quarta-feira, novembro 18

Uma questão de honra

Um artigo de Mário Crespo ( JN. 091116. 00h30m) que dá que pensar. Podem lê-lo em: http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?opiniao=M%E1rio%20Crespo
Mário Crespo fala-nos de Mark Felt, um alto funcionário do aparelho judiciário americano, que sob o epíteto de Garganta Funda, começou a orientar em segredo os repórteres do Washington Post, quando constatou que todo o aparelho de estado americano tinha sido capturado na teia tecida pela Casa Branca de Nixon e que, com as provas a serem destruídas, os assaltos ao multipartidarismo ficariam impunes. A única saída, quanto a ele, seria delegar poder na opinião pública para forçar os vários ramos executivos a cumprir as suas obrigações constitucionais.

Evidentemente que não estamos a viver em Portugal momentos equiparáveis. Mas se os mecanismos judiciais, sujeitos a uma legislação que permite infinitas possibilidades dilatórias, se vêem confrontados com elementos de prova que por vezes desaparecem ou são esquecidos, os delitos poderão ficar impunes e uma classe de prevaricadores calculistas, acaba por se perpetuar nos vários escalões do Poder.

Face a isto, poderá haver quem, consciente destas falhas, esteja a fazer chegar à opinião pública elementos concretos e sólidos sobre aquilo que, até aqui, só se murmurava em surdina. Fala-se no que dizem as escutas, no que dizem as gravações feitas com câmaras ocultas que registam pedidos de subornos colossais e nas estratégias para amordaçar liberdades de informação.

Eu continuo a acreditar na Justiça do meu País, pois é ali, em sede própria, que tudo terá de ser esclarecido com a brevidade requerida.

Mas é melhor lerem o artigo.

12 Comentários:

Às 18 novembro, 2009 08:38 , Blogger Meg disse...

Peter,

Evidentemente que não estamos a viver em Portugal momentos equiparáveis...

Salvas as devidas proporções, não estaremos mesmo? Já tinha lido o Mário Crespo e o que me ocorreu logo foi que efectivamente há por cá também um "garganta funda", para o bem e para o mal...
Porque perante tanta impunidade escandalosa, talvez não nos reste mais nada.
Porque a Justiça é uma farsa, ou pelo menos parece... e não asianta estar sempre a falar na falta de meios... o que há é Justiça para quem rouba um pão, não para quem rouba um milhão.
Não vês o ar escandalosamente impante e confiante que ostentam, como, apesar de afastados dos cargos que ocupam, continuam a ganhar, aliás, a receber trinta e tal mil euros por mês!
Porquê? Porque estão protegidos pela "teia" que continua activa, uns descobertos, outros (ainda) não.
Porca miséria!

Um abraço

 
Às 18 novembro, 2009 09:45 , Blogger Peter disse...

Meg

Eu disse que era melhor lerem o artigo. Tu leste-o e formaste a tua opinião.

Eu falei dele e fiz um breve resumo para os que não o leram, ou para os que não têm tempo, ou disposição para tal.

Como não profissional, tenho de medir bem as palavras que escrevo. Só isso.

Abraço

 
Às 18 novembro, 2009 10:44 , Blogger Meg disse...

Peter,

A Justiça, só sabemos como ela não funciona, quando a injustiça nos bate à porta. E acaba de acontecer comigo.
Vai atrás do prevaricador? NÃO!!!
Vai verificar a infracção? NÃO!!!
Porquê? por causa da Teia.

A menos que eu vá buscar um dos "advogados" do costume...
Já reparaste que são quase sempre os mesmos, mais coisa, menos coisa!

Mas este não é só meu caso pessoal,que ainda me defendo, quem não se pode defender, como fica?

Então que sejam denunciados... TODOS, seja por que meios forem.
E já não estou em idade de me assustar... desculpa o rompante desta amiga, recalcitrante, não por acaso.

Um abraço

 
Às 18 novembro, 2009 11:19 , Blogger Quint disse...

Um bom resumo do artigo de Mário Crespo que tive oportunidade de ler na íntegra.
Não creio que tenhamos ainda chegado ao ponto de estalar entre nós um "Watergate", embora existam por aí vários sintomas de uma doença que nos corrói de alto abaixo, e também não sei se foi a consciência e o imperativo ético que falaram mais alto quando, entre nós (em PORTUGAL) se proporcionam fugas de informação devidamente caldeadas.
Mas que isto anda tudo muito turvo, lá isso anda.

 
Às 18 novembro, 2009 12:53 , Blogger Peter disse...

Meg

"A menos que eu vá buscar um dos "advogados" do costume..."

Não tens outro remédio.

 
Às 18 novembro, 2009 12:56 , Blogger Peter disse...

Ferreira Pinto

«consciência e o imperativo ético»

O que são essas "coisas"?

 
Às 18 novembro, 2009 15:33 , Blogger Quint disse...

PETER eu acho que tu sabes e acho que tu também achas que eu que sei.
Há é por aí quem nunca tenha ouvido falar disso!

 
Às 18 novembro, 2009 15:41 , Blogger Blondewithaphd disse...

Pois Peter, eu tenho uma visão muito depreciativa da justiça em Portugal. Aliás, se mais não bastasse, era suficiente olhar para o meu loooooongo, moroso e atabalhoado processo de divórcio - aparentemente uma coisa do mais simples que poderia existir. Assim, como crer no funcionamento da justiça em casos tão mais complexos?

 
Às 18 novembro, 2009 17:05 , Blogger Peter disse...

blondewithaphd

Eu acredito, como acredito que um dia me vai sair o Euro Milhões...

 
Às 18 novembro, 2009 19:26 , Blogger Compadre Alentejano disse...

Neste momento, e no tocante à "Justiça", confio apenas no Procurador de Aveiro que mandou investigar Vara e no Juiz de Aveiro que validou as escutas.
A "outra justiça" correu a mandou destruir...
Compadre Alentejano

 
Às 18 novembro, 2009 22:28 , Blogger antonio ganhão disse...

Infelizmente não se trata de um assunto de fé! E estatiscamente está provado: ninguém poderoso é condenado em Portugal.

 
Às 18 novembro, 2009 23:04 , Blogger Peter disse...

antonio - o implume

Claro que não se trata e claro que está provado.

Para ti, que já me conheces bem e para todos que vão tendo a paciência de me ler, já repararam por certo que eu:

1. Procuro ter cuidado com o que escrevo, ou melhor com a forma como escrevo, pois não tenho dinheiro para contratar um advogado se alguém me resolver meter em tribunal. Ficou-me esse cuidado de uma passagem pela FDL.

2. Tal não impede que abdique de um certo humor que, pelo que constato, é tomado como convicções.

Abraço

 

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