Os putos…
E eis que é chegado o dia que antecede a noite mais esperada. Pelos miúdos, sobretudo.
Uma noite que foi inventada porque há 2 mil anos nasceu um outro puto, dizem que no meio do frio e pobrezinho, entre a vaquinha e o burrico, este, porventura, o transporte de luxo (?) da época. Talvez adquirido a prestações, ou talvez com o rendimento de carpinteiro do Sr. José.
Entre nós, este ano é marcado também pelo quase final do processo Casa Pia. O tal que vai condenar, ou não, um grupo de gente que, alegadamente, terá praticado inúmeras barbaridades com miúdos. Uns mais miúdos que outros mas que se viram privados, prematuramente, da inocência.
E perder a inocência não é nada pacífico. Quanto mais assim.
S
obre a culpa ou não de todas aquelas pessoas, doentes, pervertidas, diabólicas, irá pronunciar-se um juiz, quando se confrontar com os argumentos dos advogados e do Ministério Público.
Momento solene.
No entanto, o que me leva a escrever sobre este assunto não é o desenlace desta peça.
Há dias Catalina Pestana (por quem não nutro grande simpatia, admito, nem sei bem porquê, ou nem interessa isso agora…) dizia em entrevista que é perverso que estas pessoas, conhecidas e que se notabilizaram também pelas inúmeras acções humanitárias, e outras, “…estarem envolvidas nestes crimes hediondos…”.
E esta é uma questão que me atormenta. E muito.
Há dias estava a ver o programa na TV com o Malato, homem de educação religiosa e das mais rigorosas, e que me parece ser uma muito boa pessoa. Não sei porquê. Aquele indivíduo, que apresenta o programa de um modo engraçadíssimo, tem um jeito em tudo o que faz que parece transbordar afectos.
E, de repente, qual flash, dei comigo a pensar que aquela pessoa um dia destes pode vir a ser acusada de um crime qualquer. Deste género ou doutro.
E dei comigo a pensar nas pessoas com quem nos cruzamos, nos nossos amigos, com as pessoas da nossa família, que pensamos conhecer e que, afinal, se podem revelar perversos e pervertidos.
Aliás, eu próprio posso sê-lo, pensarão. Afinal quem é este Ant desconhecido que publica uns textos de vez em quando?
A moral da história é que me custa admitir que algumas personalidades envolvidas possam estar envolvidas nestes actos sórdidos.
E porquê? Porque, em tempos, também foram pessoas de bem. Também as admirámos.
Será a verdade alguma vez verdadeiramente descoberta?
Já foram condenados à pena capital inocentes e libertados verdadeiros criminosos.
Seja qual for o desfecho, nunca mais poderemos ser os mesmos. Nem aqueles que neste processo estão envolvidos. Todos já estão condenados por quase todos nós.
Os miúdos, esses, já o não são há muito tempo. Esperemos que possam esperar e desejar justiça e não uma resolução atabalhoada que apenas sirva para fechar o assunto.
Um Bom e Santo Natal para todos nós.
Das boas entradas tratamos para a semana.
14 Comentários:
Perço desculpa pelo atrazo da publicação mas alguns problemas assim o ditaram.
Peço desculpa também pelo pouco adequado tema neste dia. Mas eu tenho este mau feitio de teimar e teimar e teimar que é possível dormir melhor um dia qualquer, sem estes pesadelos.
Um bom dia e melhor noite para vocês que até chegaram até aqui.
Olá Peter
Umas Festas Felizes e um Bom Ano Novo.
Um abraço. Augusto
Não será por acaso que Descartes subverteu a reflexão filosófica tradicional partindo do princípio de descrer de tudo! :))
E na verdade, que valor tem acreditar no que os nossos olhos vêem ou no que nos passa pela cabeça de olhos fechados!?
Nada, absolutamente em nada devemos aceitar como bom ou verosímil só por a tal nos inclinarmos.
Note-se que, se nem sequer existíssemos, aquilo a que nos inclinemos a acreditar ou não, continuará a ser verdade ou não, independentemente do nosso juízo.
Pelo que, a verdade, a graduação do bem, tudo o que põe em jogo as pessoas entre si e com o mundo tem uma determinação objectiva que nos afecta necessariamente, e do modo menos ou mais nefasto ou gratificante conforme o acerto da nossa razão.
...heis-te aqui
justiça?
Um Bom e Santo Natal para todos nós, sim.
e paz na terra aos homens por ele...
Augusto
Como desde OUT não publicavas, pensei que tinhas decidido abandonar estes sítios.
Felizmente que tal não aconteceu e vou voltar a incluir-te nos n/links.
Bom Natal para ti e para os teus.
António
Esta noite, em meu entender, pertence às crianças.
Talvez por ter sido criado assim, a noite de Natal era a noite mais importante da minha vida já que os anos eram um dia praticamente igual aos outros.
Por isso, por esse motivo, as então crianças da Casa Pia têm todos os motivos para serem lembradas.
Peter
A alma humana tem as suas profundezas e tempestades que disfarça nas suas representações perante os outros.
Quem poderá saber o que esconde um rosto aparentemente caloroso e afectivo?
Venho desejar-te um bom Natal, um Natal como desejares e um 2009 pleno de alegrias e realizações.
Abraço
Amigo Peter,
Passei para lhe desejar um feliz natal, cheio de paz e saúde na companhia da familia.
Joy
Silêncio Culpado
Bem, o texto é do António. Mas eu venho agradecer e retribuir os votos de um bom Natal, já que 2009 me traz muito preocupado.
Vamos nos vendo aqui pela NET e já não é mau.
Olá Joy
Já tinha passado pelo teu blog a ver se havia novos aviões.
Agradeço e retribuo os votos de Boas Festas.
O Natal já não é o que era, faz-se com os sobreviventes. E quanto a 2009 as perspectivas não são nada animadoras.
Mas não me queixo, apenas constato uma situação que, dentro do que se vê por aí, pode dizer-se que é boa. Temos é de nos contentar com aquilo que temos.
Caro amigo, este excelente texto é uma reflexão que quase ninguém faz nesta quadra.
Mas gostei de ler. Levantas algumas questões muito pertinentes. Porque a verdade é sempre das coisas mais difíceis de saber...
Feliz Natal, abraço.
Passei para desejar um Feliz Natal e um Bom Ano Novo
Um abraço
Compadre Alentejano
Nao seremos todos nos um misto do bem e do mal?
Bom Natal!
Eu não gosto do natal. Acho uma época em que fica mais gritante a desigualdade social. Vejo um lado com tanta coisa; presentes caros, mesas fartas e outros sem nada. Também é a época em que os entes queridos que já se foram, nos entristece demais a falta de companhia deles. Hoje o natal perdeu o verdadeiro sentido e é apenas comércio.
Beijos
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