Despertar
Foi acordando lentamente. Um pequeno seio aninhara-se na concha da sua mão. Andavam afastados pelo dia-a-dia que os engolira e devorava. Tinham deixado de pensar e de viver a sua própria vida. O importante era a vida dos outros, os “casos” que aguardavam julgamento. Foi pastando lentamente no corpo doce e aveludado. Há quanto tempo não faziam amor! Na semi-obscuridade do quarto encantava-o olhar para aquele rosto de menina. No amor era sempre aquele rosto que se mantinha, indiferente à passagem dos anos. A sua mão aflora os cabelos crespos da púbis. Algo procura sofregamente o seu sexo. Roda sobre si próprio penetrando-a lenta e profundamente. O seu espírito, liberta-se do corpo e vagueia pelos espaços infinitos. Regressa à Terra, desperto pelos gritos e gemidos dela e mergulha num suave torpor. Uma mão pequenina afaga-lhe a nuca. Como sempre …
5 Comentários:
Peter,
Queria comentar, mas não sei se consigo... porque não são muitos os que, perdidos de si próprios pelas circunstâncias da vida, têm o privilégio de conseguir manter acesa e vibrante a chama do amor cúmplice e terno, aqui descrito com tanta sensibilidade.
Texto muito bonito, Peter.
Um abraço
Muito bom! Sem mais comentários.
texto belíssimo. de uma sensualidade delicada e terna.
parabéns.
abraços
Meg, António e Heretico
O texto nada tem de auto-biográfico. Faz parte duma colecção de escritos publicados neste blogue e em anteriores edições, tendo em vista a sua eventual publicação em livro.
As vossas palavras, que agradeço, são um incentivo.
Beleza leve e profunda. Muito bom. Gostei muito.
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