«As folhas da bananeira são suficientemente amplas
para ocultarem uma paixão. Quando expostas às
intempéries recordam-me ora a cauda ferida de
uma fénix ora um leque verde rasgado pelo vento.
A bananeira floresce. Todavia as suas flores nada
têm de atraente. O mesmo acontece com o tronco
enorme. Talvez por isso a bananeira acabou por
conquistar o meu coração. Sento-me debaixo dela
enquanto o vento e a chuva a fustigam.»
Matsuo Bashô, O gosto solitário do orvalho,
Assírio & Alvim, Lisboa, 2003, p. 15
4 Comentários:
:) Sabes, bluegirl, gostava de ter a arte de discernir os elementos, as emoções, que compõem este enunciado poético. Ele transmite-nos uma tal impressão de acolhimento que damos o nosso reminiscente assentimento à sugestiva imagem verbal do mestre zen do século xvii, Matsuo Bashô. :)
Matsuo Bashô
Ah, lua cheia!
Nem mesmo um rosto bonito
Entre os presentes...
Por este caminho,
Ninguém mais passa -
Tarde de outono.
Recolhendo toda
A chuva do mês de maio
Corre o rio Mogami.
Num galho seco,
Um corvo pousado.
Tarde de outono.
Apesar do sol
Ardendo sem compaixão,
O vento de outono.
Vento cortante -
Se esconde em meio ao bambu
E desaparece.
Venerável
É quem não se ilumina
Ao ver o relâmpago!
(Nunca tinha ouvido falar do homem ...)
O silencio
As vozes das cigarras
penetram as rochas
Mastuo Bachô
(trans. Clement)
ja conhecia alguns dos seus belissimos escritos, uma curiosidade,
Bashô (松尾芭蕉) significa bananeira em língua japonesa..
:)
beijo e obrigada por estas palavras lindas de bashô
lucia
Bashô (松尾芭蕉) significa bananeira em língua japonesa..
Boa Lúcia!
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