Que fazer…?
Leio o jornal e sinto as lágrimas teimarem. Eu reprimo-as. Não valem a pena, não valem de nada e um homem não chora.
Este país, que sempre viveu no limbo da miséria (a de muitos que vêem uns poucos alimentarem-se da sua miséria), está a um passo daquele abismo sem regresso.
Hoje mata-se e morre-se a troco de uns trocos, a troco de nada. A troco de qualquer coisa indefinida, apenas porque não se têm respostas, às vezes já nem se têm perguntas.
Há dias um tipo mandou-se daqui perto, do miradouro que serve para olhar Lisboa e vê-la em toda a sua luz.
Ontem, anteontem, e antes, desde há tempos, morreram miúdos à porta de discotecas, mulheres à saída de casa, namorados que se amam dentro de carros.
Que é feito do país onde se podia fazer amor no areal de qualquer praia, junto ao aroma do mar?
Que foi feito deste país, onde se saía à noite (que digo eu? Ao fim de tarde até…), sem temores, para beber um copo, namorar em qualquer jardim, em qualquer banco junto ao rio?
Alguém, que somos nós, deixou que este país se destroçasse.
Que fazer agora? Como tornar esta irreversibilidade em viagem de retorno à única coisa que nos fazia gostar de cá viver?
A paz.
(Foto: Alfredo Almeida Coelho Cunha)
12 Comentários:
Esse país perdeu-se, ou alguma vez exisitiu? Até custa a acreditar que tenha existido.
Um abraço. Augusto
Dia 8 de março é um bom dia para tocar.
E até é sábado.
Podem aparecer.
Sinais dos tempos... A evolução nem sempre é um caminho para a paz, muito pelo contrário. Por isso, só quando estivermos no extremo é que regressaremos a ela (a paz).
Bluegift, de pouco. Estava à espera de pouco, mas às vezes desabafar sabe bem.
Isto para não falar de que dantes íamos para a escola sózinhos e hoje quem deixa um miúdo pequeno ir de mochila às costas sózinho para a escola?
We live dangerous times indeed!
E pela hora a que foi publicado este post, ainda não se tinha dado o último (?) homicídio.
Claro, às claras, pleno dia, pela hora do almoço, no local de trabalho, mais um segurança, desta vez do Colombo, é assassinado. O criminoso fugiu, não havia câmaras.
E ainda me dizem que isto são casos esporádicos... coincidências no tempo.
O informador da PJ...outro que explodiu a noite passada ao volante de um Ferrari. Testemunha de um prcesso em curso.
A coisa promete! Não tenho comentários, porque ainda me custa a acreditar nas declarações dos "iluminados" deste pobre país.
Um abraço
O pior é ver que essa coisas ruins estão se alastrando pelo mundo. Dia vai chegar que não teremos pra onde ir, em busca de paz. Triste, viu?
Beijos
Não meg, não sabia. soube agora, por ti.
Isto está bonito.
E com a publicidade que dão... Bonnie and Clyde vão estar na moda
Estou chocado e culpo a Justiça, culpo as "tricas Norte/Sul" de quem investiga quem, culpo os processos que se arrastam e acabam por prescrever, culpo os que dizem que a "culpa nunca morre solteira" porque ela nunca chega é a casar, culpo os legisladores que tiram poder à PSP, que permitem que o homicida desde que se apresente no posto policial saia em liberdade e fique a aguardar anos e anos até que seja julgado, se alguma vez o chegar a ser e se entretanto o processo não prescrever, culpo quem criou a figura do crime continuado em vez dos crimes múltiplos, culpo quem criou esta confusão na chefia da PJ, a descoordenação entre PSP, GNR e PJ, a legislação que permitiria essa coordenação e não se publica o que faz com que, desde 2000, não se tenha apanhado um único membro das máfias russas que actuam impunemente ...
Dizem-me que lá fora é pior!
Uma ova! Eu não estou lá fora, estou cá dentro!
Um país em que a Justiça, pilar da sociedade, funciona mal, é um país “sem rei nem roque”!
Bluegift, isso é animador... Enfim, temos que acreditar... que apenas acontece aos outros... :))
Peter, boa nota... estamos é aqui e aqui é que vivemos.
De resto a culpa morre sempre solteira... coitada..,
Será que caminhamos para um país controlado por um enorme "Big Brother", em que a privacidade tem que ceder lugar à vigilância? Será que vamos voltar a ter um polícia em cada esquina?
Enquanto as assimetrias sociais não forem encaradas de frente e combatidas com firmeza, os estudos, os relatórios, as estatísticas nunca passarão disso mesmo! Um cancro não é combatido com Aspirinas!
Aquele abraço infernal!
Quanto pessimismo!
Estou a lembrar-me que, quando o Fernando Gomes (ex-presidente da Câmara do Porto) era Ministro da Administração Interna num governo do Guterres, sucederam-se os assaltos a bombas de gasolina.
O homem saiu do Governo e os assaltos pararam!
Que quero eu dizer?
Que a comunicação social de alguma forma politicamente comprometida ou simplesmente prisioneira das vendas e das audiências, dá relevo a determinado tipo de ocorrências, ou não o faz, de acordo com interesses mais ou menos ocultos.
Portugal sempre foi um país de muitos crime!
No campo, no monte, nas cidades...
A notícia que deles se dá ou não dá é que modela a opinião pública.
Mas eu já aprendi isso!
Abraço
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