Migalhães
Lá vem pelo avelar
O filho do Zé João
Vem do centro escolar
Cansado de palmilhar
A caminho da povoação
Não há médico na aldeia
E a antiga escola fechou
Não tem carne para a ceia
Nem petróleo para a candeia
Porque o dinheiro acabou
O seu pai foi para França
Trabalhar na construção
E a mãe desta criança
Trabalha na vizinhança
Lavando pratos e chão
Mas o puto vem contente
Com o Migalhães na mão
E passa por toda a gente
Em alegria aparente
De quem já sabe a lição
Um senhor muito invulgar
Que chegou com mais senhores
Veio para visitar
O novo centro escolar
E dar os computadores
E lá vem o Joãozinho
No seu contínuo vaivém
Calcorreando o caminho
Desesperando sozinho
À espera da sua mãe
Neste país de papões
A troco de dois vinténs
Agravam-se as disfunções
O rico ganha milhões
E o pobre, Migalhães!
(autor desconhecido)
8 Comentários:
Peter
Mas que inspiração!... Melhor ninguém diria.
E viva o Migalhães que até é uma porcaria!...
Abraço
O Migalhães pelos vistos é apreciado por muitos...
Abraço Peter já ha muito que não apareço por estas bandas. mas sempre que consigo dar um pulinho á net faço questão de vos vir ler.
Lúcia
silêncio culpado
Não há médico na aldeia
E a antiga escola fechou
Não tem carne para a ceia
Nem petróleo para a candeia
Porque o dinheiro acabou
Mas tem o Magalhães...
lylia violet
O último contacto foi em 16 de Dezembro!
Obrigado pela visita.
Estas simples quadras remetem-me para a minha infância, não tão dramatica felizmente.
O ridiculo disto sabemo-lo bem, mas as emoções duma criança ao receber aquele presente, com o estomago vazio , como são aquelas que só conseguem uma refeição na escola... tem que se lhe diga.
Este povo é acima de tudo alegre...
antonio - o implume
Alegre? Desforra-se com estas pequenas coisas, mas muito à cautela.
kika
O pior é quando lhe entregam os Magalhães, só para a fotografia e depois os recolhem.
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