segunda-feira, dezembro 22

Apelo de Natal

"Apesar do desenvolvimento económico mundial, a maior parte da população não vê qualquer melhoria nas suas vidas.
A par do desemprego aberto significativo, há muita gente subempregada ou que não é paga pelo trabalho executado. Metade dos trabalhadores no mundo ganha menos de 2 dólares por dia, 12,3 milhões de mulheres e homens trabalham em regime de escravidão, 200 milhões de crianças com menos de 15 anos trabalham em vez de irem à escola, 2,2 milhões de pessoas morrem anualmente devido a acidentes e doenças relacionados com o trabalho. Tanto nos países desenvolvidos, como nos países em vias de desenvolvimento, as pessoas trabalham mais por menos dinheiro e há cada vez mais pessoas – cuja esmagadora maioria são mulheres – forçadas a viverem na chamada economia informal, sem protecção social nem direitos e com empregos precários. Entretanto, as empresas utilizam a ameaça da externalização para reduzir os salários, e o “jogo de forças” pelos direitos, como o direito à negociação colectiva e à greve. Os sindicalistas que combatem estas tendências são despedidos, ameaçados, presos e mesmo mortos.

Só um sistema internacional baseado na solidariedade e no respeito pelos direitos das pessoas, como o prevêem as convenções das Nações Unidas e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), pode pôr termo a estas tendências. Apelamos aos nossos governos que assinem estas convenções, as implementem urgentemente e coloquem o trabalho decente no centro das suas decisões políticas."

( http://umjardimnodeserto.nireblog.com )

16 Comentários:

Às 22 dezembro, 2008 17:17 , Blogger antonio ganhão disse...

A começar pelos respectivos países...

 
Às 22 dezembro, 2008 17:39 , Blogger Peter disse...

Claro!

 
Às 22 dezembro, 2008 17:44 , Blogger contradicoes disse...

O problema é que os governos assinam as convenções mas depois não as respeitam ou pelo menos não as fazem respeitar. Este modelo de sociedade está caduco e não podemos continuar a consentir sermos milhões a contribuir para o enriquecimento de umas centenas de galifões.

 
Às 22 dezembro, 2008 19:53 , Blogger Peter disse...

Contradiçoes

Tens toda a razão. Mas já viste fazer aqui em Lisboa o que fizeram em Atenas?
Eu não vi, pois levei com uma betoneira em cima e só dia 5 é que tenho vaga para reparar o carro. Mas a nossa empregada dise-me que este fds foi uma loucura: no Cascais Shopping negaram a entrada de clientes por estar completamente cheio.

Crise? Qual crise?

 
Às 22 dezembro, 2008 21:27 , Blogger Tiago R Cardoso disse...

onde assino ?

 
Às 22 dezembro, 2008 21:30 , Blogger Peter disse...

Já assinaste

 
Às 22 dezembro, 2008 23:03 , Blogger Manoel Carlos disse...

No Brasil, marchamos rumo à Idade Média, em termos de direitos sociais, o Apedeuta-Mor que promover o vampiro a gente do banco de sangue, declarou que não cabe ao governo "intrometer-se" em disputas entre patrões e empregados.

Versos de Natal

Manuel Bandeira, in Lira dos cinqüent'anos

ESPELHO, amigo verdadeiro,
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!

Mas se fosses mágico,
Penetrarias até ao fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.

1939

 
Às 23 dezembro, 2008 00:37 , Blogger Peter disse...

Tiago

Desculpa, estava "despistado", para assinares tens de ir ao "site" indicado no artigo.

 
Às 23 dezembro, 2008 00:43 , Blogger Peter disse...

Manoel Carlos

Obrigado pela visita e pelo poema de Manuel Bandeira, neste Natal que será para ti de tristes recordações.

"O menino que não quer morrer", identifico-me com os versos.

 
Às 23 dezembro, 2008 03:17 , Blogger alf disse...

Pessoalmente, creio que este tipo de afirmações é utópico, ignora verdadeiramente o problema e nem sequer visa resolvê-lo. Faz-nos sentir muito bem dizer estas coisas. Os patrões pagam pouco e exploram os trabalhadores? então, e que pagamos nós à «mulher a dias», que direitos laborais lhe concedemos, que estabilidade de emprego lhe concedemos? Que quantidade de emprego criamos nós? (sim, porque se não formos nós, com toda a nossa formação, a criar emprego, quem terá de o fazer?)

É fácil encontrar culpados porque isso desresponsabiliza-nos. Pagamos mal à empregada, reservamo-nos o direito a despedi-la quando nos convier, ainda queremos que nos trate «sr.doutor», não geramos emprego nenhum, e acusamos «os outros», os que até fazem mais do que nós porque dão empregos.

mas onde está o culpado disto afinal?

Não deve ser bem nas regras da economia ocidental - afinal, é onde a miséria é menor, onde as pessoas têm mais direitos.

Para mim, o problema tem a ver com sobrepopulação. Há população a mais para os recursos naturais (a natureza suportará, sem tecnologia, uns 10 milhões de pessoas... há quase 7 mil milhões... Então, uma vida feliz só pode ser aspiração das sociedades que possuem um deenvolvimento tecnológico capaz de suportar a sua população.

Ora assistimos que o descontrole populacional existe exactamente nas sociedades mais atrazadas. A população mundial aumenta todos os anos 70 a 80 milhões de pessoas. E aumenta aonde? Onde já grassa a fome e a miséria. Ou seja, o número de esfomeados e miseráveis engrossa as suas fileiras com mais umas largas dezenas de milhões de pessoas todos os anos.

Só há uma maneira de partir para uma sociedade melhor - pelo controlo da natalidade. Mas ninguém se preocupa com isso, nessas zonas miseráveis os casais continuam a ter para cima de meia duzia de filhos. Que depois têm de se matar uns aos outros para garantir a sua sobrevivência.

Toda a conversa sobre a miséria à escala global que não passe pelo controlo de natalidade é pura hipocrisia, ou ignorância. Ou defesa de interesses inconfessáveis (sim, porque há muita gente que vive da existência da miséria).

 
Às 23 dezembro, 2008 09:51 , Blogger vbm disse...

Obrigado, alf.

É do pensamento assim, desassombrado, que todos necessitamos de escutar para erradicar os vígaros e exploradores que se aproveitam da ignorância e credulidade das pessoas.

O teu exemplo das "empregadas domésticas" - "criadas de servir" noutros tempos -, é contraproducente pois, hoje em dia, são elas as espoliadoras dos magros vencimentos, pensões ou rendimentos de 'patrões' empobrecidos. Nota só: - trabalham em profissão liberal, gerem vários 'clientes', não têm qualquer problema de desemprego, não pagam impostos nem segurança social, têm direito a reforma mínima e exigem usufruir de subsídio de férias, 13º mês e um mês de férias, escolhido por elas próprias.

Mas, à parte isso, um lapsus exemplificandi, aplaudo a tua intervenção. Sempre afirmo que a Lei de Malthus está de pé e em vigor - é uma lei lógica! não é empírica. Há os que se deixaram hipnotizar pelo progresso técnico-científico, julgando que ele superaria as limitações dos recursos... Mas a lei é lógica! «Não pode haver crescimento ilimitado num meio finito.» É inegável.

E gostei também do desafio que lançaste - e nunca tinha pensado nisso em termos pessoais - «Que emprego criamos, cada um de nós?» Nenhum, realmente. E obviamente, se nós não criamos emprego, quem vai criá-lo? No entanto, tenho a consciência limpa de sempre ter agido, no contexto da divisão e cooperação de trabalho, com dedicação, lealdade e, importante, com inteligência, influindo no bom rumo de decisões.

 
Às 23 dezembro, 2008 13:13 , Blogger Peter disse...

alf

Não concordo consigo, o vbm é que tem razão:

- as empregadas domésticas são as espoliadoras dos magros vencimentos, pensões ou rendimentos dos 'patrões' hoje em dia, empobrecidos.
Trabalham em profissão liberal, gerem vários 'clientes', não têm qualquer problema de desemprego, não pagam impostos nem segurança social, têm direito a reforma mínima e exigem usufruir de subsídio de férias, 13º mês e um mês de férias, escolhido por elas próprias."
É o que acontece cá por casa. A empregada doméstica trabalha em várias casas, mas só declarou às Finanças uma entidade patronal. Se a anterior esteve cá 22 anos, era por não sermos maus patrões, todos os anos não nos esquecemos dela pelo Natal e foi ela que nos ajudou a criar os filhos.
A actual recebe vários 13ºmês e vários subsídios de férias de cada uma das casas onde trabalha. Conclusão: o seu vencimento mensal é superior à pensão de reforma da minha mulher.

Há vários dias que tenho um problema na canalização. A minha mulher esteve um dia inteiro à espera dele. Não apareceu, nem se dignou telefonar e quando se decidir a aparecer, mete todo o dinheiro que eu lhe pagar ao bolso.
Enquanto eu e a minha mulher, ex-trabalhadores por conta de outrem, temos que pagar ao Fisco.

 
Às 23 dezembro, 2008 15:31 , Blogger Ant disse...

pregar aos peixes...
Boas festas pessoal.

Abraços

 
Às 23 dezembro, 2008 16:41 , Blogger Peter disse...

Pois é Ant, tu e eu é que somos os "proletários", os canalizadores, as empregadas domésticas, etc são a nova classe média. Melhor, pois nem sequer pagam impostos. E nós colaboramos:
- "quer factura?"
- "se quiser são 2.000€, se não quiser, são 1.500€"

 
Às 24 dezembro, 2008 01:04 , Blogger alf disse...

Peter e vbm

Fui um bocado excessivo no meu comentário, dev ter sido desta correria toda do natal e do windows vista que está sempre a dar-me problemas.

Vocês serão generosos com as empregadas domésticas, mas isso não é o caso geral.

Cá em casa temos uma empresa de limpezas - pagamos à empresa uns 9 euros à hora e as empregadas recebem 2,3 euros por hora... mas o explorador não é será a empresa, sou eu, a empresa, em cima do que paga à empregada tem ainda muitos encargos - viaturas, equipamentos, responsabilidades, administração, contratação, formação, comercialização, impostos, encargos sociais...

Mas isto é tudo uma questão de oferta e procura, o não haver um canalizador que queira trabalhar barato não é propriamente um sinal de miséria, não é verdade? Podemos dizer que até é uma boa notícia, é sinal de que não há assim tanta miséria na nossa sociedade.

Portanto, os argumentos apontados para explicar a miséria que grassa em certas partes do mundo são necessariamente falsos - porque é a lei da oferta e da procura que determina as situações de exploração e não há regulamentos nem princípios que se lhe sobreponham

E isso obriga-nos a encarar o problema de frente: a sobrepopulação.

Na somália, ou zimbabue, ou noutras zonas de África e Ásia onde há sobrepopulação, o controlo populacional advem de fenómenos de genocídio ou de epidemias, a não ser que alguma catástrofe natural «ajude».

Portanto, na ausencia de um controlo de natalidade, a perspectiva dos lideres desses paises é a seguinte?

1- Há uma catástrofe natural devastadora? Que bom, isso vai ajudar a evitar o genocídio

2 - Há uma epidemia devastadora? òptimo, isso vai evitar um genocídio

3 - Não há catástrofes nem epidemias? Isto está muito mal, se não tomamos medidas urgentes ainda temos um genocídio.

Portanto, basicamente, a consequencia das actividades humanitárias das ongs e unesco é permitir que continue o descontrolo natal e, logo, que o problema se agrave cada vez mais.

Aqui o paradoxo:o que foi criado para resolver o problema só serve para o agravar!

Poderia não ser assim - se a sua acção fosse acompanhada de medidas de controlo de natalidade, seria útil; mas, não sendo, só serve para piorar o problema.

Mas ninguém se atreve a falar de «controlo de natalidade» não é? Porque será?

Obrigado por me permitirem este desabafo... se formos falando do problema aqui e ali talvez os tabus do controlo de natalidade caiam e o problema comece a ter uma solução..

 
Às 24 dezembro, 2008 08:53 , Blogger vbm disse...

Pois, alf, tu tens razão, o controlo de natalidade é essencial para evitar o sobrepovoamento em partes do território.

E é justamente como dizes: a medicina ocidental e a ajuda humanitária, desacompanhadas de uma acção política de fundo, não resolve o problema da miséria entre esses 'animais' que são mulheres e homens como nós, só que na miséria.

A China maoista atacou o problema de frente criminalizando e punindo o parto de um segundo filho, uma medida não mais dura do que a miséria da sobrevivência desumana.

Julgo que o crescimento foi contido na China, mas o relativo desafogo económico que o comércio com os Estados Unidos lhe proporciona tende ao descontrole demográfico.

É um problema de filosofia política, esse de saber se a acção pode basear-se na lógica da razão ou se, sustentavelmente, requer a eficácia (e os erros) do instinto e da lei da força da natureza.

Hoje em dia, com o desenvolvimento científico, «a tecnologia do real transforma as consequências dos nossos actos em condições da nossa sobrevivência. Construímos o dado.», como diz Michel Serres.

Pelo que, «as consequências dos nossos actos engendram as condições da nossa sobrevivência» e daí, a nova moral política imbrinca a natureza com a cultura posto que «as nossas acções tornam-se as nossas mães.»

Deste articulado de condições deriva-se a inadmissibilidade de qualquer política internacional de ajuda económica e humanitária que não imponha o controlo demográfico e racionalize os fluxos migratórios entre os territórios de desigualmente desenvolvidos.

 

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