quarta-feira, fevereiro 4



Um correio electrónico
que dá que pensar:

Noruega... para pensar

'Na Noruega, o horário de trabalho começa cedo (às 8 horas) e acaba cedo (às 15.30). As mães e os pais noruegueses têm uma parte significativa dos seus dias para serem pais, para proporcionar aos filhos algo mais do que um serão de televisão ou videojogos. Têm um ano de licença de maternidade e nunca ouviram falar de despedimentos por gravidez.'

'A riqueza que produzem nos seus trabalhos garante-lhes o maior nível salarial da Europa. Que é também, desculpem-me os menos sensíveis ao argumento, o mais igualitário. Todos descontam um IRS limpo e transparente que não é depois desbaratado em rotundas e estatuária kitsh, nem em auto-estradas (só têm 200 quilómetros dessas «alavancas de progresso»), nem em Expos e Euros.'

'É tempo de os empresários portugueses constatarem que, na Noruega, a fuga ao fisco não é uma «vantagem competitiva». Ali, o cruzamento de dados «devassa» as contas bancárias, as apólices de seguros, as propriedades móveis e imóveis e as «ofertas» de património a familiares que, em Portugal, país de gentes inventivas, garantem anonimato aos crimes e «confundem» os poucos olhos que se dedicam ao combate à fraude económica.'

'Mais do que os costumeiros «bons negócios», deviam os empresários portugueses pôr os olhos naquilo que a Noruega tem para nos ensinar. E, já agora, os políticos.


Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país, afiança que os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta cilindrada das suas frotas. Pelo contrário, andam de metro, e não se ofendem quando os tratam por tu. Aqui, cada ministério faz uso de dezenas de carros topo de gama, com vidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência dos cidadãos. Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos verdadeiramente importantes.'

'Mais: os noruegueses sabem que não se «projecta o nome do país» com despesismos faraónicos, basta ser-se sensato e fazer da gestão das contas públicas um exercício de ética e responsabilidade. Arafat e Rabin assinaram um tratado de paz em Oslo. E, que se saiba, não foi preciso desbaratarem milhões de contos para que o nome da capital norueguesa corresse mundo por uma boa causa.'

'Até os clubes de futebol noruegueses, que pedem meças aos seus congéneres lusos em competições internacionais, nunca precisaram de pagar aos seus jogadores 400 salários mínimos por mês para que estes joguem à bola.


Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses que ali montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha acima do círculo polar Árctico, deixava elogios rasgados à «social-democracia nórdica». Ao tempo para viver e à segurança social.'


'Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas para os vermos precisamos de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos escuros. Não clamam por messias nem por prebendas. Não se queixam do «excessivo peso do Estado», para depois exigirem isenções e subsídios.'

É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós.
Seria meio caminho andado para nos civilizarmos.

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4 Comentários:

Às 04 fevereiro, 2009 15:53 , Blogger Peter disse...

"Aqui, (em Portugal) cada ministério faz uso de dezenas de carros topo de gama, com vidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência dos cidadãos. Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos verdadeiramente importantes.'

É preciso denunciar. É preciso protestar.

 
Às 05 fevereiro, 2009 01:31 , Blogger alf disse...

os ministros portugueses são iguais aos outros portugueses. Tirem estes e ponham outros que tudo ficará na mesma.

O problema reside na cultura portuguesa; anda o trabalhar num post sobre isso, vamos a ver o que sai..

Claro que os noruegueses têm um bom ponto de partida, o petróleo, que souberam gerir.

Tudo certíssimo no post, excepto um pequeno detalhe - o horário deles é de 7,5 horas por dia, enquanto qq funcionário público aqui pede jornada contínua e só trabalha 6 horas por dia...o pior é o tempo que gasta para ir de casa ao emprego e voltar...

 
Às 05 fevereiro, 2009 12:07 , Blogger JOY disse...

Concordo é uma questão de mentalidade, este povo vive para a fachada, pode não ter dinheiro para comer mas vai de carro para o trabalho e sózinho com o metro á porta de casa. Os politicos são a imagem do povo de uma forma mais ampliada.

Um abraço
Joy

 
Às 05 fevereiro, 2009 14:00 , Blogger vbm disse...

Na verdade, este tipo de tiradas moralistas deixa sempre algo a desejar e pode induzir em largo erro. Vale sempre intervir nas condições que propiciem um bom resultado.

Por exemplo, o transporte casa-emprego: pois bem, por que não mudar a Lei de Arrendamento, cessando o privilégio dos inquilinos, e permitir o restauro e a ocupação de milhares de fogos em Lisboa e Porto?

Outro exemplo: consentimos num défice crónico da balança de transacções com o estrangeiro, mas por que não investir no nuclear a par da energia hídrica, eólica e solar?

 

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