sexta-feira, março 13

“Bullying”


Hoje em dia consideram como fenómenos acontecimentos de todos os tempos. O que acontece é que psicólogos e educadores passaram a estudá-los e a dar-lhe maior atenção. Desde sempre que os estudantes escolhiam como vítimas os mais vulneráveis física e psicologicamente e sobre eles exerciam pressão e agressões. Começavam por lhe atribuir uma alcunha depreciativa e depois tornavam-nos alvos das suas partidas, do gozo e da violência física, excluindo-os dos jogos e brincadeiras do recreio.

O que nos trás de novo esta designação de origem inglesa, derivada de “bully” (valentão)? A utilização da internet e dos telemóveis. Estamos então no campo do “cyberbullying”, com o envio massivo de mensagens para rebaixar e humilhar, a utilização de fotos do visado/a para a criação de personagens fictícias protagonistas de situações degradantes, ou a violência física, agressão com chapadas, pontapés e murros. Chegam a encher-lhe a boca de lama e a pisarem-lhe a cabeça, filmando todo o ocorrido que depois exibem no YouTube, o que, para o visado, constitui o cúmulo da humilhação. Normalmente guardam para si o ocorrido, não o revelando aos pais e, por isso mesmo, tornando-se cada vez mais introspectivos.

O estudo "Health Behaviour in School-aged Children" envolvendo 35 países e regiões maioritariamente europeus, aponta que cerca de 30 % dos jovens entre os 11 e os 15 anos reportam envolvimento em bullying, estando os rapazes mais envolvidos do que as raparigas, em todas as idades e que as últimas optam mais por formas de bullying indirecto como manipulação social e agressão verbal.
Em Portugal são sempre os rapazes que mais referem serem vítimas de bullying. Comparativamente com os outros países envolvidos no estudo, os jovens Portugueses com 11 e 13 anos de idade colocam Portugal em 4º lugar no ranking da vitimização na escola. É uma classificação que não constitui motivo de orgulho.
Talvez que a vida actual com todos os jogos dos telemóveis, game boxes, iPods e outros jogos electrónicos dos quais desconheço os nomes, torne os jovens de hoje mais introspectivos e por isso mesmo mais vulneráveis.

O alerta dos pais deverá ter a maior atenção quando os filhos começarem a falar de suicídio e a dizer sentirem-se deprimidos, pois poderá ser sinal que estão a ser alvo do “bullying” e que poderão mesmo levar a cabo esse propósito, como já alguns fizeram, por não aguentarem a pressão a que estão a ser sujeitos.
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Infelizmente o ocorrido na Escola Técnica Albertville – Realschule, em Realschule, em Winnenden, perto de Estugarda onde Tim Kretschmer, um ex-aluno, com 17 anos, invadiu a escola e matou nove estudantes e três professores, mais três pessoas antes de se suicidar, veio dar-me razão. Como também veio dar razão ao meu texto o facto do adolescente ter avisado pela Internet que tinha a intenção de cometer os crimes, por “ estar farto desta vida. Todos se riem de mim e ninguém reconhece meu potencial”. “Eu tenho armas e vou à minha ex-escola“, terá garantido o jovem, via Internet.

É um caso típico de “bullying”, que não foi atempadamente tomado em consideração, tal como não foi o meu texto acima, quando o publiquei domingo passado num blogue onde colaboro.

19 Comentários:

Às 13 março, 2009 16:45 , Blogger antonio ganhão disse...

Trancas à porta e chorar sobre o leite derramado. Pouco mais fazemos do que isso.

 
Às 13 março, 2009 18:32 , Blogger Meg disse...

Peter,

Perante o que se passou na Alemanha, a exemplo do que se passou já noutros países, esta é uma realidade absolutamente assustadora e que está ao lado de cada um de nós.
Dizes bem sobre a forma de detectar e prevenir uma situação semelhante, mas estaremos suficientemente atentos?
Assustador! Dramático!

Um abraço

 
Às 13 março, 2009 19:50 , Blogger alf disse...

Há uma coisa que eu não percebo: onde andam os pais dessas criaturas?

As responsabilidades destas situações devem repartir-se entre pais e escola

É criada uma psicose obcessiva de incorporação, de «pertencer ao grupo». Pertencer ao grupo pela identidade, pela igualdade.

gastei muito tempo a meter na cabeça das pessoas que trabalharam comigo que o que interessava é que fossem diferentes, não iguais.

Isto talvez tenha a ver com o facto de a escola se ter tornado domínio do gineceu - a igualidade social é uma necessidade mais feminina do que masculina. Ser aceite pelas «meninas» tornou-se uma pressão obsessiva para os rapazes.

talvez alguma separação de sexos na educação não fosse tão má ideia afinal de contas... mas não pelas razões de antigamente...

enfim... há que pensar nisto a sério, antes que se torne epidemia.

 
Às 13 março, 2009 21:10 , Blogger Peter disse...

Meg

Humilhadas diariamente, as vítimas sofrem de falta de auto-estima, ansiedade e depressão, que muitas vezes transformam em raiva e vontade de vingança. Foi o que agora se verificou na Alemanha, depois de vários casos acontecidos nos EUA.

 
Às 13 março, 2009 21:13 , Blogger Peter disse...

António - o implume

Talvez possamos fazer algo. É preciso envolver toda a comunidade escolar, criando uma campanha nacional de sensibilização que comece logo no ensino pré-escolar, envolvendo os professores, os pais e a sociedade em geral.

 
Às 13 março, 2009 21:18 , Blogger Peter disse...

alf

Talvez não seja só o que dizes:
«é criada uma psicose obcessiva de incorporação, de «pertencer ao grupo».

Esta forma de violência é cada vez mais frequente, encontrando na internet um dos seus palcos preferenciais, nomeadamente através da difamação de colegas em sites, com publicação de fotografias e vídeos.

 
Às 13 março, 2009 23:01 , Blogger vbm disse...

Por acaso também me formulei a pergunta do alf: - «Onde estão os pais?» É que me lembrei logo dos ciganos que são tribo suficientemente dinamizadora para mobilizar as famílias a cercarem uma escola que ande a achincalhar os seus filhos!

 
Às 14 março, 2009 01:21 , Blogger Peter disse...

vbm

Ora meu amigo Vasco, "onde estão os pais?"
O aluno que é vítima de uma tal perseguição, sobretudo psicológica, entra num terrível estado de depressão que se fecha sobre si mesmo.
Ainda, quando se trata de violência física e o aluno chega a casa com marcas de agressão, os pais podem reagir.

"Bater, implicar, roubar, assediar. Vale tudo para quem pratica bullying. Nos Estados Unidos, esta "disciplina da violência" começou a matar quando os agredidos se transformaram em agressores. Allan Beane, um especialista em Educação que esteve em Lisboa para dar conferências sobre o tema, alerta: "Portugal tem de estar atento para evitar chegar ao ponto a que chegámos com o massacre de Columbine. Para isso, deve fazer uma campanha contra a violência nas escolas."

Fez-se?

 
Às 14 março, 2009 01:42 , Blogger Peter disse...

Portaria ILEGAL

Lá estive a ver o vídeo do leitão. Admiro a criatividade.

Bom fds.

 
Às 14 março, 2009 08:29 , Blogger vbm disse...

Olha, Peter

Os pais não se impõem aos poderes públicos porque não conseguem: foram anulados! Como? Já viste como estão as leis de família no presente? As mulheres divorciam-se, ascendem logo aos bens do ex-casal, recebem pensão, amantizam-se para a não perder - salvo se o prospecto de um novo divórcio for mais atraente - e os ex-maridos e ex-pais - espoliados do afecto dos filhos -, engrossam as fileiras da miséria social disfarçada.

Acresce a este estado de coisas que as mulheres são más educadoras e as mães um especial atraso de vida! Nestas condições, a escola especializa-se em depósito de crianças e adolescentes, zombies, apáticos, ou activos de curta inteligência e muita televisão pelo que só na marginalidade e na resistência é possível aos pais & mães subtrairem os seus filhos ao sistema.

 
Às 14 março, 2009 08:46 , Blogger vbm disse...

post-scriptum:- Nada de destituir a crítica que formulo apodando-a de misogenia. Pela razão suficiente de que há mulheres que não são assim e homens que não se deixam nem achincalhar nem domar.

 
Às 14 março, 2009 10:04 , Blogger Peter disse...

vbm

Tenho um exemplo desses em casa, mas enfim, o meu filho lá vai vendo os dele e eu vou vendo os netos.

Devias publicar este teu comentário, adaptando-o, no teu post de amanhã. Está excelente e infelizmente é a triste realidade.

Pensa nisso.

 
Às 14 março, 2009 12:30 , Blogger vbm disse...

:) lol, eu não posso. não sei escrever. só comentar.
especialmente no 'bota-abaixo' lol

 
Às 14 março, 2009 14:03 , Blogger Papoila disse...

Estes jovens como bem dizes podem andar deprimidos e estarão os professores e os pais suficientemente alerta para detectar os sinais subtis dessa mesma depressão? Tal como nas escolas já se exige o atestado médico para a inscrição que corresponde ao exame global de saíde dos 5-6 anos, deveria ser obrigatório a apresentação do mesmo aos 11 - 13 anos e aos 15 anos. O médico cuidadoso está arento aos sinais precoces de estados depressivos.
Beijos

 
Às 14 março, 2009 17:09 , Blogger Peter disse...

Papoila

O estado depressivo que pode levar ao suicídio ou à vingança por parte daquele que lhe fizeram a vida num inferno, através da utilização da internet e dos telemóveis, com o envio massivo de mensagens para rebaixar e humilhar, a utilização de fotos do visado/a para a criação de personagens fictícias protagonistas de situações degradantes (“cyberbullying") verificam-se durante a frequência na escola, ou após a mesma, como vingança.
Por isso penso que a apresentação do atestado médico para entrar na escola não seria relevante, dado que os problemas surgem de pois da entrada.

 
Às 14 março, 2009 20:10 , Blogger Compadre Alentejano disse...

Isto vai chegar a Portugal. Poderá levar alguns anos mas, podem crer, que vai aparecer por cá. Era bom que as "autoridades" fossem, desde já, auscultando o terreno, para evitar estas barbaridades...
Compadre Alentejano

 
Às 14 março, 2009 23:51 , Blogger escarlate.due disse...

sem dúvida que tem razão em muito do que aqui escreve.
apenas discordo um pouco ao atribuir-se a culpa (se é que entendi) à internet, jogos, ipod ou seja lá que jogos forem.
em minha opinião a culpa não está nos recursos em si mesmos mas na falta de acompanhamento dos jovens e numa orientação conveniente quanto à sua utilização.
as crianças e jovens não podem ser "abandonados à sua sorte" é preciso educá-los, ajudá-los a aprender e sobretudo amá-los.

 
Às 15 março, 2009 01:35 , Blogger Peter disse...

Compadre Alentejano

Em Portugal são sempre os rapazes que mais referem serem vítimas de bullying. Comparativamente com os outros países envolvidos no estudo, os jovens Portugueses com 11 e 13 anos de idade colocam Portugal em 4º lugar no ranking da vitimização na escola. É uma classificação que não constitui motivo de orgulho.

É uma prática corrente em Portugal, o que ainda não se verificou, felizmente, foi o morticínio praticado pela vítima do bullying, como acto de vingança, contra os seus "agressores".

 
Às 15 março, 2009 01:55 , Blogger Peter disse...

escarlate.due

O “cyberbullying”, com o envio massivo de mensagens para rebaixar e humilhar, a utilização de fotos do visado/a para a criação de personagens fictícias protagonistas de situações degradantes, contribuem para a degradação psicológica do visado. Assim como o mesmo a ser agredido fisicamente e a ser filmado para exibição do vídeo dessas práticas no YouTube.

O facto do visado ser de compleição física fraca e dedicar-se mais aos jogos dos telemóveis, game boxes e outros, pode torná-lo mais introspectivo e por isso mesmo mais vulnerável.

 

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