sábado, janeiro 24

O lado positivo da mega-fraude de Madoff (a involuntária mão da Justiça)

O quinto ponto é que os conselheiros de investimento dos bancos de topo na Europa, na Ásia e nos EUA, que gerem milhares de milhões de fundos, não dedicaram a mais elementar atenção à actividade de Madoff.
O resultado é a total perda de confiança nos principais bancos e instrumentos financeiros assim como o descrédito geral do 'saber dos especialistas'.

O sexto ponto é que, como a maior parte do dinheiro roubado por Madoff era proveniente das classes superiores em todo o mundo, a sua acção reduziu as desigualdades – ele é o 'maior nivelador' desde a introdução do imposto progressivo sobre rendimentos.

Pode encontrar-se um sétimo ponto no facto de que Madoff demonstra que o capital financeiro não respeita nenhuma das crenças da vida quotidiana: grandes e pequenos, sagrado e profano, tudo está subordinado à regra do capital.

Em oitavo, entre os muitos investidores arruinados de Nova Iorque e Nova Inglaterra, há uma série de mega-proprietários de bairros de lata (barões imobiliários), donos de fábricas exploradoras (fabricantes de elegante vestuário de marca e de brinquedos) e outros que quase não pagavam o salário mínimo aos seus trabalhadores, mulheres e imigrantes, expulsavam inquilinos pobres e espoliavam de reformas os seus empregados antes de transferirem a sua actividade para a China.
Por outras palavras, a fraude de Madoff foi uma espécie de retribuição 'divina' secular por crimes passados e presentes contra os trabalhadores e os pobres.

O ponto número nove é que Madoff desferiu um sério golpe contra os anti-semitas que afirmam que há uma 'conspiração judaica de trama cerrada para vigarizar os gentios', fazendo com que esta ficção jaza em paz duma vez por todas.

Bernie era discriminativo na aceitação de clientes, mas fazia-o com base na sua riqueza e não na sua origem nacional, raça, religião ou preferência sexual. Defraudou o banco anglo-chinês HSBC em mil milhões de dólares e o ramo holandês do banco belga Fortes em vários milhares de milhões. O Royal Bank da Escócia, o banco francês BNP Paribas, o banco espanhol, Banco Santander, o japonês Nomura, em 1,4 mil milhões de dólares; para não falar dos hedge funds em Londres e nos EUA, que reconheceram ter acções no Bernard Madoff Investment Securities.

O décimo ponto é que a burla de Madoff provavelmente vai provocar uma maior auto-crítica e uma atitude mais desconfiada dos judeus menos dispostos a confiar em corretores só porque eles são zelosos apoiantes de Israel e generosos contribuintes para o financiamento de sionistas.

O 11º e último ponto é que o fim da iniciativa de Madoff e das suas abastadas vítimas judias liberais afectarão desfavoravelmente as contribuições para as 52 principais organizações americanas judaicas. Isto pode fazer com que o Congresso abra um grande debate sobre a política do Médio Oriente sem os habituais ataques de alto gabarito.

Em poucos dias, um só indivíduo, Bernard Madoff, desferiu contra o capital financeiro global, a Wall Street e a agenda prioritária do lobby sionista americano/Israel, um golpe maior do que toda a esquerda americana e europeia em conjunto durante os últimos cinquenta anos!

O original encontra-se em:
http://petras.lahaine.org/articulo.php?p=1769&more=1&c=1

por James Petras - Tradução de Margarida Ferreira.

5 Comentários:

Às 24 janeiro, 2009 13:17 , Blogger tulipa disse...

É o País que temos...

Convido-te a leres o meu ultimo post sobre
MOMENTOS NA ÍNDIA:
Para subir ao Forte Amber, há uma quantidade enorme de elefantes, até fazem fila, para os turistas se sentarem na cesta e partirem encosta acima.
Como muito bem escreveu o meu amigo Mocho:
..." sem dúvida uma experiência que nunca se esquece, os elefantes sobem a montanha com os turistas que chegam aos magotes para serem recebidos ao som estridente e majestoso de cornetas e tambores como se de verdadeiros marajás se tratassem..."

Bom fim de semana.
Beijokas

 
Às 24 janeiro, 2009 13:20 , Blogger antonio ganhão disse...

Absolutamente genial! Vale e Azevedo já era o meu ídolo agora junto-lhe Madoff!

 
Às 24 janeiro, 2009 15:25 , Blogger Peter disse...

antonio - o implume

"Após Madoff, é talvez altura de procurar um colchão tamanho grande para guardar em segurança o que resta da riqueza familiar."

 
Às 26 janeiro, 2009 14:50 , Blogger alf disse...

Há uma coisa que ainda não está clara para mim: para onde foi o dinheiro «perdido»?

 
Às 26 janeiro, 2009 15:38 , Blogger Ant disse...

Há sempre um lado positivo nas desgraças do mundo.
Além do mais sempre disse que cá se fazem cá se pagam...
não é sempre mas......

 

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