sábado, janeiro 26

Uma violenta história do tempo

A partir da Terra o céu nocturno pode parecer pacífico e imutável, mas o universo visto por telescópios de raios gama é um local violento e caótico. Utilizando telescópios deste tipo, os astrónomos testemunharam explosões súbitas e breves, mas de uma tremenda intensidade, denominadas “explosões de raios gama” (gamma-rays burts) e não existe nada conhecido de mais poderoso.

Ninguém sabe o que ocasiona tais explosões. Poderá tratar-se da colisão de duas estrelas de neutrões, ou de uma espécie de “super-supernova” que ocorre quando explodem estrelas extremamente massivas. Uma coisa é certa: essas explosões verificam-se em galáxias longínquas, tão longínquas que as distâncias a que as mesmas se encontram são denominadas de “cosmológicas” e estão para além da nossa compreensão.



Acima, uma concepção artística do fenómeno (NASA January 24, 2008)

Quando olhamos para o céu nocturno estamos a olhar para a História, para o Livro 1, para o início daquilo a que chamamos “Tempo”, em que cada estrela é um capítulo desse livro. Na realidade e sabemo-lo bem, não estamos a ver as estrelas tal como são neste momento em que olhamos para elas, mas sim como eram quando a luz emitida pelas mesmas, há muito, muito tempo, chegou até nós.
Quanto mais profundamente mergulhamos no Espaço, mais para trás estamos olhando no Tempo, porque a luz emitida pelas galáxias mais longínquas é “velha” de biliões de anos. O problema é captar a explosão, tão rápida como o disparo de um flash duma máquina fotográfica numa noite de Verão.
Para serem vistas a tais distâncias as explosões têm mesmo de ser duma violência incrível, senão vejamos:
- os raios gama são uma forma de luz super-energética. Os vulgares fotões visíveis com os nossos olhos, têm energias de 2 a 3 electrões-volts, enquanto que os fotões de raios gama têm energias superiores a 10 giga-electrões-volts (GeV), isto é, biliões de vezes a luz vulgar. Existem mesmo observatórios terrestres que detectaram raios gama de milhares de GeV !





Em Maio a NASA irá proceder ao lançamento do GLAST (Gamma-ray Large Area Space Telescope), na imagem, com o qual se espera detectar uma média de 50 explosões por ano, com energias entre 10 mil eV a 100 GeV.


Aguardemos …

Etiquetas:

7 Comentários:

Às 26 janeiro, 2008 11:33 , Blogger Peter disse...

Já agora, não te esqueças de colocar o artigo nas "etiquetas", em "Universo Fantástico", que é mesmo fantástico.
Bom fds tb para ti.

 
Às 26 janeiro, 2008 19:20 , Blogger Tiago R Cardoso disse...

Muito bem, mais um bom momento...

 
Às 26 janeiro, 2008 22:22 , Blogger Rui Caetano disse...

É um mundo fantástico. O espaço é um paraíso a descobrir ainda.

 
Às 26 janeiro, 2008 23:41 , Blogger Peter disse...

Tiago

A nossa galáxia, a Via Láctea, pode ser considerada um universo, mas é apenas um de muitos universos naquilo que actualmente chamaríamos o Universo.

 
Às 26 janeiro, 2008 23:48 , Blogger Peter disse...

Rui Caetano

Graças aos rápidos avanços da tecnologia, começaram surgir provas indesmentíveis de que existe muito mais no Universo para além daquilo que nos é acessível.

Aparentemente uma energia "exótica" está a acelerar a expansão do Universo, agindo contra a gravidade e como se rasgasse* a propria textura do espaço-tempo.
(*) Já aqui me referi ao assunto.

 
Às 28 janeiro, 2008 22:29 , Blogger Lúcia Laborda disse...

Olá meu amigo Peter! Acho que ainda existem muitas coisas no espaço sem explicações e por mais que enviem foguetes, jamais encontrarão as respostas. Mas aguardemos então.
Que sua semana seja feliz!
Beijos

 
Às 28 janeiro, 2008 23:21 , Blogger Peter disse...

"olhos de mel"

O infinito é mesmo infinito e, como tal, nunca, mas nunca, passaremos destas fracas tentativas de compreender o que é incompreensível.

Que tenhas uma boa semana.

 

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