JOÃO SALGUEIRO
João Maurício Fernandes Salgueiro nasceu em Braga no dia 4 de Setembro de 1934. Licenciou-se em Economia no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras de Lisboa. Foi subsecretário de Estado do Planeamento entre 1969 e 1971 no Governo de Marcelo Caetano, ministro de Estado e das Finanças entre 1981 e 1983, no Governo de Pinto Balsemão, vice-governador do Banco de Portugal, presidente do Banco de Fomento Exterior, da Caixa Geral de Depósitos e fundador da SEDES.
PARTE DA ENTREVISTA CONCEDIDA AO CORREIO DA MANHÃ/RADIO CLUBE E QUE PODE SER LIDA NA ÍNTEGRA EM www.correiomanha.pt
“P – A oposição à esquerda do PS queixa-se de que o Governo está a passar um cheque em branco quando avança com a garantia de vinte mil milhões de euros para a Banca. O PCP e o BE têm razões para estar preocupados?
R – Acho que todos temos razões para estar preocupados. Quando há uma crise mundial que se está a desenvolver desde Julho do ano passado, já há mais de 15 meses, e ainda não foi atalhada, temos todos razão para estar preocupados. Tem razão o PCP, o BE, o PSD, tem razão o PS. Têm todos. E nós também. Isto não é uma brincadeira.
P – Mas o aval do Governo é positivo?
R – O aval do Estado não é uma iniciativa original portuguesa. Foi uma iniciativa decidida ao nível da União Europeia. Parece mais eficaz do que o que aconteceu nos EUA. O plano Paulson parece mais frágil, esta iniciativa europeia parece-me mais …
P – Mais sólida.
R – Mais consistente. Mais consistente. O que está aqui em causa, nos EUA e cá, não é ajudar os bancos. O que está em causa é evitar que as pessoas que precisam do crédito fiquem sem ele. Às vezes há umas ideias um bocado frágeis. Pensar que a Banca empresta o dinheiro que é dos bancos. A Banca não empresta o dinheiro dos bancos, empresta o dinheiro que obtém dos seus depositantes ou dos depositantes alheios. Nós, como temos feito actividades de crédito em Portugal muito mais volumosas do que os depósitos portugueses, temos estado a obter depósitos indirectamente de outros países europeus. Se não pudermos continuar com esse refinanciamento há que antecipar o crédito e vamos criar problemas enormes às empresas.
P – E esta ideia que se criou de que o aval é uma benesse?
R – Quer dizer, é uma benesse para todos nós em Portugal porque vai permitir que a economia continue a funcionar. Deus permita que continue, porque isto pode não ser suficiente. Estou convencido de que será, mas ninguém pode garantir. Porque isto não é um empréstimo à Banca. As pessoas também não percebem. Pensam que é dinheiro do Estado que vai passar pela Banca. Não é disso que se trata. Trata-se de dizer que os bancos portugueses estão em boa condição, há alguém a avalisar isso. O Governo está a dar é um aval, não está a dar dinheiro.
(…)”
Julgo que o 1º ministro deve um esclarecimento ao País.
7 Comentários:
Sem dúvida, este João Salgueiro é um indivíduo lúcido. Sempre o admirei por isso!
vbm
Esclarece-me aqui assuntos que os partidos da oposição deliberadamente distorceram e que eu já tenho lido aqui distorcidos, por menos informação de quem escreve.
Já é altura do 1º ministro esclarecer o país e deixar-se de palmadinhas nas costas.
A população necessita de ser informada e esclarecida. Está farta de ser considerada como um elemento ignorante que não compreende as coisas.
Vê este vídeo que recebi sobre a crise do subprime. Hilariante, e... esclarecedor!
http://www.invertired.com/quimu/videos/25/34
vbm
Não consegui ver.
Olha esta:
Intervalo para descompressão da Crise.
O Ti Joaquim tem uma tasca, na Vila Carrapato, e decide que vai vender copos 'fiados' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose do tintol e da branquinha (a diferença é o preço que os pinguços pagam pelo crédito). O gerente do banco do Ti Joaquim, um ousado administrador formado em curso muito reconhecido, decide que o livrinho das dívidas da tasca constitui, afinal, um activo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o 'fiado' dos pinguços como garantia. Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer. Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (os tais livrinhos das dívidas do Ti Joaquim). Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países. Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e a tasca do Ti Joaquim vai à falência. E toda a cadeia pifou!
Lol. O sketch do meu site encena essa ideia na conversa de dois gentlemen, e sabes como os ingleses são actores exímios. Para aceders ao site, basta fazeres copy do endereço e apô-lo no rectângulozito de edição! Vale a pena! Mas a ideia é a da tasca do Ti J'aquim. Imperdível!
Peter,
Os portugueses só não entendem quando quem de direito não fala claro, ou porque não quer ou porque não sabe fazê-lo.
Quem não compreendeu o que João Salgueiro disse na entrevista?
Pois é!
Um abraço
Ps:Em resposta a uma pergunta:
Ibo, Pemba, ex-Porto Amélia.
Preocupante. Acho que a tónica do dia é essa falta de verdade e de transparência em relação ao tal aval.
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