois já estou escaldado. Disse ainda que os bancos portugueses estão mais protegidos e eu começo a lembrar-me do BCP. Também já anteriormente dissera que nunca permitiria que se arriscasse o dinheiro dos portugueses em fundos de investimento não credíveis e eu começo a lembrar-me do dinheiro e não é pouco, do Fundo de Pensões aplicado nos referidos Fundos. Se são credíveis, ou não, é que não sei, mas nunca fiando.

Enviaram-me este texto que divulgo, pois talvez o mesmo elucide aqueles que, como eu, se debatem em receios e interrugações. Podem lê-lo ou ficar apenas pela introdução se, por acaso, já o receberam por e-mail, pois está a ter bastante saída:

“ - Paul comprou um apartamento, no começo dos anos 90, por 300.000 dólares financiado em 30 anos.
- Em 2006 o apartamento do Paul passou a valer 1,1 milhão de dólares.
- Aí, um banco perguntou para o Paul se ele não queria uma grana emprestada, algo como 800.000 dólares, dando seu apartamento como garantia.
- Ele aceitou o empréstimo, fez uma nova hipoteca e pegou os 800.000 dólares.
- Com os 800.000 dólares. Paul, vendo que imóveis não paravam de valorizar, comprou 3 casas em construção dando como entrada algo como 400.000 dólares. A diferença, 400.000 dólares que Paul recebeu do banco, ele se comprometeu: comprou carro novo (alemão) para ele, deu um carro (japonês) para cada filho e com o resto do dinheiro comprou tv de plasma de 63 polegadas, notebooks, cuecas. Tudo financiado, tudo a crédito.
- A esposa do Paul, sentindo-se rica, sentou o dedo no cartão de crédito.
- Em Agosto de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis estavam caindo...
- As casas que o Paul tinha dado entrada e estavam em construção caíram vertiginosamente de preço e não tinham mais liquidez...
- O negócio era refinanciar a própria casa, usar o dinheiro para comprar outras casas e revender com lucro.
- Fácil...parecia fácil.
- Só que todo mundo teve a mesma ideia ao mesmo tempo.
- As taxas que o Paul pagava começaram a subir (as taxas eram pós fixadas) e o Paul percebeu que seu investimento em imóveis se transformara num desastre.
- Milhões tiveram a mesma ideia do Paul.
- Tinha casa para vender como nunca.
- Paul foi aguentando as prestações da sua casa refinanciada, mais as das 3 casas que ele comprou, como milhões de compatriotas, para revender, mais as prestações dos carros, as das cuecas, dos notebooks, da tv de plasma e do cartão de crédito.
- Aí as casas que o Paul comprou para revender ficaram prontas e ele tinha que pagar uma grande parcela.
- Só que neste momento Paul achava que já teria revendido as 3 casas, mas, ou não havia compradores ou os que havia só pagariam um preço muito menor que o Paul havia pago.
- Paul se danou.
- Começou a não pagar aos bancos as hipotecas da casa em que ele morava e das 3 casas que ele havia comprado como investimento.
- Os bancos ficaram sem receber de milhões de especuladores iguais a Paul.
- Paul optou pela sobrevivência da família e tentou renegociar com os bancos, que não quiseram acordo.
- Paul entregou aos bancos as 3 casas que comprou como investimento perdendo tudo que tinha investido.
- Paul quebrou. Ele e sua família pararam de consumir...
- Milhões de Pauls deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que haviam feito baseado nos preços dos imóveis.
- Os bancos haviam transformado os empréstimos de milhões de Pauls em títulos negociáveis.
- Esses títulos passaram a ser negociados com valor de face.
- Com a “inadimplência” dos Pauls esses títulos começaram a valer pó.
- Bilhões e bilhões em títulos passaram a nada valer e esses títulos estavam disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos americanos, mas também em bancos europeus e asiáticos.
- Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos foram feitos baseados num preço de mercado desse imóvel... preço que “despencou”.
- Um empréstimo foi feito baseado num imóvel avaliado em 500.000 dólares e de repente passou a valer 300.000 dólares e mesmo pelos 300.000 não havia compradores.
- Os preços dos imóveis eram uma bolha, um ciclo que não se sustentava, como os esquemas de pirâmide, especulação pura.
- A inadimplência dos milhões de Pauls atingiu fortemente os bancos americanos que perderam centenas de bilhões de dólares.
- A farra do crédito fácil um dia acaba. Acabou.
- Com a inadimplência dos milhões de Pauls, os bancos pararam de emprestar por medo de não receber.
- Os Pauls pararam de consumir porque não tinham crédito.
- Mesmo quem não devia dinheiro não conseguia crédito nos bancos e quem tinha crédito não queria dinheiro emprestado.
- O medo de perder o emprego fez a economia travar.
- Recessão é sentimento, é medo. Mesmo quem pode, pára de consumir.
- O FED começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente as taxas de juros e as taxas de empréstimo interbancários.
- O FED também começou a injectar bilhões de dólares no mercado, provendo liquidez.
- O governo Bush lançou um plano de ajuda à economia sob forma de devolução de parte do imposto de renda pago, visando incrementar o consumo, porém essas acções levam meses para surtir efeitos práticos.
- Essas acções foram correctas e, até agora não é possível afirmar que os EUA estão tecnicamente em recessão...
- O FED trabalhava.
- O mercado ficava atento e as famílias esperançosas.
- Até que na semana passada o impensável aconteceu.
- O pior pesadelo para uma economia aconteceu: a crise bancária, “correntistas” correndo para sacar suas economias, “boataria” geral, pânico.
- Um dos grandes bancos da América, o Bear Stearns, amanheceu, na segunda feira última, quebrado, insolvente.
- No domingo o FED, de forma inédita, fez um empréstimo ao Bear, apoiado pelo JP Morgan Chase, para que o banco não quebrasse.
- Depois disso o Bear foi vendido para o JP Morgan por 2 dólares por acção. Há um ano elas valiam 160 dólares.
- Durante esta semana dezenas de boatos voltaram a acontecer sobre quebra de bancos.
- A bola da vez seria o Lehman Brothers, um “bancão”.
- O mercado e as pessoas seguem sem saber o que nos espera na próxima segunda-feira.

O que começou com o Paul hoje afecta o mundo inteiro.

A coisa pode estar apenas começando.
Só o tempo o dirá.
- No dia 15 de Setembro/2008, o Lehman Brothers pediu falência, desempregando mais de 26 mil pessoas e provocando uma queda de mais de 500 (quinhentos ) pontos no Indice Dow Jones, que mede o valor ponderado das acções das 30 maiores empresas negociadas na Bolsa de Valores de New York - a maior queda em um único dia, desde a quebra de 1929 ...
Este dia certamente, será lembrado para sempre na historia do capitalismo.”

(O texto é brasileiro, rectifiquei a ortografia de algumas palavras, mas mantive outras. Foi-me enviado por e-mail.)

Em toda a cadeia que se criou, os executivos dos bancos e correctores de Wall Street obtiveram lucros fantásticos por muito tempo e as suas operações financeiras foram elogiadas por analistas económicos e empresas de classificação de riscos e tomaram-se como exemplos da pujança capitalista, modelo da livre iniciativa.

No dia em que o castelo de cartas caiu, nós simples mortais, que jamais participámos na farra, somos chamados para pagar a conta.

21 Comentários:

Às 01 outubro, 2008 02:34 , Blogger Maria disse...

Costuma-se dizer que quando os EUA espirram o mundo se constipa. Ora os EUA estão constipados. Lógico que o resto do mundo fica moribundo….

 
Às 01 outubro, 2008 04:31 , Blogger o que me vier à real gana disse...

Bom aqui. Parabéns!
P.S. o nosso 1º é um danado pr'á brincadeira!

 
Às 01 outubro, 2008 10:00 , Blogger Peter disse...

Pois é Maria, mas o nosso 1º não me deixou muito convencido, até porque aquilo pelos EUA deve ser mais que uma simples constipação.

 
Às 01 outubro, 2008 10:10 , Blogger Peter disse...

o que me vier à real gana

Eu é que lhe devo dar os parabéns pelo excelente artigo sobre o assunto que tem no seu blog, que passa a figurar nos n/links.

 
Às 01 outubro, 2008 12:23 , Anonymous Anónimo disse...

O nosso primeiro veio ontem dizer o que é fácil,mas era bom ele explicar o que se passou com o BCP,lembram-se?Descansado eu? Nem pó!

 
Às 01 outubro, 2008 13:27 , Blogger Peter disse...

Pedro Oliveira

Tem razão, está como eu:receoso. Estive no seu blog: feliz a comparação das greves com a atitude do então Ministro do Interior no Iraque. Reinvindigar 9%de aumento para a Função Pública é irrealista e irresponsável.

 
Às 01 outubro, 2008 14:34 , Blogger vbm disse...

Esta crise mostra como os 'espertos' se desembaraçam à custa dos 'menos espertos'. O caso dos administradores dos bancos -premiados segundo metas de lucro nominal alheadas da solvabilidade das operações - é a chave crucial da regeneração requerida do sistema: vão ou não ser responsabilizados e obrigados a devolver os prémios que auferiram? Quem diz estes gestores, diz as agências de avaliação de risco e conselhos fiscais e auditores dos bancos falidos. Não há seriedade de regras sem esta sanção retroactiva. Para mim também é incompreensível que o estado se limite a comprar os "activos tóxicos" acima do seu valor de mercado, sem que que tal sobrepreço lhe seja creditado pela instituição socorrida e, mais tarde, reembolsado total ou parcialmente. Apoio completamente a fundo perdido, sem nacionalização nem retorno, é que não compreendo de todo!

 
Às 01 outubro, 2008 14:43 , Anonymous Anónimo disse...

Por mero acaso, penso que neste caso ao Primeiro, coitado, pouco mais resta que tentar insuflar alguma confiança nas pessoas.

Até Mira Amaral ontem, na SIC Notícias, o admitia.

 
Às 01 outubro, 2008 14:49 , Blogger Peter disse...

vbm

Agradecido pelo esclarecimento de um "expert". Os cabeçalhos dos jornais:
MILHÕES DA UE AGUENTAM BANCA PORTUGUESA
deixam-me muito preocupado e a não confiar muito (nem pouco...) no que diz o 1º minisistro.

 
Às 01 outubro, 2008 14:51 , Blogger Peter disse...

ferreira-pinto

Não deixas de ter razão, mas tal não me tira a minha preocupação, antes a agrava ...

 
Às 01 outubro, 2008 14:56 , Blogger vbm disse...

O primero minisinistro está mesmo a pedir remodelação..., começando por ele próprio, evidente!

Prevejo, porém, que recue no TGV e talvez também no aeroporto.

Quanto à banca portuguesa, o ponto de curiosidade é o de saber quem vai comprar o BCP, pois que semi-falido já ele está.

 
Às 01 outubro, 2008 15:19 , Blogger Peter disse...

vbm

"Quanto à banca portuguesa, o ponto de curiosidade é o de saber quem vai comprar o BCP, pois que semi-falido já ele está."

Esclarece a gente: há perigo para os pequenos depositantes, ou será apenas o "tubarão" a engolir o "peixe"?

 
Às 01 outubro, 2008 16:01 , Blogger vbm disse...

Legalmente, os depósitos são garantidos até ao montante de € 25 000.00. O provável é o banco ser comprado por outro, pelo Santander, por exemplo.

Sempre ouvi dizer, e não de agora, que o rácio de solvabilidade do BCP - dinheiro em caixa para o total de depósitos -, era de 1.5% em vez dos 8.5% que a lei exige!

Pessoalmente, não gosto do BCP, como não gosto da GALP, por exemplo.

Agora, só compro gasolina na ESSO, na AGIP ou qualquer outra, menos na GALP, BP e REPSOL porque estes distribuidores foram desonestos quer na subida quer na descida do preço de venda da gasolina.

Assim o BCP: não presta.

 
Às 01 outubro, 2008 18:49 , Blogger Manuel Veiga disse...

pois é.
estou fartíssimo de "experts".
faz-me(nos) falta a política.

abraços

 
Às 01 outubro, 2008 19:53 , Blogger Tiago R Cardoso disse...

digo que fiquei esclarecido e siderado...

 
Às 01 outubro, 2008 21:55 , Blogger Peter disse...

heretico

Tens política+"experts"+política.

 
Às 01 outubro, 2008 21:58 , Blogger Peter disse...

Tiago

A intensão era essa: ESCLARECER.

 
Às 02 outubro, 2008 00:33 , Blogger Unknown disse...

Olá, Peter!

O que é idadimplência?

Abraços

 
Às 02 outubro, 2008 00:57 , Blogger Peter disse...

hjesu

Julgo ser um termo brasileiro que significa "insolvência". Eu devia ter traduzido, mas esqueci-me de o fazer.

 
Às 04 outubro, 2008 22:39 , Blogger Meg disse...

Caro Peter,
Depois de ler os comentários, como é meu costume, não me fica nada para dizer... principalmente depois de ler o VBM. Gostei daquela do minisinistro, de saner notícias do aeroporto, do TGV e do BCP. 'Tamos lindos!

Um abraço

 
Às 21 novembro, 2016 21:49 , Blogger Unknown disse...

Não fez mais uma preocupação para todo seu problema financeiro para todos seus projetos podem importa obter seu empréstimo de dinheiro entre €3000 €10.000.000 especialmente tem internacional com uma taxa de 2% a 3% menos de 48h. Para mais detalhes entre em contato: slimcarlos.pret@gmail.com
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