quarta-feira, janeiro 21

The first day


Hoje é o 1º dia do 44º Presidente dos EUA Barak H. Obama. Foi uma festa bonita que eu não podia perder e de facto até cancelei compromissos para poder assistir em directo.

Gostei, fiquei bem disposto e bem gostaria que tal acontecesse em Portugal onde os responsáveis políticos são recebidos sem entusiasmo, quando não com vaias e assobios. Não sei se os nossos “media” e a segurança dos políticos não têm também responsabilidades. É desagradável ver os políticos a fugirem dos microfones, como o diabo foge da cruz. Muitas vezes também as perguntas que fazem nada têm a ver com o assunto e muitas vezes as manifestações e assobios nada têm de espontâneas e são promovidas pelo PCP que pretende ganhar na rua uma importância política que não consegue nas urnas.

Mas temos liberdade, dirão. Liberdade de quê? De não trabalhar porque não há emprego? De não comer porque o dinheiro só dá para 1/3 do mês? De não estudar porque os professores estão em greve? De esperar anos por uma Justiça que, quando chega e se o réu é pessoa de posses lhe permite através de recursos e outras manobras legais ir protelando indefinidamente o julgamento? De morrer à espera de chegar a sua vez de ser operado?

Como é que querem que andemos satisfeitos? Claro que isso é de somenos importância, uma vez que todos já sabemos o resultado das eleições. Nem vale a pena o 1º ministro preocupar-se.

Também não sei o que aqui ando a fazer: tenho de ter o maior cuidado com o que escrevo, senão corro o risco de me levarem a tribunal. Os blogues, a curto prazo, ficarão entregues aos poetas já que a política, aquilo que nos interessa e que afecta as nossas vidas, as injustiças que se cometem, as ilegalidades, as sinecuras, os escândalos financeiros … tudo isso circula na NET através de pps e e-mails, tal como antes de 1974 as pessoas, em ajuntamentos de não mais que duas, procuravam uma mesa afastada dum café, olhavam à volta e contavam a última anedota política.

13 Comentários:

Às 21 janeiro, 2009 11:18 , Blogger belakbrilha disse...

Concordo plenamente Peter!
Pelo que me lembro, penso que pouco antes de 1974, era eu menina e moça, tinha mais liberdade de expressão que agora!
Também ainda não tinha muita consciência do que era o meu País, mas pelo que sinto neste momento, tem de se ter cuidado com aquilo que se escreve e diz, infelizmente!

Só pergunto, mas é isto democracia????

Estou desiludida com os políticos!
Não existe inovação... mais humilhação, fome, desilusão...

até breve...é melhor calar-me!

 
Às 21 janeiro, 2009 11:43 , Blogger vbm disse...

De facto, o aparato social dos poderosos é um verdadeiro embuste. Estou a pensar nos banqueiros deste princípio de século e a compará-los com os de há cem anos. Em 1909-19, o Banco Burnay era mais credível na finança internacional do que o próprio Estado; e se um banco entrava em dificuldades, o dono que por ele dava a cara, suicidava-se.

Hoje em dia, os bancos fingem que têm dinheiro, endividam-se no estrangeiro, emprestam a juro alto a devedores duvidosos, abrem falência na prévia certeza que os contribuintes suportarão os prejuízos, enquanto eles já acautelaram os seus lucros ilícitos em paraísos fiscais, a coberto de qualquer expropriação.

Em suma, somos explorados por vígaros, chutados para o desemprego, explorados na compra de bens que valem um décimo do seu preço, e como entretém, dão-nos a internet e o 'magalhães' onde podemos 'berrar', a cabine de voto de que nada mude, as notícias da rádio cheias de futebol, de taças e campeonatos, a informação-espectáculo na televisão, com o último drama pormenorizado da coxinha-desgraçadinha, ou a última rotunda, de uma enfiada de sete, inaugurada pelo mais obscuro autarca, e assim vamos, não cantando nem rindo, escrever poesia no conversas de xaxa! :)

 
Às 21 janeiro, 2009 12:58 , Blogger JOY disse...

Amigo Peter,

Ao contrário de Obama, que consegue fazer as pessoas acreditarem de que há esperança de as coisas mudarem, em Portugal, na nossa, mediocre classe politica, não existe um rosto que seja, com essa capacidade, a capacidade de trasnmitir esperança.

Um abraço
Joy

 
Às 21 janeiro, 2009 13:24 , Blogger Ant disse...

..........

e mais não digo....

 
Às 21 janeiro, 2009 14:16 , Blogger belakbrilha disse...

Olá Peter!

Só vim mais uma vez para dizer que não resisti ao gatinho!!!

também está no bela, mais pequenino, escondidito naquele preto, mas mia ;)))

até breve

 
Às 21 janeiro, 2009 15:14 , Anonymous Anónimo disse...

Bom, quanto ao Obama, de facto, é uma lufada de ar fresco mas convém que não se esqueça que ele é e será sempre presidente dos EUA; serve isto para dizer que quem estiver à espera que ele venha cá resolver os nossos problemas, bem pode esperar sentado!

E nós, portugueses, sempre tivemos uma certa queda para esperar sentados! Essa é que é essa.

Tal como dizia o JOY, não há credibilidade em quem está ou em quem quer estar. Esta a nossa triste realidade.

Quanto aos cuidados com a escrita, sempre recordaria que o Código Penal de há muito que prevê o crime de difamação. Não é de agora.
Por isso, não é por aí!
E mesmo na "net" há os que têm a coragem de dizer, com factos, números e datas.
Infelizmente, há é muitos que gostam de insinuar, de deixar no ar ...

 
Às 21 janeiro, 2009 19:23 , Blogger Tiago R Cardoso disse...

Aguardo a prática, por parte de Obama, as propostas anunciadas.

vai ser muito difícil mudar as coisas.

 
Às 21 janeiro, 2009 20:00 , Blogger Peter disse...

Agradeço os v/comentários, mas o único que soube interpretar o meu pensamento foi o JOY:

"na nossa, medíocre classe politica, não existe um rosto que seja, com (...) a capacidade de transmitir esperança"

Não me interessa que o Obama seja preto, ou branco, americano ou chinês, nem estou à espera que ele nos venha resolver os problemas.

 
Às 21 janeiro, 2009 21:02 , Blogger antonio ganhão disse...

Os blogues, a curto prazo, ficarão entregues aos poetas...

Talvez tenhas razão a julgar por tanto lirismo em torno de Obama!

 
Às 21 janeiro, 2009 23:45 , Blogger Peter disse...

antonio - o implume

Penso que sim António. Acresce que a finalidade do texto que escrevi está bem expressa e volto a repeti-la:

"na nossa, medíocre classe politica, não existe um rosto que seja, com (...) a capacidade de transmitir esperança"

Este capital de esperança conseguiu Obama transmiti-lo aos seus concidadãos e ao mundo. Mas o destinatário é o povo americano, por isso é que ele foi eleito o seu Presidente.

Por cá continua o faz-desfaz, avança-volta atrás. Notícias truncadas, mas em grandes parangonas:

"Os portugueses vão ter mais dinheiro para gastar por mês". Mas quem é que vai gastar dinheiro? As pessoas retraem-se. Não se viu já que entrámos em deflacção?
Ninguém nos está a dar nada, porque isto não é nenhum aumento, deixaram foi de nos tirar tanto mensalmente, porquanto no reembolso fiscal as Finanças acertam as contas.

P... não há ninguém em quem acreditar?

 
Às 22 janeiro, 2009 13:09 , Blogger alf disse...

Eu já culpei os políticos... mas depois, à medida que vou conhecendo as pessoas, que olho à volta, vejo que os políticos não são diferentes dos outros.

Há pessoas excelentes por toda a parte; mas também há muita gente sempre de olho no seu interesse pessoal imediato e que se dane o resto.

Os médicos não querem cumprir horários, os juizes andam em guerra com o poder, os professores não querem ser avaliados...

Parece que não andamos a fazer nada por uma sociedade melhor, não é verdade? parece que não estamos, na verdade, interessados numa sociedade melhor para todos, estamos apenas interessados em «safarmo-nos»

E aqui a grande diferença para os americanos - o discurso que os empolga é o discurso de uma sociedade melhor.

Eu olho para este pais, onde metade das pessoas são analfabetos funcionais, e admiro-me como é possivel o nivel de vida ainda ser tão bom; e depois lembro-me que somos tão analfabetos porque as pessoas assim o quiseram, porque não implementaram o pre-primário de propósito para garantir que os filhos do operários operários seriam, lembram-me dos muitos paizinhos que não estão interessados em que os filhos saibam mais do que eles porque a função dos filhos é cuidarem dos pais e se sabem mais depois podem despreza-los.

Não é que sejamos piores que outros; é que o ensino é que forma os povos nos dias de hoje, em que uma pessoa tem de ser muito mais aperfeiçoada do que dantes; mas é dificil elevar os padrões do ensino porque os professores são espelho da sociedade anterior e a perpetuam em vez de a fazerem avançar.

Isto só vai lá com mais autoridade do Estado, cá para mim. Não podemos continuar refens dos interesses dos lobbys - incluindo dos lobbys a que pertencemos.

A generalidade dos sistemas democráticos estão construidos para que quem ganhe as eleições tenha o poder para governar. Não pode ser o partido mais votado ter de andar a negociar coligações depois das eleições para conseguir governar - assim fica sempre refem de minorias.

Cá, ou mudam as regras ou só avançamos com maiorias absolutas. porque o nosso sistema democrático está mal feito e precisa de ser reformulado. Como está ficamos sempre refens dos interesses inconfessáveis de minorias que, agindo como «grãos de areia na engrenagem», acabam por deter o poder real.

 
Às 22 janeiro, 2009 16:18 , Blogger Peter disse...

alf

Bom comentário, do qual destaco:

"Parece que não andamos a fazer nada por uma sociedade melhor, não é verdade? parece que não estamos, na verdade, interessados numa sociedade melhor para todos, estamos apenas interessados em «safarmo-nos»

E aqui a grande diferença para os americanos - o discurso que os empolga é o discurso de uma sociedade melhor."

 
Às 22 janeiro, 2009 22:36 , Blogger SILÊNCIO CULPADO disse...

Peter

Valha-nos o São Obama para que a nossa fé não se extinga de vez perante cenário tão tristemente cinzento como o que nos descreves com precisão desta realidade portuguesa.

Abraço

 

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