Um copo de água com sabor a desejo
Depois da minha visita aos livros da FNAC, onde sinto o prazer quase sensual de lhe mexer, de os folhear, de sentir o seu cheiro e com passagem obrigatória pelos CDs e DVDs, normalmente mais para ver que comprar, subo ao 2º andar onde vou beber um bom café, pois locais não faltam por lá. Claro que não vou dizer o nome do estabelecimento, até porque não quero ser acusado de estar a fazer publicidade, mas quem é frequentador assíduo do local sabe bem a qual me refiro.
Costumo ficar sentado numa mesa no recanto duma janela, pois tem a dupla vantagem de ver a rua e o interior do café. Gosto de observar as pessoas que entram e saem, que se sentam e por ali ficam e de ficar conjecturando sobre elas, tecendo histórias.
Um casal que entrou chamou-me a atenção: ele mais alto que ela, eram novos, mas não jovens. Deviam ser frequentadores habituais e, por isso, sabiam para onde se dirigir, pois manifestaram um ar de desagrado quando viram o local ocupado e tiveram que se sentar nas proximidades.
Mantendo uma certa discrição (contenção?) tinham todo o ar de se tratar dum casal apaixonado e como Cupido, ou Eros, ou os dois, têm prazer em proteger os enamorados, a tal mesa de canto vagou e eles distanciaram-se um pouco do meu campo de visão, mas não o suficiente que não me impedisse de os continuar a observar.
Ele mais ousado, prodigalizava-lhe atenções, enquanto ela aparentava mais recato, o que não impedia que o continuasse a devorar com os olhos.
Ela bebeu uma bica, a especial da casa, sem açúcar e muito curta. Ele optou por uma água mineral fresca e sem gás.
Por ali continuaram conversando numa doce intimidade. Ela bebeu o café e começou beberricando a água do copo dele, marcas de baton, sobrepondo-se a marcas de lábios no vidro do copo: um copo de água com sabor a desejo.
Levantaram-se e ele pegou-lhe na mão e partiram, possivelmente para se amarem perdidamente, afinal é dia de S.Valentim.
9 Comentários:
passear pela FNAC...
É agradável desfolhar devagar os corredores deixando as mãos deslizar na pele dos livros. É confortável o aconchego com que o cheiro dos livros novos nos baptiza como se fosse sempre a primeira vez.
Passear pela Fnac parece conduzir-me a uma dimensão diferente, um espaço de quietude, de paz plena, de namoro comigo mesma.
Bom Dia dos namorados
Começo a perceber os aromas que te cativam na FNAC...
admiravel o teu jeito de contar. impessoal mas não indiferente...
abraços
Essa FNAC não conheço certamente, mas à que vou costumo perder-me logo ali na secção dos CD's ... defeito meu, é verdade :)
Momentos
Agradeço o teu comentário, mas acho que exageraste.
É certo que me deu prazer escrever o texto que publiquei, mas não sou grande escritor e quanto a poeta sou um zero.
Boa semana.
Camila
Habitei-me à FNAC do Chiado e não vou à Baixa sem por lá passar.
Abriram a do Vasco da Gama, talvez maior, mas embora me fique mais perto, não me habituo a ela.
Talvez a primeira me traga boas recordações...
Que tenhas uma boa semana.
antonio - o implume
É o cheiro dos livros novos, mas não só.
Estás melhor? Espero que sim.
Abraço
heretico
Às vezes as coisas saiem bem, como a escrita.
Abraço
Ferreira-Pinto
Acabo sempre por trazer algo, normalmente livros que vou acumulando...
Muito interessante "O lado obscuro da Economia", de Loretta Napoleoni, da Ed Presença, que saiu o mês passado.
Boa semana de Carnaval. É de aproveitar pois até nem precisamos de gastar dinheiro em máscaras.
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