quinta-feira, dezembro 18

Dordio Gomes


Quis o acaso que pessoa amiga viesse a ter como vizinho o arquitecto Dordio Gomes, filho do pintor meu conterrâneo e que eu, na minha infância, ainda conheci pessoalmente. Conversa puxa conversa esse meu amigo veio a saber dessa coincidência e eu prometi-lhe publicar no blogue um artigo sobre o pai do vizinho. Promessa cumprida e como estamos a uma semana do Natal, será assim como uma espécie de prenda no sapatinho do arquitecto.

”O pintor Simão Dordio Gomes nasceu em Arraiolos (Alto Alentejo) em 1890 e matriculou-se no curso de Pintura Histórica da Escola de Belas - Artes de Lisboa em 1902. Nas suas primeiras obras é nítida a influência do pintor Columbano, o que levou os seus primeiros críticos a considerá-lo aluno deste grande mestre. Em 1910 concorreu a uma bolsa de estudos no estrangeiro, conquistando a primeira classificação e em Dezembro desse ano partia para Paris. A bolsa concedida foi porém suspensa por motivos estranhos à actividade artística do pintor e só voltou a ser-lhe dada em 1921. Em todo este longo período o artista viveu na sua terra natal, e aí, só, sem qualquer estímulo, realizou as suas primeiras obras: quadros de feição regionalista, que se encontram hoje, na sua maioria, em vários museus portugueses.
A segunda permanência em Paris durou de 1921 a 1926. Com o regresso a Portugal em 1926, recomeça uma nova fase da sua pintura, e durante quatro anos trabalha na decoração do salão nobre dos Paços do Concelho da sua terra, para o qual realiza, pelo processo do óleo sobre tela, onze painéis, ainda de assuntos regionalistas, mas já com grande violência de cor, a que não é estranha a influência de Cezanne.
Em 1933 concorreu à vaga de professor de Pintura na Escola de Belas - Artes do Porto, cargo de que tomou posse em Março de 1934.” (in Dordio Gomes: Estudo de Manuel MendesLisboa, 1958, adaptado).

Meu conterrâneo, ainda o conheci assim como a mulher e o filho, pois a sua família era visita de casa da minha mãe. O artista foi homenageado “post mortem” com uma estátua em bronze no jardim municipal e o salão nobre da Câmara tem, como já vimos, as paredes cobertas por painéis seus, de que destaco o relativo à romaria da Senhora da Agonia, capelinha situada nos arredores, numa tapada onde cresciam veados e que tinha lugar na 2ª F de Páscoa.


A aguarela que aqui reproduzo é de 1927, intitula-se “Noite de S.João” e ilustra uma tradição de cunho popular, em que as crianças eram mergulhadas na fonte em primeiro plano, chamada “Fontainhas”. Ao fundo, por detrás dos edifícios com barras azuis, está pintado o castelo bem como parte da vila que lhe dá acesso e onde se vêem dois edifícios pertencentes à família do pintor e que na realidade se encontram por detrás de nós. A fonte também não se situa naquele local, que é o largo principal da vila, o da Câmara Municipal. O pelourinho e os edifícios com barras azuis permanecem inalterados e bem posicionados, assim como o edifício alto à direita.
Podemos apreciar alguns óleos seus no Museu de Arte Contemporânea da Gulbenkian.

3 Comentários:

Às 18 dezembro, 2008 14:38 , Anonymous Anónimo disse...

Não conhecia o quadro, mas parece-me interessante!
Enquanto obra de arte e enquanto "retrato" duma realidade que desconheço.

 
Às 18 dezembro, 2008 19:39 , Blogger Peter disse...

O quadro é um auto-retrato do pintor. Na terra era conhecido por Simão e no mundo da Arte, por Dórdio, ou Dórdio Gomes, embora a família a que pertence se chame Dordio.

 
Às 19 dezembro, 2008 16:57 , Blogger Unknown disse...

Peter Amigo:
Pede-me o arq.Jose Luis Darras Dordio Gomes para te dizer que muito apreciou o artigo que publicaste sobre seu pai,agradecendo-te muito a iniciativa
e formula votos de bom Natal e de feliz ano novo.
Estes são também os m/votos,felicitando-te pelas cem mil visitas,que são obra !
Abilio Sousa

 

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