Bom dia!
Hoje ao dirigir-me ao Café para comer o rissol de camarão (dos melhores de Lisboa) e o café matinal, passei por um velhote que estava sentado num dos bancos do jardim que normalmente atravesso.
Devia ser pessoa de oitenta e muitos anos. Nitidamente alentejano, camisa negra às riscas e boné escuro, gozava a manhã soalheira deste ameno início de Outono.
Quando passei por ele, distraído como sempre, deu-me os bons dias:
- Bom dia.
Admirado, eu que nem sequer conheço os inquilinos do prédio onde moro, respondi à saudação, parei e fui sentar-me ao lado dele. Começámos a falar e esqueci o café.
Claro que era alentejano, viúvo, sem nenhum familiar na terra, viera para Lisboa viver com uma filha divorciada e sem filhos, que morava no bairro. Passava o dia e às vezes as noites ... sozinho, sem ter ninguém com quem falar. Por isso vinha sentar-se ali a ver pessoas e sempre na esperança que alguém parasse para trocar dois dedos de conversa. Sempre era melhor do que estar emparedado vivo num depósito de velhos, a que com eufemismo chamam "lar".
Tivemos sorte:
- ele porque encontrou um patrício com quem poderia falar do seu Alentejo, que nunca mais deverá ver;
- eu porque me senti humano e me libertei da massa anónima da grande cidade, que se atropela e se empurra sem a mínima consideração para com ninguém. O lisboeta tornou-se egoísta e indiferente, não quer chatices e está-se nas tintas para com os outros. O seu umbigo é o centro do mundo.
Devia ser pessoa de oitenta e muitos anos. Nitidamente alentejano, camisa negra às riscas e boné escuro, gozava a manhã soalheira deste ameno início de Outono.
Quando passei por ele, distraído como sempre, deu-me os bons dias:
- Bom dia.
Admirado, eu que nem sequer conheço os inquilinos do prédio onde moro, respondi à saudação, parei e fui sentar-me ao lado dele. Começámos a falar e esqueci o café.
Claro que era alentejano, viúvo, sem nenhum familiar na terra, viera para Lisboa viver com uma filha divorciada e sem filhos, que morava no bairro. Passava o dia e às vezes as noites ... sozinho, sem ter ninguém com quem falar. Por isso vinha sentar-se ali a ver pessoas e sempre na esperança que alguém parasse para trocar dois dedos de conversa. Sempre era melhor do que estar emparedado vivo num depósito de velhos, a que com eufemismo chamam "lar".
Tivemos sorte:
- ele porque encontrou um patrício com quem poderia falar do seu Alentejo, que nunca mais deverá ver;
- eu porque me senti humano e me libertei da massa anónima da grande cidade, que se atropela e se empurra sem a mínima consideração para com ninguém. O lisboeta tornou-se egoísta e indiferente, não quer chatices e está-se nas tintas para com os outros. O seu umbigo é o centro do mundo.
8 Comentários:
Tocante instantâneo urbano.
A única vez que vi quebrarem-se
as barreiras sociais de convívio
na cidade, foi durante o PREC
em Lisboa; mas, todos estavam
fora de si, e às ocultas,
manipulavam-se
as massas populares.
Nada substitui o diálogo,
contacto directo
pessoa a pessoa.
Eis uma das coisas que adoro ... passar por um desconhecido e, em sinal de educação e respeito, saudar essa pessoa!
E pronto. O concerto lá foi.
estarei de volta em breve.
Pelos blogues há umas coisas novas.
Abraço
Instantes como o que contas são raríssimos numa cidade como Lisboa.
Porque, como dizes, o umbigo de cada um é cada vez mais o centro do mundo...
Abraço.
concordo, não é só em Lisboa, por todo lado o individualismo de uma sociedade que esmaga quem parar.
abraços.
deixou de haver tempo para uma saudação amigável.
Comovente, Peter, comovente!
Se não fosses tu...
Mariasinha Beijocas
Obrigado anónima Mariasinha ;)
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