Um governo em campanha
“Um governo minoritário tem sempre no horizonte a possibilidade de cair e de se realizarem eleições antecipadas. Tal perspectiva convém mais ao PS do que aos partidos da oposição. É que estes temem que, havendo eleições daqui a algum tempo, o voto útil jogue a favor de uma maioria absoluta do PS. Por isso os partidos da oposição ao Governo PS serão os primeiros interessados em que este não caia, o que dificulta a sua tarefa oposicionista.
Como o PS tem sempre presente a hipótese de eleições antecipadas, provavelmente governará a pensar nelas – ou seja, preparando a vitória numa votação popular que pode surgir a qualquer momento. Ora isto é perigoso para o país. Não apenas induz o Governo a evitar reformas susceptíveis de tirarem votos, como poderá levar a despesas eleitoralistas que dêem cabo das nossas já abaladas finanças públicas.
É este o grande risco de uma governação sem maioria absoluta no Parlamento. Apenas será evitado se Sócrates der mostras de um sentido de Estado a que não estamos habituados. Caso contrário, teremos já entrado em campanha eleitoral.”
(Francisco Sarsfi eld Cabral, in “Página 1”, 21/10/09)
8 Comentários:
Fia-te na Virgem e não corras...
Bem, importaria também pensar que do lado de lá, nas bancadas da oposição não se fizesse finca pé em tudo e mais alguma coisa.
Hoje os do PSD/Madeira já disseram que votam contra o Orçamento. Espantoso, como ainda não há governo sequer mas já se diz que se vota contra algo que o suposto governo vai apresentar.
E o Pureza do BE também já veio com uma conversa que faz favor.
Daqui para ali, eu se fosse o Sócrates ia a Belém e dizia "olhe, estão aqui as chaves, os tipos que governem!".
António
Nós bem nos preocupamos com o presente e o imprevisível futuro, mas o eterno presidente da FPF, Gilberto Madail, já anda empenhado na candidatura conjunta de Portugal e Espanha à organização do Mundial de Futebol de 2018.
Também é de facto uma prioridade!
Foi por essas e por outras que eu ontem publiquei dois posts, um sobre João de Deus Pinheiro e outro sobre Izmailov, embora sabendo que o assunto futebol é aqui proibido.
Ferreira Pinto
Não tenhas dúvidas:
«eu se fosse o Sócrates ia a Belém e dizia "olhe, estão aqui as chaves, os tipos que governem!"»
Peter,
Posso juntar-me aos amigos?
Mas está alguém interessado em governar????
Eu só vejo arrivistas em bicos de pé...
Ah Peter... de que país falam o sr. Madail e seus acólitos?
Um abraço
Que interessante... então as reformas são necessárias mas se o Sócrates as fizer perde votos, logo o risco é ele não fazer as reformas para manter a popularidade... E a culpa é da oposição? Não, a culpa é dos media que aproveitam sempre as reformas para dizer mal do governo e dar voz aos que por elas são prejudicados (normalmente porque andavam a prejudicar o país). Se os comentadores deste país tivessem a coragem de dizer o que deviam em vez de se preocuparem tanto em dizer o que os media querem, já o problema não se punha...
Quanto ao Madail, eu penso o seguinte: neste país de gente sem qualificação tecnológica, há que aproveitar todas as oportunidades de actividades nas áreas do serviços. Não haverá na Europa um outro país com tanta gente sem capacidade tecnológica. Logo, estas coisas são uma oportunidade de trabalho para muita gente e uma área que o país deve explorar. Até porque estádios de futebol é coisa que não falta e é preciso rentabilizá-los.
alf
"Até porque estádios de futebol é coisa que não falta e é preciso rentabilizá-los"
Desculpa, mas esta é de morrer a rir.
O campeonato em Portugal, realizar-se-à nos estádios do Benfica, do Sportinc e do FCP.
Braga também quer, mas terá de gastar milhões a construir outra bancada, para obedecer às especificações da FIFA. E Faro, onde nem sequer já existe clube na I Div Nacional e se gastam milhares mensalmente com a sua manutenção, também quer.
Em resumo:
Vamos gastar milhões a organizar um evento, que durante 15 dias (julgo) atrairá uns milhares de pessoas, que deixarão aqui talvez milhões, mas depois voltamos a ficar com o menino nos braços: estádios com a assistência de 2 ou mil espectadores, como é o de Leiria, ou o de Leixões, que querem demolir e que aí ficarão como grandes elefante brancos, nos quais gastamos mensalmente muitos milhares de euros com a sua manutenção.
Quanto ao Governo Sócrates, não comento. Espero para ver. Não sou como certa oposição que, à partida, diz que vai votar contra, sem saber o quê, nem quando.
De facto, a imprensa, dominada por grupos económicos e dotada de jornalistas medíocres - obrigados a captarem audiências e garantirem tiragens vendáveis -, trata exclusivamente dos eventos sensacionalistas que impressionem a retina momentãnea de uma população acrítica e de fácil manipulação. Reverter este estado de coisas para uma séria participação da sociedade na direcção política requer um abalo revolucionário que pode até ocorrer se a União Europeia cessar a remessa de fundos da coesão social porque a disciplina da moeda única - que retira aos estados a combatividade pelos preços - requer, em contrapartida, a transferência de fundos dos orçamentos inter-estaduais, como sucede entre os distritos de um país ou entre os estados dos Estados Unidos. Portugal tem beneficiado dos fundos de coesão social e quando acabarem passará a receber transferências orçamentais, "estado exíguo" que é - como Adriano Moreira o denuncia; sem o que a União se desagrega e os fascistas assumem o poder.
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