quarta-feira, novembro 25

Descobertas espécies que vivem na escuridão do mar

Uma minhoca que come petróleo e um octópode (parecido com um polvo) com dois metros de comprimento são duas das milhares de espécies, que vivem nas profundidades dos mares e oceanos, que acabam de ser descobertas por uma equipa de cientistas para o projecto "Censo da Vida Marinha" (CVM). Catalogadas por estes investigadores, a maioria era desconhecida até agora.

Os investigadores do CVM, projecto internacional que apresentará em 2010 a primeira lista da vida marinha, registaram 17 650 espécies a mais de 200 metros de profundidade e 5722 a mais de um quilómetro. Este é o local que os estudiosos definem como "zona de crepúsculo", onde a ausência de luz impede o processo de fotossíntese e, por isso, a existência de uma flora activa.

Os cientistas expressaram a sua surpresa pela diversidade da vida nas profundidades abissais, onde se podem encontrar numerosos organismos vivos, já que muitas destas espécies chegam a viver a profundidades de até cinco quilómetros. Robert Carney, um dos responsáveis pelo projecto destacou que é "difícil de entender que haja tanta diversidade" no fundo dos mares e oceanos. "Apesar do solo dos fundos profundos parecer monótono e pobre em alimentos, existe lá a maior diversidade de espécies possível", assinalou Carney, que relacionou o fenómeno com os numerosos recursos dos organismos para sobreviver num ambiente tão hostil.

Entre as criaturas mais estranhas encontradas, descobriu-se um octópode (animal de oito patas) com dois metros de comprimento, que vive a 1,5 quilómetros de profundidade nas águas do centro do oceano Atlântico. Foi baptizado como "Dumbo" devido às grandes barbatanas em forma de orelha que utiliza para se propulsionar. Os investigadores destacaram a existência de um verme marinho que foi surpreendido enquanto ingeria crude nas águas do Golfo do México. Quando foi capturado do fundo marinho pelo braço de um robô, o crude jorrava aos litros do verme. Também no Golfo do México, mas a 2,7 quilómetros de profundidade, os cientistas registaram em vídeo o momento em que uma larva transparente caminhava apoiando-se nos seus numerosos tentáculos.

Os responsáveis classificaram como "indescritível" a quantidade de espécies descobertas.

(artigo de Bruno Abreu, publicado no jornal Diário de Notícias, de 24 NOV 09)

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4 Comentários:

Às 25 novembro, 2009 09:36 , Blogger Quint disse...

É bem verdade que ainda temos muito para aprender sobre os oceanos, conforme aqui se demonstra mas por vezes é caso para perguntar se não valia estar quieto!
Aposto que daqui a uns tempos ainda alguém vai descobrir que o tal de DUMBO grelhado é uma maravilha e ... lá se vai o bicho!

 
Às 25 novembro, 2009 09:48 , Blogger Peter disse...

FP

Acho que não. Acho que antes de nos termos preocupado em ir à Lua, devíamo-nos ter interessado por conhecer o nosso planeta e procurar dominar as doenças que nos afligem. Mas havia o interesse militar...

Olha os virus, eles são os donos do planeta.

Há uns anos atrás (poucos) era opinião corrente entre os cientistas, que a vida começara na terra. Hoje em dia cada vez há mais certezas que ela começou no mar.

 
Às 25 novembro, 2009 09:48 , Blogger vbm disse...

Vi de relance uma série na "2" sobre a vida na Terra; surpreende a omnipresença dos artrópodes no planeta: sem eles, a vida extinguir-se-ia em poucos anos; foram os primeiros a migrar dos oceanos para a terra emersa; o seu élan vital é tão forte que, muito especializados, diversificam-se em inúmeras espécies adaptadas às condições ambientes. A biologia é tão impressionante quanto a astronomia, a física e a astrofísica!

:)

 
Às 25 novembro, 2009 10:29 , Blogger Peter disse...

bluegift

Dado que o verme, quando foi capturado, jorrava litros de crude, porque não o procuram criar num ambiente próprio, pois poderia ser de extrema utilidade para combater as marés negras, originadas pelos derrames dos petroleiros?

 

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